segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

São Brás, rogai por nós!

 


São Brás, rogai por nós!

Segundo a tradição, São Brás foi um bispo cristão de Sebaste (séc. IV), na Armênia (atualmente na Turquia), durante o império Romano, e sua memória é celebrada no dia 03 de fevereiro.

A devoção a ele cresceu ao longo dos séculos na tradição católica, e ele é frequentemente invocado para proteção contra problemas de garganta. Por isso, neste dia, muitos vão à Igreja em busca da "Bênção de São Brás", a bênção da garganta, para sua proteção e saúde.

São Brás, Bispo e Mártir, segundo a Tradição, morreu martirizado, durante as perseguições aos cristãos ordenadas pelo imperador Licínio.

Conta-se que foi preso e torturado por se recusar a renunciar à sua fé cristã. Em um dos relatos mais comuns, consta que ele foi flagelado com pentes de ferro (um tipo de tortura cruel) e, por fim decapitado.

Em uma das histórias, narra-se que, durante sua prisão, enquanto era levado para a execução, curou um menino que estava sufocando devido a uma espinha de peixe presa na garganta. Daí decorre a associação ao seu cuidado das doenças da garganta.

Recebamos a bênção tão necessária, mas também roguemos a Deus para que tenhamos a serenidade, coragem e amor pela Igreja, assim como o fez São Brás no testemunho de sua fé.

Roguemos a Deus, para que em todo o tempo, jamais vacilemos na fé, tampouco esmoreçamos na esperança, de tal modo que também não seja apagada a chama da caridade em nosso coração.

Supliquemos a Deus a força necessária para a resistência nas tentações, paciência nas tribulações e sentimento de gratidão na prosperidade.

Apresento Orações apropriadas:

Oremos:

- "Ó glorioso São Brás que restituístes, com uma breve oração, a perfeita saúde de um menino que, por uma espinha de peixe atravessada na garganta, esteve prestes a expirar, obtendo para nós todos, a graça de experimentarmos a eficácia do vosso patrocínio em todos os males da garganta.

 

Conservai a nossa garganta sã e perfeita para que possamos falar corretamente e assim proclamar e cantar os louvores de Deus. Amém!"

- "Senhor, pelos méritos de São Brás, peço-Vos por minha saúde e, especialmente, que me liberteis dos males da garganta.

Rogo-Vos, também, por minha vida espiritual. Liberta-me da preguiça na oração, pois é a única maneira de manter-me sempre unido a Deus. São Brás rogai por nós. Amém.”

Finalmente, a fórmula da bênção mais conhecida e rezada ao celebrar sua Memória:

Por intercessão de São Brás, Bispo e Mártir, livre-te

Deus do mal da garganta e de qualquer outra doença.

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém”.

 

São Brás, rogai por nós!

“Sacrifica-te por minhas ovelhas”

                                                        

“Sacrifica-te por minhas ovelhas”

Ao Celebrar a Memória de São Brás, Bispo e Mártir (séc. IV), a Liturgia das Horas nos apresenta um dos Sermões do Bispo Santo Agostinho (Séc. V), em que nos convida a refletir sobre o zelo pastoral no cuidado do rebanho pelo Senhor confiado.

O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a Sua vida como resgate em favor de muitos (Mt 20,28). Eis como o Senhor Se fez servo, eis como nos ensinou a servir. Deu a Sua vida como resgate em favor de muitos: Ele nos remiu.

Quem dentre nós tem condições para redimir alguém? Foi pelo sangue de Cristo que fomos redimidos, foi pela Sua morte que fomos resgatados da morte; estávamos caídos, e, pela sua humildade, fomos reerguidos da nossa prostração. Mas devemos também contribuir com nossa pequena parte para ajudar os Seus membros, pois nos tornamos membros d’Ele: Ele é a cabeça e nós somos o corpo.

Aliás, o apóstolo João nos exorta, em sua carta, a seguirmos o exemplo do Senhor que disse: Quem quiser tornar-se grande, torne-se vosso servidor, pois o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a Sua vida como resgate em favor de muitos (Mt 20,27.28). O mencionado apóstolo nos exorta, por isso, a imitar o exemplo do Salvador com estas palavras: Jesus deu a Sua vida por nós. Portanto, também nós devemos dar a vida pelos irmãos (1Jo 3,16).

O próprio Senhor, falando depois da ressurreição, perguntou: Pedro, tu me amas? Ele respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que Te amo. Por três vezes o Senhor fez a mesma pergunta e por três vezes Pedro deu idêntica resposta. Em todas as três vezes, o Senhor acrescentou: Apascenta as minhas ovelhas (Jo 21,15s).

Como podes mostrar que me amas, a não ser apascentando as minhas ovelhas? O que podes me dar com teu amor, se recebes tudo de mim? Portanto, se tu me amas, eis o que tens de fazer: Apascenta as minhas ovelhas.

Uma vez, duas, três vezes: Tu me amasAmoApascenta as minhas ovelhas. Três vezes o negara por medo. Então o Senhor logo lhe disse: Quando eras jovem, tu te cingias e ias para onde querias. Quando fores velho, estenderás as mãos e outro te cingirá e te levará para onde não queres ir. Jesus disse isso, significando com que morte Pedro iria glorificar a Deus (Jo 21,18-19). Anunciou-lhe Sua Cruz, predisse-lhe Sua paixão.

Prosseguindo, o Senhor lhe disse: Apascenta as minhas ovelhas. Sacrifica-te por minhas ovelhas”.

Retomemos as palavras finais do Sermão: “Apascenta minhas ovelhas. Sacrifica-te por minhas ovelhas”.

Assim deve ser a vida de todos aqueles que responderam ao chamado de Deus para trabalhar na Sua messe.

Cuidar do rebanho que nos foi confiado exige de todos, sobretudo daqueles que receberam o Sacramento da Ordem, um amor incondicional como assim fizeram o Apóstolo Pedro, Paulo, São Brás e tantos outros que possam ser mencionados.

Elevemos a Deus súplicas e orações contínuas, por todos aqueles a quem foi confiado o cuidado do rebanho do Senhor, para que correspondam cada vez mais ao que Deus espera.

Somente quem vive a autenticidade do amor está pronto para os sacrifícios pelas suas ovelhas, e tudo fará para que elas sejam conduzidas a verdes pastos e águas cristalinas.

Vós não resististes até o sangue...

                                                                      


Vós não resististes até o sangue...

"O Senhor é a minha força e o meu escudo; n’Ele o meu coração confia, e d’Ele recebo ajuda. Meu coração exulta de alegria, e com o meu cântico lhe darei graças."

(Sl 28,7)

Celebramos dia 03 de fevereiro a memória de um grande Santo da Igreja, São Brás, Bispo e Mártir do século IV, e faz parte da religiosidade popular buscar,  neste dia, a Bênção da garganta.

O vermelho dos paramentos anuncia o martírio, o sangue derramado...

Desde as primeiras Missas que celebrei, “sempre tremi” ao colocar paramentos vermelhos, pois ou lembrava a memória dos mártires, aqueles que deram a vida  pela Igreja ou a força do Espírito Santo.

São Brás é  conhecido como protetor da garganta, pois ao se dirigir para o martírio lhe foi apresentada uma mãe desesperada com seu filho, que estava sufocado por uma espinha de peixe entalada na garganta.

Diante desta situação o Santo em Deus curou milagrosamente a criança.

Interessante que mesmo caminhando para o martírio encontra serenidade e tempo para a solidariedade, para fazer o bem!

Quantas vezes colocamos tantos empecilhos para fazer o bem a alguém.

Mesmo em situação absolutamente adversa, a compaixão tomava conta de São Brás.

Ele foi vítima de morte cruenta: foi pendurado, sua pele esfolada com dentes de  ferro, e finalmente degolado, porém seu amor por Jesus Cristo lhe falou mais forte e mais alto ao coração.

A Epístola aos Hebreus (Hb 12,1-4), muito nos ajuda a refletir sobre a vida deste mártir da Igreja que, a exemplo de Cristo, também derramou seu sangue.

O autor da Epístola nos convida à fidelidade, à perseverança, a não desanimar no caminho do seguimento de Jesus, mantendo nossos olhos fixos Naquele que é o autor e realizador de nossa fé: Jesus!

A alegria que alcança e pela qual Se entrega tem caminho que ultrapassa nosso entendimento, não segue os parâmetros da razão: sofrendo na Cruz testemunha um amor que ama até o fim!

Nisto consiste o verdadeiro amor e causa da verdadeira alegria que o mundo não pode oferecer...

Exorta-nos a não nos deixarmos fatigar pelo desânimo: “Vós ainda não resististes até o sangue em vosso combate contra o pecado!".

Devoção aos santos, antes de tudo, é imitar suas virtudes na fidelidade ao Senhor, pois Ele é O Caminho, A Verdade e A Vida, o único capaz de nos Salvar.

Deste modo, peçamos a Deus a luz da verdadeira ciência para não nos desviarmos do caminho do bem e do amor, pois "… Somente o Espírito Santo tem o poder de purificar nossa mente… É necessário, portanto, alegrar em tudo o Espírito Santo pela paz da alma, mantendo em nós sempre acesa a lâmpada da ciência.

Quando ela não cessa de brilhar no íntimo da mente, conhece-se os ataques cruéis e tenebrosos dos demônios, o que mais ainda os enfraquece sendo eles manifestados por aquela santa e gloriosa luz” (Diádoco de  Foticeia, Bispo – séc. V).

Não apagaremos o Espírito guardando nosso pensamento de tudo aquilo que nos afasta de Deus, evitando tudo que for maldade, contrário à vontade Divina, evitando que mergulhemos em escuridão insuportável que é a absoluta falta da ciência de Deus.

Apresento duas Orações que podem ser rezadas quando necessário:

- Oremos:

- "Ó glorioso São Brás que restituístes, com uma breve oração, a perfeita saúde de um menino que, por uma espinha de peixe atravessada na garganta, esteve prestes a expirar, obtendo para nós todos, a graça de experimentarmos a eficácia do vosso patrocínio em todos os males da garganta.

Conservai a nossa garganta sã e perfeita para que possamos falar corretamente e assim proclamar e cantar os louvores de Deus. Amém!"

- "Senhor, pelos méritos de São Brás, peço-Vos por minha saúde e, especialmente, que me liberteis dos males da garganta.

Rogo-Vos, também, por minha vida espiritual. Liberta-me da preguiça na oração, pois é a única maneira de manter-me sempre unido a Deus. São Brás rogai por nós. Amém.”

E a fórmula da bênção, finalmente, mais conhecida e rezada no dia em que celebramos sua Memória:

Por intercessão de São Brás, Bispo e Mártir, livre-te
Deus do mal da garganta e qualquer outra enfermidade.
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém”.

E em todo tempo assim também oremos:

“Senhor, dai-nos força para resistir à tentação,
paciência na tribulação e sentimentos de
gratidão na prosperidade”.

A Evangelização: lançar as redes em águas mais profundas

 


A Evangelização: lançar as redes em águas mais profundas
 
“Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14,6)
 
Um Planejamento Pastoral deve ser fruto do trabalho conjunto de muitas mãos, mentes e corações, que possibilita a continuidade da ação evangelizadora.
 
Um valioso instrumento que ajuda a lançar as redes em águas mais profundas (Lc 5,1-11), pois a evangelização prima pela superação da superficialidade e ativismo inconsequente; provoca-nos para respostas comunitárias, sem ações individualizadas, mas inseridas na Pastoral de Conjunto.
 
Precisamos buscar respostas evangélicas para os grandes desafios que enfrentamos na realidade urbana e pós-moderna:
 
- A realidade urbana: desafios e respostas;
- A evangelização da família;
- O resgate da pessoa humana no exercício de sua cidadania;
- O aprimoramento das atitudes de acolhida e fortalecimento dos vínculos de comunhão fraterna;
- O desafio da evangelização da juventude;
- Um projeto missionário que expresse a dimensão missionária de toda a Igreja;
- Presença evangelizadora nas escolas e universidades;
- A necessidade de uma linguagem comum para os Sacramentos;
- Formação bíblica e espiritualidade do agente de pastoral;
- Maior cuidado com os momentos litúrgicos, para que sejam momentos fortes de oração;
- Evangelizar através dos Meios de comunicação social contando com a sóbria utilização dos recursos da inteligência artificial;
- Fortalecimento das pastorais sociais na promoção da dignidade da vida e o cuidado da Casa Comum.
 
Deste modo, é necessário que as vocações cristãs leigas, alimentadas pela Palavra e Eucaristia, atuem em sintonia com padres, Bispo, religiosos e religiosas, em diversas estruturas, organismos e pastorais.
 
Urge que no espírito sinodal, comunhão e participação, e na evangélica opção preferencial pelos pobres, participemos da construção de uma sociedade justa, fraterna e mais solidária, a caminho do Reino definitivo.
 
Tenhamos sempre em mente que o Protagonista da evangelização é o Espírito Santo, de modo que a diversidade de carismas, dons e ministérios devem ser compartilhados, garantia de êxito na evangelização (1 Cor 12-30), na fidelidade a Jesus, o Caminho, a Verdade e a Vida (cf. Jo 14,6), e tão somente assim evangelizaremos e avançaremos para as águas mais profundas.

“Cala-te, sai deste homem!”

                                                     

“Cala-te, sai deste homem!”

 

“De um só homem é lançada a legião e envida a dois mil porcos,
o que nos permite ver que é precioso o que se salva e de pouco valor o que se perde.”


Sejamos enriquecidos pelo Comentário de São Jerônimo, Bispo da Igreja (séc. V), sobre a passagem do Evangelho de São Marcos (Mc 5,1-20) proclamada na quarta segunda-feira do Tempo Comum (ano B)

“E Jesus ameaçou: Cala-te e sai deste homem. A verdade não necessita de testemunho da mentira. Não vim para ser reconhecido pelo teu testemunho, mas para precipitar-te de minha criatura.

Não é belo o louvor na boca do pecador. Não necessito do testemunho daquele ao qual quero atormentar. Cala-te. Teu silêncio seja o meu louvor. Não quero que a tua voz me louve, mas os teus tormentos: tua pena é meu louvor.

Não me é agradável que me louves, mas que se retire. Cala-te e sai deste homem. Como se dissesse: sai de minha casa, o que fazes em minha morada? Eu desejo entrar: Cala-te e sai deste homem.

Deste homem, ou seja, deste animal racional. Sai deste homem: abandona esta morada preparada para mim. O Senhor deseja a sua casa: sai deste homem, deste animal racional.

Sai deste homem, disse também em outro lugar a uma legião de demônios para que saíssem de um homem e entrassem nos porcos.

Vede quão preciosa é a alma humana. Isto contradiz àqueles que creem que nós e os animais temos uma mesma alma e trazemos um mesmo espírito.

De um só homem é lançada a legião e envida a dois mil porcos, o que nos permite ver que é precioso o que se salva e de pouco valor o que se perde.

Sai deste homem e vai-te para os porcos, vai-te para os animais, vai-te para onde queiras, vai-te aos abismos. Abandona ao homem, ou seja, abandona uma propriedade particularmente minha.

Sai deste homem: não quero que tu possuas ao homem; para mim é uma injúria que habites no homem, sendo eu o que habita nele.

Eu assumi o corpo humano, eu habito no homem. Essa carne que possuis é parte de minha carne, portanto, sai deste homem.

E o espírito imundo, agitando-o violentamente... Com estes sinais mostrou sua dor, agitando-o violentamente.

Aquele demônio, ao sair, como não podia causar dano à alma, o fez ao corpo, e, como não podia fazer-se compreender por outro meio, manifesta com sinais corporais que saiu.

E o espírito imundo, agitando-o violentamente... Porque ali estava o espírito impuro que foge do espírito puro. E dando um grito, saiu dele. Com o clamor da voz e a agitação do corpo manifestou que saía.” (1)

Contemplemos a ação libertadora de Jesus, ontem, hoje e sempre em Sua Igreja.

Quão preciosos somos aos olhos de Deus, e nada pode roubar nossa liberdade, tão pouco violar a sacralidade de nossa existência.

Acolhamos com fé a Palavra do Senhor, que nos liberta de toda possessão, e faz luminosos nossos caminhos.

Experimentemos, cotidianamente, a força da Palavra de Deus, e dela nos saciemos incessantemente, renovando nossas forças no bom combate da fé.

 

(1)Lecionário Patrístico Dominical – Editora Vozes – 2013 – pág. 379-380

domingo, 2 de fevereiro de 2025

Sejamos perfeitos e inabaláveis na fé

                                                            

Sejamos perfeitos e inabaláveis na fé

“... notei como sois perfeitos na fé inabalável,
como que, de corpo e alma, presos por cravos à Cruz do
Senhor Jesus Cristo e firmes na caridade pelo Sangue de Cristo...”

Acolhamos esta Carta de Santo Inácio de Antioquia, Bispo e Mártir da Igreja, escrita no primeiro século e dirigida aos Esmirnenses, quando os cristãos começaram sua missão, anunciando por todo o mundo a Boa-Nova da Salvação que nos alcançou o Senhor Jesus.

“Inácio, o Teóforo, à Igreja de Deus Pai e de Jesus Cristo, o dileto, rica de todos os dons da misericórdia, repleta de fé e de caridade, sem que lhe falte qualquer graça, muito amada por Deus, portadora da santidade, à Igreja que está em Esmirna na Ásia, efusivas saudações no Espírito imaculado e no Verbo de Deus.

Rendo glória a Jesus Cristo, Deus, que vos deu tanta sabedoria; pois notei como sois perfeitos na fé inabalável, como que, de corpo e alma, presos por cravos à Cruz do Senhor Jesus Cristo e firmes na caridade pelo Sangue de Cristo, crendo com fé plena e segura que nosso Senhor é em verdade oriundo da estirpe de Davi segundo a carne, Filho de Deus pela vontade e poder de Deus. Crendo de igual modo que verdadeiramente nasceu da Virgem, foi batizado por João para que n’Ele se cumprisse toda a justiça.

Crendo que verdadeiramente, foi, sob Pôncio Pilatos e o tetrarca Herodes, crucificado na carne por nós – a cujo fruto nós pertencemos por Sua bem-aventurada Paixão – a fim de, por Sua Ressurreição, elevar pelos séculos a bandeira que reúne Seus Santos e Seus fiéis, judeus ou gentios, no único corpo de sua Igreja.

Tudo padeceu por nós para alcançarmos a salvação; e padeceu de verdade, como também de verdade Ressuscitou a Si mesmo.

Eu também sei que, depois da Ressurreição, vive em Seu corpo e creio estar Ele ainda agora com Seu corpo. Ao se encontrar com Pedro e seus companheiros, disse-lhes: Pegai, apalpai-me e vede que não sou um espírito incorpóreo. E logo O tocaram e creram, unidos à Sua carne e a Seu Espírito. Por esta razão, desprezaram também a morte e da morte saíram vitoriosos.

Depois da Ressurreição, comeu e bebeu com eles como qualquer ser corporal, embora, espiritualmente, unido ao Pai.

Exorto-vos, portanto, caríssimos, embora bem saiba que pensais do mesmo modo.”

São os primeiros momentos inesquecíveis e fundantes da Igreja e de sua missão de testemunhar, corajosamente, Jesus Vivo e Ressuscitado, Glorioso, para que também passando pela morte, seja alcançada a glória da imortalidade, a vida eterna.

Em poucas linhas, temos condensados o Mistério da Encarnação, Paixão, Morte e Ressurreição de nosso Senhor.

Reflitamos:

- Quem é Jesus para nós?
- Para que Ele nos chama?

- Como mantermos nossa fé inabalável, sobretudo, nos momentos difíceis por que possamos passar?
- Como dar razão de nossa esperança sempre, nos momentos mais adversos na história real em que estejamos inseridos?

- Qual é a nossa adesão a Jesus Cristo e a proposta do Reino que nos chamou e nos enviou a anunciar?
- Sentimo-nos presos nos cravos de nosso Senhor, como Santo Inácio o disse em sua exortação?

Renovemos nossa fidelidade e coragem para vivermos o Batismo, como sacerdotes, profetas e reis, tendo em nós a presença do Espírito Santo, que em nós habita, porque templos Seus o somos. Da mesma forma, renovemos nossa fidelidade no seguimento de Jesus, vivendo os sagrados compromissos batismais na participação da construção do Seu Reino, até que Ele venha gloriosamente, como aclamamos na Santa Missa:

“Anunciamos Senhor a Vossa morte,
e proclamamos a Vossa Ressurreição, vinde Senhor Jesus”.

“Os profetas se tornaram nossos olhos”

                                                             

“Os profetas se tornaram nossos olhos”

Em seu Tratado sobre o fim dos tempos, o Bispo Santo Hipólito de Roma (séc. III) nos fala sobre a vocação e a missão dos Profetas.

“Os profetas se tornaram nossos olhos porque previram na fé o Mistério do Verbo. De fato, anunciam a sua posteridade as coisas futuras; a nós, porém, não somente nos anunciaram o que já tinha acontecido – como se tivessem sido profetas somente em função de uma só geração -, mas também nos anunciaram coisas que ainda aconteceriam em benefício de todos. Na verdade, devia ser chamado profeta quem realmente era profeta.

Todos estes homens, fortalecidos com o espírito de profecia e dignamente honrados pela própria Palavra de Deus, alguns deles unidos como as cordas da cítara tocada pela inspiração, nos anunciavam o que Deus queria. Pois não profetizaram nada por impulso próprio, com o propósito de enganar-te.

Nem pregavam o que queriam, mas, primeiramente e mediante a palavra, chegavam a uma reta inteligência, e depois, através de visões, eram ensinados a serem melhores. Desta forma, recebiam o mandato, expressavam corretamente a revelação que Deus fazia somente a eles. De outra forma, como poderiam profetizar como profetas?

O que previam do futuro sob o impulso do Espírito anunciavam a nós; e certamente não se limitavam a dizer coisas relativas ao passado, coisas que todo mundo podia ver, mas que realmente nos anunciaram o futuro. Por esta razão foram considerados profetas. Também por esta razão, já desde o princípio, os profetas foram chamados ‘previdentes’.

Instruídos por aqueles que dentre eles falaram corretamente, também nós pregamos. E não é que, baseados em nossa própria sabedoria, nos lancemos a divulgar coisas novas, mas as palavras que desde o princípio foram pronunciadas e escritas, nós as recebemos na plenitude dos tempos e as explicamos em benefício daqueles a quem foi dado crer retamente, a fim de que sirvam a ambos de utilidade comum: para aqueles que são atentos lhes manifestemos corretamente as coisas futuras, e para aqueles que escutam as nossas palavras, lhes manifestamos a força das máximas proféticas”. (1)

Também pelo batismo, recebemos a graça de sermos profetas, e com isto também a graça de também nos tornarmos como os profetas bíblicos mencionados pelo Bispo - “Os profetas se tornaram nossos olhos porque previram na fé o Mistério do Verbo”.

Em todo o tempo somos chamados, a exemplo dos profetas, sermos “previdentes”, relendo o presente e passado à luz da fé, a fim de que construamos um futuro marcado em que todos tenhamos vida plena, abundante e feliz, sempre iluminados pela Palavra de Deus, na fidelidade aos Ensinamentos da Igreja.

Hoje e sempre é preciso que sejamos profetas, com olhares de esperança e confiança num novo amanhecer, iluminados pela fé, sobretudo nas situações mais adversas e sombrias.


(1) Lecionário Patrístico Dominical – Editora Vozes – 2013 – p. 630-631

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