quinta-feira, 1 de agosto de 2024

“Deus na Cidade”

                                                       

“Deus na Cidade”

Em agosto de 2015, participei, em Itaici, do Curso Teológico-Pastoral promovido pela Arquidiocese de São Paulo, com o tema “Deus na Cidade”, assessorado pelo Pe. Dr. Carlos Maria Galli.

Fomos iluminados pelas reflexões da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe (Documento de Aparecida); e também pela Exortação Apostólica “Evangelii Gaudium”, pela Encíclica “Laudato Si”, ambas do Papa Francisco.

A reflexão partiu do parágrafo 514 do Documento de Aparecida: “A fé nos ensina que Deus vive na cidade, em meio às suas alegrias, desejos e esperanças, com também em meio às suas dores e sofrimentos. As sombras que marcam o cotidiano das cidades, como exemplo, a violência, pobreza, individualismo e exclusão, não podem nos impedir que busquemos e contemplemos a Deus da vida também nos ambientes urbanos.

As cidades são lugares de liberdade e de oportunidade. Nelas, as pessoas têm a possibilidade de conhecer mais pessoas, interagir e conviver com elas. Nas cidades é possível experimentar vínculos de fraternidade, solidariedade e universalidade. Nelas, o ser humano é constantemente chamado a caminhar sempre mais ao encontro do outro, conviver com o diferente, aceitá-lo e ser aceito por ele”.

Vimos a necessidade de repensar a Pastoral Urbana, neste contexto, para efetiva e afetiva presença da Igreja nas realidades mais desafiadoras:

-  Como ser uma Igreja “em saída” verdadeiramente missionária?
- Como descobrir a presença de Deus com rosto humano e urbano, contemplando e anunciando a presença de Cristo presente no outro?

Para tanto, se faz necessária a conversão das estruturas e a conversão pessoal para uma nova Pastoral Urbana, em que a evangélica opção preferencial pelos pobres se torne uma realidade; pequenas comunidades, onde vínculos mais estreitos e fraternos sejam estabelecidos, superando toda forma de isolamento e anonimato.

Urge que passemos de uma pastoral de conversão para uma pastoral decididamente missionária; de uma pastoral estática para uma pastoral extática, colocando-se a serviço da vida plena para todos, a partir do encontro pessoal com Jesus, que traz um novo horizonte e um novo sentido para a própria existência de quem O encontrou.

Por este viés caminhou a reflexão: como ser uma Igreja urbana, e fazer de toda a ação eclesial na cidade uma ação evangelizadora urbana, porque a cidade é, de fato, um campo prioritário para a vida e a missão da Igreja, a partir dos subsídios apresentados, e do livro do assessor (Dios vive em la ciudade. Hacia uma nueva pastoral urbana a la luz de Aparecida y del proyeto missioneiro de Francisco – Buenos Aires – Ágape, 3.a Edición corregida y aumentada, 2014).

Como Igreja que somos, presentes na cidade, atentos aos clamores que sobem aos céus, não podemos nos acomodar, mas nos incomodar, com as sombras que pairam sobre a cidade, e ser presença iluminadora, como nos diz o Senhor, confiantes de que o Espírito Santo nos acompanha em nossa missão, para que vejamos Deus presente na cidade, ora com belos traços, ora nem tanto assim, porque há desfigurados, maltratados, maltrapilhos, nas ruas e praças, e em outros tantos lugares.

Continuemos, portanto, empenhados pela defesa da vida na cidade, em todos os aspectos, desde a concepção até seu declínio natural, eis a nossa missão e desafio, afinal Deus vive na cidade, e está presente em cada um que nela habita; como também na promoção da vida daqueles que nela moram, preservando a casa comum na qual todos moramos, como tão bem nos exorta o Papa Francisco.

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