quinta-feira, 6 de março de 2025

Sejamos fortalecidos pela Graça Divina (19/02)

                                                       

Sejamos fortalecidos pela Graça Divina 

Na passagem do Evangelho da quinta-feira depois das Cinzas - (Lc 9,22-25) - Jesus nos convida: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia, e siga-me.”; e nos garante: “quem perder a sua vida por causa de mim, esse a salvará.”

Evidentemente, “... só quem está disposto a perder a sua vida por Cristo está destinado a encontrá-la; somente arriscando tudo pelo Evangelho pode encontrar a salvação.

O discípulo sabe que a derrota vivida com o Mestre não é definitiva... Para poder escolher livremente renegar a si mesmo, oferecer a própria vida por amor, é necessário antes estar consciente do próprio valor, de ser dono de si mesmo e de se amar...” (1)

É oportuno começar a Quaresma acolhendo a Palavra, que nos convida a olhar para o final, para o Mistério da Morte e Ressurreição de Cristo, para que, ao final deste Tempo, venhamos a celebrar com alegria e exultação o Tríduo Pascal.

Deste modo, é preciso viver o desapego de si mesmo para colocar-se totalmente no seguimento de Jesus, Caminho que nos leva ao Pai, pois nos revela, pelo Espírito, o que Deus espera de cada um de nós.

No entanto, às vezes somos tentados a viver um cristianismo sem Cruz, o que seria uma evasão do mundo e o esvaziamento das exigências da fé cristã, por isto é necessário que a cruz retomada, a cada dia, com coragem e fidelidade, nos faça cada vez mais comprometidos com a Evangelização, solidificando e fortalecendo nossa fé.

Na caminhada de fé é preciso que sejamos vigilantes ao apego de si mesmo, pois este apego, sem renúncias, despojamentos, esvaziamentos, amadurecimentos, consiste, inexoravelmente, numa total esterilidade humana e espiritual, crendo que do lado trespassado de Jesus, da Árvore fecunda da Cruz, nos foi restituída a vida, exatamente onde ela apareceu totalmente derrotada, mutilada crudelissimamente, foi alcançada a Ressurreição.

O que aparentemente pareceria derrota, o malogro maior da história, o fracasso imensurável e incomparável jamais visto, tornou-se ali mesmo, para nós, o lugar do Nascimento, do Alimento e da mais bela Vitória.

Não ficou morto para sempre Aquele que por nós morreu. O Pai, que jamais o abandonou, o Glorificou, o Ressuscitou. E, desde então gloriamo-nos tão apenas na Cruz de Nosso Senhor, e isto implica na coragem de renunciar a si mesmo, tomar a cruz de cada dia e segui-Lo com ardor e fidelidade até que alcancemos a glória da eternidade.

Façamos uma santa caminhada quaresmal, experimentando e testemunhando o admirável poder da Cruz, na qual resplandece o julgamento do mundo e a vitória do Crucificado, Vivo, Ressuscitado. Amém! 

 

(1) Lecionário Comentado – Tempo da Quaresma – Páscoa – p.44. 

Sem conversão não haverá Alegria Pascal

                                                           


Sem conversão não haverá Alegria Pascal
                         

                     “Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15)

 
Conversão sim, perversão aos desígnios divinos, jamais!
Dureza de cerviz, “cabeça dura”, também jamais.
Coração contrito, arrependido, humilhado, Deus não despreza,
 
Somente Deus pode mudar nosso coração
de pedra em coração de carne,
E espera que reconheçamos nossa condição pecadora.
Perdão peçamos e concedamos:
Relações mais humanas e fraternas estabeleçamos,
na família e em qualquer lugar.
 
Somente Deus, com Seu poder, é capaz de dobrar
o que aparentemente é rígido; 
aquilo que para as forças humanas é impossível de ser dobrado:
Para vencermos a prepotência dos fortes, a arrogância dos sábios, 
abertos à sabedoria maior: o Saber Divino,
tendo do Senhor os mesmos sentimentos;
em nossa fraqueza, Sua Divina força testemunharmos.
 
Somente Deus, com Sua bondade e ternura,
pode aquecer o que é gélido,
Fazendo crepitar em nosso coração a chama do Seu Amor;
Encorajando-nos para sermos; instrumentos em Suas mãos.
Subindo e descendo do Monte Tabor,
Atentos à voz do Verbo, o Filho Amado,
Sua Palavra, na planície do cotidiano, vivermos.
 
Que a Palavra Divina, neste tempo forte de reconciliação, 
nos inquiete e nos desinstale de possíveis e indesejáveis apatias, 
que fragilizam nossos compromissos;
de preguiças paralisantes, 
de ilusões que nos deixem entorpecidos,  
de desejos manchados, que nos afastam da vontade divina a nosso respeito, de reconhecimento sem que o mereçamos.
 
Experimentemos a dor da contrição.
Deixemos que Deus toque o nosso coração;
Que provoque em nós um despertar,
Para que nos abramos ao Seu Amor, tão sublime e incomparável.
 
É Quaresma, tempo favorável de conversão e salvação.
Tempo favorável de jejum, partilha e oração.
Tempo de sermos mais fraternos, mais a Cristo configurados.
Com os compromissos batismais renovados na Eucaristia.
Amém.

“Renovai-nos, Senhor, com a Vossa Graça!”

“Renovai-nos, Senhor, com a Vossa Graça!”

A Quaresma é Tempo forte para multiplicarmos e intensificarmos a Oração, numa maior amizade e fidelidade para com o Senhor, configurados a Cristo Jesus, elevando nossos pensamentos e sentimentos, para que pensemos, sintamos e vivamos como Ele viveu, com a força, a graça e a vida nova que nos vem do Seu Espírito.

Viver é como o tecer de uma grande rede. Viver bem consiste em saber tecer esta rede, tomando cuidado para que “nós” irreversíveis não aconteçam, não sejam multiplicados.

Tecendo esta rede como batizados, precisamos estar sempre revestidos de sentimento de misericórdia para com nosso próximo, expresso na correção fraterna e na Oração, porque Deus nos concede a Sua misericórdia infinita e imensurável e nos faz experimentar a alegria do Seu perdão.

Tecendo esta rede diante dos desafios, complexidade dos fatos, montanhas a serem transpostas, não podemos perder a mansidão, a determinação para que os objetivos sagrados sejam alcançados.

Evidentemente, os traços da humildade devem estar entranhados no mais profundo de nosso coração, conscientes de nossa finitude, fragilidade, limitações próprias da condição humana.

Cuidar para que a paciência não se esgote em relação ao nosso próximo, pois não somos capazes de mensurar a paciência e compreensão que Deus tem para conosco.

E, para que não sucumbamos diante de toda provação que possa se fazer presente em nossa vida, nesta grande travessia do deserto que consiste o viver, tecendo a rede de nossa vida, elevemos com a Igreja esta Oração que pode ser feita ao longo de todo o dia, onde quer que estejamos:

Jesus, manso e humilde de coração,
revesti-nos de sentimentos de misericórdia,
mansidão e humildade, e tornai-nos
pacientes e compreensivos para com todos.
Nós vos suplicamos humildes e confiantes:
Renovai-nos, Senhor, com a vossa graça.
Amém!”

Meditação Quaresmal: tempo de graça e reconciliação

Meditação Quaresmal: tempo de graça e reconciliação

Quaresma, tempo oportuno para:

- colocarmos o nosso coração em harmonia com o coração de Deus;

- contemplarmos o Mistério de Cristo, até alcançarmos o que diz São Paulo: ‘para termos o pensamento de Cristo’ (1 Cor 2,16), termos ‘os mesmos sentimentos que havia em Jesus Cristo’ (Fl 2,5);

- para acertarmos os nossos relógios e nossos calendários com o plano de Deus, pois todo o tempo é d’Ele e para Ele. E somente, somos felizes realizando Seu plano de amor para nós.

Quaresma é tempo favorável de reconciliação com Deus, irmãos e irmãs.

Quaresma, tempo de graça, tempo de trilharmos o caminho de Salvação.


(1) Lecionário Comentado – Tempo Quaresma e Páscoa – Editora Paulus – 2011 – p.202


Quaresma – Tempo favorável para a nossa Salvação

                                                

Quaresma – Tempo favorável para a nossa Salvação 

O Tempo da Quaresma visa nos preparar para a celebração da Páscoa.

Este Tempo vai desde a Quarta-feira de Cinzas até a Missa da Ceia do Senhor, exclusive, ou seja, acaba ao começar a Ceia do Senhor na Quinta-Feira Santa.

Durante a Quaresma temos cinco domingos, sendo que o sexto domingo com o qual se inicia a Semana Santa é chamado de “Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor”, em que se utilizam paramentos vermelhos.

A Quaresma é Tempo de Penitência e de Oração, mas uma Oração fraterna e transformadora, um tempo privilegiado de conversão individual, familiar, eclesial, comunitária e social.

A cor do tempo Quaresmal é o roxo, que nos evoca a uma atitude de penitência, arrependimento, conversão…

A Penitência Quaresmal não é apenas interna e individual, deve ser também externa e social, orientada para as obras de misericórdia, em favor dos irmãos, como nos fala o Documento da Igreja (SC 105.109-110 – Vaticano II).

São Paulo na Carta aos Coríntios (2Cor 5,20-6,2) nos diz que é momento favorável de nossa Salvação, por meio de Jesus Cristo. Ele nos convida a aproveitar este Tempo de graça e reconciliação com Deus e com os irmãos e irmãs.

Quaresma é:

- Tempo de exercitar as três práticas penitenciais profundamente evangélicas: oração, jejum, esmola;

- Tempo de participação mais ativa, intensa e frutuosa  nas Liturgias Quaresmais e Celebrações Penitenciais e em outros momentos fortes de oração (Via-Sacra, Vigília, Grupos de Reflexão…);

- Momento de toda a Comunidade se expressar, através de sua conduta nova, acompanhado de sinais de conversão, mas não com fins promocionais, de engrandecimento;

Momento de expressar maior partilha dos bens frente às necessidades concretas dos irmãos e irmãs.

A Celebração Eucarística no Tempo da Quaresma nos desperta para compromissos sagrados:

- Percorrer, juntamente com Cristo, o Caminho da provação, que pertence à Igreja e a cada homem e mulher, a cada cristão;

- Assumir mais decididamente a obediência filial ao Pai, fazendo-se dom de si mesmo aos irmãos, em viva solidariedade;

- Renovar os compromissos de nosso Batismo, fazendo nossa passagem para a Vida Nova de Jesus, Senhor Ressuscitado, para a glória do Pai, na Unidade do Espírito Santo.

A estreita ligação entre a Quaresma e a Campanha da Fraternidade.

A Campanha da Fraternidade é o grande esforço da Igreja no Brasil para viver intensamente o Tempo Santo da Quaresma, constituindo-se como um extraordinário instrumento para que todos busquem a conversão e vivam um Tempo de Graça e de Salvação.

Através da Oração, do jejum, da caridade que se traduz no amor solidário, da escuta da Palavra, da participação nos Sacramentos e na vida comunitária nos preparamos para celebrar a Páscoa, coração do Ano Litúrgico e centro da história da Salvação. A Campanha da Fraternidade mantém e fortalece o espírito Quaresmal.

Quaresma não é tempo de tristeza, mas de profundo recolhimento, esforço, renúncias, fidelidade no carregar da Cruz, para que possamos exultar de alegria na aurora da Ressurreição.

Sejamos enriquecidos com a graça divina de poder celebrar mais uma Quaresma, tempo de graça e de Salvação! 

O esplendor e alegria da Páscoa só serão possíveis se carregarmos, com fidelidade e amor, a nossa Cruz, imitando em nossa vida os passos da Vida e da Paixão de Nosso Senhor, com muita fé, esperança e amor.

O indispensável na vida cristã

O indispensável na vida cristã

Uma breve reflexão sobre o amor a Deus e ao próximo, que é, de fato, o verdadeiramente indispensável para ser cristão.

“O indispensável para ser cristão é 
ver o  Amor de Deus, 
experimentá-lo, usufruir dele:
é indispensável saber que a nossa história e a de todos é uma História de Salvação, que Deus está a realizar em nosso favor;
é indispensável conhecer o Mistério/Projeto de Deus revelado
e realizado em Jesus Cristo, agora presente e disponível
na Igreja. Ter fé quer dizer ver e conhecer isto.
Daqui, da fonte, brotará a esperança, que se concederá
a todos; e a caridade como resposta reconhecida.”

Na vivência de nossa fé, concretização de nossa esperança na prática da caridade, o que realmente é indispensável é a prática do amor acima de tudo.

Muitas vezes, perdemos tempo com questões que não são pertinentes e que inutilmente desgastam, fragilizam, e tornam fraca a chama de nossa fé.

O indispensável é sentir-se amado por Deus e corresponder ao Seu Amor, numa fidelidade permanente, carregando nossa cruz corajosamente, sem esmorecimento e deserções.

Quantas preocupações, inquietações no desejo de ser cristão. Mas quais são realmente legítimas e necessárias?

Na busca do verdadeiramente indispensável, a vivência da Lei do Amor a Deus e ao próximo, supliquemos a graça de Deus.

Por meio do Espírito, o Pai nos comunica a Sua graça e sabedoria, para que continuemos a missão que Seu Filho na terra inaugurou, e assim nos tornemos cada vez mais instrumentos Seus, modelados por Suas divinas mãos.

Que a cada Eucaristia celebrada e a Palavra acolhida nas entranhas mais profundas de nosso ser, não nos percamos para que fixemos âncoras no absolutamente necessário, o indispensável Amor e Projeto que Deus tem para cada um de nós.

(1) Lecionário Comentado - Editora Paulus - Lisboa - p. 714

A Quaresma e o caminho da perfeição

                                                            

A Quaresma e o caminho da perfeição
 
Quaresma, tempo favorável para penitência e privações, mas, sobretudo, tempo de conversão e regresso às fontes evangélicas, com início na Quarta-feira de Cinzas até o início da Missa de Quinta-feira Santa, Ceia do Senhor.
 
Na Quaresma, toda a Igreja é chamada à libertação das amarras do pecado e de tudo a que ele conduz; com o afastamento dos obstáculos que estorvam o caminho para Deus e para o encontro fraterno com os outros, com as necessárias renúncias:
 
“A Quaresma convida-nos a levar a sério o chamamento e as advertências de Deus, os ensinamentos e o exemplo de Cristo, a fé e a esperança no Reino futuro.” (1).
 
É como um longo retiro espiritual, em que somos chamados a viver maior fidelidade e fervor no cumprimento dos compromissos religiosos, e nos exercícios quaresmais (oração, jejum e esmola).
 
Vejamos o que nos diz o Papa São Leão Magno (séc V) em seu Sermão 6 sobre a Quaresma:
 
"É, sem dúvida, o banho da regeneração que nos torna criaturas novas; mas todos têm necessidade de se renovar a cada dia para evitarmos a ferrugem inerente à nossa condição mortal, e não há ninguém que não deva se esforçar para progredir no caminho da perfeição; por isso, todos sem exceção, devemos empenhar-nos para que, no dia da redenção, pessoa alguma seja ainda encontrada nos vícios do passado."

Deste modo, temos um caminho a seguir, e a Liturgia Dominical da Quaresma tem riqueza própria para ser devidamente celebrada e vivida:
 
“Cristo precede-nos e acompanha-nos. Ele venceu Satanás, superando as suas tentações (primeiro domingo dos três anos) e mostra a Sua glória para animar os Seus discípulos no árduo caminho da fé (segundo domingo dos três anos). Ele é a fonte de água viva, a luz que devolve a vista aos cegos e a vida aos mortos (Ano A). Messias crucificado, força e sabedoria de Deus, oferece a salvação aos que recorrem a Ele e, da Cruz, atrai todos os homens a Si (Ano B). Revela a paciência e a infinita misericórdia do Pai que, com os braços abertos, acolhe os Seus filhos pródigos e convida para a festa do regresso os filhos que ficaram em casa (Ano C)” (2).
 
Seja, portanto, a Quaresma, com sua riqueza, pelos textos sagrados na Liturgia proclamados, pelas orações próprias da Missa e Prefácios, como Bênção Solene e Orações sobre o Povo, Tempo favorável, para que nos empenhemos cada vez mais, nos progressos no caminho da perfeição, como tão bem expressou o Papa São Leão Magno.
 
Enriquecidos pela beleza da Liturgia, e procurando encarná-la em nosso cotidiano, nos mais diversos âmbitos, estaremos nos preparando, intensa e profundamente, para uma Páscoa de frutos abundantes.
 
 
(1) (2) – Missal Quotidiano Dominical e Ferial – Editora Paulus – Lisboa – 2012 – pp.269-270


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