sábado, 22 de novembro de 2025

“Creio na Ressurreição da carne, creio na vida eterna...”

“Creio na Ressurreição da carne, creio na vida eterna...”

Ressurreição da carne e vida eterna são os dois últimos artigos de nossa fé, que professamos ao rezar o Credo.

Apresento três pequenos textos da Igreja, para nossa reflexão sobre esta verdade que nos motiva o bom combate da fé, intrépidos e fortalecidos pela força da Oração, nutridos pelo Pão da Palavra e da Eucaristia.

O primeiro é um belíssimo testemunho dos mártires, no contexto de perseguição e martírio que sofreram tantos e tantas, com sangue derramado, vidas ceifadas, mas sempre com a esperança da eternidade. Assumiram o martírio e o viveram não por desgosto, mas pela verdadeira paixão pela vida:

Assim se dirigiram os carrascos aos mártires cristãos, no terceiro século, e de modo especial a Piônio:

"Tu és digno de continuar a viver... é tão doce viver e a luz é tão linda"

Mas ele respondeu:

− “Sim, sei que é bonito viver, mas nós desejamos a verdadeira luz; eu sei que a terra é linda é obra de Deus. Se nós renunciamos a ela não é por desgosto, nem por desprezo, mas porque conhecemos bens melhores”.

O segundo texto, do Bispo São Cirilo de Jerusalém, é sobre a fé na Ressurreição, que não priva o crente de seu empenho moral na história, assim como o compromisso social no tempo presente, mas o impele:

 “A esperança da ressurreição é a raiz de toda boa ação; a espera da retribuição fortalece a alma para o cumprimento do bem. Todo operário está pronto a suportar a fadiga se prevê a recompensa [...]. Cada alma que crê na ressurreição tem cuidado de si mesma, que não crê na ressurreição abandona-se à ruína.

Quem crê que o corpo permanece para a ressurreição cuida desta veste da alma e não a suja com a fornicação. Quem, ao invés, não crê na ressurreição abandona-se à impureza, abusando do próprio corpo como de algo que não lhe pertence.

A fé na ressurreição dos mortos é, portanto, um grande ensinamento e advertência da Igreja Católica, grande e necessário, negado por muitos, embora provado pela verdade. Os gregos o combatem e os hereges o derrubam: a contradição tem várias faces, enquanto a verdade só tem uma”. 

O terceiro é do Bispo Santo Agostinho, que um pouco mais tarde também deixou uma contemplação que nos possibilita ver o céu à luz dos olhos da fé:

“Tem, irmãos, tem o jardim do Senhor não apenas rosas dos mártires, tem também lírios das virgens, heras dos casados, violetas das viúvas. Absolutamente ninguém, irmãos, seja quem for, desespere de sua vocação; por todos morreu Cristo…” .

Renovemos em nós a graça batismal, e, assim, vivamos o tempo presente com inadiáveis e santos compromissos com a vida e sua sacralidade.

Crendo na Ressurreição, empenhemo-nos para que um dia também possamos nos céus, com aqueles que nos antecederam, nos encontrarmos, na plenitude do Amor Trinitário com todos os Anjos e Santos. Amém.


PS: Oportuno para reflexão da passagem do Evangelho de Lucas (Lc 20,27-40)

Em poucas palavras... (Cristo Rei)

 


Jesus Cristo, Rei  do Universo

Oremos:

“Deus eterno e todo-poderoso que dispusestes restaurar todas as coisas em vosso amado Filho, Rei do universo, concedei benigno que todas as criaturas, libertas da escravidão, sirvam à vossa majestade e vos glorifiquem sem cessar. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. Amém.” (1)

 

 

(1)Oração da Coleta da Missa - Jesus Cristo, Rei do Universo

Em poucas palavras... (Cristo Rei)

 

 


       “....Quando Eu coloquei os meus pobrezinhos na terra...”

“Todo o mal que os maus fazem é registrado – e eles não o sabem. No dia em que ‘Deus virá e não se calará’ (Sl 50, 3) [...]. Então, Ele Se voltará para os da Sua esquerda: ‘Na terra, dir-lhes-á, Eu tinha posto para vós os meus pobrezinhos, Eu, Cabeça deles, estava no céu sentado à direita do Pai – mas na terra os meus membros tinham fome: o que vós tivésseis dado aos meus membros, teria chegado à Cabeça.

Quando Eu coloquei os meus pobrezinhos na terra, constituí-os vossos portadores para trazerem as vossas boas obras ao meu tesouro. Vós nada depositastes nas mãos deles: por isso nada encontrais em Mim’” (1).

(1)         Sermão de Santo Agostinho (séc V)– cf. Catecismo da Igreja Católica n. 1039

 

Reinar com Jesus é viver com a força desarmada do amor! (Cristo Rei)

Reinar com Jesus é viver com a força desarmada do amor!

Com a Solenidade em que proclamamos que Cristo é Rei do Universo e Senhor de nossa vida, coroamos mais um ano de caminhada com Ele, como alegres Discípulos missionários.

Ao proclamamos Jesus como Rei de nossa vida, temos a certeza de que com Ele também reinaremos. Mas o que significa proclamá-Lo Rei?

Na medida em que o proclamamos Rei reinamos com Ele amando até o fim, fazendo da nossa vida livre e generosa doação, na entrega da mesma, traduzida em serviço para com Ele na pessoa do empobrecido, para um dia na glória estar.

Reinar com Jesus é fazer d’Ele e de Sua Palavra o centro de nossa vida, pautar nossa existência, todo nosso pensar, sentir, agir à luz de Seus ensinamentos, Sua Palavra que nos liberta e nos orienta em todos os passos; é trilhar o Caminho, iluminados pela Verdade para que a Vida plena prometida, em nós seja abundante.

Reinar com Jesus é ter coragem de carregar Seu trono, que aos olhos do mundo nada tem de encantador, ao contrário. É carregar o trono onde foi entronizado e coroado: a Cruz! 

Expressão que nos inquieta: o trono do Senhor é a Cruz!

Reflitamos:

- Temos coragem de reinar com Ele?

- Temos coragem de nos comprometer com o Seu Senhorio sobre tudo e todos, uma vez que Ele é o primogênito, a Cabeça, o Princípio e o fim de todas as coisas, no qual reside toda a plenitude do amor do Pai?

Que Rei tão diferente: pobre, despido, solitário, aparentemente derrotado, incompreendido, humilhado, dilacerado, escarrado, cuspido, ensanguentado, de aparência horrivelmente indescritível. Vítima da mais crudelíssima e humilhante de todas as mortes.

É este Rei que amamos.
Um Rei que tem a força desarmada do amor.

Aparentemente derrotado, mas por amor vivido em fidelidade ao Pai e ao Projeto do Reino, na glória exaltado, ressuscitado, mais que vitorioso. À direita do Pai sentado, Vivo, guia, dirige, julga a história, nos antecipa na glória da eternidade, tendo vencido o último de todos os inimigos: a morte.

Muito mais que uma Solenidade, é momento de grandes avaliações e corajosas decisões.

Reflitamos:

- O que significa, para mim, proclamá-Lo Rei?
- De que modo a minha vida expressa a Soberania de Cristo?

- O que Deus quer de mim quando meus lábios professam que Ele é Senhor da minha vida?
- De que modo, como Igreja, estou participando da construção do Reino de Deus.

- Como cristão leigo, vivo meu protagonismo, como batizado na evangelização nos mais diversos espaços e campos de minha existência?
- Como fermento a nova sociedade?

- Como dou gosto de divindade à existência, à história?

- Como ilumino, e como me deixo iluminar no pensar e no agir?
Proclamá-Lo Rei, aclamá-Lo como Senhor, não basta!

É preciso testemunhá-Lo com uma força indescritível e revolucionária: a força do Amor.

Não o amor que o mundo apregoa, mas o que Ele viveu e na Cruz consumou, por isto na glória Se eternizou e a mais bela lição nos deixou:

Doação, entrega, perdão, reconciliação, salvação... Amor universal que aos inimigos alcançou. Amor que ninguém nunca tão intensamente viveu: por isto Ele morreu.

Se morrermos com Ele, 
também com Ele ressuscitaremos 
 com Ele para sempre reinaremos. 
Amém!

Cristificar, eis a nossa missão! (Cristo Rei)

                                                            


Cristificar, eis a nossa missão!

Cristificar, mais que um
verbo a conjugar, pelo Verbo viver…

Ser cristão é "Cristificar".

Mas, este verbo não existe, dirão, devaneios da mente, loucura, algo sem absoluto sentido…

Cristificar é um neologismo, não procure no dicionário. Importa, porém, que nos leva a pensar...

Não nos percamos no secundário, procuremos na realidade que nos cerca significados para “cristificar”:

Cristificar é em primeiro momento tornar-se Cristo, a tal ponto que possamos dizer como o Apóstolo Paulo: Já não sou quem vivo, é Cristo quem vive em mim (cf. Gl 2,20).

Tornando-se Cristo, e Ele vivendo em nós, ser sinal de Sua presença no mundo. Torná-Lo visível, crível, tocável, presente, solidário, deve ser nossa missão permanente.

Cristificar é deixar-se conduzir pela Sua Palavra, pelo Seu ensinamento, acolher e viver a Boa Nova do Evangelho (Cf. Lc 4,16-21).

Cristificar é tornar-se semelhante a Ele, configurar-se a Ele, tendo d’Ele mesmos sentimentos (cf. Fl 2,5).

Cristificar é completar em nossa carne o que falta a Sua Paixão por amor a Sua Igreja (cf. Cl 1,24).

Cristificar é ser misericordioso como o Pai (Lc 6,36).

Cristificamos quando prolongamos no dia a dia a Eucaristia que celebramos e o Cristo que comungamos.

Cristificamos quando o Mistério no Altar Celebrado, crido, adorado, sem medo, por absoluto amor, nas mais diversas situações testemunhado.

Cristificamos quando o Pão no Altar for, por todos, partilhado, renova-se o compromisso com a paz e justiça, aurora de um mundo transformado.

Cristificamos quando assumimos nossa condição de fermento na massa levedando o mundo, para que acorde numa nova aurora de esperança.

Cristificamos quando assumimos a missão de ser sal para dar sabor à vida, gosto de Deus à humanidade, construindo laços de amizade/fraternidade.

Cristificamos quando não deixamos apagar a Luz de Deus que em nós habita, numa fé que não esmorece diante das provações da vida.

Cristificar solidificando a família, tendo Jesus como rocha, pedra fundamental sobre a qual se edifica a Igreja doméstica, onde o amor, lei maior, jamais pode faltar (cf. Mt 7).

Cristificar cultivando o jardim de Deus, não com saudades do paraíso, mas como um alegre, incansável e inadiável compromisso.

Cristificar não erigindo a torre de Babel para chegar aos céus, mas na cruz cotidiana carregada fortalecer laços de partilha e comunhão, no amor a Deus e a toda Sua criação.

Cristificar não permite o furtar-se de compromissos em todos os âmbitos de nossa vida.

Cristificar não nos permite da luta fugir; lutando sempre na ousadia e teimosia de quem sabe pela defesa da sagrada vida resistir.

Cristificar não nos permite indiferenças, acomodações, discriminações, alienações. Não nos permite braços cruzar, na espera de um amanhã melhor, como se Deus de nós não quisesse precisar. Não nos é permitido das responsabilidades múltiplas, esquivar, renunciar.

Cristificar é ser outro Cristo para tantos outros Cristos que nos rodeiam: famintos, analfabetos, idosos, desamados, desesperançados, abandonados, encarcerados, mutilados, nos porões da humanidade condenados…

Cristificar, repito, é tornar-se outro Cristo! Fácil? Absolutamente não! Mas, o verdadeiro cristão sabe que não encontrará facilidades; sabe que o verdadeiro cristianismo não se vive sem o Mistério da Cruz, pela qual o Amor veio e entrou no mundo.

Cristificar é, enfim, renunciar a si mesmo, tomar a sua cruz de cada dia, e seguir o Senhor. A vida consumir, numa alegre e esperançosa entrega da glória eterna. A cruz é inevitavelmente, em sua exata medida, instrumento de libertação, quer para o tempo presente, quer para a glória dos céus.

Em todo tempo, inclusive na pós-modernidade em que estamos inseridos, é preciso aprender a conjugar o verbo cristificar.

Cristificar, mais que um verbo a conjugar, pelo Verbo viver…



PS: Apropriado para a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo; bem como quando na Liturgia se proclama a passagem do Livro do Gênesis (Gn 11,1-9) sobre a torre de Babel

Jesus, um Rei diferente (Cristo Rei)

                        

Jesus, um Rei diferente

Reflitamos a passagem do Evangelho (Lc 23, 35-43) proclamado na Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo (ano C).

Voltamos ao tema da conversão, que é tão importante para a teologia de Lucas, e que sobressai tão fortemente na narração da Paixão do Senhor.

A narração da Paixão não é para que tenhamos pena de Jesus, tão pouco compaixão pelas Suas dores. Somente isto não basta:

"A melhor atitude é ter consciência dos próprios pecados, arrepender-se deles e tirar da Cruz de Jesus, a coragem e a força para mudar de vida” (1).

Isto é o que aprendemos com um dos crucificados ao lado de Jesus (Lc 23,40-42) ao se dirigir ao outro crucificado: 

“'Nem sequer temes a Deus, tu que sofres a mesma condenação. Para nós é justo, porque estamos recebendo o que merecemos; mas Ele não fez nada de mal’. E acrescentou: ‘Jesus lembra-Te de mim quando entrares no Teu reinado’”.

Oremos:

Honra, glória, poder e louvor a Jesus, nosso Rei e Senhor!
Ontem, hoje e sempre, porque sois verdadeiramente Homem e Deus e Reina possibilitando-nos a graça da conversão;

Honra, glória, poder e louvor a Jesus, nosso Rei e Senhor!
Ontem, hoje e sempre, porque sois verdadeiramente Homem e Deus e Reina salvando-nos e o céu abrindo-nos.

Honra, glória, poder e louvor a Jesus, nosso Rei e Senhor!
Ontem, hoje e sempre, porque sois verdadeiramente Homem e Deus e Reina amando-nos.

Honra, glória, poder e louvor a Jesus, nosso Rei e Senhor!
Ontem, hoje e sempre, porque sois verdadeiramente Deus e Reina, e pela causa deste Reino, a morte de cruz vivendo, gloriosamente Ressuscitando.

Honra, glória, poder e louvor a Jesus, nosso Rei e Senhor!
Ontem, hoje e sempre, porque sois verdadeiramente Deus e Reina no consumando amor até o fim no Trono Glorioso da Cruz.

Honra, glória, poder e louvor a Jesus, nosso Rei e Senhor!
Ontem, hoje e sempre, porque sois verdadeiramente Homem e Deus e Reina dando-Se a Si mesmo.

Honra, glória, poder e louvor a Jesus, nosso Rei e Senhor!
Ontem, hoje e sempre, porque sois verdadeiramente Homem e Deus e Reina “perdendo” a Sua vida para que o mundo possa viver.

Honra, glória, poder e louvor a Jesus, nosso Rei e Senhor!
Ontem, hoje e sempre, porque sois verdadeiramente Homem e Deus e inverte a lógica do ter, poder e ser, vivendo a partilha, o serviço e a humildade.

Honra, glória, poder e louvor a Jesus, nosso Rei e Senhor!
Ontem, hoje e sempre. Amém.

  
(1)         Lecionário Comentado – Ed Paulus – Lisboa -2010 - p.863

Cristo Reina quando nosso coração se inflama de amor (Cristo Rei)

                                                                   

Cristo Reina quando nosso coração se inflama de amor

Chegando ao final de mais um Ano Litúrgico, celebramos, com toda a Igreja, a Solenidade de Cristo Rei do Universo, proclamando ao mundo que Ele é o Senhor de nossa vida.

Com júbilo, renovamos nosso compromisso de discípulos missionários do Senhor, amando como Ele ama. Um amor incondicional que ama até o fim e, de modo especial, os mais empobrecidos com os quais se identifica.

Reinar com Jesus é fazer d’Ele e de sua Palavra o centro de nossa vida, pautar nossa existência, todo nosso pensar, sentir e agir à luz de Seus ensinamentos. 

Trilhando o caminho da fé, ancorados pela esperança e inflamados pelo fogo da caridade, seremos iluminados pela verdade, teremos a vida plena prometida abundantemente. É preciso ter coragem de carregar o trono de Jesus, que aos olhos do mundo nada tem de encantador, ao contrário. Carregar o trono onde Ele foi entronizado e coroado: a Cruz! Expressão que nos inquieta: a Cruz é o trono do Senhor!

Um longo caminho percorremos e reinamos com o Senhor no realizar de  cada pequeno gesto, sempre acompanhado de muito amor e que, portanto, aos olhos de Deus tornam-se grandes.

Coroamos o Senhor como servos inúteis que somos com o nosso trabalho, portanto, não podemos ser econômicos em descobrir modos e expressões efetivas e afetivas para coroá-Lo; amando a Deus sobre todas as coisas, com nossa alma, força, mente e entendimento e ao nosso próximo como Ele nos amou. 

Quem a Deus ama, reina com o Senhor servindo alegremente. Que continuemos coroando o Senhor, resistindo às tentações que nos acompanham a todo instante, sem jamais sucumbir a elas, vigilantes e pacientes nas tribulações e adversidades, pois tudo podemos n’Aquele que nos fortalece e, na mais bela expressão de gratidão e gratuidade.

A Ele todo o louvor e glória. Tão somente assim O coroamos e O proclamamos Rei do Universo e  Senhor de nossa vida.

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