Gratidão a Deus por Seu imensurável Amor
Ele quis a mais bela lição de Amor à
humanidade, para sempre nos corações gravar...
Revitalizemos nossa fé com esta reflexão extraída “Das Catequeses” do Bispo São Cirilo de Jerusalém (séc. IV).
“Toda ação de Cristo é glória da Igreja católica. Contudo, a glória das glórias é a Cruz. Paulo, muito bem instruído, disse: Longe de mim gloriar-me a não ser na Cruz de Cristo.
Foi uma coisa digna de admiração que Ele tenha recuperado a vista àquele cego de nascença em Siloé. Mas o que é isto em vista dos cegos do mundo inteiro?
Foi estupendo e acima das forças da natureza ressuscitar Lázaro após quatro dias de morto. Mas a um só foi dada essa graça; e os outros todos, em toda a terra, mortos pelo pecado?
Foi maravilhoso alimentar com cinco pães, qual fonte, a cinco mil homens. Mas e aqueles que em toda a parte sofrem a fome da ignorância?
Foi magnífico libertar a mulher ligada há dezoito anos por Satanás; mas que é isto se considerarmos a todos nós, presos pelas cadeias de nossos pecados?
Pois bem; a glória da Cruz encheu de luz os que estavam cegos pela ignorância, libertou os cativos do pecado, remiu o universo inteiro.
Não nos envergonhemos da Cruz do Salvador. Muito pelo contrário, dela tiremos glória. Pois a palavra da Cruz é escândalo para os judeus e loucura para os gentios, para nós, no entanto, é salvação. Para aqueles que se perdem é loucura; para nós, que fomos salvos, é força de Deus. Não era um simples homem quem por nós morria; era o Filho de Deus feito Homem.
Outrora o cordeiro, morto segundo a instituição mosaica, afastava para longe o devastador. Porém, o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo, não poderá muito mais libertar dos pecados? O sangue de um cordeiro irracional manifestava a salvação. Sendo assim, não trará muito maior salvação o Sangue do Unigênito?
O Cordeiro não entregou a vida coagido, nem foi imolado à força, mas por Sua plena vontade.
Ouve o que Ele disse: Tenho o poder de entregar minha vida; e tenho o poder de retomá-la. Chegou, portanto, com toda a liberdade à Paixão, alegre com a excelente obra, jubiloso pela coroa, felicitando-Se com a salvação do homem. Não se envergonhou da Cruz, pois trazia a salvação para o mundo. Não era um homem qualquer Aquele que padecia, era o Deus encarnado a combater pelo prêmio da obediência.
Por conseguinte, não te seja a Cruz um gozo apenas em tempo de paz. Também em tempo de perseguição guarda a mesma fidelidade, não aconteça seres tu amigo de Jesus durante a paz e inimigo durante a guerra. Agora recebes a remissão dos pecados e és enriquecido com os generosos dons espirituais de Teu Rei. Rebentando a guerra, luta por Ele valorosamente.
Jesus foi crucificado em teu favor, Ele não tinha pecado. Tu, por tua vez, não te deixarás crucificar por Aquele que em teu benefício foi pregado na Cruz? Não estarás fazendo nenhum favor porque primeiro recebeste. Entretanto, mostras tua gratidão pagando a dívida a quem por ti foi crucificado no Gólgota.”
Não nos envergonhemos da Cruz de Nosso Senhor, mas façamos dela um gozo, mesmo em tempo de perseguição, dificuldades, incompreensões, possíveis na vida de todo aquele que se põe a caminho com Ele.
Em nenhum momento o Senhor nos prometeu facilidades, até mesmo acenou para os inevitáveis perigos deste caminho, mas assegurou Sua terna e amável e segura presença. Nosso medo se diluiu diante de Sua força e presença: “Coragem, não tenhais medo!”
Expressemos, continuamente, nossa gratidão a Deus por tão imenso e incompreensível Amor consumado na Cruz, sem que o mereçamos, mas indubitavelmente a prova maior do Amor de Deus por nós.
Ainda que nada precisasse provar, Ele quis a mais bela lição de Amor à humanidade, para sempre nos corações gravar; amor tão imenso ao próximo também vivido, reconciliado, mundo novo, relações fraternas realizar.
Gloriemo-nos na Cruz de Cristo como fez o Apóstolo Paulo e tantos outros ao longo de mais de dois milênios de história do cristianismo.
Façamos da Cruz de Cristo um instrumento de salvação; Cruz assumida quotidianamente, sempre precedida de renúncias necessárias, desapegos de si e de todos os bens pelo Bem Maior: Deus Uno e Trino, em plena comunhão de amor, vida, alegria e paz. Amém.