O
protagonismo feminino na vida da Igreja
Reflexão
à luz da passagem do Evangelho de Lucas (Lc 8,1-3), que nos apresenta Jesus
andando por cidades e povoados, pregando e anunciando a Boa-Nova do Reino de
Deus, acompanhado pelos Doze e algumas mulheres, bem como a solicitude de
outras com a ajuda com os bens que possuíam.
Reflitamos
sobre a notável presença das mulheres em torno de Cristo, desde o início de sua
vida pública:
Assim
lemos no Comentário do Missal Cotidiano:
“(Lucas)
recolheu em número considerável tradições
provenientes do ambiente feminino, também com relação à morte e às aparições do
Ressuscitado (Lc 23,49; 24,9-11).
O fato de tais
mulheres terem acompanhado Jesus desde o início de seu ministério, exatamente
como os Doze (v.2), confere-lhes o título semelhante ao dos apóstolos: também a
mulher é participante do anúncio apostólico da mensagem cristã.
A mulher não tem
papel meramente passivo no mistério da salvação e é hoje chamada a novos
encargos apostólicos, como está ilustrado no Concílio (LG 30; 33 AA9; 32; AG
17; GS 31 e em particular a ‘mensagem das mulheres’” (1)
Retomemos
um parágrafo das Conclusões do Sínodo 2021-2024, com o intuito de favorecer a
continuidade da reflexão sobre o protagonismo feminino na vida e ação
evangelizadora da Igreja:
“Em virtude do
Batismo, homens e mulheres gozam de igual dignidade no Povo de Deus. No
entanto, as mulheres continuam a encontrar obstáculos para obter um
reconhecimento mais pleno dos seus carismas, da sua vocação e do seu lugar nos
vários sectores da vida da Igreja, em detrimento do serviço à missão comum.
As Escrituras
atestam o papel de primeiro plano de muitas mulheres na história da salvação. A
uma mulher, Maria de Magdala, foi confiado o primeiro anúncio da Ressurreição;
no dia de Pentecostes, Maria, a Mãe de Deus, estava presente no Cenáculo,
juntamente com muitas outras mulheres que tinham seguido o Senhor.
É importante que as
passagens relevantes da Escritura encontrem lugar apropriado nos lecionários
litúrgicos. Alguns momentos cruciais da história da Igreja confirmam o
contributo essencial das mulheres movidas pelo Espírito.
As mulheres
constituem a maioria daqueles que frequentam as igrejas e são frequentemente as
primeiras testemunhas da fé nas famílias. São ativas na vida das pequenas
comunidades cristãs e nas paróquias; dirigem escolas, hospitais e centros de
acolhimento; lideram iniciativas de reconciliação e de promoção da dignidade
humana e da justiça social. As mulheres contribuem para a investigação
teológica e estão presentes em posições de responsabilidade nas instituições
ligadas à Igreja, na Cúria diocesana e na Cúria Romana.
Há mulheres que
exercem cargos de autoridade ou são responsáveis pela comunidade. Esta
Assembleia convida a dar plena implementação de todas as oportunidades já
previstas no direito vigente relativamente ao papel das mulheres,
particularmente nos lugares onde ainda não foram concretizadas.
Não há razões que
impeçam as mulheres de assumir funções de liderança na Igreja: não se pode
impedir o que vem do Espírito Santo. A questão do acesso das mulheres ao
ministério diaconal também permanece em aberto e é necessário prosseguir o
discernimento a este respeito. A Assembleia convida também a prestar maior
atenção à linguagem e às imagens utilizadas na pregação, no ensino, na
catequese e na redação dos documentos oficiais da Igreja, dando mais espaço ao
contributo de mulheres santas, teólogas e místicas.” (2)
Fundamental
desde sempre, a participação da mulher do anúncio apostólico da mensagem
cristã, e não apenas como papel “meramente
passivo no mistério da salvação”.
Lembramos que uma das marcas do Pontificado do Papa Francisco,
foi a valorização do protagonismo feminino na Igreja, como podemos ver em suas
Mensagens, bem como e em expressivos gestos de nomeação para funções na vida da
Igreja.
Há um caminho percorrido, mas há um longo caminho a percorrer,
como vemos nas conclusões acima, sempre conduzidos e assistidos pelas luzes do
Espírito Santo que anima e ilumina a vida da Igreja.
(1)
Missal Cotidiano – Editora Paulus – p.1289
(2)Por uma Igreja
Sinodal – comunhão, participação, missão – Documento final – parágrafo n. 60


Nenhum comentário:
Postar um comentário