"Fiquemos firmes no combate”
São Bonifácio, cujo nome significa aquele que realiza boas ações, foi Bispo e mártir da Igreja, exemplo de Pastor solícito, vigilante no cuidado do rebanho de Cristo a ele confiado. Nascido em 673 e martirizado em 754.
A Igreja celebra sua memória dia 5 de junho, e meditamos na Liturgia das Horas uma de suas Cartas, que merece ser conhecida, pois em muito nos enriquecerá na fidelidade ao Senhor.
“A Igreja é como uma grande barca que navega pelo mar deste mundo. Sacudida nesta vida pelas diversas ondas das tentações, não deve ser abandonada a si mesma, mas governada.
Na Igreja primitiva temos o exemplo de Clemente, Cornélio e muitos outros na cidade de Roma, de Cipriano em Cartago, de Atanásio em Alexandria. Sob o reinado dos imperadores pagãos, eles governaram a barca de Cristo, ou melhor, a Sua caríssima esposa, que é a Igreja, ensinando-a, defendendo-a, trabalhando e sofrendo até ao derramamento de sangue.
Ao pensar neles e noutros semelhantes, fico apavorado; o temor e o tremor me penetram e o pavor dos meus pecados me envolve e deprime! (Sl 54,6); gostaria muito de abandonar inteiramente o leme da Igreja, se encontrasse igual precedente nos Padres ou na Sagrada Escritura.
Mas não sendo assim, e dado que a verdade pode ser contestada, mas nunca vencida nem enganada, nossa alma fatigada se refugia nas palavras de Salomão: Confia no Senhor com todo o teu coração, e não te fies em tua própria inteligência; em todos os teus caminhos, reconhece-O, e Ele conduzirá teus passos (Pr 3,5-6). E noutro lugar: O nome do Senhor é uma torre fortíssima. Nela se refugia o justo e será salvo (cf. Pr 18,10).
Permaneçamos firmes na justiça e preparemos nossas almas para a provação; suportemos as demoras de Deus, e lhe digamos: Vós fostes um refúgio para nós, Senhor, de geração em geração (Sl 89,1).
Confiemos n’Aquele que colocou sobre nós este fardo. Por não podermos carregá-lo sozinhos, carreguemo-lo com o auxílio d’Aquele que é onipotente e nos diz: O meu jugo é suave e o meu fardo é leve (Mt 11,30).
Fiquemos firmes no combate, no dia do Senhor, porque vieram sobre nós dias de angústia e de tribulação (cf. Sl 118, 143). Se Deus assim quiser morramos pelas Santas Leis de nossos pais (cf. 1Mc 2,50), a fim de merecermos alcançar junto com eles a herança eterna”.
Provações, inquietações, dificuldades, contrariedades, às vezes perseguições, incompreensões no ontem da história da Igreja, hoje e sempre. Elas também podem se apresentar na vida e história de cada um de nós.
Façamos silêncio, acolhamos a palavra de alguém que selou com o sangue derramado o amor e a sedução por Jesus, alguém que soube morrer como grão de trigo para frutos de eternidade produzir.
Neste silêncio e oração, a Palavra de Deus encontre em nosso coração um bom pedaço de terra fértil para cair e também frutos abundantes produzir.
Sejamos como São Bonifácio e tenhamos o que sua vida nos inspira: coragem, fidelidade, testemunho, coerência, amor por Jesus e Sua Igreja e muito mais que se possa dizer...
Aprendamos com ele a não fugir do bom combate da fé, tenhamos fortaleza de ânimo, contando com a força e ação do Santo Espírito, como discípulos missionários do Senhor e amados filhos do Pai que nos quer felizes agora e sempre.
Com São Bonifácio, e com tantos outros mártires da Igreja, aprendemos a mais bela notícia: a morte dos justos, dos santos não têm a última palavra e como o Salmista rezamos:
“É sentida por demais pelo Senhor a morte dos Seus Santos, Seus amigos.” (Sl 115). E tamanho sentimento encontrou a mais bela vitória, quando o Pai Ressuscitou o Filho que morreu na Cruz, e este morrendo fez morrer a morte, para que vivêssemos para sempre. Amém!
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