domingo, 4 de agosto de 2024

O Pão da Vida, dai-nos, Senhor (XVIIIDTCB)

 

O Pão da Vida, dai-nos, Senhor

À luz do Tratado sobre os Mistérios, escrito pelo bispo Santo Ambrósio (Séc. IV), reflitamos sobre a Eucaristia aos neófitos.

“O povo purificado, enriquecido com estas vestes, adianta-se para o altar de Cristo, dizendo: E entrarei até o altar de Deus, do Deus que alegra a minha juventude.

Despidas as vestimentas do antigo erro, renovada a juventude como a da águia, apressa-se em ir participar do celeste banquete. Chega, e, ao ver a ornamentação do santo altar, exclama: O Senhor é meu pastor, nada me falta; levou-me a boas pastagens. Conduziu-me às águas da quietude. E mais adiante: Mesmo que caminhe em meio às sombras da morte, não temerei mal algum, porque tu estás comigo. Teu cajado e teu bastão são meus arrimos. Preparaste diante de mim uma mesa contra aqueles que me perseguem. Ungiste com óleo minha cabeça e como é luminoso teu cálice embriagador!

Coisa admirável o ter Deus feito chover o maná para sustentar com o alimento celeste os patriarcas. Por isso se disse: O homem comeu o pão dos anjos. No entanto, aqueles que comeram deste pão, todos eles morreram no deserto; o alimento, porém, que tu recebes, pão vivo que desceu do céu, comunica a substância da vida eterna e quem quer que dele comer não morrerá eternamente, pois é o corpo de Cristo.

Considera agora qual deles é de maior valor: o pão dos anjos ou a carne de Cristo, que é o corpo da vida. Aquele maná vem do céu; este está acima do céu. Aquele, do céu; este, do Senhor dos céus. Aquele é corruptível, se guardado para o dia seguinte; este é totalmente imune de corrupção e quem o tomar piedosamente não poderá experimentar a corrupção.

Para aqueles brotou a água da pedra; para ti, o sangue de Cristo. Àqueles, por um momento, a água saciou; a ti o sangue do Senhor refresca para sempre. O povo antigo bebe e tem sede; tu, ao beberes, não podes mais sentir sede, pois, de fato, aquilo era sombra, enquanto isto é realidade.

Se já admiras a sombra, qual não será tua admiração da realidade? Escuta como é sombra o acontecido aos patriarcas: Bebiam da pedra que os seguia; a pedra era Cristo. Mas Deus não se agradou de muitos deles, pois caíram mortos no deserto. Estas coisas foram feitas em figura para nós. Conheces agora o que tem maior valor: a luz supera a sombra; a realidade, a figura; o corpo do Criador vale mais do que o maná do céu.” (1)

A Eucaristia é o alimento indispensável para que vivamos a graça do batismo, e darmos testemunhos da fé, esperança e caridade, virtudes divinas que nos movem, sobretudo para nós, peregrinos da esperança.

Neófitos (recém-batizados) ou não, todos precisamos deste alimento salutar e de eternidade.

Fundamental que participemos dominicalmente das Missas e tanto quanto possível das Missas nos dias da semana.

A Eucaristia é o ponto alto e a fonte de toda a nossa vida, para carregarmos com fidelidade nossa cruz de cada dia com suas renúncias necessárias.

   

(1) Liturgia das Horas - oportuna para aprofundamento da passagem do Evangelho de João (Jo 6, 24-35) proclamada no 18º Domingo do Tempo Comum.

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG