domingo, 6 de abril de 2025

“Mortos para o pecado, vivos para Deus” (VDTQC)

                                                       

“Mortos para o pecado, vivos para Deus”

Acolhamos parte do Tratado sobre o Evangelho de São João, escrito pelo Bispo e Doutor da Igreja, Santo Agostinho (séc. V). Ele reflete a conhecida passagem da "mulher pecadora surpreendida em adultério” (Jo 8,1-11).

“Só aquela mulher, e retirando-se todos, o Senhor levantou os Seus olhos e os fixou nela. Já ouvimos a voz da justiça; ouçamos agora também a voz da mansidão.

Quão apavorada deve ter ficado aquela mulher quando ouviu o Senhor dizer: ‘Quem de vocês está sem pecado, que atire a primeira pedra!’

Mas eles se olhavam a si mesmos e, com sua fuga, confessaram-se réus, deixam aquela mulher sozinha com o seu grande pecado na presença d’Aquele que não tinha pecado. E como ela o ouviu dizer: ‘Aquele que está sem pecado, que atire a primeira pedra’, temia ser castigada por Aquele no qual não pode encontrar-se pecado algum.

Contudo, o que tinha afastado de si aos seus inimigos com as Palavras de justiça, fixa nela os olhos da misericórdia e lhe pergunta: ‘Ninguém te condenou?’ Contesta ela: ‘Ninguém, Senhor’. E Ele: ‘Eu também não te condeno’; eu mesmo, que quem talvez temeste ser castigada porque não encontraste em mim pecado algum. ‘Eu Também não te condeno’.

Senhor, o que é isto? Tu favoreces aos pecados? É claro que não é assim. Observa o que segue: ‘Vai, e não tornes a pecar’. O Senhor imediatamente deu sentença de condenação, mas contra o pecado, não contra o homem. Pois, se Ele fosse favorecedor dos pecados, lhe teria dito: Nem Eu te condeno, vai e vive as tuas liberdades; podes estar bem segura de minha absolvição; eu mesmo, peques o que pecares, te livrarei de todas as penas, mesmo as do inferno e de seus verdugos. Não foi esta a Sua sentença.

Não se fixem nisto aqueles que amam no Senhor a mansidão e temam a justiça; porque doce e reto é o Senhor. Tu O amas porque é doce; teme-O também porque é reto... Manso, magnânimo e misericordioso é o Senhor, mas também é o Senhor justo e veraz.

Ele te dá tempo para a correção; porém tu amas mais a dilação do que a emenda. Foste mau ontem? Sê bom hoje. Passaste o dia de hoje em pecado? Não sigas assim amanhã.

Tu sempre esperando e se prometendo muitíssimo da misericórdia de Deus, como se Aquele que te promete o perdão se te arrependes, te houvesse prometido também vida mais longa...” (1)

Retomemos parte do Tratado:

“O Senhor imediatamente deu sentença de condenação, mas contra o pecado, não contra o homem”.

Contemplemos a misericórdia divina, que, nos acolhe como somos, nos perdoa, para que sejamos melhores, que nos corrijamos, nos aperfeiçoemos...

Jamais podemos confundir misericórdia divina como conivência ou consentimento para que pequemos. A misericórdia é, na exata medida, a destruição do pecado, que nos rouba a pureza de coração, para que assim a recuperemos, e tenhamos do Senhor os mesmos pensamentos e sentimentos.

É sempre tempo de nos abrimos à misericórdia divina, sempre pronta a nos acolher e a nos perdoar, mas também é sempre tempo de vivê-la em relação ao nosso próximo, a fim de que sejamos “misericordiosos como o Pai” (cf. Lc 6,36).

A misericórdia divina é para que vivamos mortos para o pecado e vivos para Deus, como nos falou o Apóstolo Paulo (Rm 6,11).


(1) Lecionário Patrístico Dominical - Editora Vozes - pp. 574-575

Em poucas palavras... (VDTQC)

 


 

“Deus, que nos criou sem nós...”


“«Deus, que nos criou sem nós, não quis salvar-nos sem nós» (Santo Agostinho). 

O acolhimento da sua misericórdia exige de nós a confissão das nossas faltas. 

«Se dizemos que não temos pecado, enganamo-nos, e a verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e para nos purificar de toda a maldade» (1 Jo 1,8-9)." (1)

 

 

(1) Catecismo da Igreja Católica - parágrafo  n. 1847

Em poucas palavras... (VDTQC)

 


“Cremos na Ressurreição da carne”

“Nós cremos e esperamos firmemente que, tal como Cristo ressuscitou verdadeiramente dos mortos e vive para sempre, assim também os justos, depois da morte, viverão para sempre com Cristo ressuscitado, e que Ele os ressuscitará no último dia (Jo 6,39-40). Tal como a d'Ele, também a nossa ressurreição será obra da Santíssima Trindade:

«Se o Espírito d'Aquele que ressuscitou Jesus de entre os mortos habita em vós, Ele, que ressuscitou Cristo Jesus de entre os mortos, também dará vida aos vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que habita em vós» (cf. Rm 8, 11; 1 Ts 4,14; 1 Cor 6,14; 2 Cor 4,14; Fl 3,10-11).

 

 

(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo 989

Peregrinos da esperança iluminados pelas atitudes de Maria

 


 

Peregrinos da esperança iluminados pelas atitudes de Maria
 
Na visitação do Arcanjo Gabriel, Maria dá o seu “sim” para a encarnação do Verbo:  Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a Tua Palavra!” (Lc 1,38).
 
Não foi uma resposta fácil, pois como vemos nos versículos anteriores, no diálogo com o Arcanjo, teve que superar natural perturbação ou medo da missão que Deus a ela tinha reservado: em seu ventre duas naturezas se encontrariam, a divina e a humana.
 
De fato, em suas entranhas um encontro se daria: da imensidão de Deus com a fragilidade; da pequenez de uma humana criatura, Jesus, verdadeiramente homem e Deus.
 
O primeiro mistério gozoso nos convida a contemplar as atitudes de Maria diante de Deus e Seus Mistérios:
 
- Maria é modelo de Fé e confiança, e acreditou que para Deus nada é impossível;
- Entregou-se nas mãos de Deus com total disponibilidade, com seu “Fiat”, abrindo o caminho para  a Encarnação do Verbo e a nossa Salvação;
- Abertura e obediência total à vontade divina, ainda que ultrapasse sua compreensão.
 
Vemos que "A obediência de fé" vivida por Maria, ao receber a mensagem do anjo, e sua resposta, revela total confiança e submissão à vontade de Deus; e esta atitude de Maria refletirá a obediência de Jesus, que também se submete à vontade do Pai em sua missão redentora.
 
Concluindo, peregrinos da esperança que somos, seja a nossa devoção a Nossa Senhora fecunda, acompanhada pelas mesmas atitudes, para não incorrermos em estéril devoção.
 

“Salve Rainha, Mãe de Misericórdia...”

Em poucas palavras... (VDTQC)

 

 


Jesus e Sua conduta misericordiosa

“Jesus escandalizou, sobretudo, por ter identificado a Sua conduta misericordiosa para com os pecadores com a atitude do próprio Deus a respeito dos mesmos (Mt 9,13; Os 6,6).

Chegou, até, a dar a entender que, sentando-Se à mesa dos pecadores (Lc 15,1-2), os admitia no banquete messiânico (Lc 15,23-32). Mas foi muito particularmente ao perdoar os pecados que Jesus colocou as autoridades religiosas de Israel perante um dilema.

É que, como essas autoridades justamente dizem, apavoradas, «só Deus pode perdoar os pecados» (Mc 2, 7). Jesus ao perdoar os pecados, ou blasfema por ser um homem que se faz igual a Deus (Jo 5,18; 10,33), ou diz a verdade e a Sua pessoa torna então presente e revela o nome de Deus (Jo 17,6.26).” (1)

 

(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 589

 

No vale escuro da vida, a Luz do Senhor reluzir (VDTQC)

                                                

No vale escuro da vida, a Luz do Senhor reluzir

Senhor, vivendo intensamente este Tempo Quaresmal,
Tempo favorável de conversão e reconciliação,
Abro meu coração, com plena disposição,
Para acolher Tua Palavra de Vida Eterna.

Mais que acolher, renovo meu compromisso de fé,
Na fidelidade ao Pai de Amor, como Tu nos ensinaste,
Com a força do Teu Espírito que nos assiste,
Presença que sentimos em todos os momentos.

Viver Tua Palavra em comunhão com os irmãos,
E a vida pautar pelos valores do Teu Evangelho,
E, Tão somente assim, viver uma união mais íntima e profunda,
No mergulho do Amor Trinitário em que vives.

Configurado a Ti, completando em minha carne
O que falta à Tua Paixão, por amor à Tua Igreja,
Da qual Tu és a Cabeça, e nós, o Corpo
Edificado com pedras vivas e escolhidas

Afastai qualquer possibilidade de Ti renegar,
Através dos pensamentos, palavras, ações ou omissões.
E orientado por Ti, jamais tenha um coração vacilante,
Porque por Ti carregado no Coração manso e humilde.

Também inebriado pelo Sangue por nós oferecido
No Cálice Sagrado do Banquete da Eucaristia,
Renove em mim a graça de Te amar, seguir,
E a Tua luz divina, no vale escuro da vida, reluzir.



Fonte inspiradora: Jo 11, 31-42; Jo 8,1-11

Alegria que nasce do amor e do perdão! (VDTQC)

                                                    

Alegria que nasce do amor e do perdão!

Quem de nós não
precisa receber e dar o pero?

Toda experiência de ser amado e perdoado gera uma alegria com gosto de Páscoa. Assim foi com a pecadora adúltera perdoada por Jesus, como nos apresenta a passagem do Evangelho de São João (Jo 8,1-11).

Aprofundemos sobre a desafiadora e necessária experiência do perdão, para que sintamos a alegria que ele nos propicia. 

Assim diz o Comentário do Missal Cotidiano sobre esta passagem do Evangelho: "A adúltera representa os membros da Igreja. Para lá de nossos pecados aceitamos o encontro e o diálogo de fé com Cristo, que deve desaguar no 'não peques mais', não por mera obediência à lei, mas para responder às exigências de uma consciência que encontrou o Amor." (1)

A misericórdia de Deus não condena, não elimina, não julga e não mata. A lógica divina é sempre a possibilidade de uma nova vida, de um novo recomeço.

Quando Cristo é a nossa riqueza, tudo é lixo (Fl 3,8). Abandona-se a vida do pecado, para um mergulho na vida da graça: “Vá e não peques mais” (Jo 8,11).

O que Cristo escreve no chão de nossa história para que O descubramos como nossa riqueza, e busquemos uma nova vida?

Se formos de má índole precisamos nos corrigir. Se formos acompanhados de pessoas de má índole, devemos nos cercar de pessoas que nos retire da areia movediça de nossos pecados.

Se for toda uma estrutura que gera situações de pecados, todos devemos nos empenhar na transformação desta.

Nossa vida parece, às vezes, um deserto árido, mas Deus que é fonte de Água Viva, por Seu amor, faz surgir um rio de água viva em pleno deserto de nossa existência, a partir da experiência mais edificante que consiste em amar e ser amado.

A lógica de Deus não é a mesma lógica da sociedade. Deus reeduca, a sociedade elimina. Diante da atitude de exclusão o Amor divino propõe a inclusão de quem pecou.

A lógica do Amor de Deus nos faz perceber nossos telhados de vidros:

“Atire a primeira pedra quem não tiver pecado algum” (Jo 8,7).

A lógica humana é simplista: errou, pagou! A lógica de Deus é infinitamente superior e criativa e nos desafia a mesma criatividade: Errou, dê conta do erro e não peque mais! Entre num caminho comunitário de conversão e compromisso com o próximo.

O amor liberta, renova e gera uma nova vida. A pecadora adúltera somos nós, a Igreja, frágeis, pequenos, que suplicamos a Deus a Sua misericórdia.

A Igreja deve sempre ser no mundo sinal de quem experimentou a ternura de Deus e descobriu na prática da ternura de Jesus o que existe de mais humano em Deus e o que há de divino no homem.

Jesus nos faz um forte convite: desarmarmo-nos de nossas pedras e nos armarmos com a arma do cristão que é o amor.

Quais são as pedras que devemos depor?
Quais são as pedras que atiramos com nossas línguas, gestos no dia a dia?

Somente a partir da experiência de ser acolhido, amado e perdoado que poderemos fazer o mesmo.

Prenúncio de uma nova realidade!
Serão os sinais visíveis da Vinda do Senhor em nossa vida. Sinais para aqueles que se nutriram do horizonte do amor que é verdadeiramente infinito, inaugurado e realizado por Cristo Jesus, celebrado em cada Banquete Eucarístico, até que Ele venha! Amém!


PS: Missal Cotidiano - Editora Paulus - p. 293.

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