quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

Vive para sempre quem n’Ele vive e crê

                                               


Vive para sempre quem n’Ele vive e crê

“Os justos brilharão como o sol no
Reino do meu Pai” (Mt 13, 43)

Ele também completou a corrida,
Guardou a fé, combateu o bom combate,
Foi diante de Deus se apresentar no céu,
Para receber a coroa da glória
Pelo Senhor prometida, e aos justos reservada.

Por alguns instantes, olhei para o alto,
Contemplei silenciosamente a concha azulada,
E, como que num mergulho na amplidão azul,
Sentindo-me tão ínfimo diante da imensidão do céu,
Silenciei em Oração, coberto pela abóbada celeste.

Lembrei-me dele e d’Aquele a quem tanto amou,
E por sessenta e nove anos, como Presbítero, se entregou.
Dos noventa e seis anos de vida, marcas da graça da longevidade,
Vividos tão intensa e apaixonadamente, também
Abençoados por Maria, Mãe d’Aquele a quem se consagrou.

Logo me vieram dois versículos, que de lábios santos emanaram:
Primeiro, da Mãe Maria na Festa das Bodas de Caná:
“Fazei tudo o que Ele vos disser“ (Jo 2,5).
Depois as Palavras do Filho Amado sobre o destino dos justos:
“Os justos brilharão como o sol no Reino do meu Pai.

Sou testemunha do quanto ele procurou ser atento
A estas inesquecíveis e indispensáveis palavras da Mãe Santíssima;
Como testemunha também o sou do quanto ele procurou
Temer, amar e servir a Trindade Santíssima:
Um Pai de Amor, o Filho Redentor, o Espírito Santificador.

Anunciou com ardor a Onipotência de o amor de Deus.
Comunicou a mensagem de Jesus Misericordioso,
Firmando os passos da comunidade na desejável fidelidade
À Suma Perfeição, Bondade Infinita, Suprema Sabedoria:
Àquele que É, sempre Foi e sempre Será.

Testemunhou, por uma vida marcada pela simplicidade e pobreza,
Que a nossa maior riqueza não são aquelas que o ladrão rouba
Ou que a traça corrói, destrói, inevitavelmente.
Viveu assistido pela presença do Santo Paráclito, Consolador e Advogado,
Nutrido incontáveis vezes pelo Pão da Vida, Inebriado pelo Cálice Sagrado.

Homem de sabedoria incontestável,
Porque, solidamente, na fé educado,
Também com um grau de erudição notavelmente alcançado,
Reflexivo e orante, com invejável discrição,
Traduziu tudo isto em amor, entrega e doação.

Ele que trazia marcas nas palmas das mãos, e,
Dentre todas elas, a marca que jamais se pode apagar:
Daquele dia, daquela Unção, no dia sagrado de sua Ordenação.
Exalando o odor de Cristo em cada Bênção, em cada absolvição,
E, de modo especial, em cada Eucaristia com zelo Celebrada.

Tinha um lume no olhar para quantos a ele acorriam.
Em atenta escuta, uma palavra de luz sempre comunicava,
Solicitude para com os aflitos, os fragilizados, os desesperançados...
Sinal do Cristo Bom Pastor, com todas as limitações
Próprias de cada um de nós, como barro na mão do Oleiro.

Então a Palavra do Sublime Mestre ressoou em meu coração,
Seu corpo desceu alguns metros na sepultura,
Mas sua alma acolhida no abraço dos Anjos e Santos e de Maria,
Adentrou a porta do céu para mergulho na eternidade,
E como um sol brilhará no Reino do Pai.

Pe. Tito, mais um sol a brilhar no Reino do Pai!
Assim prometeu Jesus, assim eu creio, e tantos creem.
Como também assim espero, e tantos esperam,
Um dia, mesma graça, sem mérito algum, alcançar,
E a face do Deus de Amor eterno, contemplar, glorificar...


PS: Escrito por ocasião da páscoa de Pe Antonio Testa (saudoso Pe. Tito Pároco Emérito da Paróquia Santo Antônio do Gopoúva - Diocese de Guarulhos - SP - (07/12/2013).

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