sábado, 13 de dezembro de 2025

Preparemos o Natal do Senhor à luz dos Prefácios do Advento

                                                      


 Preparemos o Natal do Senhor à luz dos Prefácios do Advento

Tempo do Advento é por excelência tempo favorável de recolhimento, oração e fecunda penitência, para a celebração de um Natal transbordante de alegria e luz, pois veio, vem e virá o Senhor sempre ao nosso encontro.

Retomemos as quatro opções de Prefácios para o Advento que a Igreja nos oferece:

Prefácio do Advento I – sobre as duas vindas de Cristo:

“...Na verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação dar-vos graças, sempre e em todo lugar, Senhor, Pai Santo, Deus eterno e todo-poderoso, por Cristo, Senhor nosso. Revestido da nossa fragilidade, Ele veio a primeira vez para realizar Seu eterno plano de amor e abrir-nos o caminho da salvação.

Revestido de Sua glória, Ele virá uma segunda vez para conceder-nos em plenitude os bens prometidos que hoje, vigilantes, esperamos. Por essa razão, agora e sempre, nós nos unimos aos anjos e a todos os santos, cantando (dizendo) a uma só voz...”

Prefácio do Advento I A – Cristo, Senhor e Juiz da História:

“...Na verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação louvar-vos e bendizer-vos, Senhor, Pai santo, Deus eterno e todo-poderoso, princípio e fim de todas as coisas. Vós preferistes ocultar o dia e a hora em que Cristo, vosso Filho, Senhor e juiz da história, aparecerá nas nuvens do céu, revestido de poder e majestade.

Naquele tremendo e glorioso dia, passará o mundo presente e surgirá novo céu e nova terra. Agora e em todos os tempos, Ele vem ao nosso encontro, presente em cada pessoa humana, para que o acolhamos na fé e o testemunhemos na caridade, enquanto esperamos a feliz realização de Seu reino... Por isso, certos de Sua vinda gloriosa, unidos aos anjos, Vossos mensageiros, Vos louvamos, cantando (dizendo) a uma só voz...”

Prefácio do Advento II - A dupla espera de Cristo:

“...Na verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação dar-vos graças, sempre e em todo o lugar, Senhor, Pai santo, Deus eterno e todo-poderoso, por Cristo, Senhor nosso. Predito por todos os profetas, esperado com amor de mãe pela virgem Maria, Jesus foi anunciado e mostrado presente no mundo por são João Batista.

O próprio Senhor nos dá a alegria de entrarmos agora no mistério do Seu Natal, para que Sua chegada nos encontre vigilantes na oração e celebrando os Seus louvores. Por essa razão, agora e sempre, nós nos unimos aos anjos e a todos os santos, cantando (dizendo) a uma só voz...”

Prefácio do Advento II A - Maria, a nova Eva:

“...Na verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação dar-vos graças, Senhor, Pai santo, Deus eterno e todo-poderoso. Nós Vos louvamos, bendizemos e glorificamos pelo mistério da virgem Maria, mãe de Deus. Do antigo adversário nos veio a desgraça, mas do seio virginal da Filha de Sião germinou Aquele que nos alimenta com o pão do céu e garante para todo o gênero humano a salvação e a paz.

 Em Maria, é-nos dada de novo a graça que por Eva tínhamos perdido. Em Maria, mãe de todos os seres humanos, a maternidade, livre do pecado e da morte, se abre para uma nova vida. Se grande era a nossa culpa, bem maior se apresenta a divina misericórdia em Jesus Cristo, nosso salvador. Por isso, enquanto esperamos Sua chegada, unidos aos anjos e a todos os santos, cheios de esperança e alegria, nós Vos louvamos, cantando (dizendo) a uma só voz...”

Oremos:

Senhor Deus, ajudai-nos para que vivamos estes dias do Tempo do Advento, em alegre expectativa para a Celebração do Nascimento do Vosso Filho, Senhor e Juiz da História, em esforço contínuo de conversão na vigilância e na oração, abertos e conduzidos pelo Santo Espírito.

Celebremos a dupla espera de Cristo que vem, contemplando a primeira vinda e aguardando a segunda vinda gloriosa, vivendo com zelo, ardor e amor na vinda intermediária, a missão que recebemos pela graça do batismo, a fim de que sejamos sal da terra e luz do mundo.

Nós Vos suplicamos, contando com a intercessão de Maria, a nova Eva, a mãe de todos os seres humanos, que por meio dela a Divina Misericórdia veio ao nosso encontro, trazendo a Salvação em seus raios (Ml 3,20). Amém.

Em poucas palavras...

                                                     

Os frutos da caridade

“Os frutos da caridade são: a alegria, a paz e a misericórdia; exige a prática do bem e a correção fraterna; é benevolente; suscita a reciprocidade, é desinteressada e liberal: é amizade e comunhão:

‘A consumação de todas as nossas obras é o amor. É nele que está o fim: é para a conquista dele que corremos; corremos para lá chegar e, uma vez chegados, é nele que descansamos’ (Santo Agostinho)”.(1)  

 

(1) Catecismo da Igreja Católica n. 1829

Uma voz clama no deserto

 


Uma voz clama no deserto

O Comentário sobre o Profeta Isaías, escrito pelo bispo Eusébio de Cesareia, nos convida a refletir sobre a missão de João Batista, uma voz que clama no deserto, bem como a nossa missão como discípulos missionários do Senhor. 

Uma voz clama no deserto: ‘Preparai o caminho do Senhor, aplainai a estrada de nosso Deus’ (Is 40,3). O profeta afirma claramente que não será em Jerusalém, mas no deserto que se realizará esta profecia, isto é, a manifestação da glória do Senhor e o anúncio da salvação de Deus para toda a humanidade. 

Na verdade, tudo isto se realizou literalmente na história, quando João Batista anunciou no deserto do Jordão a vinda salvífica de Deus e ali se revelou a salvação de Deus. De fato, Cristo manifestou-Se a todos em Sua glória quando, depois de Seu batismo, os céus se abriram e o Espírito Santo, descendo em forma de pomba, pousou sobre Ele; e a voz do Pai se fez ouvir, dando testemunho do Filho: Este é o meu Filho amado, escutai-O (Mt 17,5). 

Estas coisas foram ditas porque Deus deveria vir ao deserto, desde sempre fechado e inacessível. Com efeito, todas as nações pagãs estavam privadas do conhecimento de Deus, e os homens justos e os profetas de Deus nunca haviam penetrado neles. 

Por este motivo, a voz ordena que se prepare um caminho para a Palavra de Deus e se aplainem os terrenos escarpados e ásperos, a fim de que o nosso Deus possa entrar quando vier. Preparai o caminho do Senhor (Mc 1,3): é esta a pregação evangélica que traz um novo consolo e deseja ardentemente que o anúncio da salvação de Deus chegue a todos os homens. 

Sobe a um alto monte, tu, que trazes a boa-nova a Sião. Levanta com força a voz, tu, que trazes a boa-nova a Jerusalém (Is 40,9). Depois que se mencionou a voz que clama no deserto, convêm perfeitamente estas palavras, que se referem aos evangelistas e anunciam a vinda de Deus entre os homens. De fato, a alusão aos evangelistas devia logicamente seguir a profecia sobre João Batista. 

Que Sião é esta, senão a que antes se chamava Jerusalém? Era realmente um monte, como declara esta palavra da Escritura: O monte Sião que escolhestes para morada (Sl 73,2). E o Apóstolo: Vós vos aproximastes do monte de Sião (Hb 12,22). Não será uma alusão ao grupo dos apóstolos, escolhido entre o antigo povo da circuncisão? 

Tal é, pois, Sião ou Jerusalém, que recebeu a Salvação de Deus, e que foi edificada sobre o monte de Deus, isto é, sobre o Verbo, seu Filho único. A ela, que subiu ao alto monte, é que Deus ordena anunciar a palavra da salvação. Mas quem anuncia a boa-nova, senão o coro dos evangelistas? E o que significa anunciar a boa-nova? É proclamar a todos os homens, e em primeiro lugar às cidades de Judá, a vinda de Cristo à terra.”

Tempo do Advento, tempo favorável de recolhimento e revisão de nossa fidelidade e testemunho no seguimento do Senhor, como discípulos missionários Seus.

Tempo de preparar o caminho do Senhor, de preparar nossos corações para bem celebrarmos o Seu Nascimento, Mistério profundo e inesgotável de nossa fé.

Como Igreja Sinodal que somos, tempo de proclamar a todas as pessoas que Ele veio, vem e virá, gloriosamente, e por isto devemos permanecer vigilantes e orantes, empenhados na prática da justiça, fortalecendo vínculos de comunhão e fraternidade, fazendo progressos contínuos na prática da caridade.

Que ao chegar a noite do Natal, nosso coração esteja devidamente preparado para celebrar Sua chegada a cada instante em nossa vida, não mais na manjedoura de Belém, como fato do passado, tão apenas recordado.

Como cristãos, não apenas comemoramos o Natal, nós celebramos, e isto implica em sincero esforço de conversão, contando sempre com a misericórdia e graça divinas e, tão somente assim, a luz de Deus iluminará a noite tão esperada e todas as noites escuras de nossa vida.

Eucaristia: A força de que tanto precisamos…

                                                         

Eucaristia: A força de que tanto precisamos…

Vida: mistério de alegria e dor, angústia e esperança. 
Morte: mistério que nos desafia e nos acompanha,.
Não só na maturidade, medo presença no coração da criança. 
Morte e Vida, Vida e Morte, duelo de força tamanha.

Nascimento de uma criança, obra do Deus da vida,
Seu crescimento: um Projeto que se realiza. 
Intimidade, amizade divina sempre amadurecida,
Que mais a criatura aberta ao Criador precisa?

Enfermidades, dificuldades, obstáculos, fracassos, corrupções,
Ausências, carências, demências que às vezes nos rodeiam,
Objetivos não alcançados, horizontes estreitados, decepções, 
Êxitos alcançados, certezas na vida que nos norteiam.

Para que a vida não seja apenas um mero existir, 
E tão pouco, para sempre, um fardo  a carregar.
Uma causa boa para morrer é preciso descobrir, 
Por esta mesma causa, na vida, com alegria se entregar.

Força, luz, princípio, impulso a humanidade contemplou:
A Vida Nova irradiada na Madrugada da Ressurreição. 
O Verbo que Se Encarnara, na Cruz morrera: Ressuscitou
E o Amor vivido até o fim tornou-se força e motivação.

A Ressurreição, força dos pobres em espírito, 
Que somente em Deus se entregam e confiam;
Sonham, lutam de coração simples e contrito. 
Ressurreição que os horizontes ampliam.

Assim como a Ressurreição é a força dos pobres, em Deus tementes, 
A vida dos pobres é nas mãos de Deus Sua força evangelizadora. 
Com pescadores, pecadores humildes, lançou as primeiras sementes, 
Do anúncio da Boa Nova, a comunidade se fez portadora.

Há uma força que no Evangelho, rezamos e contemplamos (Lc 8,1-3) 
Maria Madalena, Joana, Suzana, por Jesus chamadas,
Muitas outras mulheres, excluídas da religião do templo, 
Mas por Jesus acolhidas, amadas, valorizadas e reintegradas...

Boa Nova da Ressurreição, força que nos sustenta. 
Que é a âncora para quem da vida não foge e se compromete;
Força que misteriosamente nos revigora e alimenta,
Vitória certa porque Deus cumpre o que ao crente promete.

A fé na Ressurreição não é saudosismo inútil do paraíso. 
Fé na Ressurreição é o alargamento de horizontes.
Sim, alargar horizontes e com o Reino revigorar compromissos,
Por amor à humanidade edificar novas pontes.

No silêncio da inesquecível madrugada se anunciou, 
Que foram vencidas as horríveis trevas do pecado,
E da mansão dos mortos, por amor nos resgatou, 
Para que de todas correntes fôssemos libertados.

Contemplemos o duelo na Cruz em favor da vida, 
Naquela Arvore da vida o paraíso foi reaberto,
O inferno derrotado, diabo ferido, morte vencida,
Prisões dos infernos arrebentadas, estejamos certos.

Contemplemos o lado do Crucificado e Ressuscitado, 
Do qual Sangue e Água abundantes jorraram, 
Para que o mundo, do pecado, fosse lavado e recriado. 
E mais: Nascimento e Alimento de Seu coração brotaram!

Na madrugada da Ressurreição somente o silêncio viu a vida vencer a morte. 
À toda humanidade se conferiu nova aurora de alegria e esperança; 
A maldade, pecado, condenação e Cruz foram caladas, o amor falou mais forte, 
Naquela aurora se anunciou em quem devemos colocar nossa confiança.

Não houvesse Cristo Ressuscitado, nossa fé seria nula e vazia. 
Amor, verdade, justiça e paz discursos nada convincentes,
Evangelho palavra morta, vida sem luz, música sem melodia,
Suas testemunhas inexistentes, no vale de morte padecentes.

Ressurreição: de Deus é a Palavra última que se ouviu. 
Jesus que ao fundo da miséria humana desceu porque morreu, 
Porta para a eternidade à humanidade reabriu. 
À direita do Pai, com e no Espírito, a Vida a Morte Venceu!

No eterno encontro amoroso da Trindade Santa, 
Há algo que ressoa em nosso íntimo mais profundo,
Com os anjos e arcanjos toda humanidade canta, 
O Amor que nos amou até o fim é a Salvação do mundo.


PS: Texto inspirador da música “A força de que tanto precisamos” do CD Suave Brisa Divina.

Em poucas palavras...

                                                      


“O caminho desta perfeição passa pela cruz...”

“O caminho desta perfeição passa pela cruz. Não há santidade sem renúncia e combate espiritual (2 Tm 4). 

O progresso espiritual implica a ascese e a mortificação, que conduzem gradualmente a viver na paz e na alegria das Bem-Aventuranças: 

«Aquele que sobe, nunca mais para de ir de princípio em princípio, por princípios que não têm fim. Aquele que sobe nunca mais deixa de desejar aquilo que já conhece» (São Gregório de Nissa).” (1)

 

(1)        Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n.2015

Em poucas palavras...

 


Pela comunhão com Ele, o Espírito Santo...”

“«Pela comunhão com Ele, o Espírito Santo torna-nos espirituais, recoloca-nos no paraíso, reconduz-nos ao Reino dos céus e à adoção filial, dá-nos a confiança de chamar Pai a Deus e de participar na graça de Cristo, de ser chamados filhos da luz e de tomar parte na glória eterna».”(1)

 

(1) São Basílio Magno – parágrafo n. 736 do Catecismo da Igreja Católica

Não vos inquieteis com nada!

                                                   

Não vos inquieteis com nada!
            
Quantas vezes dores, enfermidades, preocupações, angústias, incertezas nos inquietam, carregam nosso semblante de preocupações, indiscutivelmente testemunhado pelo olhar, com esforços inúteis de disfarces.

Quantas vezes nossa vida é como uma barca à deriva em mares agitados. O que fazer?

Muitas possibilidades há para roubar nossa alegria e paz.

Como enfrentar as turbulências de nosso existir, desafios de nosso cotidiano?

Paulo, melhor do que ninguém, pode nos dizer: “Alegrai-vos sempre no Senhor” (Fl 4,4).

É sabido por quantas provações ele passou por causa do Evangelho e por causa de Jesus. É crível sua palavra, pois vem acompanhada de seu testemunho. Não são palavras vazias, com ausência de sentido e conteúdo.

As alegrias do mundo tendem para a eterna tristeza; mas as que brotam da vontade do Senhor levam os fiéis, que nelas perseveram, às alegrias duradouras e eternas, pois "O Senhor está perto; de nada vos inquieteis" (Fl 4,5-6).

Há tantas alegrias que não duram mais que o orvalho da manhã; que explodem como bolhas de sabão.

Alegrias transitórias, efêmeras, ilusórias, passageiras como nuvens, artificiais... São as que tendem para a eterna tristeza, pois não trazem a alegria em si. Somente n’Ele, Jesus, a perfeita alegria!

Paulo nos convida em tudo, por orações e súplicas, acompanhadas de ação de graças, a apresentar nossos pedidos a Deus (Fl 4,6). A Ele entregar nossas preocupações e necessidades. Jamais decepção haverá para quem em Deus confiar.

Como disse o Pseudo Ambrósio, no século IV:

“O Senhor está perto; de nada vos inquieteis (Fl 4,5-6); o Senhor está sempre perto daqueles que O invocam na verdade, com fé integra, esperança firme, caridade perfeita.

Ele sabe do que precisais, antes mesmo que o peçais. Está sempre pronto a vir em auxílio dos que O servem fielmente, em qualquer necessidade sua...

Por conseguinte, não temos de preocupar-nos demais com as dificuldades iminentes, porque sabemos estar próximos de Deus, nosso defensor...

Se nos esforçarmos por realizar e guardar o que ordenou, Ele não tardará a nos dar o prometido. Mas em tudo, por orações e súplicas acompanhadas de ação de graças, apresentai vossos pedidos a Deus (Fl 4,6): não aconteça que, aflitos suportemos as tribulações com murmuração e tristeza. Isto nunca, mas com paciência e de rosto alegre, dando sempre e por tudo graças a Deus (Ef 5,20)”.

“Com paciência e de rosto alegre”, somente é possível para quem crê na força da Eucaristia, Remédio de imortalidade; antídoto para não morrer. Eucaristia que é ação de graças.

Não estamos sós. Que bom saber que Deus conosco está! Ventos, tempestade, agonias, sofrimentos, morte... jamais serão e terão a última palavra, pois esta é sempre de Deus.

Que Deus nos dê esta serenidade Paulina, exortada pelo Pseudo Ambrósio, tão indispensável em todo o tempo.

Mantendo viva a esperança contra toda falta de humana esperança, não nos inquietemos com nada!

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