sábado, 20 de dezembro de 2025

Fixemos nosso olhar no olhar de Maria

 


Fixemos nosso olhar no olhar de Maria


Contemplemos Maria como a mulher da alegria, da dor e do esplendor e da glória.


Contemplamos os mistérios da anunciação, morte e ressurreição:  Mistérios gozosos, luminsos, dolorosos, gloriosos.
 
No Evangelho de Lucas (Lc 1,26-38), Maria é nos apresentada como mulher simples do povo; nada de extraordinário aos olhos da humanidade, mas muito especial aos olhos de Deus. Preservada do pecado; escolhida para ser a Mãe do Redentor.
 
Mãe Daquele que pelo mistério da ação do Espírito Santo nela Se encarna.
 
No mistério da cruz, mistério do amor de Deus Se entrega e Se doa, em amor que ama até o fim.
 
Mistério da Ressurreição que acalenta e anima nossa caminhada que transcende o tempo presente e até mesmo a morte.
 
Aquele que em Maria Se encarnou e o sangue na cruz por nós derramou, regou a vinha do Senhor que somos, para frutos de paz, justiça e amor produzir…
 
Fixemos nosso olhar no olhar de todos os olhares que para Deus se voltaram.
 
Contemplemos o olhar de Maria que os mais diversos momentos vivenciou e jamais a Deus se fechou.
 
Contemplemos o olhar de Maria, diante do arcanjo Gabriel que lhe anuncia que será Mãe do Salvador. Olhar de dúvida, incompreensão e, por que não, de medo, mas de sinceridade e confiança e transparência, com certeza…
 
Indaga ao anjo como assim pode ser?
 
Olhar iluminado pelo Mistério revelado e compreendido e que lhe faz ressoar o SIM que mudou a história da humanidade: “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim conforme a Vossa vontade” (Lc 1,38).
 
Como não contemplar o olhar dos olhares que o menino em seu ventre acolheu e acarinhou?
 
Olhar que na criança deitada na manjedoura o Verbo de Deus reconheceu, nos ofereceu e nos apresentou.
 
Olhar de Mãe Maria que o procurou quando no templo, aos doze anos se perdeu.
 
Olhar que procura o filho, olhar de tantas mães que procuram seus filhos.
 
Olhar que o viu crescer dia a dia em tamanho, graça e sabedoria diante de Deus.
 
Olhar de Maria silenciosamente contemplando a pregação de Seu Filho, na planície e na montanha.
 
Olhar que maravilhou-se, incontáveis vezes, por tudo que falava; por tudo que fazia.
 
Olhar de Maria que o procurou e encontrou mergulhado em noites de vigília e oração.
 
O Olhar da mãe de todas as mães, que não se fechou e não se amedrontou, nem se acovardou no mistério de Sua Paixão e Morte.
 
Olhar lacrimoso, dolorido, sentido, vendo seu Filho covardemente condenado, desprezado, humilhado, desfigurado, das roupas despojado, sangue e suor derramados…
 
Olhos abertos contemplando mistério de iniquidade, mas mistério maior de amor e fidelidade: O mal não pode ter a última palavra.
 
Também seus ouvidos acolhiam gritos e lamentos, que ecoaram da boca de Seu Filho e de todos os seus filhos em todos os tempos!
 
Olhar que o acompanhou e o testemunhou na cruz: Pelos pregos cravados, coração trespassado.
 
Água e vinho verteram: nascimento e alimento ao mundo também ricamente oferecidos e em cada Eucaristia celebrados.
 
Olhar de Maria que pelo mistério da fé contemplou Sua descida a mansão dos mortos, para romper as correntes do pecado, dominar também as forças diabólicas do inferno – diabo e morte vencidos.
 
O olhar de Maria que jamais perdera o brilho, reluziu na madrugada da Ressurreição. A vida venceu a morte.
 
Olhar de Maria, olhar de quem crê na Vida Nova do Filho, Ressuscitado pelo Pai, que por Amor, no Amor e pelo Amor (Espírito Santo) jamais o abandonou.
 
Contemplemos o olhar de Maria nas primeiras vezes em que o apóstolo dizia: “Tomai todos, isto é meu corpo… Tomai todos, isto é o meu sangue” (Atos 1).
 
Aquele mesmo corpo que acolheu em seu ventre, agora ali diante dos olhos, no mistério da matéria transubstanciada: Mistério de fé, Mistério da Ceia, Mistério da Eucaristia.
 
Ela contemplando as marcas dos pregos no corpo do Ressuscitado!!! Que alegria tomou o coração de Maria.
 
Depois, Maria contemplando Sua subida aos céus, para que depois, um pouco depois, ela também aos céus fosse assunta, por Deus coroada.
 
 
Olhar de ternura, alegria, confiança, simplicidade, esperança, bondade, fraternidade, humanidade, solidariedade, amor, bondade, fidelidade, perdão, compreensão, mansidão…
 
Olhar que transcende a realidade da morte, porque és portadora e crente da Boa Nova da Ressurreição!
 
É deste olhar que precisamos, por isto mais, do que nunca, é tempo de fixarmos nosso olhar no olhar de Maria…
 
Somente com um olhar assim é que o mundo haveremos de mudar, a começar de nós mesmos!
 
Nada veremos de novo se, em primeiro lugar, não convertermos nosso olhar.
 
Maria te suplicamos: 

Vem conosco caminhar para que tragas marcas, tantas e incontáveis, de teu olhar!
 
És Maria, mulher possuidora do olhar de todos os olhares.
 
És Rainha, és Senhora: “Volvei para nós estes vossos olhos misericordiosos…”
 
Salve Rainha, Mãe de Misericórdia...
 

“Aonde chega Deus, aí chega também a alegria”

                                                            


“Aonde chega Deus, aí chega também a alegria

A passagem do Evangelho de Lucas (Lc 1,26-38) nos apresenta a visitação do Arcanjo Gabriel a Maria, e seu “sim” dado, para que a Encarnação do Verbo acontecesse, sendo nela gerado pela ação do Espírito Santo.

Sem dúvida, uma página que nos convida a refletir sobre os efeitos da chegada de Deus em nossas vidas, em todo o Tempo:

“Aonde chega Deus, aí chega também a alegria: a narração começa com o convite ‘Alegra-te’ (Lc 1,28); traduzido com a saudação ‘Ave’ e termina com a exclamação jubilosa da Virgem: ‘Faça-se!” (Lc 1,38)”.

Continuemos nos preparando para celebrar o Nascimento do Salvador, do Menino Jesus, não como um acontecimento do passado, mas que se dá em cada momento da nossa vida, quando aprendemos, com Maria, a ser totalmente “sim” para a vontade divina, pois de fato, “aonde chega Deus, aí chega também a alegria”. 

Continuemos vigilantes e em oração, à espera do Senhor que veio, vem e virá, cumulando-nos de amor e alegria.

Aguardemos, ansiosos, a “chegada de Deus”, e esta alegria que chegará com Ele, seja comunicada a tantos quantos precisam de nossa presença, acolhida e solidariedade.

Seja o Natal a Festa da chegada d’Aquele que vem para conosco continuar a caminhar, lado a lado, em nossa difícil e desafiadora missão de evangelizar, sobretudo num contexto de mudança de época.

Se muitos são os desafios, bem mais forte e necessária será a presença de Jesus conosco.

Alegremo-nos, pois Ele está para chegar! Já sentimos a irradiação da alegria com a Sua divina e desejada chegada, e que encontre acolhida e espaço em nossos corações e em nossos lares, bem como em todos os corações de boa vontade.

As duas naturezas do Senhor no ventre de Maria

                                                                     

 

As duas naturezas do Senhor no ventre de Maria

 

“Uma virgem [...]; iria conceber um filho, Deus e homem,

primeiro em seu espírito, e depois em seu corpo”.

 

Sejamos enriquecidos pelo Sermão escrito pelo Papa São Leão Magno (séc. V):

 

“Uma virgem da descendência real de Davi foi escolhida para a sagrada maternidade; iria conceber um filho, Deus e homem, primeiro em seu espírito, e depois em seu corpo.

 

E para evitar que, desconhecendo o desígnio de Deus, ela se perturbasse perante efeitos tão inesperados, ficou sabendo, no colóquio com o Anjo, que era obra do Espírito Santo o que nela se realizaria.

 

Maria, pois, acreditou que, estando para ser em breve Mãe de Deus, sua pureza não sofreria dano algum. Como duvidaria desta concepção tão original, aquela a quem é prometida a eficácia do poder do Altíssimo?

 

A sua fé e confiança são ainda confirmadas pelo testemunho de um milagre anterior: a inesperada fecundidade de Isabel. De fato, quem tornou uma estéril capaz de conceber, pode também fazer com que uma virgem conceba.

 

Portanto, a Palavra de Deus, que é Deus, o Filho de Deus, que no princípio estava com Deus, por quem tudo foi feito e sem ela nada se fez (cf. Jo 1,2-3), a fim de libertar o homem da morte eterna, Se fez homem.

 

Desceu para assumir a nossa humildade, sem diminuir a Sua majestade. Permanecendo o que era e assumindo o que não era, uniu a verdadeira condição de escravo à condição segundo a qual Ele é igual a Deus; realizou assim entre as duas naturezas uma aliança tão admirável que, nem a inferior foi absorvida por esta glorificação, nem a superior foi diminuída por esta elevação.

 

Desta forma, conservando-se a perfeita propriedade das duas naturezas que subsistem em uma só Pessoa, a humildade é assumida pela majestade, a fraqueza pela força, a mortalidade pela eternidade.

 

Para pagar a dívida contraída pela nossa condição pecadora, a natureza invulnerável uniu-se à natureza passível; e a realidade de verdadeiro Deus e verdadeiro homem associa-se na única pessoa do Senhor.

 

Por conseguinte, Aquele que é um só mediador entre Deus e os homens (1Tm 2,5), como exigia a nossa salvação, morreu segundo a natureza humana e ressuscitou segundo a natureza divina.

 

Com razão, pois, o nascimento do Salvador conservou intacta a integridade virginal de sua mãe; ela salvaguardou a pureza, dando à luz a Verdade.  

 

Tal era, caríssimos filhos, o nascimento que convinha a Cristo, poder e sabedoria de Deus. Por este nascimento, Ele é semelhante a nós pela sua humanidade, e superior a nós pela Sua divindade. De fato, se não fosse verdadeiro Deus, não nos traria o remédio; se não fosse verdadeiro homem, não nos serviria de exemplo.  

 

Por isso, quando o Senhor nasceu, os Anjos cantaram cheios de alegria: 'Glória a Deus no mais alto dos céus, e anunciaram paz na terra aos homens por Ele amados'(Lc 2,14).

 

Eles veem, efetivamente, a Jerusalém Celeste ser construída pelos povos do mundo inteiro. Por tão inefável prodígio da bondade divina, qual não deve ser a alegria da nossa humilde condição humana, se até os sublimes coros dos Anjos se rejubilam?”

 

 

Contemplemos Maria, que concebeu o Verbo, primeiro em seu espírito e depois em seu corpo. Que também nós saibamos formar e gerar Cristo em nós, em nosso coração, para que d’Ele sejamos testemunhas credíveis e agradáveis ao Senhor.


Maria, a mãe de Jesus, a mãe da Igreja e nossa, nos ajuda a colocar em prática a Palavra do seu Filho, para que tão somente assim desta família façamos parte, pois a família de Jesus não se limita aos laços consanguíneos, mas à acolhida e prática de Sua Palavra, e do Seu Mandamento: “amai-vos uns aos outros, assim como Eu vos amei”, somente assim seremos Seus discípulos.

 

Cremos que Deus quis  o Salvador da humanidade, de natureza invulnerável, incapaz de sofrer qualquer desgaste, prejuízo, demérito, viesse ao mundo e Se encarnasse no ventre de uma Virgem.

 

Assim aconteceu. Encarnando-Se assume uma natureza passível, ou seja, capaz de sofrer as realidades temporais.

 

Ele que era de condição divina de tudo Se desapegou e aceitou a morte humilhante na Cruz. Lágrimas, choro, pranto, fome, abandono, indiferença, humilhação, escárnio, morte... como vemos  abundantemente nos Evangelhos, Hebreus, Cartas Paulinas.

 

Reflitamos como o "Sim" de Maria a Deus aponta quatro belos propósitos, que devem estar no coração de todos aqueles que amam e querem seguir e servir seu Filho:

 

- Imitá-la, sobretudo nas suas virtudes, qualidades incontáveis;

 

- Ser contemplativo como Maria, cantora da esperança dos pobres. Pés no chão, coração voltado para Deus e olhos plenamente abertos para a sede do povo, como cantamos;

 

- Fazer a vontade do Pai sempre e acima de tudo;

 

- Colocar-se numa incansável atitude de conversão, para que tenhamos um coração atento e fiel ao Projeto de Deus, para que o nosso coração seja semelhante ao Coração de Jesus.

 

Maria não nos salva, mas melhor do que ninguém nos aponta Àquele que é Oo Caminho, a Verdade e a Vida (cf. Jo 14,6), Aquele que nos alcança a Salvação.

 

Reflitamos sobre o papel de Maria em nossa caminhada de fé, como peregrinos da esperança, e nos perguntemos, quem melhor do que Maria para nos:

 

- Ajudar a construir na terra o céu?

 

- Apontar o caminho que nos leva ao céu?

 

- Ensinar a crer na invulnerabilidade divina e passibilidade humana do Seu Filho?

 

Em Maria, no seu ventre:

 

- A natureza divina e a natureza humana encontraram-se, como que num abraço, para que ao tornar-se visível na forma de uma criança, toda a humanidade fosse abraçada;

 

- E desde o seu ventre, a nossa humanidade na Encarnação do Filho, para sempre foi redimida, resgatada.

 

Consagremo-nos a Maria, pois quanto mais consagrados a Ela, mais fiéis e próximos seremos do seu Amado Filho, e O adoraremos em espírito e verdade.

 

“Ó minha Senhora, e também minha mãe,

Eu me ofereço inteiramente todo a vós...”

 

Ave Maria cheia de graça... 

 

PS: Oportuno para reflexão da passagem do Evangelho de Lucas (Lc 1,26-38) e também ao celebramos a Festa de Nossa Senhora do Carmo (16 de julho); Nossa Senhora do Rosário (07 de outubro).

Maria, modelo para o nosso discipulado

                                                            

Maria, modelo para o nosso discipulado

Renovemos os sagrados compromissos para a ação evangelizadora, e reflitamos sobre o verdadeiro itinerário do discípulo/a perfeito/a. 

Maria é nos apresentada, à luz dos episódios da Anunciação (Lc 1,26-38), da Visitação (Lc 1,39-56) e em Caná da Galileia (Jo 2,1-11) (1), deste modo:

1º.  Ouve a Palavra de Deus e a guarda em seu coração (Lc 1,28; 2,19);

2º. Deixa-se questionar por Deus, ficando intrigada e refletindo sobre o significado da mensagem do Senhor (Lc 1,29);

3º. Como mulher madura, humana e espiritual, ela tem a  ousadia de questionar o próprio Deus (Lc 1,34);

4º. Ao perceber que é obra de Deus, ela não apenas cede, mas assume a condição de serva, permitindo que a Palavra do Senhor aconteça plenamente em sua existência (Lc 1,38);

5º. Nela, a Palavra é frutífera e fecunda, é vida gerada e se torna Carne (Lc 1,35);

6º. Nela, também, a Palavra se torna missão, pois ela não se contém em si, e sente a necessidade de comunicar esta alegre e esperançosa notícia ao mundo (Lc 1,39-45);

7º. Finalmente, em Caná, Maria se torna a pedagoga da fé, uma verdadeira mistagoga, conduzindo a comunidade dos discípulos a fazer tudo o que Jesus disser (Jo 2,5).

Com Maria, somos eternos aprendizes para um autêntico discipulado, para que edifiquemos uma Igreja Sinodal, fortalecendo nossas comunidades eclesiais missionárias, com seus pilares da Palavra, do Pão da Eucaristia, da Caridade e da Ação Missionária, tendo a Palavra de Deus como fonte, a Eucaristia como sustento, a comunhão como ideal e o amor como identidade (2)

 

(1) Documento n. 111 da CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – “E a Palavra habitou entre nós” (Jo 1,14) – Animação Bíblica da pastoral a partir das comunidades eclesiais missionárias” – n. 297

(2) Documento da CNBB n. 112 - Critérios e itinerários para a Instituição de Ministério de Catequistas – n. 67

O Sim de Maria ilumina o nosso sim de cada dia

                                                                           

O Sim de Maria ilumina o nosso sim de cada dia

Reflexão em preparação ao Natal do Senhor, em pleno tempo do Advento, ouvimos a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 1,26-38).

Sejamos enriquecidos por uma trecho do Sermão do Abade São Bernardo (séc. XII), meditando sobre os Mistérios da Salvação que nos veio pela Encarnação do Verbo, Jesus Cristo.

“O Santo, que nascer de ti, será chamado Filho de Deus (cf. Lc 1,35), fonte de sabedoria, o Verbo do Pai nas alturas! Este Verbo, através de ti, Virgem santa, Se fará Carne, de modo que Aquele que diz: Eu no Pai e o Pai em mim (cf. Jo 10,38), dirá também: Eu saí do Pai e vim (Jo 16,28).

No princípio, diz João, era o Verbo. Já borbulha a fonte, mas por enquanto apenas em si mesma. Depois, e o Verbo era com Deus (cf. Jo 1,1), habitando na luz inacessível.

O Senhor dizia anteriormente: Eu tenho pensamentos de paz e não de aflição (cf. Jr 29,11). Mas teu pensamento está dentro de ti, ó Deus, e não sabemos o que pensas; pois quem conheceu a mente do Senhor ou quem foi seu conselheiro? (cf. Rm 11,34).
  
Desceu, por isto, o pensamento da paz para a obra da paz: O Verbo Se fez Carne e já habita em nós (cf. Jo 1,14). Habita totalmente pela fé em nossos corações, habita em nossa memória, habita no pensamento e chega a descer até a imaginação.

Que poderia antes o homem pensar sobre Deus, a não ser talvez fabricando um ídolo no coração? 

Era incompreensível e inacessível, invisível e inteiramente impensável; agora, porém, quis ser compreendido, quis ser visto, quis ser pensado.

De que modo, perguntas? Por certo, reclinado no presépio, deitado ao colo da Virgem, pregando no monte, pernoitando em Oração; ou pendente da Cruz, pálido na morte, livre entre os mortos e dominando o inferno; ou ainda ressurgindo ao terceiro dia, mostrando aos Apóstolos as marcas dos cravos, sinais da vitória, e, por último, diante deles subindo ao mais alto do céu.

O que não se poderá pensar verdadeira, piedosa e santamente disto tudo? Se penso algo destas realidades, penso em Deus e em tudo Ele é o meu Deus. 

Meditar assim, considero sabedoria, e tenho por prudência renovar a lembrança da suavidade que, em essência tão preciosa, a descendência sacerdotal produziu copiosamente, e que, haurindo do alto, Maria trouxe para nós em profusão.”

Temos, em breves palavras, um itinerário da Encarnação do Verbo feito criança até a Sua glorificação no céu, onde reina glorioso junto de Deus.

Pelo “sim” de Maria, nos veio do alto o Verbo para nos redimir, e por isto tão bem expressou o Abade:  Aquele que “era incompreensível e inacessível, invisível e inteiramente impensável; agora, porém, quis ser compreendido, quis ser visto, quis ser pensado.”

Silenciemo-nos e contemplemos Jesus:

“... reclinado no presépio, deitado ao colo da Virgem, pregando no monte, pernoitando em oração; ou pendente da Cruz, pálido na morte, livre entre os mortos e dominando o inferno; ou ainda ressurgindo ao terceiro dia, mostrando aos Apóstolos as marcas dos cravos, sinais da vitória, e, por último, diante deles subindo ao mais alto do céu”.

Com Maria, renovemos o nosso sim aos desígnios e Projeto divino, para que tenhamos vida plena e feliz, como ela nos ensinou naquele dia memorável das Bodas de Caná (cf. Jo 2,1-12).

De modo especial, nestes dias em que nos preparamos para celebrar o nascimento do seu amado Filho, o Menino Jesus, contemplemos o presépio e fixemos o olhar em Maria, a Mãe que jamais fecha seus olhos à nossa realidade.

Em poucas palavras...

                                                               



Rainha da Paz, rogai por nós!

Maria, no Mistério da Encarnação do Verbo é a humilde serva do Senhor que, pelas palavras do Arcanjo Gabriel, recebeu o anúncio e concebeu no seio Virginal o Príncipe da Paz, Jesus Cristo, Aquele que nos restituiu a paz, reconciliando em Si a terra e os céus (cf. Lc 1,26-38).


Com Maria, sejamos sim para Deus

                                                               

Com Maria, sejamos sim para Deus

À luz da passagem do Evangelho de Lucas (Lc 1,26-38), refletimos sobre o Projeto de Salvação que Deus tem para todos os povos, a ser realizado por meio de Jesus Cristo, como nos fala o Apóstolo Paulo (Rm 16,25-27), com o Sim de Maria para a sua Encarnação.

Com Jesus Cristo, por Sua vida, com Suas palavras, gestos, sobretudo com Sua Morte e Ressurreição, nos tornamos partícipes da herança.

No diálogo do anjo Gabriel com Maria, contemplamos o sim de uma jovem para a realização deste Projeto de Salvação.

De uma aldeia, de um lugar insignificante, Deus quis nascer e inaugurar uma nova história, contando com a participação de uma simples jovem, desconhecida do povo. Ele não nasceu em palácios nem de notáveis.

Jesus nascendo de Maria por obra do Espírito Santo, contando também com a participação de José, Deus lhe confere a descendência real da estirpe de Davi.

Voltemo-nos para Maria: Ela é cheia de graça, segundo o anjo, porque é objeto da predileção divina. “O Senhor está contigo”, significa que é vocacionada pelo Pai e conta com a ação e assistência do Espírito Santo. Maria é amada, escolhida, e tem papel fundamental no Projeto Divino.

Contemplemos a forma como Maria vai acolhendo em seu coração a vontade de Deus: diálogo sincero, aberto, sem máscaras, coloca nas mãos do anjo mensageiro de Deus suas dúvidas, medos, incertezas.

Maria embarca numa aventura de amor, consciente, confiante e totalmente disponível, mais ainda, em disponibilidade incondicional.

Maria é simplesmente um sim incondicional ao Projeto de Deus, com confiança plena e incontestável.

O diálogo com o Anjo possibilita, também, a contemplação da onipotência divina que conta, paradoxalmente, com a fragilidade humana, sintetizada de modo muito especial na figura de Maria.

Reflitamos:

-   Qual é a minha disponibilidade de participação neste Projeto Divino de Salvação?
-   Deus pode contar comigo em Seu projeto de Salvação?

-   Qual a intensidade de esperança, alegria e gratidão por ser participante deste Projeto?
-   Como tem sido a minha preparação para acolhida do Verbo?

-   Qual é a profundidade da comunhão e sintonia com Deus e a Sua vontade em minha vida?
-   Dou um sim incondicional para que a vontade de Deus se cumpra?

Pelo sim de pessoas tão humildes e pobres, atentas à vontade de Deus, Jesus entra na História da Salvação da humanidade.

Como Igreja, tenhamos a fecundidade do Espírito, a exemplo de Maria, que acolheu o Verbo e exultou de alegria, como mãe de uma geração santa e irrepreensível na concretização da vontade divina, como instrumentos do Seu Reino.

Contemplemos a presença do “Senhor Onipotente” em nosso meio, contando conosco, mesmo com nossas imperfeições, fraquezas, como servos inúteis que o somos.

Que o Sim de Maria ressoe no mais profundo de nós:
Eis aqui a serva do Senhor, faça-se
em mim conforme Sua Palavra”.

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