sábado, 14 de setembro de 2024

Contemplemos o Mistério do Amor de Deus!

                                                       


Contemplemos o Mistério do Amor de Deus!

Na Liturgia da Festa da “Exaltação da Santa Cruz”, ouvimos a passagem do Livro dos Números (Nm 21,4b-9); Salmo 77; a Carta de São Paulo aos Filipenses (Fl 2,6-11) e o Evangelho de São João (Jo 3,13-17).

A primeira Leitura nos apresenta a passagem bíblica em que os filhos de Israel partiram do monte Hor, pelo caminho que leva ao mar Vermelho, para contornarem o caminho de Edom.

Mas, ao longo da viagem, a impaciência, a ingratidão, a lamentação do povo contra Deus e contra Moisés:

“Por que nos fizestes sair do Egito para morrermos no deserto? Não há pão, falta água, e já estamos com nojo desse alimento miserável” (Nm 2,5).

Nos momentos seguintes, O Senhor enviou serpentes e muitos, que por ela foram picados, morreram.

Alguns se deram conta do erro cometido: amor de Deus não correspondido; saudade do nunca existido para atingir o coração de Deus (quem disse que no Egito gozavam de vida agradável?), recorrem a Moisés e pedem para que interceda a Deus em favor do Povo.

A súplica de Moisés, Deus prontamente atende, porque Ele é movido pela misericórdia. É característica marcante de Deus manifestar pronta misericórdia, sobretudo quando a Ele se recorre em atitude penitencial.

A haste com a serpente de bronze é levantada, e todos que olhavam para ela eram curados. Evidentemente de coração contrito, sincero e arrependido...

Aprendemos memoráveis lições bíblicas:

- Deus olha para além da ingratidão humana;
- Deus ama para além dos méritos, erros e acertos;

- Ama porque nos quer livres, resgatados, reconciliados em terra nunca pisada, sinal do Reino;
- Deus está sempre caminhando com Seu povo e na Sua infinita bondade, paciência, mansidão, benignidade e ternura, jamais nos abandona;

-  Se envia sinais de morte é para nos corrigir;
- Na História do Povo de Deus, as mortes aconteceram em número considerável, e isto devido às atitudes de infidelidade, idolatria, com desejo de recuo à situação de escravidão;

- Se Deus nos permite alguns sinais de morte é para que mais fortemente amemos e lutemos pela vida, numa sincera correspondência de amor;

- A força da Oração de Moisés que toca o coração de Deus: oração sincera e acompanhada de atitude. Não basta pedir, é preciso rever pensamentos e atitudes, novos compromissos, novos passos sempre a caminho.

Enfim, Deus não só levantou a serpente de bronze no deserto para curar Seu povo, ofereceu Seu Filho ao mundo:

“Deus amou tanto o mundo, que enviou Seu Filho Unigênito, para que não morra todo o que n'Ele crer, mas tenha a vida eterna” (João 3,16).

Deus não só participou de Sua elevação na Cruz pela Redenção do mundo: Mistério do Amor Trinitário, que em Jesus, possuidor de condição divina, despojando-Se de tudo, aceita a morte, e morte de Cruz.

A Morte de Jesus não é ausência de Deus, mas na aparência de Sua ausência, eterna permanência de Seu amor.

Antes de ser elevado desce ao fundo da miséria da condição humana, vai à mansão dos mortos para reconciliar todos os que habitam nas trevas.

Ressuscitado, elevado, glorificado, à direita de Deus, no eterno relacionamento de Amor, também quer nos elevar um dia ao Seu eterno, alegre e amoroso convívio: Céu - Plenitude de vida, amor e luz!

A humanidade, ainda que experimente os porões da miséria humana, os porões da morte, é chamada a habitar nas alturas, na glória de Deus.

Quando se multiplica a morte dos inocentes, renova-se o compromisso inadiável com os crucificados da História.

Ver Jesus, n'Ele tocar, por Ele ser sempre tocados: N’Ele tocamos e somos tocados pela Palavra e Eucaristia; n’Ele tocamos e somos tocados pela Sua real presença em cada crucificado.

Eternamente na mansão dos mortos ou na glória dos céus?
Depende da nossa resposta ao Amor de Deus!

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