sábado, 25 de outubro de 2025

Quanto mais próximos do Altar, maior será a exigência de Deus para conosco! (XXXDTCC)

                                                     



Quanto mais próximos do Altar, maior será a exigência de Deus para conosco!

Com a Liturgia do 30º Domingo do Tempo Comum (Ano C), refletimos sobre a nossa proximidade com o Altar e as exigências próprias no cotidiano, e também a nossa responsabilidade diante de Deus e da Comunidade.

A vivência da verdadeira religião consiste na fidelidade aos preceitos divinos, na defesa da vida, preferencialmente a defesa dos empobrecidos.

Contemplamos na Sagrada Escritura que Deus está sempre pronto para escutar e intervir na defesa dos empobrecidos, e por isto, a oração destes chega sempre aos Seus ouvidos e não fica sem resposta (1ª leitura – Eclo 35,15b-17.20-22a).

A proximidade do Altar pede confiança, generosidade, gratuidade, simplicidade, coerência e entrega da própria vida no bom combate da fé, como fez o Apóstolo Paulo (2ª Leitura - 2Tm 4,6- 8.16-18).

Trilhando com coragem o caminho da fé e do discipulado, Paulo tornou-se para nós modelo de crente, que nos leva a duas atitudes: reconhecimento dos nossos próprios limites e a confiança na misericórdia divina contra toda autossuficiência.

Na Parábola, da passagem do Evangelho (Lc 18,9-14), Jesus revela o rosto misericordioso de Deus, por aqueles que se reconhecem pecadores, de modo que a humildade acompanhada da confiança na misericórdia de Deus nos permite ser melhores - Deus não Se preocupa tanto com nossos pecados, mas com a autenticidade de nossa amizade com Ele. Quanto mais amigos de Deus formos, menos pecadores o seremos!

“Tende compaixão de mim porque sou pecador” há de ser nossa súplica diante de Deus. 

De modo poético, diz Santo Agostinho, referindo-se se ao pecador público nesta passagem mencionada: “... o remorso o afastava, mas a piedade o aproximava; o remorso o rebaixava; mas a esperança o elevava”.

Se de um lado o remorso sincero dos pecados rebaixa, por outro nos aproxima e nos eleva. Lição tão difícil de aprendermos, porém indispensável.

Aprendemos que não podemos nos colocar em relação ao outro como melhor, superior, perfeito.

A atitude de pequenez, para que se possa ser justificado e alcançar a misericórdia, o amor e a bondade de Deus é mais do que desejável.

Assim lemos No Missal Dominical:

“Hoje a suficiência farisaica não é mais a observância de uma lei: toma outro nome. Em muitos ela é a convicção de que o homem pode salvar-se como homem, apelando unicamente para os seus recursos.

O homem salva o homem mediante a ciência, a política, a arte... é por isso mais do que nunca necessário que os cristãos anunciem ao mundo Cristo como Salvador. A Salvação que Ele traz não se opõe a salvação humana, mas a conduz à plenitude.

Com a celebração dos Sacramentos, especialmente da Eucaristia, os cristãos dão testemunho da necessidade da intervenção divina na vida do homem, põem-se sob a ação do Deus presente, com Seu Espírito, e fazem a experiência privilegiada da justificação obtida mediante a fé em Jesus Cristo.

Devem, por isso, estar continuamente vigilantes para não participarem dos Sacramentos com espírito farisaico”.

Concluindo:

A proximidade do Altar significa proximidade com Deus? 

Não necessariamente, e aqui o perigo que a Parábola revela.

Uma boa dose dos sentimentos do publicano, nos levará a menor farisaísmo e orações mais autênticas que agradarão ao Senhor.

Firmemos os passos na caminhada de fé, no “bom combate da fé”, alimentados pela verdadeira atitude orante, na certeza de que Jesus caminha ao nosso lado e a glória de Deus é elevada sinceramente quando não separamos o culto da vida.

Quanto mais próximos do Altar,
maior será a exigência de Deus para conosco!

“Misericórdia, Senhor” (XXXDTCC)

                                                          

“Misericórdia, Senhor”

“Meu Deus, tende compaixão de mim,
que sou pecador” (Lc 18,13)

A Liturgia do 30º Domingo do Tempo Comum (ano C) nos apresenta a conhecida passagem da Parábola sobre a oração do fariseu e do publicano, no templo (Lc 18,9-14).

Vejamos o que nos diz o Comentário do Missal Dominical sobre um e outro:
 “O fariseu diz a verdade, quando fala da sua fidelidade à Lei, em si mesma louvável. Por seu lado, o publicano é um pecador público; pelo seu ofício poder-se-ia dizer que vive ou enriquece, tal como Zaqueu – espremendo os seus concidadãos sobre quem recai o peso dos impostos para os invasores.”.

O que os diferencia é a atitude que têm diante da misericórdia divina; duas concepções distintas de religião:
“Mas o primeiro (o publicano) não só ‘batia no peito’, apelando humildemente para a misericórdia divina. Estas personagens, descritas com traços deliberadamente exagerados, encarnam duas concepções opostas de Deus e, por conseguinte, dois tipos de religião”.

A constatação de que a santidade é graça que nos vem de Deus, porque tão somente Deus é santo, e por meio do Seu Filho, nos vem graça e santificação:
“Só Deus é Santo. Se somos justos, é n’Ele e por Ele, não pelos nossos méritos”.

Deste modo, a Igreja é uma realidade santa e pecadora: santa, porque tem Jesus como seu divino fundamento; pecadora, porque formada de pecadores por Ele perdoados:
“A Igreja é uma comunidade de pecadores perdoados que dá graças pela Salvação obtida por Cristo e pelo dom do Espírito de santidade”.

Daqui decorre uma súplica do comentário, que temos que fazer constantemente por toda a Igreja, da qual somos membros pela graça do batismo:
“Que o Senhor guarde os Seus discípulos do farisaísmo que constantemente os ataca”.

Oremos:

Livrai-nos Senhor, do fermento do farisaísmo, e que sejamos levedados pelo fermento do Vosso amor, para amar como amastes a Deus e ao nosso próximo, na prática dos Mandamentos inseparáveis que nos destes, e sabemos que tão somente assim somos justificados e nossa oração Vos será sempre agradável. Amém.



PS: Citações extraídas do Missal Quotidiano, Dominical e Ferial – Editora Paulus – Lisboa –p.2145 

Em poucas palavras...

 


Cuidar das cidades e de nossa Casa Comum

“Entre as questões estruturais que não se pode imaginar conseguir resolver a partir de cima e que exigem ser tratadas o mais rapidamente possível, conta-se a dos lugares, espaços, casas e cidades onde os pobres vivem e caminham.

Bem o sabemos: «Como são belas as cidades que superam a desconfiança doentia e integram os que são diferentes, fazendo desta integração um novo fator de progresso! Como são encantadoras as cidades que, já no seu projeto arquitetônico, estão cheias de espaços que unem, relacionam, favorecem o reconhecimento do outro!».

Ao mesmo tempo, «não podemos deixar de considerar os efeitos da degradação ambiental, do modelo atual de desenvolvimento e da cultura do descarte sobre a vida das pessoas».

Com efeito, «a deterioração do meio ambiente e a da sociedade afetam de modo especial os mais frágeis do planeta».(1)

(1)   Exortação Apostólica “Dilexi te”, Papa Leão, 2025 – parágrafo n.96 com citações do Papa Francisco.

A floresta de nossos sonhos

 


A floresta de nossos sonhos


Sonhos, quem não os tem, ora belos, ora nem tanto assim.

Sonhos que ora nos movem, ora nos inquietam...

Se somados um ao outro, formam uma grande floresta.

Não haveria floresta sem a menor das sementes, folhas e flores.

 

Viver é ter coragem de visitar a floresta de nossos sonhos.

Sonhos que podem ser simples devaneios,

Sem conexão com as marcas da realidade inserida;

Mas, se relidos, podem alargar horizontes de medos e mesquinhez.

 

Sonhos de loucos, de esperanças vãs e insensatas,

De impossível realização, poderão dizer alguns,

Ou apenas o silêncio, palavras contidas,

Pela ausência da coragem, de sincera expressão.

 

Sonhos acordados de poetas nas florestas encantadas,

Enamorados pela vida, olhar transcendente,

Que colore o cinza triste de paisagens sombrias

E emprega a luminosidade para vencer o horror da escuridão.

 

Adentrar as florestas de nossos sonhos em todas as estações.

No verão, refrescar nas fontes revitalizantes da Palavra divina;

Na primavera, não desistir de contar as flores de suave perfume;

No inverno, aquecer-se na fogueira com o Fogo Divino.

 

No outono, coragem de contemplar folhas caídas,

Podas necessárias para um novo germinar, florescer,

Na certeza de que frutos não haverão de faltar:

Saborosos frutos do Espírito, Ele há de nos conceder.

 

Assim são as florestas de nossos sonhos a serem visitadas.

Nelas, por vezes, espaços desertificados ou ajardinados.

Dias difíceis, tempos de escuridão e secura da alma,

Outros, nutridos em “cascatas de leite e mel”. Adentremos...

“Graça e Paz!”

                                  

“Graça e Paz!”

Nas Vésperas da Liturgia das Horas, rezamos a passagem da Carta de Paulo aos Colossenses (Cl 1,2b-6a):

“A vós, graça e paz da parte de Deus nosso Pai. Damos graças a Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, sempre rezando por vós, pois ouvimos acerca da vossa fé em Cristo Jesus e do amor que mostrais para com todos os santos, animados pela esperança na posse do céu. Disso já ouvistes falar no Evangelho, cuja Palavra de verdade chegou até vós. E como no mundo inteiro, assim também entre vós ela está produzindo frutos e se desenvolve”.

Sejamos enriquecidos pela saudação Paulina: “Graça e paz da parte de nosso Pai”.

Todos precisamos desta graça divina, a fim de que sejamos fortalecidos na missão evangelizadora, como discípulos missionários do Senhor, com a força e a presença do Santo Espírito.

Da mesma forma, da paz verdadeira, que tão somente o Senhor pode nos conceder,  e  ela tem um nome, um rosto: é Jesus, o Filho amado do Pai, que nos comunica o “shalom”, a paz, a plenitude de todos os bens.

Troquemos orações mútuas, para que, revigorados e animados sejamos, e vivamos a graça batismal, a vida nova dos filhos e filhas de Deus – “Sempre rezando por vós”.

Revigorados na fé viva, sejamos como a comunidade de Colossas: “Ouvimos acerca da vossa fé em Cristo Jesus”.

Renovemos a esperança de participar de um novo céu e uma nova terra: “Animados pela esperança na posse do céu”.

Finalmente, seja nosso coração inflamado de amor, fortalecendo os vínculos da comunhão fraterna, em frutuosa partilha e solidariedade para com todos, e de modo especial, a quem mais precisar – “do amor que mostr

Em poucas palavras... (XXXDTCC)

                                       


"A oração é a elevação da alma para Deus...”

“«A oração é a elevação da alma para Deus ou o pedido feito a Deus de bens convenientes» (São João Damasceno). 

De onde é que falamos, ao orar? Das alturas do nosso orgulho e da nossa vontade própria, ou das «profundezas» (Sl 130, 1) dum coração humilde e contrito?

Aquele que se humilha é que é elevado (Lc 18,9-14). A humildade é o fundamento da oração. «Não sabemos o que havemos de pedir para rezarmos como deve ser» (Rm 8, 26). A humildade é a disposição necessária para receber gratuitamente o dom da oração: o homem é um mendigo de Deus (Santo Agostinho)” (1)

 

(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo 2559

A autenticidade de nossas orações (XXXDTCC)

                                                        

A autenticidade de nossas orações

À luz da passagem do Evangelho de Lucas (Lc 18,9-14), sobre a Parábola do publicano e do fariseu no templo, professemos nossa fé:

Cremos hoje com todo o coração, e professamos com toda a força, que Deus nos ama, não obstante sejamos pecadores.

Cremos e aprendemos com o publicano: “... o remorso o afastava, mas a piedade o aproximava; o remorso o rebaixava; mas a esperança o elevava” (cf. Santo Agostinho).

Cremos e aprendemos com o publicano e fariseu da Parábola: que, se publicano formos, nos encontramos ao relento precisando da acolhida divina; se fariseus, sentimo-nos seguros, paradoxalmente, em nossa casa construída sobre a areia.

Cremos, portanto, “que somos aqueles dois homens; um e outro ao mesmo tempo, porque, como o publicano, somos realmente pecadores e, como o fariseu, nos julgamos justos”.

Cremos que toda forma de injustiça que possamos praticar são pecados da paixão que nos desvia; assim como toda falsa justiça, é expressão de orgulho próprio, que nos afasta do amor de Deus.

Cremos que Deus nos justifica gratuitamente em Jesus Cristo, Seu Filho,  para que demos a Ele, que morreu e ressuscitou por todos nós toda a honra e glória.

Cremos que, assim como Deus nos deu Seu Amado Filho, jamais nos negará o que for necessário para coroarmos na glória esta aventura maravilhosa da Salvação, em que nos inserimos dia pós dia.

Cremos que a Deus agradam nossas boas obras, feitas para responder ao Seu infinito amor, e por isto, coloca em nossas mãos os dons necessários, como se fossem méritos nossos, embora não o seja de fato.

Cremos na lógica do amor que Jesus nos ensinou, e assim devemos amar, porque antes fomos amados:– “Mas amamos, porque Deus nos amou primeiro” (1 Jo 4,19).

Cremos que é muito mais difícil manter vivas as verdades que nos movem, do que tê-las descoberto no caminhar da fé.

Cremos, portanto, que a autenticidade da fé se dá quando ela se une à caridade e faz nascer o rebento da esperança, florescendo e frutificando novos tempos, novas linhas, nova história.

Cremos que o “sim” neste testemunho da fé, é verdadeiro e profundo, e não se dá sem sofrimento e por vezes a fadiga, por isto precisamos ao Senhor recorrer, quando cansados e fadigados, pois Ele é manso e humilde de coração, e assim nos convidou a sermos.

Cremos que precisamos nos tornar humildes e pequenos como crianças diante de todo este Mistério, e dizer: “Sim ó Pai, porque foi do Teu agrado!”. Amém.


PS: Livre adaptação da reflexão do Frei Raniero Cantalamessa em “O Verbo Se faz Carne” - Editora Ave Maria – 2013 - pp.760-766

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