sábado, 14 de setembro de 2024

“Somos cristãos e pastores”

                                                            


“Somos cristãos e pastores”

Reflexão à luz do Sermão do Bispo Santo Agostinho (séc. V) sobre os pastores, quando celebro meu primeiro ano de Ministério Episcopal na Diocese de Guanhães – MG, pela Igreja, a mim confiada pelo Papa Francisco.

“Não é de agora que vossa caridade sabe que nossa esperança está toda em Cristo e que nossa verdadeira glória de salvação é Ele. Sois do rebanho d’Aquele que guarda e apascenta Israel. Mas por haver pastores que apreciam este nome, porém não querem exercer seu ofício, vejamos o que a seu respeito diz o Profeta. Escutai vós com atenção; escutemos nós com temor.

‘Foi-me dirigida a Palavra do Senhor que dizia: Filho do homem, profetiza contra os pastores e dize aos pastores de Israel’ (Ez 34,1-2). Acabamos de ouvir a leitura deste trecho; resolvemos então falar-vos algo. O Senhor nos ajudará a dizer o que é verdadeiro, se não dissermos o que é nosso. Pois se dissermos o que é nosso seremos pastores a nos apascentar a nós, não as ovelhas. Se, ao contrário, dissermos o que é d’Ele, será Ele que vos apascenta por intermédio de quem quer que seja.

Assim diz o Senhor Deus: Ó pastores de Israel, que se apascentam a si mesmos! Acaso não são as ovelhas que os pastores têm de apascentar? (Ez 34,2) quer dizer, os pastores apascentam ovelhas, não a si mesmos. É este o primeiro motivo de repreensão a tais pastores, que apascentam a si e não as ovelhas. Quem são estes que se apascentam? O Apóstolo diz: ‘Todos procuram seu interesse, não o de Jesus Cristo’ (Fl 2,21).

Quanto a nós, a quem o Senhor, por Sua benevolência e não por mérito nosso, estabeleceu neste cargo de que teremos difíceis contas a dar, devemos distinguir bem duas coisas: a primeira, somos cristãos, a segunda, somos bispos. Somos cristãos para nosso proveito; e somos bispos para vós. Como cristãos, atendemos ao proveito nosso; como bispos, somente ao vosso.

E são muitos os cristãos não bispos que vão a Deus por caminho mais fácil talvez, e andam com tanto mais desembaraço quanto menos peso carregam. Nós, porém, além de cristãos, tendo de prestar contas a Deus de nossa vida, somos também bispos e teremos de responder a Deus por nossa administração”.

Retomo as palavras dos dois últimos parágrafos, e rogo a Deus, contando com as orações de todos, para que, como cristão, tenha consciência, todos os dias, de que prestarei contas a Ele da minha vida, da forma que a escrevi, e se conforme os desígnios divinos.

Também haverei de responder diante de Deus, pela missão a mim confiada como pastor, na administração da Igreja, no exercício do tríplice múnus de ensinar, santificar e governar.

Contando com a ajuda do Arcanjo Miguel e de Nossa Senhora Aparecida, estamos caminhando, conduzidos e guiados pelo Espírito, cuidando com zelo, amor e ardor do Rebanho de Deus, em permanente esforço de fidelidade à Palavra do Senhor, plantada em nosso coração, como sementes, a encontrar terreno fértil e muitos frutos de bondade, amor, vida, alegria e paz produzir. Amém.

PS: Escrito em 14 de setembro de 2020

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG