quarta-feira, 5 de março de 2025

Síntese da Mensagem para a Quaresma de 2015 (Parte I)

Não à globalização da indiferença

Uma síntese da Mensagem do Papa Francisco para a Quaresma de 2015, inspirado no versículo da Carta de São Tiago:  «Fortalecei os vossos corações» (Tg 5,8).

Na mensagem, contamos 17 vezes a palavra “indiferença”, e isto retratava a preocupação do Papa para todo esforço de sua superação, construindo relações mais justas e fraternas.

Iniciou a mensagem convidando-nos a viver a Quaresma como tempo de renovação para a Igreja: «tempo favorável» de graça (cf. 2  Cor6,2).

No primeiro parágrafo, mencionou a gravidade da globalização da indiferença, que tem dimensão mundial, um mal que temos, como cristãos, de enfrentar.

Somente a conversão ao Amor de Deus pode levar ao encontro de respostas para as questões que a história continuamente nos coloca; ouvindo o brado dos Profetas que levantam a voz para nos despertar, uma vez que o mundo não é indiferente a Deus, ao contrário, Ele ama o mundo até ao ponto de entregar o Seu Filho pela salvação da humanidade.

Como Igreja, por meio da proclamação da Palavra, da celebração dos Sacramentos, do testemunho da fé, que se torna eficaz pelo amor  (cf. Gl 5,6), sem  fechar-se  em si mesmo, devemos viver a graça da missão, sem jamais nos surpreendermos se a Igreja for rejeitada, esmagada e ferida.

Sobre a necessária renovação do Povo de Deus para não cair na indiferença nem se fechar em si mesmo, e com vistas a renovação propôs três textos para meditação:

1 - «Se um membro sofre, com ele sofrem todos os membros» (1 Cor 12,26) – A Igreja.

Como corpo, a importância de nos preocuparmos uns com os outros, na comunhão dos Santos, na solidariedade, e, como cristãos, somos quem permitiu a Deus nos revestir com a Sua bondade e misericórdia, e revestidos de Cristo para nos tornarmos como Ele,  servo de Deus e dos homens, unidos pela comunhão e Oração, abertos à obra da Salvação.

Deste modo, a Quaresma é um tempo propício para nos deixarmos servir por Cristo, tornarmo-nos como Ele, e isto se dá quando  ouvimos  a Palavra de Deus e recebemos os Sacramentos,  especialmente a Eucaristia, pois nela nos tornamos o que recebemos: o Corpo de Cristo.

2 - «Onde está o teu irmão?» (Gn 4,9) – As paróquias e as comunidades

É a pergunta que Deus fez a Caim, quando este fez verter o sangue de Abel, e que continua sendo feita a todos nós, como também nos interpelam os Lázaros que se encontram sentados em nossas portas fechadas (cf. Lc 16,19-31).

Como Igreja militante, não podemos jamais nos acomodar e nos curvar à indiferença, de modo que a comunidade cristã é chamada a atravessar o limiar que a põe em relação com a sociedade circundante, com os pobres e com os  incrédulos, porque a Igreja é, por sua natureza, missionária, não fechada em si mesma, mas enviada a todos os  homens.

Exortou a construção de paróquias e comunidades como “ilhas de misericórdia no meio do mar da indiferença”.

3 - «Fortalecei os vossos corações» (Tg 5,8) – Cada um dos fiéis

É preciso que vençamos a tentação da indiferença, ainda que estejamos saturados de notícias e imagens impressionantes que nos relatam o sofrimento humano, sentindo, ao mesmo tempo, toda a nossa incapacidade de intervir.

Ao nos questionar sobre o “Que fazer para não nos deixarmos absorver por esta espiral de terror e impotência”, apontou-nos  Três caminhos:

1- A força da Oração de muitos;

2 - Mútua ajuda com gestos de caridade, com os próximos e também com quem se encontra longe, através dos diversos organismos caritativos da Igreja;

3 - A conversão a partir do sofrimento do próximo, porque a necessidade do irmão nos recorda a fragilidade da nossa vida, a nossa dependência de Deus e dos próprios irmãos.

Suplicando a graça de Deus, aceitando os limites das nossas possibilidades, confiantes nas possibilidades infinitas que tem de reserva o Amor de Deus, podemos resistir à tentação diabólica, que nos leva a crer que podemos salvar-nos e salvar o mundo sozinhos.

É preciso superar a indiferença e as nossas pretensões de onipotência. E, para tanto, é preciso viver Quaresma como que um “percurso de formação do coração” (Cf. Deus Caritas Est – n.31), com um coração misericordioso (diferente de débil); ter um coração forte, firme, fechado ao tentador, mas aberto a Deus; um coração que se deixe impregnar pelo Espírito, e levar-se pelos caminhos do amor que conduzem aos irmãos e irmãs.

Isto é o mesmo que dizer “um coração pobre”, que conhece as limitações próprias e se consome em favor do bem do outro; e que  somente o será quando fizermos o nosso coração semelhante ao Coração de Jesus, como se suplica na Ladainha ao Sagrado Coração de Jesus.

Tão somente assim, teremos um coração forte e misericordioso, vigilante e generoso, que não se deixa fechar em si mesmo nem cai na vertigem da globalização da indiferença, e conclui com um convite:

“Não cair na vertigem da globalização da indiferença”, e construirmos uma Paróquia, comunidade de comunidades, que se tornem “ilhas de misericórdia” neste grande “mar de indiferença”.

É preciso ser uma Igreja mais comunhão, mais missionária, em que todos se empenhem na conversão, e, com o coração fortalecido, sejamos sinais da misericórdia e bondade divina para com o próximo, nosso irmão e irmã, perto ou distante, vivendo os exercícios quaresmais: Oração, jejum e esmola.

Finalmente, exortou para que vivêssemos uma Quaresma em que  o batismo seja vivido na fidelidade ao Senhor: A Missão é aquilo que o amor não pode calar.” 

Síntese da Mensagem para a Quaresma de 2015 (Parte II)

Quaresma: Tempo de novas posturas e caminhos

Em sua Mensagem para a Quaresma de 2015, o Papa Francisco nos exortou a não nos curvarmos diante da globalização da indiferença, que tem marcado as relações em todos os âmbitos e aspectos.

Diante da realidade que nos desafia, não podemos permitir que a languidez de espírito nos torne entorpecidos, enfraquecidos e desalentados,  pulverizando a esperança que devemos cultivar.

Não podemos cultivar sentimentos que nos roubem as forças e o entusiasmo, para que os pecados capitais não tornem turvo nosso olhar diante do horizonte da história da humanidade.

Também não podemos perder a sensibilidade, sem uma maior compreensão da realidade que nos envolve, e assim fugir aos compromissos de maior solidariedade com o outro, para que não fique empedernido nosso coração, como um mármore, ou ainda glacial, frio, indiferente...

É impensável a “acinesia da alma”, inertes, totalmente imobilizados frente às correntes que nos aprisionem e que nos asfixiem a liberdade de dar passos rumo às ideias e ideais que tornem mais bela a realidade em que estejamos inseridos.

É necessário varrer da mente, como que apagando nas brumas da memória, quaisquer pensamentos que nos levem a incorrer na displicência, ou na postura do lavar as mãos, enterrando a cabeça na areia.

Não nos é permitido deixar rolar no resvaladouro da indiferença cada segundo de nossa curta passagem neste mundo, e assim seja afastada qualquer expressão de alheamento do espírito, cruzando os braços.

Com muita propriedade, o Papa exortou que nossas comunidades se tornem ilhas de misericórdia no mar da indiferença da história, para que superemos a cultura da indiferença, construindo a cultura da solidariedade, da vida e da paz.

Deste modo, dizendo não à globalização da indiferença, não deixaremos cair no rio do esquecimento alguns valores fundamentais que devem pautar a vida: amor, verdade, justiça, liberdade.

Oportunas são as palavras do Presbítero Orígenes (séc. III) em seu Comentário sobre o Livro do Levítico:

“Por esse motivo és convidado a olhar sempre para o oriente, de onde nasce para ti o Sol da justiça, de onde a luz se levanta sobre ti, para que nunca andes nas trevas, nem te surpreenda nas trevas o último dia; a fim de que a noite e a escuridão da ignorância não caiam sorrateiramente sobre ti, mas vivas sempre na luz da sabedoria, no pleno dia da fé e no fulgor da caridade e da paz”.

Sobretudo no Tempo da Quaresma, Tempo de graça e salvação, penitência e reconciliação, é preciso que se volte o olhar para Jesus, o Sol da Justiça, que nos garantiu a vinda do Espírito Santo para nos assistir na missão evangelizadora.

Conduzidos pelo Espírito, em fidelidade ao Senhor, veremos realizar o sonho de Deus, e não nos faltará a luz da sabedoria, porque nossa fé testemunhada dará razão de nossa esperança, em palavras e ações movidas pela chama da caridade, para que a vida e a paz se tornem uma verdade, sem qualquer espaço para o cultivo da indiferença diante da vida e do próximo, tornando autêntica nossa adoração a Deus, em espírito e verdade.

Campanha da Fraternidade 2015


Campanha da Fraternidade 2015

Igreja no Brasil realizou a Campanha da Fraternidade em 2015, no Tempo Quaresmal, com um tema extremamente atual, complexo e desafiador.

Tema: “Fraternidade: Igreja e Sociedade”
Lema: “Eu vim para servir.” (cf. Mc 10,45)

Não foram medidos esforços para acompanhar, refletir e ajudar a desenvolver esta Campanha que não se encerrou, como se diz indevidamente, com a Páscoa.

Oração da Campanha da Fraternidade - 2015 - CNBB

Ó Pai, alegria e esperança de Vosso povo,
Vós conduzis a Igreja, servidora da vida,
nos caminhos da história.

A exemplo de Jesus Cristo e ouvindo Sua palavra
que chama à conversão,
seja Vossa Igreja testemunha viva de fraternidade
e de liberdade, de justiça e de paz.

Enviai o Vosso Espírito da Verdade
para que a sociedade se abra
à aurora de um mundo justo e solidário,
sinal do Reino que há de vir.

Por Cristo Senhor nosso.
Amém!

Síntese da Mensagem para a Quaresma de 2014

Mensagem do Papa Francisco para a Quaresma 2014

Apresento uma síntese da Mensagem do Papa Francisco para a Quaresma de 2014, a fim de que ela fosse marcada pela sincera conversão.

A Mensagem trazia como motivação as palavras do Apóstolo Paulo - «Conheceis bem a bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, Se fez pobre por vós, para vos enriquecer com a Sua pobreza» (2 Cor 8,9).

Como viver o conteúdo destas palavras? Como viver uma vida pobre no sentido evangélico? São questões que nos apresentou.

Viver a pobreza evangélica é corresponder ao estilo de Deus, que não Se revela através dos meios do poder e da riqueza do mundo, mas por meio da fragilidade e da pobreza - «sendo rico, Se fez pobre por vós». Cristo, o Filho eterno de Deus, igual ao Pai em poder e glória, fez-Se pobre; desceu ao nosso meio, aproximou-Se de cada um de nós; despojou-Se, «esvaziou-Se», para Se tornar em tudo semelhante a nós (cf. Fl 2,7; Hb 4,15).

Deste modo, é preciso compreender o Amor divino, como um Amor que é graça, generosidade, desejo de proximidade, não hesitando em doar-Se e sacrificar-Se pelas Suas amadas criaturas.

Viver a caridade, o amor, é partilhar, em tudo, a sorte do amado. O amor torna semelhante, cria igualdade, abate os muros e as distâncias, exatamente como Deus fez conosco. Veio nos salvar, e não fez a Salvação cair do alto sobre nós, como a esmola de quem dá parte do próprio supérfluo com piedade filantrópica.

Vivendo na pobreza, Jesus nos liberta e nos torna ricos, e a Sua pobreza nos enriquece, quando Se fez Carne e tomou sobre Si nossas fraquezas, os nossos pecados e nos comunicou a misericórdia infinita de Deus.

Sua pobreza é a maior riqueza: Jesus é rico de confiança ilimitada em Deus Pai, confiando-Se a Ele em todo o momento, procurando sempre, e apenas, a Sua vontade e a Sua glória.

Citando Léon Bloy, o Papa disse que a única verdadeira tristeza é não ser Santos, e com isto também afirma que só há uma verdadeira miséria: é não viver como filhos de Deus e irmãos de Cristo.

Segundo o Papa, a vivência da Quaresma exige sempre esforço contínuo de conversão a Deus e, a exemplo de Jesus, somos chamados a ver as misérias dos irmãos, a tocá-las, a ocupar-nos delas e a trabalhar concretamente para aliviá-las.

Note-se que o Papa ressaltou a diferença entre a miséria e a pobreza: “A miséria não coincide com a pobreza; a miséria é a pobreza sem confiança, sem solidariedade, sem esperança”

Ele distinguiu três tipos de misérias, que clamam nossa compaixão e solidariedade, e as descreve pormenorizadamente:

a) A miséria material: falta de recursos materiais de primeira necessidade para uma vida digna;

b) A miséria do vício e do pecado: drogas, jogo, pornografia; perda do sentido da vida por falta de perspectivas de futuro e condições sociais injustas.

c) A miséria espiritual: a autossuficiência, o afastamento de Deus, recusa do Seu amor. “O Evangelho é o verdadeiro antídoto contra a miséria espiritual: o cristão é chamado a levar a todo o ambiente o anúncio libertador de que existe o perdão do mal cometido, de que Deus é maior que o nosso pecado e nos ama gratuitamente e sempre, e de que estamos feitos para a comunhão e a vida eterna”.

O Papa recordou que o Senhor sempre nos convida a sermos jubilosos anunciadores desta mensagem de misericórdia e esperança. É bom experimentar a alegria de difundir esta Boa-Nova, partilhando o tesouro que nos foi confiado para consolar os corações dilacerados e dar esperança a tantos irmãos e irmãs imersos na escuridão.

Trata-se de seguir e imitar Jesus, que foi ao encontro dos pobres e dos pecadores, como o pastor à procura da ovelha perdida, e fê-lo cheio de Amor. Unidos a Ele, podemos, corajosamente, abrir novas vias de evangelização e promoção humana.

Uma Igreja configurada a Jesus Cristo precisa estar inteiramente  pronta e solícita para testemunhar, a quantos vivem na miséria material, moral e espiritual, a mensagem evangélica, que se resume no anúncio do Amor do Pai misericordioso, pronto a abraçar em Cristo toda a pessoa.

Fomos exortados a viver a Quaresma como “um tempo propício para o despojamento; e far-nos-á bem questionar-nos acerca do que nos podemos privar a fim de ajudar e enriquecer a outros com a nossa pobreza.

Enfim, o Papa nos lembrou de que “a verdadeira pobreza dói: não seria válido um despojamento sem esta dimensão penitencial. Desconfio da esmola que não custa nem dói".

Encerrou a Mensagem pedindo a graça do Espírito Santo, que nos permita ser «tidos por pobres, nós que enriquecemos a muitos; por nada tendo e, no entanto, tudo possuindo» (2 Cor 6,10).

Rezou para que Deus sustentasse os propósitos da quaresma, reforçando em nós a atenção e solicitude pela miséria humana, para nos tornarmos misericordiosos e agentes de misericórdia, e assim abençoando nos convidou a percorrer frutuosamente o Itinerário Quaresmal para celebrarmos a Páscoa do Senhor com exultação e alegria.
  

PS: Desejando, confira a Mensagem na íntegra acessando:

Campanha da Fraternidade 2014


Campanha da Fraternidade 2014

A Igreja no Brasil realizou a Campanha da Fraternidade 2014 com um tema extremamente atual, complexo e desafiador.

Tema: “Fraternidade e tráfico humano”
Lema: “É para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5,1)

Não foram medidos esforços em acompanhar, refletir e ajudar a desenvolver a Campanha que não se encerra, como se diz indevidamente, com a Páscoa.


Oração da Campanha da Fraternidade - 2014 - CNBB

Ó Deus, sempre ouvis o clamor do Vosso povo
e Vos compadeceis dos oprimidos e escravizados.

Fazei que experimentem a libertação da Cruz
e a Ressurreição de Jesus.

Nós Vos pedimos pelos que sofrem
o flagelo do tráfico humano.

Convertei-nos pela força do Vosso Espírito,
e tornai-nos sensíveis às dores destes nossos irmãos.

Comprometidos na superação deste mal,
vivamos como Vossos filhos e filhas,
na liberdade e na paz.

Por Cristo nosso Senhor.
Amém!

Síntese da Mensagem para a Quaresma de 2013

Síntese da Mensagem para a Quaresma de 2013

                            “A caridade suscita a caridade”

Em sua mensagem para a Quaresma de 2013, o Papa Bento XVI nos convidou a crer que “a caridade suscita caridade”, inspirado na passagem bíblica - «Nós conhecemos o Amor que Deus nos tem, pois cremos n’Ele» (1 Jo 4, 16).

Vivíamos o Ano da Fé, e a Mensagem aprofunda a inseparável relação entre fé e caridade: “entre o crer em Deus, no Deus de Jesus Cristo, e o Amor, que é fruto da ação do Espírito Santo e nos guia por um caminho de dedicação a Deus e aos outros”.

Nesta relação das virtudes teologais, a fé é uma resposta ao Amor de Deus, e vida cristã é a expressão do encontro pessoal com Jesus Cristo, que marcou definitivamente a vida daquele que O encontrou:

«No início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo. (...) Dado que Deus foi o primeiro a amar-nos (cf. 1 Jo 4, 10), agora o amor já não é apenas um “mandamento”, mas é a resposta ao dom do amor com que Deus vem ao nosso encontro» (Deus Caritas Est, 1).

Este encontro com Deus Amor envolve não só o coração, mas também o intelecto: «O reconhecimento do Deus vivo é um caminho para o amor, e o sim da nossa vontade à d’Ele une intelecto, vontade e sentimento no acto globalizante do amor. Mas isto é um processo que permanece continuamente a caminho: o amor nunca está "concluído" e completado» (ibid., 17).

O Mandamento do Amor a Deus não é algo imposto a fé, porque é fruto deste encontro com o Senhor e, assim, o cristão é uma pessoa conquistada pelo Amor de Cristo, movida por este amor - «Caritas Christi urget nos» (2 Cor 5, 14) - , está aberto de modo profundo e concreto ao amor do próximo (cf. ibid., 31 e 33).

Amados, perdoados e servidos pelo Senhor, que Se inclina para lavar os pés dos Apóstolos, e Se oferece a Si mesmo na Cruz para atrair a humanidade ao Amor de Deus. Também somos impelidos à mesma coisa fazer.

A fé, que toma consciência do Amor de Deus revelado no coração trespassado de Jesus na Cruz, suscita por sua vez o amor, de modo que os cristãos são distinguidos pelo «o amor fundado sobre a fé e por ela plasmado» (ibid., 7).

Em seguida nos falou da caridade como vida na fé; toda a vida cristã consiste em responder ao Amor de Deus: Deus nos ama, nos atrai e nos transforma: “Deus não Se contenta com o nosso acolhimento do Seu Amor gratuito; não Se limita a amar-nos, mas quer atrair-nos a Si, transformar-nos de modo tão profundo que nos leve a dizer, como São Paulo: Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim (cf. Gl 2, 20)”, e dando espaço ao Amor de Deus, tornamo-nos semelhantes a Ele, participantes da Sua própria caridade.

Conceituando a fé, ele diz:

“A fé é conhecer a verdade e aderir a ela (cf. 1 Tm 2, 4); a caridade é ‘caminhar’ na verdade (cf. Ef 4, 15). Pela fé, entra-se na amizade com o Senhor; pela caridade, vive-se e cultiva-se esta amizade (cf. Jo 15, 14-15).

A fé faz-nos acolher o Mandamento do nosso Mestre e Senhor; a caridade dá-nos a felicidade de pô-lo em prática (cf. Jo 13, 13-17).

Na fé, somos gerados como filhos de Deus (cf. Jo 1, 12-13); a caridade faz-nos perseverar na filiação divina de modo concreto, produzindo o fruto do Espírito Santo (cf. Gl 5, 22). A fé faz-nos reconhecer os dons que o Deus bom e generoso nos confia; a caridade fá-los frutificar (cf. Mt 25, 14-30)”.

Retomou e aprofundou o entrelaçamento indissolúvel de fé e caridade, que não se contrapõem, e, portanto, não podemos incorrer no fideísmo e tão pouco no ativismo moralista:

“A existência cristã consiste num contínuo subir ao monte do encontro com Deus e depois voltar a descer, trazendo o amor e a força que daí derivam, para servir os nossos irmãos e irmãs com o próprio Amor de Deus”.

Entretanto, não se pode reduzir a caridade à solidariedade ou simples ajuda, mas esta se revela precisamente como evangelização, ou seja, o «serviço da Palavra», com a promoção integral da pessoa humana.

Viver a caridade é ser movido pelo amor, porque, essencialmente, tudo parte do Amor e tende para o Amor, e este Amor gratuito de Deus nos é dado a conhecer por meio do anúncio do Evangelho.

Citando o Apóstolo Paulo, aprofundou a relação entre fé e obras de caridade:

«É pela graça que estais salvos, por meio da fé. E isto não vem de vós; é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie. Porque nós fomos feitos por Ele, criados em Cristo Jesus, para vivermos na prática das boas acções que Deus de antemão preparou para nelas caminharmos» (Ef 2, 8-10).

Afirmou que “uma fé sem obras é como uma árvore sem frutos: estas duas virtudes implicam-se mutuamente”, como nos ensina a Palavra de Deus, e assim, a Quaresma se torna um tempo fecundo para:

- Alimentarmos a nossa fé, com uma escuta mais atenta e prolongada da Palavra de Deus;
- Participação nos Sacramentos;
- Crescimento na caridade, no amor a Deus e ao próximo, através do jejum, da penitência e da esmola.

Concluiu a mensagem destacando a prioridade da fé e a primazia da caridade:

Enquanto dom e resposta, a fé leva-nos a conhecer a verdade de Cristo como Amor encarnado e crucificado, adesão plena e perfeita à vontade do Pai e infinita misericórdia divina para com o próximo.

A fé radica no coração e na mente a firme convicção de que precisamente este Amor é a única realidade vitoriosa sobre o mal e a morte.

A fé também nos convida a olhar o futuro com a virtude da esperança, na expectativa confiante de que a vitória do Amor de Cristo chegue à sua plenitude.

Quanto à caridade, ela nos faz entrar no Amor de Deus manifestado em Cristo, com adesão pessoal e existencial, doação total e sem reservas de Jesus ao Pai e aos irmãos.

Pela caridade em nós infundida pelo Espírito Santo, tornamo-nos  participantes da dedicação própria de Jesus, vivendo uma relação filial em relação a Deus e fraterna em relação a cada ser humano (cf. Rm 5, 5).

Fez uma analogia entre a fé e a caridade, Batismo e Eucaristia:

“O Batismo (‘Sacramentum Fidei’) precede a Eucaristia (‘Sacramentum Caritatis’), mas está orientado para ela, que constitui a plenitude do caminho cristão. De maneira análoga, a fé precede a caridade, mas só se revela genuína se for coroada por ela.

Tudo inicia do acolhimento humilde da fé (‘saber-se amado por Deus’), mas deve chegar à verdade da caridade (‘saber amar a Deus e ao próximo’), que permanece para sempre, como coroamento de todas as virtudes (cf. 1 Cor 13, 13)”, e neste sentido nos convida para vivermos a Quaresma:

- Como tempo de preparação para celebração do evento da Cruz e da Ressurreição, no qual o Amor de Deus redimiu o mundo e iluminou a história.

- Como tempo do reavivamento da fé em Jesus Cristo, e assim “entrar no Seu próprio circuito de Amor ao Pai e a cada irmão e irmã que encontramos na nossa vida” .



Campanha da Fraternidade 2013

Campanha da Fraternidade 2013

A Igreja no Brasil realizou a Campanha da Fraternidade com um tema extremamente atual e de importância indiscutível.

Tema: “Fraternidade e Juventude”
Lema: “Eis-me aqui, envia-me!” (Is 6,8))

Não foram medidos esforços em acompanhar, refletir e ajudar a desenvolver esta Campanha que não se encerrou, como se diz indevidamente, com a Páscoa.

Oração da Campanha da Fraternidade - 2013 - CNBB

Pai Santo, Vosso Filho Jesus,
conduzido pelo Espírito
e obediente à Vossa vontade,
aceitou a cruz como prova de amor à humanidade.

Convertei-nos e, nos desafios deste mundo,
tornai-nos missionários
a serviço da juventude.

Para anunciar o Evangelho como projeto de vida,
enviai-nos, Senhor;
para ser presença geradora de fraternidade,
enviai-nos, Senhor;
para ser profetas em tempo de mudança,
enviai-nos, Senhor;
para promover a sociedade da não violência,
enviai-nos, Senhor;
para salvar a quem perdeu a esperança,
enviai-nos, Senhor;

para 
... (intenções da comunidade)

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