sexta-feira, 13 de setembro de 2024

A honra do louvor e o poder de perdoar

                                       


A honra do louvor e o poder de perdoar

Sejamos enriquecidos pelos escritos do Bem-aventurado Isaac, Abade do Mosteiro de Stela (Séc. XII).

“Duas são as coisas convêm a Deus: a honra do louvor e o poder de perdoar. O louvor somos nós que lhe damos; o perdão, d’Ele nós esperamos. Pertence somente a Deus perdoar os pecados; por isso deve ser louvado. 

Mas, tendo desposado o onipotente a fraqueza, o excelso, a humildade, da escrava fez uma rainha; aquela que estava atrás, a Seus pés, colocou-a a Seu lado. Pois de seu lado saiu, de onde a tomou para si como penhor. Tudo quanto é do Pai é do Filho, e o que é do Filho é do Pai, por serem um só por natureza. De modo semelhante, tudo quanto era Seu deu o esposo à esposa, e tudo da esposa o esposo tomou para Si; e dela, unida a Si, e do Pai fez também um só. Quero, disse o Filho ao Pai, intercedendo pela esposa, que, assim como Eu e Tu somos um, também estes sejam um conosco (cf. Jo 17,21).

Por conseguinte, o esposo com o Pai são um só, com a esposa é um. Rejeitou quanto de contrário encontrou na esposa, pregando-O na Cruz, e aí carregou Seus pecados no madeiro e pelo madeiro o destruiu. 

O que era conforme à natureza e próprio dela, assumiu, e d'Ele se revestiu. O que lhe era próprio e divino, isto lhe concedeu. Expeliu o diabólico, assumiu o humano, concedeu o divino, para que tudo o que era da esposa fosse do esposo. É a razão por que Aquele, que não cometeu pecado nem Se encontrou engano em Sua boca, pode dizer: Tem piedade de mim, Senhor, porque estou enfermo (Sl 6, 3). E quem tem a enfermidade da esposa, tenha também o pranto, e seja tudo do esposo e da esposa. Donde, a honra do louvor e o poder do perdão; por isto devia dizer: Vai, mostra-te ao sacerdote (Mt 8, 4).

Portanto, sem Cristo nada pode a Igreja perdoar; nada quer Cristo perdoar sem a Igreja. A Igreja não pode perdoar a não ser ao penitente, isto é, àquele a quem Cristo tocou. 

Cristo não quer ter por perdoado aquele que despreza a Igreja. O que Deus uniu, o homem não separe. Digo eu, é grande este sacramento no Cristo e na Igreja (Mt 19, 6; Ef 5, 32).

Não queiras, pois tirar do corpo a cabeça, de forma que em parte alguma haja o Cristo total: nem em parte alguma, o Cristo total sem a Igreja nem a Igreja toda sem Cristo em parte alguma. Pois Cristo completo e íntegro, entende-se cabeça e corpo, por isto diz: Ninguém subiu ao céu a não ser o Filho do homem que está no céu (Jo 3,13). É este o único homem que perdoa os pecados.”

Retomemos as palavras do Bem-Aventurado:

- “Duas são as coisas que só convêm  a Deus: a honra do louvor e o poder de perdoar. O louvor somos nós que lhe damos; o perdão, d’Ele nós esperamos. Pertence somente a Deus perdoar os pecados; por isso deve ser louvado...”

- “Portanto, sem Cristo nada pode a Igreja perdoar; nada quer Cristo perdoar sem a Igreja. A Igreja não pode perdoar a não ser ao penitente, isto é, àquele a quem Cristo tocou.”

Como discípulos missionários do Senhor, demos a Deus toda a honra, a glória, o poder e o louvor, e reconhecedores de nossa miséria diante de Sua infinita Misericórdia, supliquemos perdão pelos pecados que cometemos, mas, de coração contrito e sincero, apresentamos.

Também, recorramos, tanto quanto possível, ao Sacramento da Penitência, pelo qual o presbítero concede o perdão dos pecados, cientes de que sem Cristo, a Igreja nada pode perdoar, pois, de fato, “nada quer Cristo perdoar sem a Igreja”.

Concluo com as palavras do Catecismo da Igreja Católica sobre o Sacramento da Penitência:

Ao celebrar o sacramento da Penitência, o sacerdote exerce o ministério do bom Pastor que procura a ovelha perdida: do bom Samaritano que cura as feridas; do Pai que espera pelo filho pródigo e o acolhe no seu regresso; do justo juiz que não faz acepção de pessoas e cujo juízo é, ao mesmo tempo, justo e misericordioso. Em resumo, o sacerdote é sinal e instrumento do amor misericordioso de Deus para com o pecador.” (1)

 

(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n.1465

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