sexta-feira, 19 de setembro de 2025

O protagonismo feminino na vida da Igreja

 


 

O protagonismo feminino na vida da Igreja

Reflexão à luz da passagem do Evangelho de Lucas (Lc 8,1-3), que nos apresenta Jesus andando por cidades e povoados, pregando e anunciando a Boa-Nova do Reino de Deus, acompanhado pelos Doze e algumas mulheres, bem como a solicitude de outras com a ajuda com os bens que possuíam.

Reflitamos sobre a notável presença das mulheres em torno de Cristo, desde o início de sua vida pública:

Assim lemos no Comentário do Missal Cotidiano:

“(Lucas) recolheu em número considerável tradições provenientes do ambiente feminino, também com relação à morte e às aparições do Ressuscitado (Lc 23,49; 24,9-11).

O fato de tais mulheres terem acompanhado Jesus desde o início de seu ministério, exatamente como os Doze (v.2), confere-lhes o título semelhante ao dos apóstolos: também a mulher é participante do anúncio apostólico da mensagem cristã.

A mulher não tem papel meramente passivo no mistério da salvação e é hoje chamada a novos encargos apostólicos, como está ilustrado no Concílio (LG 30; 33 AA9; 32; AG 17; GS 31 e em particular a ‘mensagem das mulheres’” (1)

Retomemos um parágrafo das Conclusões do Sínodo 2021-2024, com o intuito de favorecer a continuidade da reflexão sobre o protagonismo feminino na vida e ação evangelizadora da Igreja:

“Em virtude do Batismo, homens e mulheres gozam de igual dignidade no Povo de Deus. No entanto, as mulheres continuam a encontrar obstáculos para obter um reconhecimento mais pleno dos seus carismas, da sua vocação e do seu lugar nos vários sectores da vida da Igreja, em detrimento do serviço à missão comum.

As Escrituras atestam o papel de primeiro plano de muitas mulheres na história da salvação. A uma mulher, Maria de Magdala, foi confiado o primeiro anúncio da Ressurreição; no dia de Pentecostes, Maria, a Mãe de Deus, estava presente no Cenáculo, juntamente com muitas outras mulheres que tinham seguido o Senhor.

É importante que as passagens relevantes da Escritura encontrem lugar apropriado nos lecionários litúrgicos. Alguns momentos cruciais da história da Igreja confirmam o contributo essencial das mulheres movidas pelo Espírito.

As mulheres constituem a maioria daqueles que frequentam as igrejas e são frequentemente as primeiras testemunhas da fé nas famílias. São ativas na vida das pequenas comunidades cristãs e nas paróquias; dirigem escolas, hospitais e centros de acolhimento; lideram iniciativas de reconciliação e de promoção da dignidade humana e da justiça social. As mulheres contribuem para a investigação teológica e estão presentes em posições de responsabilidade nas instituições ligadas à Igreja, na Cúria diocesana e na Cúria Romana.

Há mulheres que exercem cargos de autoridade ou são responsáveis pela comunidade. Esta Assembleia convida a dar plena implementação de todas as oportunidades já previstas no direito vigente relativamente ao papel das mulheres, particularmente nos lugares onde ainda não foram concretizadas.

Não há razões que impeçam as mulheres de assumir funções de liderança na Igreja: não se pode impedir o que vem do Espírito Santo. A questão do acesso das mulheres ao ministério diaconal também permanece em aberto e é necessário prosseguir o discernimento a este respeito. A Assembleia convida também a prestar maior atenção à linguagem e às imagens utilizadas na pregação, no ensino, na catequese e na redação dos documentos oficiais da Igreja, dando mais espaço ao contributo de mulheres santas, teólogas e místicas.” (2)

Fundamental desde sempre, a participação da mulher do anúncio apostólico da mensagem cristã, e não apenas como papel “meramente passivo no mistério da salvação”.

Lembramos que uma das marcas do Pontificado do Papa Francisco, foi a valorização do protagonismo feminino na Igreja, como podemos ver em suas Mensagens, bem como e em expressivos gestos de nomeação para funções na vida da Igreja.

Há um caminho percorrido, mas há um longo caminho a percorrer, como vemos nas conclusões acima, sempre conduzidos e assistidos pelas luzes do Espírito Santo que anima e ilumina a vida da Igreja.

 

(1) Missal Cotidiano – Editora Paulus – p.1289

(2)Por uma Igreja Sinodal – comunhão, participação, missão – Documento final – parágrafo n. 60

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG