sábado, 22 de novembro de 2025

Vistamos o hábito da religião e da caridade (Cristo Rei)


Vistamos o hábito da religião e da caridade

Ao celebrarmos a Solenidade de Cristo Rei e Senhor do Universo, sejamos iluminados pelo Sermão de São Cesário de Arles (séc. VI).

“Se pensamos nos bens que Deus derramou sobre nós chegando até a morte, não haveríamos de temer aquele juízo; mas por desgraça muitos o convertem em motivo de sentença contra eles.

Não paguemos o bem com o mal..., pois do contrário, o que faremos naquele dia temível quando o Senhor Se sentar em Seu trono cercado da milícia celestial no meio da luz, enquanto os Anjos ressoam suas trombetas e o mundo estremeça...?

Então, além da própria consciência, Aquele Juiz, já mais justo que misericordioso, começará a acusar os réus por terem desprezado a Sua misericórdia:

‘Eu plasmei a ti, ó homem!, com minhas mãos, Eu te infundi o Espírito..., e tu, desprezando os meus preceitos de vida perfeita, segues ao mentiroso antes que a Deus.

Expulso do paraíso e sujeito às cadeias da morte..., entrei em um seio virginal para nascer dele sem diminuição de sua pureza; reclinei-me em um presépio envolto em panos, com as dores e sofrimentos da infância...; sofri as bofetadas e cusparadas daqueles que zombavam de mim, bebi vinagre com fel, fui ferido pelos açoites, coroado de espinhos, cravado na cruz, atravessado pela lança, e para que tu te libertasses da morte entreguei a minha vida em meio a tormentos.

Aqui tens os sinais dos cravos dos quais fui suspenso. Olha aqui meu lado ferido. Aceitei as dores para dar a ti a glória, sofri a morte para que vivesses por toda a eternidade. Jazi escondido em um sepulcro para que tu reinasses no céu. Por que perdeste o que te dei?

Por que, ingrato, rejeitaste os dons de tua redenção: Não reclamo de minha morte, mas dai-me a tua vida, já que por ela entregue a minha...
Por que maculaste a habitação que consagrei para mim com as imundícias da luxúria...?

Por que me carregaste com a cruz dos teus crimes, mais pesada que aquela na qual estive suspenso? Mais pesada, de fato, é a cruz de teus pecados, da qual pendo a força, do que aquela que, compadecido de ti, subi satisfeito.

Sendo impassível me dignei padecer por ti, e tu desprezaste a Deus no homem, a saúde no enfermo, a chegada no caminho, ao pai no juiz, a vida na cruz e o remédio na agonia’.

Examinai a embarcação de vossa vida, e se observais as cavernas desfeitas pela soberba, a avareza e a luxúria, apressai-vos em repará-las com as boas obras e a esmola.

Assim como ao bom sua virtude não lhe beneficia de nada se morre em pecado, assim ao pecador os vícios não lhe prejudicam se morre arrependido.

Vivei bem, não me digais que sois jovens e casados, porque não é o traje do monge que dá a virtude. Em qualquer estado de vossas vidas podeis vestir o hábito da religião e da caridade.” (1)

Finalizando mais um ano Litúrgico, é tempo favorável para revermos o caminho que fizemos, com erros e acertos, possíveis tropeços e quedas, pecados cometidos, com sincero arrependimento, confessados e perdoados.

O Sermão é um forte apelo de conversão para que melhor correspondamos ao amor de Deus por nós, por Jesus vivido e comunicado.

Quando vestimos o hábito da autêntica religião e da caridade, tornamo-nos misericordiosos como o Pai (Lc 6,36), e podemos afirmar que Jesus Cristo é nosso Rei e Senhor de todo o Universo, e podemos coroá-lo, multiplicando gestos de amor e solidariedade, na solidificação da fé, e iluminando os caminhos com a luz da esperança de um novo céu e uma nova terra, ainda que vejamos sinais sombrios de dor e morte.

Coroar Jesus é sincero compromisso com a Boa-Nova do Reino, e viver a graça do Batismo, como profetas, sacerdotes e Rei.


(1) Lecionário Patrístico Dominical – Editora Vozes – 2013 – pp. 761-762. 

“Reinar é servir” (Cristo Rei)

                                                      

“Reinar é servir” 

Assim afirma o Catecismo da Igreja Católica (n. 786): “Cristo, Rei e Senhor do Universo, se fez servidor de todos, não veio ‘para ser servido, mas para servir e para dar sua vida em resgate por muitos’ (Mt 20,28). Para o cristão, ‘reinar é servir’ "(Lumen Gentium n.36).

Também, citando a Gaudium et Spes (n. 10,2; 45,2) professa: “A Igreja crê... que a chave, o centro e o fim de toda história humana se encontram em seu Senhor e Mestre” (CIC n. 450).

Em poucas linhas, encontramos uma densidade inesgotável que nos convida ao silêncio e à contemplação, para que não apenas celebremos, mas como discípulos missionários, anunciemos e testemunhemos que Jesus é o Senhor de nossa história, em todos os âmbitos, em todos os corações, e de todo o Universo, se numa palavra apenas fôssemos dizer.

Cristo, Ungido, Enviado, Aquele que foi por muito tempo esperado. A realização da promessa messiânica se cumpriu em Sua Pessoa: “O Verbo se fez Carne e habitou entre nós...” (Jo 1,14), e a Ele damos toda honra, glória, poder e louvor.

Rei, mas um Rei diferente, pobre, despido, ultrajado, tendo como trono a Cruz, esvaziado de Sua condição divina, humilhou-Se e foi obediente até o fim, e Deus O Ressuscitou, para que diante d’Ele todo joelho se dobre e toda língua proclame que Ele é o Senhor, para a glória de Deus Pai (Fl 2, 7-8).

Senhor, porque reina em tudo e em todos, a Ele tudo foi submetido: “O último inimigo a ser destruído será a morte, pois Deus colocou tudo debaixo dos pés de Cristo. Mas quando se diz que tudo lhe será submetido, é claro que se deve excluir Deus, que tudo submeteu a Cristo. E quando todas as coisas lhe tiverem sido submetidas, então próprio Filho Se submeterá Àquele que tudo lhe submeteu, para que Deus seja tudo em todos.” (1 Cor 15, 26-28).  

Servidor de todos, ao lavar os pés dos discípulos, lavou os pés de toda humanidade, deixando ao mundo um sinal de humildade e serviço: o Mestre e Senhor lavou os pés dos servos; os pés de toda a humanidade, e a lição para sempre foi gravada na mente e no coração da humanidade, selado como  sinal de amor. Lição que haveremos de reaprender incansavelmente, cotidianamente.


O Senhor tem a chave e  confiou a Pedro. Também é a porta que nos possibilitou a entrada na eternidade (Jo 10, 9), e tão somente por esta porta estreita haveremos de passar, se coragem e fidelidade no carregar da cruz tivermos, sem deserção, sem medo ou refúgio na mediocridade de uma fé morna e instalada, sem sagrados compromissos com a vida.

É preciso que centralizemos o Senhor em nossa vida, para que tudo ganhe um novo sentido em nosso existir. Quanto mais O centralizarmos, mais plena será nossa alegria. Centralizar Jesus é ter d’Ele mesmos pensamentos e sentimentos, de tal modo a Ele configurado, que Ele é gerado e formado em nós, e nos outros.

Ele é o fim de toda a história, para Ele tudo haverá de convergir. Nossos dias, nossos passos, nossos planos, projetos, sonhos somente florescerão abundantemente, e darão frutos eternos se não tivermos ninguém além d’Ele para nos guiar e nos iluminar.

Com Jesus, cada noite escura de nossa vida, é acompanhada da certeza de que a luminosidade irromperá quando menos esperarmos, porque vigilantes esperamos Aquele que veio, vem e virá um dia, gloriosamente.

Por ora, é tempo de reinar com o Senhor, e somente o faremos se O servimos em cada irmão e irmã, sobretudo nos pobres, com os quais quis Se identificar. E este serviço silencioso, sem holofotes, glamoures, ibopes, confetes, nos credencia para a recompensa na eternidade, como Ele nos disse sobre o julgamento final: “Venham vocês que são abençoados por meu Pai. Recebam como herança o Reino que meu Pai lhes preparou desde a criação do mundo.” (Mt 25, 34)

Reinamos com o Senhor, quando servimos. E, para que sirvamos incansavelmente com ardor, É preciso que nosso coração Seja inflamado pelo Seu indizível Amor.


Em poucas palavras... (Cristo Rei)

 


“O Reino de Deus [...] é justiça, paz e alegria no Espírito Santo”

“«O Reino de Deus [...] é justiça, paz e alegria no Espírito Santo» (Rm 14, 17). Os últimos tempos em que nos encontramos são os da efusão do Espírito Santo. Trava-se desde então um combate decisivo entre «a carne» e o Espírito (Gl 5,16-25):

«Só um coração puro pode dizer com confiança: "Venha a nós o vosso Reino". É preciso ter passado pela escola de Paulo para dizer: "Que o pecado deixe de reinar no vosso corpo mortal" (Rm 6, 12). Quem se conserva puro nos seus atos, pensamentos e palavras é que pode dizer a Deus: "Venha a nós o vosso Reino!"» (São Cirilo de Jerusalém).” (1)

 

(1)Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n.2819

Reinar com Jesus é amar e servir (Cristo Rei )

 


Reinar com Jesus é amar e servir 

Assim afirma o Catecismo da Igreja Católica (n. 786): “Cristo, Rei e Senhor do Universo, se fez servidor de todos, não veio ‘para ser servido, mas para servir e para dar sua vida em resgate por muitos’ (Mt 20,28). Para o cristão, ‘reinar é servir’ "(Lumen Gentium n.36).

Celebrar a Solenidade Cristo Rei todo ano, ao término de um ano litúrgico é a renovação da graça  de sermos discípulos missionários do Senhor, anunciando e testemunho que Ele é a chave, o centro e fim de toda história humana, em todos os âmbitos, reinando em nossos corações e em todo o Universo.

Reinar com Jesus é amar e servir um Rei, mas um Rei diferente, pobre, despido, ultrajado, tendo como trono a Cruz, esvaziado de Sua condição divina, humilhou-Se e foi obediente até o fim, e Deus O Ressuscitou, para que diante d’Ele todo joelho se dobre e toda língua proclame que Ele é o Senhor, para a glória de Deus Pai (cf. Fl 2, 7-8).

Ele é o fim de toda a história, para Ele tudo haverá de convergir. Nossos dias, nossos passos, nossos planos, projetos, sonhos somente florescerão abundantemente, e darão frutos eternos se tão somente n’Ele permanecermos na vivência do amor a Deus e ao próximo.

Com Jesus, cada noite escura de nossa vida, é acompanhada da certeza de que a luminosidade irromperá quando menos esperarmos, porque vigilantes esperamos Aquele que veio, vem e virá um dia, gloriosamente.

Por ora, é tempo de reinar com o Senhor, e somente o faremos se O servimos em cada irmão e irmã, sobretudo nos pobres, com os quais quis Se identificar. E este serviço silencioso, sem holofotes, glamoures, ibopes, confetes, nos credencia para a recompensa na eternidade, como Ele nos disse sobre o julgamento final: “Venham vocês que são abençoados por meu Pai. Recebam como herança o Reino que meu Pai lhes preparou desde a criação do mundo.” (Mt 25, 34)

Concluindo, para que de fato Ele reine, é preciso que tenhamos o coração ardente, olhos abertos e pés a caminho, como assim aconteceu com dos discípulos de Emaús (cf. Lc 24, 13-35).

Que o Espírito do Senhor venha em vosso auxílio! (Cristo Rei)

Que o Espírito do Senhor venha em vosso auxílio!

Celebramos a Solenidade de Cristo Rei e o dia do Cristão Leigo e Leiga (ministério não ordenado), ou seja, todo aquele que, pelo Batismo, participa da missão de Cristo: sacerdote, profeta e rei.

“Os Leigos, particularmente, partícipes da realeza de Cristo, devem trabalhar para a promoção da pessoa humana, para animar de Espírito evangélico as realidades temporais, e dar assim testemunho concreto de que Cristo-Rei é libertador e salvador de todo o homem e de todos os homens.” (1)

Portanto, o cristão é chamado a prolongar as ações de Cristo no meio em que vive: família, Igreja, trabalho, escola, política...

Que minhas Orações se somem a de tantos que hoje pedem a Deus a força e a luz do Santo Espírito, para que todos vivam com alegria, amor e ardor a vocação na fidelidade ao Senhor. 

Testemunhando Cristo Rei e Senhor do Universo, sejamos cumulados da graça divina, para melhor e mais frutuosa  perseverança, em incondicional correspondência ao amor e ao Projeto de Deus para nós, a construção do Reino do amor, verdade, justiça e liberdade.



 (1) Missal Dominical - Editora Paulus - p. 1082.

“A missão de Jesus é a nossa missão” (Cristo Rei)

                                                                    

“A missão de Jesus é a nossa missão”

Se há algo que devemos exultar de alegria é a graça de continuar a missão de Jesus, pois a Sua missão nos foi confiada por Ele mesmo, de modo que a Sua missão é a nossa missão.

Esta graça recebemos no dia do Batismo, e se faz necessário que correspondamos a esta confiança em nós depositada.

Tornando-nos cristãos pelo batismo, somos uma pessoa livre de todo espírito mau, portanto, não combina ser enviado de Deus e ter um coração cheio de ódio e de maldade...

É sempre tempo de nos questionarmos sobre a história que estamos escrevendo como enviados do Senhor.

Como é bonito passar pela vida escrevendo uma história de amor, pois quem assim o faz nunca morre.

Renovando a cada dia a graça da missão, damos novo sentido à nossa vida, que somente em Deus encontra, e nos é dado sempre a Sua sabedoria para criar e recriar o novo querido por Ele.

Urge que realizemos nossa missão  com alegria, gratuidade, confiança, despojamento, liberdade e superação das rejeições e adversidades.

Permaneçamos firmes na missão com a coragem de rever os caminhos feitos para viver a missão como graça e com a graça divina. Sem o quê jamais conseguiríamos avançar para as águas mais profundas, e poucas coisas memoráveis teríamos para partilhar.

Viver a missão que o Senhor nos confia a cada dia, conduzidos pela Oração que Ele nos ensinou: 

“Pai nosso que estais nos céus...” , tão somente assim poderemos proclamar que Jesus Cristo é Nosso Senhor e Rei do Universo. 

Em poucas palavras... (Cristo Rei)

                                           


Tempo de espera e de vigilância

Cristo afirmou, antes da sua ascensão, que ainda não era a hora do estabelecimento glorioso do Reino messiânico esperado por Israel (Cf. At  1, 6-7), o qual devia trazer a todos os homens, segundo os profetas (Cf. Is 11, 1-9), a ordem definitiva da justiça, do amor e da paz.

O tempo presente é, segundo o Senhor, o tempo do Espírito e do testemunho (Cf. At 1, 8) mas é também um tempo ainda marcado pela «desolação» (Cf. 1 Cor 7, 26) e pela provação do mal (Cf. Ef 5, 16), que não poupa a Igreja (Cf. 1 Pe 4, 17) e inaugura os combates dos últimos dias (Cf. 1 Jo 2, 18; 4, 3: 1 Tm 4, 1). É um tempo de espera e de vigília (Cf. Mt 25, 1-13; Mc 13, 33-37).”

 

(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 672

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