Cremos
na Ressurreição da carne e na vida eterna
Com
a Liturgia do 32º Domingo do Tempo Comum (ano C), refletimos sobre o horizonte
da humanidade: uma vida que nunca se acaba, plena, total e nova: a vida eterna.
Na passagem da primeira Leitura do Segundo Livro do
Macabeus (2 Mac 7,1-2.9-14), refletimos sobre o testemunho de sete irmãos que
deram a vida pela fé, movidos pela certeza de que Deus reserva a vida eterna àqueles
que percorrem, com fidelidade, os caminhos por Ele propostos.
O
texto nos fala do martírio de uma mãe e dos seus sete filhos, que se recusaram
a violar a fé e as tradições judaicas, e por isto, foram mortos.
“Os sete irmãos tiveram a coragem de defender
a sua fé até a morte, porque acreditavam que Deus lhes devolveria, outra vez a
vida, uma vida semelhante àquela que lhes ia ser tirada. O Deus criador tem, de
acordo com a catequese aqui feita, o poder de ressuscitar os mártires para a
vida eterna”. (1)
Havia
um contexto de perseguição contra os judeus, feita por Antíoco IV Epifanes (175-164a.C.). Muitos
judeus, ao manterem vivas as suas tradições, foram cruelmente perseguidos e
mortos.
Com
isto, temos pela primeira vez a doutrina da ressurreição explicitamente
apresentada na Bíblia. Esta verdade será desenvolvida e culminará com a Ressurreição
de Jesus Cristo.
A
mensagem catequética nos convida a não ficarmos paralisados pelo medo,
renovando compromissos com a justiça e a verdade e nossa coragem e força para o
testemunho da fé.
Reflitamos:
- Quais os valores pelos quais consumimos a nossa vida, ou seja,
que acreditamos e pelos quais somos capazes de morrer?
- Somos capazes de defender com a própria vida as verdades de
nossa fé?
- Somos capazes de lutar contra a corrente, se preciso for,
pelos valores significativos para a nossa vida de fé?
Na segunda leitura, ouvimos a
passagem da Segunda Carta de Paulo aos Tessalonicenses (2 Ts 2,16-3-5), e temos
um convite para que a comunidade mantenha um diálogo e comunhão com Deus, na
espera da segunda vinda gloriosa de Cristo, e, com ela, a vida nova a nós
reservada.
Deste
modo, a comunidade precisará estar atenta e orante, a fim de que seja fiel ao
Evangelho e anuncie a todos a Boa-Nova da Salvação, rezando também uns pelos
outros:
“O
cristão nunca é uma pessoa isolada, mas o membro de uma família de irmãos,
chamados a viver no amor, na partilha, na entrega da vida, como membros de um
único corpo – o Corpo de Cristo”. (2)
Na
espera da segunda vinda do Senhor, a comunidade viverá o processo de salvação
em dois planos: o primeiro de que a Salvação é dom de Deus, e o segundo exige
esforço de fidelidade de todos nós.
Reflitamos:
- Temos consciência e que nossas vitórias e conquistas não se
devem apenas de nossos esforços, méritos e qualidades, mas como expressão da
graça e bondade divinas?
- Como estamos preparando a segunda vinda gloriosa do Senhor?
- Qual a profundidade e intensidade de nossa oração e confiança
na força divina?
- Como enfrentamos medo e desânimo na missão evangelizadora?
- rezamos uns pelos outros em expressão de comunhão e solidariedade?
Com a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 20,27-38),
refletimos sobre a ressurreição e a realidade última que nos espera nos céus.
A
passagem retrata os últimos dias antes da morte de Jesus, e as grandes
controvérsias d’Ele com as autoridades judaicas. Neste caso, trata-se dos
saduceus que formavam um grupo aristocrático, recrutado entre os sacerdotes da
classe superior.
Conservadores,
enquanto política, e de bom entendimento com a dominação romana; de modo que
pretendiam manter a situação, para não ver comprometidos os benefícios
políticos, sociais e econômicos que desfrutavam.
Apoiando-se
na “Torah”, não aceitavam a ressurreição dos mortos. A questão colocada para
Jesus tinha como objetivo a ridicularização da crença na ressurreição e do próprio
Jesus.
Não
se trata de pensar a vida eterna com as categorias que marcam a nossa
existência finita e limitada; a existência de ressuscitado é plena, total e
nova. Como será não pode ser descrita, mas, no horizonte de quem crê,
encontra-se a Ressurreição:
“A
nossa capacidade de compreensão deste mistério é limitada, pois estamos a
contemplar as coisas e classificá-las à luz das nossas realidades terrenas; no
entanto, a ressurreição que nos espera ultrapassa totalmente a nossa realidade
terrena” (2)
Na
segunda parte da resposta, remetendo-se ao Livro do Êxodo, Jesus fala que o
Deus, a quem se deve amar e servir, é o Deus dos vivos e não dos mortos, e
todos devem viver para Ele (Lc 20,37-38).
Deste
modo, após a morte, nos encontraremos com o Deus vivo; e assim, a ressurreição
é a esperança que dá sentido a toda a caminhada do cristão.
A
fé cristã torna a esperança da ressurreição uma certeza absoluta, pois Cristo
ressuscitou, e quem com Ele se identificar, nascerá com Ele para a vida nova e
definitiva:
“A
ressurreição não é a revivificação dos nossos corpos e a continuação da vida
que vivemos neste mundo; mas a passagem para vida nova onde, sem deixarmos de
ser nós próprios, seremos totalmente outros... É a plenitudização de todas as
nossas capacidades, a meta final do nosso crescimento, a realização da utopia
da vida plena” (3).
Urge
caminhar, confiantes e alegres, rumo à nova realidade, ainda que tenhamos as
dificuldades, sofrimentos, dores... A fé na Ressurreição nos dá coragem para
enfrentarmos as forças da morte que dominam o mundo, convictos de que cada ser
humano que vem ao mundo é, verdadeiramente, “um pedaço de eternidade”:
“Cada
ser humano será para sempre ‘ele’ e não um outro. Cada ser humano viverá para
sempre, enraizado no amor eterno de Deus. Pela Sua ressurreição, Jesus abri-nos
o caminho da nossa própria vida em plenitude em Deus.
A
fé na Ressurreição e o enraizamento no amor de Deus nos credencia para o bom
combate, e nos prepara para a glória futura, na espera do Senhor que veio, vem
e virá, gloriosamente" (4).
Renovemos nossa coragem e fidelidade aos planos de Deus, movidos
pelas verdades de nossa fé que professamos ao rezar o Credo nas Missas e
celebrações:
“Creio em Deus-Pai, todo-poderoso...”
Fonte de pesquisa e citações (1) (2) (3) (4): www.dehonianos.org
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