sábado, 25 de outubro de 2025

Em poucas palavras...

 


Cuidar das cidades e de nossa Casa Comum

“Entre as questões estruturais que não se pode imaginar conseguir resolver a partir de cima e que exigem ser tratadas o mais rapidamente possível, conta-se a dos lugares, espaços, casas e cidades onde os pobres vivem e caminham.

Bem o sabemos: «Como são belas as cidades que superam a desconfiança doentia e integram os que são diferentes, fazendo desta integração um novo fator de progresso! Como são encantadoras as cidades que, já no seu projeto arquitetônico, estão cheias de espaços que unem, relacionam, favorecem o reconhecimento do outro!».

Ao mesmo tempo, «não podemos deixar de considerar os efeitos da degradação ambiental, do modelo atual de desenvolvimento e da cultura do descarte sobre a vida das pessoas».

Com efeito, «a deterioração do meio ambiente e a da sociedade afetam de modo especial os mais frágeis do planeta».(1)

(1)   Exortação Apostólica “Dilexi te”, Papa Leão, 2025 – parágrafo n.96 com citações do Papa Francisco.

A floresta de nossos sonhos

 


A floresta de nossos sonhos


Sonhos, quem não os tem, ora belos, ora nem tanto assim.

Sonhos que ora nos movem, ora nos inquietam...

Se somados um ao outro, formam uma grande floresta.

Não haveria floresta sem a menor das sementes, folhas e flores.

 

Viver é ter coragem de visitar a floresta de nossos sonhos.

Sonhos que podem ser simples devaneios,

Sem conexão com as marcas da realidade inserida;

Mas, se relidos, podem alargar horizontes de medos e mesquinhez.

 

Sonhos de loucos, de esperanças vãs e insensatas,

De impossível realização, poderão dizer alguns,

Ou apenas o silêncio, palavras contidas,

Pela ausência da coragem, de sincera expressão.

 

Sonhos acordados de poetas nas florestas encantadas,

Enamorados pela vida, olhar transcendente,

Que colore o cinza triste de paisagens sombrias

E emprega a luminosidade para vencer o horror da escuridão.

 

Adentrar as florestas de nossos sonhos em todas as estações.

No verão, refrescar nas fontes revitalizantes da Palavra divina;

Na primavera, não desistir de contar as flores de suave perfume;

No inverno, aquecer-se na fogueira com o Fogo Divino.

 

No outono, coragem de contemplar folhas caídas,

Podas necessárias para um novo germinar, florescer,

Na certeza de que frutos não haverão de faltar:

Saborosos frutos do Espírito, Ele há de nos conceder.

 

Assim são as florestas de nossos sonhos a serem visitadas.

Nelas, por vezes, espaços desertificados ou ajardinados.

Dias difíceis, tempos de escuridão e secura da alma,

Outros, nutridos em “cascatas de leite e mel”. Adentremos...

“Graça e Paz!”

                                  

“Graça e Paz!”

Nas Vésperas da Liturgia das Horas, rezamos a passagem da Carta de Paulo aos Colossenses (Cl 1,2b-6a):

“A vós, graça e paz da parte de Deus nosso Pai. Damos graças a Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, sempre rezando por vós, pois ouvimos acerca da vossa fé em Cristo Jesus e do amor que mostrais para com todos os santos, animados pela esperança na posse do céu. Disso já ouvistes falar no Evangelho, cuja Palavra de verdade chegou até vós. E como no mundo inteiro, assim também entre vós ela está produzindo frutos e se desenvolve”.

Sejamos enriquecidos pela saudação Paulina: “Graça e paz da parte de nosso Pai”.

Todos precisamos desta graça divina, a fim de que sejamos fortalecidos na missão evangelizadora, como discípulos missionários do Senhor, com a força e a presença do Santo Espírito.

Da mesma forma, da paz verdadeira, que tão somente o Senhor pode nos conceder,  e  ela tem um nome, um rosto: é Jesus, o Filho amado do Pai, que nos comunica o “shalom”, a paz, a plenitude de todos os bens.

Troquemos orações mútuas, para que, revigorados e animados sejamos, e vivamos a graça batismal, a vida nova dos filhos e filhas de Deus – “Sempre rezando por vós”.

Revigorados na fé viva, sejamos como a comunidade de Colossas: “Ouvimos acerca da vossa fé em Cristo Jesus”.

Renovemos a esperança de participar de um novo céu e uma nova terra: “Animados pela esperança na posse do céu”.

Finalmente, seja nosso coração inflamado de amor, fortalecendo os vínculos da comunhão fraterna, em frutuosa partilha e solidariedade para com todos, e de modo especial, a quem mais precisar – “do amor que mostr

Palavra, Sacramentos e Caridade: O tríplice serviço do Presbítero

Palavra, Sacramentos e Caridade: O tríplice serviço do Presbítero

Aconteceu na Catedral de Guarulhos a Santa Missa presidida pelo Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer - Arcebispo Metropolitano de São Paulo - dada a vacância de Bispo na Diocese de Guarulhos, na qual Ordenou Presbíteros os diáconos Cássio Fernando e Pedro Nacélio.

Destaco alguns pontos da Homilia feita pelo Cardeal:

Deus chama, acolhe e acompanha quem Ele deseja para conduzir o Seu rebanho. A pessoa apenas responde a este chamado. Assim aconteceu com estas duas vocações.

Acenou em seguida para o tríplice serviço que o Presbítero deve desempenhar frente à comunidade:

1 – Serviço da Palavra de Deus: sedento desta Palavra, lendo-a. meditando-a e a proclamando também com a vida. O Presbítero deve preocupar-se, de modo especial, com o momento da Homilia.

Neste sentido, bem-vinda e fundamental  a Exortação sobre a Palavra de Deus que o Papa Francisco enviaria e que deveria ser por todos os Presbíteros e comunidades conhecida e estudada.

O Presbítero deve trazer a mensagem da Palavra de Deus para o dia de hoje. Lembrando os Atos dos Apóstolos capítulo 7, acenou para a diaconia na comunidade, que permitirá ao Presbítero ocupar-se daquilo que lhe são próprios: a Oração e o anúncio da Palavra de Deus.

2 – Serviço da santificação do Povo de Deus – O sacerdote lida com as coisas de Deus. Zelo e dedicação na celebração dos Sacramentos e, de modo especial, à Eucaristia.

Para tanto, deverá ter uma vida íntegra, fundamentada nas Bem- Aventuranças. Pelo exemplo de vida, edificar o Povo de Deus na santidade e ajudá-lo a se santificar com a graça de Deus. Uma vida santa é desejada de cada Presbítero na vivência das divinas virtudes.

3 – Serviço da caridade pastoral: sinal do Bom Pastor, na atenção para com todos. Tem a missão de pastorear, formar e organizar a caridade na comunidade (doentes, pobres, desanimados, desorientados).

Deve cuidar da Igreja prédio, mas, sobretudo cuidar da Igreja Povo de Deus, a comunidade dos fiéis, para que nada lhe falte. Cuidar do rebanho com carinho, sobretudo para que não se torne vítima de mercenários.

Aludindo à Palavra proclamada, recomendou que os Presbíteros renovem o dom que receberam de Deus pela imposição das mãos dos Apóstolos, como Paulo assim se dirigiu ao jovem Bispo Timóteo.

O Presbítero deve cuidar-se de si mesmo para bem servir. Deve nutrir-se da Fonte da Fé, na Oração e na escuta da Palavra de Deus.

À luz do Evangelho proclamado (Jo 15), o Presbítero deve permanecer unido a Jesus; deve-se unir a Ele e n’Ele, pois foi Ele quem o escolheu.

O Presbítero é amigo de Jesus, como o próprio Senhor o disse, e assim dá a sua vida para Cristo e não mede sacrifícios.

Finalizando, afirmou que sem Jesus o Presbítero não é ninguém. Sem estar unido a Ele, o Ministério Sacerdotal se esvazia.

Se referindo ao Papa, afirmou que Jesus não precisa de funcionários, mas de amigos que O amem e se coloquem inteiramente a serviço do rebanho.

Concluiu com estas Palavras do Senhor Jesus: “A messe é grande, mas os operários são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da messe que envie operários para Sua messe”.

A reflexão é uma luz para que tenhamos cada vez mais Presbíteros e fiéis solidificados na fé, renovados na esperança e inflamados na caridade. 


PS: 25 de outubro de 2013

Permaneçamos na cidade e proclamemos a Boa-Nova

                                                       

Permaneçamos na cidade e proclamemos a Boa-Nova

A missão de Jesus é a nossa missão e contamos com o Seu Espírito: “O Espírito do Senhor repousa sobre mim e me enviou para Evangelizar os pobres” (Lc 4,16-21).

Não estamos sós! Temos alegria e a graça de continuar a missão do Senhor, como discípulos missionários d o Verbo que Se fez Carne e habitou entre nós, atentos ao que Ele nos disse -  “Permanecei na cidade” ( Lc 24,49).

Iluminados pela Conferência de Aparecida (2007) e em plena comunhão com a Igreja do Brasil, iluminados pelas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil – (2019-2023), multiplicamos esforços para que o Objetivo Geral seja realizado: 

EVANGELIZAR no Brasil cada vez mais urbano, pelo anúncio da Palavra de Deus, formando discípulos e discípulas de Jesus Cristo, em comunidades eclesiais missionárias, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, cuidando da Casa Comum e testemunhando o Reino de Deus rumo à plenitude”.

Ungidos pelo azeite da humana ternura e inebriados com o vinho da alegre esperança, numa atualização de Pentecostes, reaprendendo a linguagem do Espírito que sopra na sua Igreja, comunicando o fogo do amor, para sermos, com renovado ardor, portadores desta Boa- Nova.

Mesmo apostolado, mas não mesmos apóstolos; mesmo discipulado, novos discípulos; mesma missão embora tempos diferentes. Mas sempre o mesmo Evangelho! O mesmo Cristo, ontem, hoje e sempre (Hb 12,14).

Para que esta ação evangelizadora aconteça, afetiva e efetivamente, é preciso ter alguns objetivos:

- Conversão Pastoral e suas estruturas;
- Acolhida de irmãos e irmãs com alegria, formando uma comunidade em que se vive o amor, a fraternidade, ternura e a solidariedade;

- Evangelização da Família;  
- Catequese permanente;

- Interação da fé com a vida em todos os âmbitos (social, político, econômico, cultural);
- Evangelizar nos novos areópagos (Internet, rádio, TV, jornais, escolas, universidades, hospitais, shoppings).

Cremos que a atividade pastoral e a ação evangelizadora são respostas corajosas para superação de realidades tão gritantes, que impedem a realização do Reino por Jesus inaugurado e por nós a ser anunciado, construído, testemunhado.

Que o mesmo Espírito, que pousou sobre Jesus na Sinagoga de Nazaré, continue repousando sobre nós, para que tenhamos o Espírito do Senhor: Espírito de sabedoria e discernimento, Espírito de conselho e fortaleza, Espírito de ciência, temor e piedade (Is 11,1-3a).

Sendo a fé viva quando são as obras que falam, deixemos as obras falarem no cuidado do rebanho, por Deus, a nós confiado! (1 Pd 5,1-4).

A misericórdia divina e a conversão necessária

                                            

A misericórdia divina e a conversão necessária


Do deserto à montanha, da montanha à planície...
 Em todos os dias a conversão,
Mistério de Paixão e Morte: Transfiguração!
Gloriosa e desejada Ressurreição...

Reflexão à luz da passagem do Evangelho de Lucas (Lc 13,1-9), é um convite a repensarmos a nossa existência, para que sejamos homens novos e livres, com exigente mudança de mentalidade e atitudes.

Jesus nos revela a face misericordiosa de Deus, que deseja de todos os modos a salvação da humanidade, e ao mesmo tempo requer de todos nós a conversão à novidade do Reino de Deus por Ele inaugurado:

“Por maior que seja uma catástrofe que atinja os homens nos seus bens e até na sua sobrevivência terrena, muito mais grave é a catástrofe a que vai ao encontro quem não se abre à ação de Deus e não lhe responde.

Isto não significa que o Senhor seja um juiz vingativo e que o mal seja uma represália Sua. Pelo contrário, Ele é um Pai misericordioso, pronto a fazer mais festa por um só pecador que se tenha salvado do que por noventa e nove justos que O louvam (cf. Lucas 15)” (1)

De fato, a fé em Jesus requer a nossa sincera conversão que consiste numa reorientação geral da própria vida, como resposta à ação misericordiosa de Deus por meio d’Ele, o Filho Amado, Jesus.

A onipotência divina pode ser contemplada em sua ação misericordiosa, sendo livre para perdoar e criando o bem mesmo onde ele não existe.

Da mesma forma sua transcendência ultrapassa a distância entre o céu e a terra como reza o Salmista (Sl 102,11).

Lamentavelmente, pode se confundir a paciência de Deus contemplada no Evangelho com a indiferença para com nossos pecados, e permissividade para a continuidade marcada por uma vida descomprometida e desordenada.   

Jamais nos é permitido confundir misericórdia divina como cumplicidade e permissividade. Ao contrário, ela é uma força de Amor que rompe a dureza de nosso coração, incendeia com o fogo do Espírito a frieza do pecado.

Ela provoca que abramos a mente e o coração para um sincero e contínuo compromisso de conversão (Rm 2,4) de tal modo que nos tornemos misericordiosos como o Pai, e na solicitude para com os empobrecidos procuremos ter os mesmos pensamentos e sentimentos de Cristo Jesus.

Reflitamos:
  -   Onde e quando Deus nos oferece oportunidades para conversão?
  -   O que entendemos como conversão da mente e coração?

  -   Quais são os frutos que expressam nossos esforços de conversão?
  -  De que modo correspondemos à bondade e paciência de Deus, sem abuso da mesma?

  -   Como o tempo é breve, temos nos empenhado em busca sincera de conversão?

Jamais nos esqueçamos ou nos descuidemos, e que ressoe em nosso coração o forte apelo de conversão da mente e coração (metanoia), para que produzamos os frutos esperados por Deus.

A contemplação e correspondência ao Amor divino são verdadeiras quando nos fazem melhores, mais humanos, mais sinceros, mais fraternos.

Contemplemos a misericórdia, compaixão, bondade divinas, sem jamais abusar da paciência de Deus.

Do deserto para a montanha, da montanha para a planície, pois é nela que os apelos de conversão se multiplicam.


(1) Lecionário Comentado - Editora Paulus - Lisboa - p. 148

Em poucas palavras...

                                               


A adoração de Deus três vezes santo

“A adoração é a primeira atitude do homem que se reconhece criatura diante do seu Criador. Exalta a grandeza do Senhor que nos criou  e a onipotência do Salvador que nos liberta do mal. 

É a prostração do espírito perante o «Rei da glória» (Sl 24,9-10) e o silêncio respeitoso face ao Deus «sempre maior» (Santo Agostinho). A adoração do Deus três vezes santo e soberanamente amável enche-nos de humildade e dá segurança às nossas súplicas.

 

 

(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 2628

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