O Antigo Testamento já acentuava a importância do Mandamento do Amor: “Se teu inimigo tem fome, dá-lhe de comer; se tem sede, dá-lhe de beber...” (Pr 25,21)
Jesus traz em si, através da Palavra e da Vida, a Novidade:
“Dou-vos um Mandamento Novo, que vos ameis uns aos outros; como Eu vos amei, assim amai-vos uns aos outros” (Jo 13,34).
O Missal Dominical nos enriquece com belíssima reflexão que ora apresento e amplio para que acolhamos e vivamos a novidade do Mandamento do Amor de Jesus e sejamos perfeitos como Deus é perfeito, como Ele bem diz no Evangelho deste final de semana.
O que caracteriza a Novidade trazida por Jesus?
Ø Universalismo – um amor de alcance universal, sem exclusão, portanto, desconhece restrições de toda ordem, seja social, política, religiosa, racial e se estende até mesmo aos inimigos;
Ø Medida – pela intensidade e dimensão vertical, ou seja, impossível de definir altura, profundidade, extensão, largura. O amor de Deus é imensurável, importa tomá-lo como medida, como parâmetro, modelo. O amor de Jesus é a verdadeira medida: “Como o Pai me amou, também Eu vos amei” (João 15,9);
Ø Motivo - amar por amor de Deus, pelas mesmas finalidades de Deus – exclusivamente desinteressado, com amor puríssimo, sem sombra de compensação.
Também nos apresenta uma questionadora definição do Amor de Deus:
“Amar-nos como irmãos, com um amor que procura o bem daquele a quem amamos, não o nosso bem. Amar como Deus, que não busca o bem na pessoa a quem ama, mas cria nela o bem, amando-a.”
Vivendo o Mandamento Novo de nosso Senhor elevamos o nível de nosso amor, traduzindo em prática o nosso amor por Ele no amor ao nosso próximo.
Amar a Deus sem amar o irmão é esvaziar o sentido do Mandamento Novo. O amor a Deus passa necessariamente pelo amor ao próximo, ainda que este seja nosso inimigo.
Jesus diz: “Ama teu inimigo... oferece a outra face... Não pague o mal com mal”. O Missal diz de pessoas que perdoam, por amor de Cristo Crucificado, os assassinos de seus entes queridos e ainda: “... pais que esquecem heroicamente ofensas recebidas dos filhos; esposos que superam as ofensas e culpas; homens políticos que não conservam rancor pelas calúnias, difamações, derrotas; operários que ajudam o companheiro de trabalho que tentou arruiná-los etc.”
Finalmente, a Igreja tem páginas não tão memoráveis de excomunhão: a procura dos hereges, queima de livros e imagens... Há páginas em que se derramou sangue, explodindo ódio em guerras de religião... Mas a Igreja superou ou procura superar muitas dessas limitações.
“Não há mais hereges, mas irmãos separados; não há mais adversários, mas interlocutores; não condenamos em bloco e a priori as grandes religiões não cristãs, mas nelas vemos autênticos valores humanos e pré-cristãos que nos permitem entrar em diálogo”.
Mas infelizmente há outro perigo, a procura de inimigos entre os próprios irmãos na fé: “Não estaremos acaso usando, dentro da própria Igreja, aquela agressividade e polêmica excessivas que outrora usávamos com os de fora da Igreja? Quantos cristãos engajados, uma vez faltando o alvo de fora, começaram a visar como ‘inimigos’ aos próprios irmãos na fé, e os combatem obstinadamente, sem amor e sem perdão!”
Importa vivermos a novidade do Mandamento do Amor, dentro e fora da Igreja, com tudo aquilo que o caracteriza. Eis a mais bela aventura de amor que nos propôs o Senhor.
Aventurar-se não como sentido de riscos, mas na mais bela certeza de que o alcance da felicidade é possível.
A felicidade de cada um de nós é diretamente proporcional à capacidade e intensidade com que amamos a Deus e ao nosso próximo.
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