segunda-feira, 30 de junho de 2025

Exemplos de coragem e fidelidade ao Senhor

                                                        

Exemplos de coragem e fidelidade ao Senhor

Celebramos no dia 30 de junho a Memória dos Santos Protomártires da Igreja de Roma, como veremos na Carta do Papa São Clemente I aos Coríntios (séc. I):

“Deixemos de lado os exemplos dos antigos e falemos de nossos atletas mais recentes. Apresentemos os generosos exemplos de nosso tempo.

Vítimas do fanatismo e da inveja, aqueles que eram as maiores e mais santas colunas da Igreja, sofreram perseguição e lutaram até a morte.

Tenhamos diante dos olhos os bons apóstolos. Por causa de um fanatismo iníquo, Pedro teve de suportar duros tormentos, não uma ou duas vezes, mas muitas; e depois de sofrer o martírio, passou para o lugar que merecia na glória. Por invejas e rivalidades, Paulo obteve o prêmio da paciência: sete vezes foi lançado na prisão, foi exilado e apedrejado, tornou-se pregoeiro da Palavra no Oriente e no Ocidente, alcançando assim uma notável reputação por causa da sua fé. Depois de ensinar ao mundo inteiro o caminho da justiça e de chegar até os confins do Ocidente, sofreu o martírio que lhe infligiram as autoridades. Partiu, pois, deste mundo para o lugar santo, deixando-nos um perfeito exemplo de paciência.

A estes homens, mestres de vida santa, juntou-se uma grande multidão de eleitos que, vítimas de um ódio iníquo sofreram muitos suplícios e tormentos, tornando-se, desta forma, para nós um magnífico exemplo de fidelidade. Vítimas do mesmo ódio, mulheres foram perseguidas, como Danaides e Dirceia. Suportando graves e terríveis torturas, correram até o fim a difícil corrida da fé e mesmo sendo fracas de corpo, receberam o nobre prêmio da vitória.

O fanatismo dos perseguidores separou as esposas dos maridos, alterando o que disse nosso pai Adão: ‘É osso dos meus ossos e carne de minha carne’ (cf. Gn 2,23). Rivalidades e rixas destruíram grandes cidades e fizeram desaparecer povos numerosos.

Escrevemos isto, não apenas para vos recordar os deveres que tendes, mas também para nos alertarmos a nós próprios. Pois nos encontramos na mesma arena e combatemos o mesmo combate. Deixemos as preocupações inúteis e os vãos cuidados, e voltemo-nos para a gloriosa e venerável regra da nossa tradição.

Consideramos o que é belo, o que é bom, o que é agradável ao nosso Criador. Fixemos atentamente o olhar no Sangue de Cristo e compreendamos quanto é precioso aos olhos de Deus, Seu Pai, esse Sangue que, derramado para nossa salvação, ofereceu ao mundo inteiro a graça da penitência.” (1)

Muitos cristãos foram martirizados com terríveis tormentos, como vimos na Carta do Papa e também no testemunho dado pelo escritor pagão, Tácito.

Foram vítimas da primeira perseguição desencadeada pelo Imperador Nero, depois do incêndio da cidade de Roma no ano 64.

Como o Papa disse: “vítimas de um ódio iníquo sofreram muitos suplícios e tormentos, tornando-se, desta forma, para nós um magnífico exemplo de fidelidade”.

Os tempos hoje são outros, mas as provações, dificuldades, cansaços, desilusões também têm suas marcas e desafiam o testemunho de nossa fé, sem jamais deixarmos de dar a razão de nossa esperança, na prática incansável e frutuosa da caridade.

Quando fazemos memória dos Apóstolos, Pedro e Paulo e tantos que deram a vida por causa de Jesus e do Evangelho, reavivamos a chama do Espírito que em nosso peito habita.

Não podemos jamais vacilar na fé, esmorecer na esperança e esfriar na caridade, como nos ensina a Igreja. Professemos nossa fé com palavras e obras, porque tão somente assim para Deus se torna agradável.


(1) Liturgia das horas – Vol. III - pp.1401-1402

Em poucas palavras...

                                                      


“O caminho desta perfeição passa pela cruz...”

“O caminho desta perfeição passa pela cruz. Não há santidade sem renúncia e combate espiritual (2 Tm 4). O progresso espiritual implica a ascese e a mortificação, que conduzem gradualmente a viver na paz e na alegria das Bem-Aventuranças: 

«Aquele que sobe, nunca mais para de ir de princípio em princípio, por princípios que não têm fim. Aquele que sobe nunca mais deixa de desejar aquilo que já conhece» (São Gregório de Nissa).” (1)

 

(1)        Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n.2015

Em poucas palavras...


 

“Maranatha”

“Esta petição é o «Maranatha», o clamor do Espírito e da esposa: «Vem, Senhor Jesus!»:

«Mesmo que esta oração não nos tivesse imposto o dever de pedir a vinda deste Reino, teríamos espontaneamente soltado este grito, com pressa de irmos abraçar o objeto das nossas esperanças. 

As almas dos mártires, sob o altar de Deus, invocam o Senhor com grandes gritos: "Até quando, Senhor, até quando tardarás em pedir contas do nosso sangue aos habitantes da terra?" (Ap 6, 10). 

Eles devem, com efeito, alcançar justiça, no fim dos tempos. Apressa, portanto, Senhor, a vinda do Teu Reino!» (Tertuliano).” (1)

 

(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 2817

domingo, 29 de junho de 2025

Pedro e Paulo: as Colunas Mestras da Igreja


 

Pedro e Paulo: as Colunas Mestras da Igreja
 
Dia 29 de junho a Igreja celebra, numa só Festa, duas colunas mestras da Igreja: São Pedro e São Paulo (quando cai no dia da semana, no Brasil, transfere-se para o domingo seguinte).
 
Assim falou Santo Agostinho, no século V, sobre eles: “O martírio dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo consagrou para nós este dia... Estes mártires viram o que pregaram, seguiram a justiça, proclamaram a verdade, morreram pela verdade... Num só dia celebramos o martírio dos dois Apóstolos.
 
Na realidade, os dois eram como um só. Embora tenham sido martirizados em dias diferentes, deram o mesmo testemunho. Pedro foi à frente; Paulo o seguiu. Celebramos o dia festivo consagrado para nós pelo sangue dos Apóstolos.
 
Amemos a fé, a vida, os trabalhos, os sofrimentos, os testemunhos e as pregações dos dois Apóstolos”.
 
A complementaridade dos dois ”carismas” continua atual: Pedro, a responsabilidade institucional; Paulo, a criatividade missionária.
 
Quando falamos de Pedro, nos lembramos da instituição e o exercício do poder; da responsabilidade, hierarquia; e quando falamos de Paulo, nos lembramos da pregação, do carisma, missão, evangelização, fundação de novas comunidades.
 
Deste modo, elevemos a Deus orações pelo nosso querido Papa Leão XIV, que continua a missão a Pedro confiada pelo Senhor, pois assim nos ensina o Catecismo da Igreja Católica (n. 882):
 
“O Papa, Bispo de Roma e sucessor de São Pedro é princípio perpétuo e visível, e fundamento da unidade que liga, entre si, todos os bispos com a multidão dos fiéis”.
 
Que o Espírito de Deus o conduza e ilumine, pois, como Vigário de Cristo e Pastor de toda a Igreja, o Pontífice Romano tem sobre a mesma Igreja um poder pleno, supremo e universal; que pode exercê-lo livremente.
 

Em poucas palavras...

                                                        


“O Papa, Bispo de Roma e sucessor de São Pedro...”

“O Papa, Bispo de Roma e sucessor de São Pedro, é o perpétuo e visível princípio e fundamento da unidade, quer dos Bispos, quer da multidão dos fiéis'. 'Com efeito, o Pontífice Romano, em virtude de seu múnus de Vigário de Cristo e Pastor de toda a Igreja, possui na Igreja poder pleno, supremo e universal. E ele pode exercer sempre livremente este seu poder’”.  (1)

 

(1)Catecismo da Igreja Católica – n.882

O testemunho de Paulo e o Louvor ao Senhor

 


O testemunho de Paulo e o Louvor ao Senhor

“- Louvor a vós, Senhor Jesus, que falais a nós no rosto de Paulo e nos pedis que vos  sigamos incondicionalmente como ele vos seguiu!

- Louvor a vós, Cristo, que procurais cada homem, que viestes a mim nos lugares de minha vida, como entrastes na vida de Paulo no caminho de Damasco!

- Louvor a vós, que nos alcançais em nossas estradas, nos tomais convosco e nos enviais para sermos vossas testemunhas, a tempo e fora do tempo, para todo o ser humano, até os extremos confins da terra!

Na comunhão dos Santos, confiamo-nos, pois, à intercessão e à ajuda do Apóstolo das gentes:

- Roga por nós, Paulo, para que possamos viver contigo o encontro com Cristo, que muda o coração e a vida.

- Ajuda-nos a esvaziar-nos de nós para encher-nos dele, a fim de que, tornados fortes por seu Espírito, sejamos capazes de crer, de esperar e de amar além de qualquer prova ou medida de cansaço.

- Obtém-nos que nos tornemos sempre mais testemunhas humildes e enamoradas daquele que é a esperança do mundo, em comunhão com toda a Igreja, a serviço de todas as criaturas.

Cristo Jesus seja para nós a verdadeira vida, a alegria plena, a fonte de um amor sempre novo, a luz sem ocaso, no tempo e pela eternidade. Amém. Aleluia!” (1)

 

(1) Caminhando na fé – Bruno Forte – Arcebispo Metropolitano de Chieti-Vasto - Retiro espiritual dos Bispos – CNBB – Aparecida – de 3 a 4 de maio de 2014

Anéis de uma mesma corrente

                      




Anéis de uma mesma corrente

Celebrando a Solenidade de São Pedro e São Paulo, renovaremos a alegria de nossa pertença à Igreja, pela graça do Batismo, como pedras vivas que somos, como bem escreveu o Apóstolo Pedro:

“Do mesmo modo, também vós, como pedras vivas, constituí-vos em um edifício espiritual, dedicai-vos a um sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais aceitáveis a Deus por Jesus Cristo” (1 Pd 2,5).

O Apóstolo Paulo também assim escreveu:

“Portanto, já não sois estrangeiros e adventícios, mas concidadãos dos Santos e membros da família de Deus. Estais edificados sobre o fundamento dos Apóstolos e dos Profetas, do qual Cristo Jesus a Pedra angular. N’Ele bem articulado, todo o edifício se ergue como santuário santo, no Senhor, e vós, também, n’Ele sois coedificados para serdes habitação de Deus, no Espírito” ( Ef 2,19-22).

Deste modo, podemos afirmar que “São Pedro e São Paulo são os últimos dois anéis de uma corrente que nos une ao próprio Cristo.

Em certo sentido, nossa comunhão com Jesus passa através deles. Nós celebramos, por isso, a festa dos ‘fundadores’ de nossa fé, dos antepassados do povo cristão.” (1).

Assim como São Pedro e São Paulo, continuemos a missão de Jesus, tão expressivamente como eles o fizeram, chegando ao ápice do martírio, culminando com o derramamento do sangue, em plena fidelidade a quem os chamou, Jesus Cristo, morto e Ressuscitado, Aquele que agora vive e reina em todo o Universo e em todos os povos.

Eles, colunas mestras da Igreja; nós, pedras vivas amadas e escolhidas por Deus neste edifício espiritual, em que Cristo é a Pedra angular.

Eles, os dois últimos anéis da corrente, nós, humildes anéis que, se não unidos a eles e a Cristo, sucumbimos diante das dificuldades e na fidelidade do carregar da cruz, não alcançando a graça da contemplação da face divina, um dia, na glória da eternidade, após termos vivido o bom combate da fé.

Digamos para nós mesmos: como é bom ser um anel, um simples anel nesta corrente inquebrável, indestrutível, que começamos a fazer parte no momento de nosso Batismo.


(1) O Verbo Se faz Carne – Raniero Cantalamessa - Editora Ave Maria -  2012 - p. 837.

Apóstolos Pedro e Paulo: Colunas da Igreja

                                              



Apóstolos Pedro e Paulo: Colunas da Igreja 

Sem paixão não há discipulado

As palavras do Papa Bento XVI, no discurso inaugural da Conferência de Aparecida (2007), ecoam no coração de todo Presbítero e do Povo de Deus:
 
“O discípulo, fundamentado na rocha da Palavra de Deus, sente-se impulsionado a levar a Boa Nova da Salvação a seus irmãos. Discipulado e missão são como os dois lados de uma mesma moeda: quando o discípulo está enamorado de Cristo, não pode deixar de anunciar ao mundo que só Ele Salva (At 4,12). Com o efeito, o discípulo sabe que sem Cristo não há luz, não há esperança, não há amor, não há futuro”.
 
Sem paixão não há discipulado, apostolado, missão, evangelização… Enamorar-se por Cristo é assumir um compromisso irrenunciável com a Boa Nova do Reino por Ele inaugurado.
 
Assim como a morte de Cristo foi um ato extremo de Amor, Seus fiéis seguidores trilharam o mesmo caminho.
 
Enamorados por Cristo, Sacerdote e comunidade, devem cultivar profunda amizade pessoal com Ele, compartilhando os Seus sofrimentos (Fl 2,1-11).
 
Em todo o tempo somos exortados a reler as página da história da nossa Igreja, o testemunho daqueles que professaram a fé em Cristo. 
 
 
Trazemos à memória a maravilhosa declaração de amor do Apóstolo Pedro ao próprio Senhor: “Simão, filho de Jonas, tu me amas mais do que estes?” - “Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que Te amo”. Somente após a confirmação do amor é que o Senhor lhe confiou o cuidado do rebanho – “Apascenta minhas ovelhas” (Jo 21,4-23).
 
O Apóstolo Paulo nos dá inúmeras provas de amor por Cristo. Uma das mais expressivas encontramos em Gálatas –“Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim. Minha vida presente na carne , vivo-a pela fé no Filho de Deus que me amou e Se entregou a Si mesmo por mim” (Gl 2,20). Para o Apóstolo viver é Cristo e o morrer é lucro (Fl 1,21).
 
Mais adiante declara: “Mas o que era para mim lucro, tive-o como perda, por amor de Cristo. Mais ainda: tudo considero perda, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor. Por Ele, perdi tudo e tudo tenho como esterco, para ganhar a Cristo e ser achado n’Ele…” (Fl 3,7-16).
 
Quando da Solenidade de São Pedro e São Paulo, em um dos seus Sermões,  assim nos falou Santo Agostinho (séc. V):
 
“O martírio dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo consagrou para nós este dia (…) Estes mártires viram o que pregaram, seguiram a justiça, proclamaram a verdade, morreram pela verdade (…)
 
Num só dia celebramos o martírio dos dois apóstolos. Na realidade, os dois eram como um só. Embora tinham sido martirizados em dias diferentes, deram o mesmo testemunho. Pedro foi à frente; Paulo o seguiu.
Celebramos o dia festivo consagrado para nós pelo sangue dos apóstolos  (...)
 
Amemos a fé, a vida, os trabalhos, os sofrimentos, os testemunhos e as pregações destes dois Apóstolos”. 
 
De fato, derramaram o sangue por amor a Jesus e sofreram o Martírio: Pedro pela cruz e Paulo decapitado pela espada.
 
Reflitamos:
 
- Como tem sido nosso discipulado?
- Quanto estamos verdadeiramente enamorados por Cristo, configurados a Ele, com mesmos sentimentos e pensamentos, como nos propõe o Apóstolo Paulo?
 
Concluindo, somente enamorados por Cristo, seduzidos pela Sua Verdade, é que nos colocaremos intrepidamente no caminho, com Ele que é o próprio Caminho, e teremos Vida plenamente.

Pedro e Paulo, o Amor de Cristo os seduziu

                                                   

Pedro e Paulo, o Amor de Cristo os seduziu
 
Celebramos a Solenidade dos Apóstolos Pedro e Paulo, que viveram total fidelidade e testemunho de Jesus Cristo Vivo e Ressuscitado, e chegaram gloriosamente à pátria celeste: Pedro pela cruz e Paulo pela espada.
 
Com a passagem da primeira Leitura (At 12,1-11), refletimos sobre a missão e o testemunho do Apóstolo Pedro, e renovamos a certeza de que Deus cuida daqueles que chamou, ama e envia. 
 
Pedro foi chamado por Jesus Cristo e com Ele conviveu, e do Divino Mestre, recebeu todos os ensinamentos, bem como lhe foram confiadas as chaves do Reino dos Céus para ligar e desligar, para conduzir o rebanho do Senhor.
 
Deste modo, com a passagem, mais que uma descrição histórica, temos uma catequese de como Deus cuida de Sua Igreja, de modo que as portas do inferno não prevalecerão contra ela, como bem foi dito no Evangelho pelo Senhor. É como um selo da autenticidade da missão dos Discípulos Missionários do Senhor.
 
O caminho feito por Pedro, em muito se assemelha ao d’Aquele pelo qual teve o coração seduzido: Jesus Cristo.
 
Bem disse o Senhor – “Bem aventurados sois vós quando vos injuriarem, caluniarem, perseguirem e disserem todo nome por causa de mim. Alegrai-vos e regozijai-vos, porque será grande a vossa recompensa nos céus” (Mt 5,11-12), e ainda: “Não temais pequeno rebanho do meu Pai, porque a vosso Pai agradou dar-vos o Reino” (Lc 12,32).
 
Os discípulos de Jesus devem testemunhar com sinceridade e coragem os valores que acreditam, contra todas as dificuldades, incompreensões, perseguições e calúnias.
 
Também contemplamos uma comunidade solidária e solícita na oração; unida na alegria e na dor; na perseguição e na vitória, e vemos como é  necessária a Oração da comunidade em favor daqueles que dela cuidam, e hoje de modo especial, elevamos orações pelo nosso Papa Leão XIV, sucessor de Pedro.
 
A passagem da segunda Leitura (2Tm 4,5-8;17-18), como que um Testamento de Paulo, um discurso final, uma avaliação de todo seu apostolado, é uma luz que se acende para o encorajamento da comunidade,  e que será muito propício para o reavivamento de seu ardor evangelizador e ânimo pastoral.
 
Paulo não conviveu com o Senhor, mas teve aquele encontro com o Ressuscitado que reorientou todo o seu existir. Não propriamente uma conversão, porque ele era zeloso no cumprimento da Lei Divina, mas aquela experiência a caminho de Damasco transformou todos os seus planos e projetos, tornando-o Doutor das Nações, o grande missionário evangelizador em suas impressionantes viagens missionárias.
 
Ele se apresenta como um “atleta” de Cristo, empenhado no bom combate da fé, suportando o martírio; ora silencioso, ora extremado, culminado em sua morte pela espada.
 
Na passagem, temos o lamento desiludido de um homem cansado, como é próprio da condição humana. Mas tem algo mais: sabe em quem confiou, sabe que Deus jamais o desamparou. Entenda-se lamento desiludido, não como decepção, mas como a extrema confiança da missão que abraçou e se dedicou.
 
Assim pode acontecer conosco, podemos até nos decepcionarmos nos espaços internos da Igreja ou fora dela, mas jamais com Deus. E, por isto, jamais desistir da missão. 
 
Se há algo que nos entristeça, há muitíssimo mais que nos alegra. Mistério da Cruz, Mistério Pascal que deve ser vivido com toda fé, esperança e caridade.
 
Mesmo no cárcere, escrevendo a Timóteo, Paulo encontra palavras de ânimo, de exortação. 
 
Acolhamos estas palavras, sobretudo nos momentos difíceis por que possamos passar, na obscuridade dos fatos, nos quais Deus mais do que nunca Se revela com todo Seu esplendor, com todo Seu amor.
 
Paulo testemunha de quem confia no Senhor, e nunca se sente só, jamais se sente desamparado. Ele mesmo disse aos Filipenses –“Tudo posso n’Aquele que me fortalece” (Fl 4,13).
 
Na passagem do Evangelho (Mt 16,13-19), temos a interrogação de Jesus sobre a Sua identidade. 
 
Não se trata de conferir índice de ibope, mas a compreensão da Sua verdadeira identidade para que configure Seus discípulos a Ele.
 
Que saibam a quem seguem, e a quem vão testemunhar. Respostas superficiais e inconsequentes não agradam o Coração do Senhor. Pedro pela revelação divina dá a verdadeira resposta: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”.
 
Por isto, assim como negara três vezes na paixão e morte do Redentor, por três vezes teve que responder a inquietante interrogação de Nosso Senhor: “Simão, filho de Jonas, tu me amas mais do que estes?”.
 
Como já mencionei, a Pedro são confiadas as chaves. Não para ser guardião nas portas dos céus, mas para conduzir, organizar, orientar o rebanho do Senhor a Ele confiado. Esta é a sua missão. Esta é a missão de nosso Papa Leão XIV, por quem não devemos poupar Orações.
 
Reflitamos:
 
- Qual é o lugar que Jesus ocupa em nossa existência?
- O que os  Apóstolos Pedro e Paulo  tem a nos ensinar?
 
- Por que estamos na Igreja?
- Somos uma comunidade estruturada para amar e servir, como comunidade do Ressuscitado?
 
- Temos consciência da dimensão profética e missionária da Igreja?
- De que modo procuramos entender e rezar pela missão de nosso Papa?


Empenhemos mais intensamente e apaixonadamente no bom combate da fé, com o coração por Jesus mais que seduzido; e também nos empenhemos para alcançar a merecida Coroa da Glória, para os justos reservada.
 
Cremos que as duas colunas alcançaram, e nós como pedras vivas da Igreja pelo Batismo, desejemos e façamos por também merecer e alcançar. 


Pedro e Paulo: Testemunhas apaixonadas pelo Cristo Jesus!

                                                                 

Pedro e Paulo:
Testemunhas apaixonadas pelo Cristo Jesus!

Com a Solenidade dos Apóstolos Pedro e Paulo, celebraremos a vida e o testemunho de duas colunas da Igreja, tão diferentes e tão necessários para levar adiante a Missão de Jesus e proclamar a Boa Nova da Salvação.

Pedro e Paulo: a paixão por Cristo os consumiu!  Que amor por Jesus! Como não imitá-los no seguimento de Jesus?

Ambos estão na glória porque foram devorados pelo Amor: Amaram o Amado, e por Ele foram seduzidos.

Pedro lembra a instituição, Paulo o carisma, a evangelização. Ambos escreveram uma História de conversão, fidelidade da doação e entrega da vida por amor ao Amor que nos amou até o fim. Também eles amaram até as últimas consequências.

A paixão por Cristo os devorou e os levou a entregar a própria vida: Pedro morrendo na cruz, Paulo pela espada...

Ambos derramaram o sangue por amor a Jesus. Que amor, que incrível amor sentiam por Jesus!

Reflitamos:

- Tenho a mesma coragem de Pedro e Paulo?
- A Oração, a união, a solidariedade são fundamentais na missão.

- Como eu as vivo?
- Quem é Jesus para mim?

- Como testemunho verdadeiramente a pessoa de Jesus?
- Por que sou Igreja?

- Eles são colunas, eu sou uma pedra viva na Igreja do Senhor?
- Como Paulo, combato o bom combate da fé com coragem, confiança na presença do Senhor?

Rezemos por toda a Igreja e hoje, sobretudo, pelo nosso Papa Leão XIV:

Que o Senhor lhe conceda sabedoria e amor para conduzir a Igreja de Cristo, e com esta Solenidade nos renove no amor a Igreja, no testemunho de Jesus e também nos ajude a sermos mais fiéis à Doutrina dos Apóstolos, vivendo mais intensamente a partilha, a comunhão fraterna.

As orações multiplicadas sejam nossa força e alargamento de horizontes comprometidos do Reino, sempre nutridos pelo Substancial, Indispensável e Incomparável Alimento: a Eucaristia!

Pedro e Paulo, exemplos para o nosso discipulado

                                                       

Pedro e Paulo, exemplos para o nosso discipulado

Ao celebrar a Solenidade de São Pedro e São Paulo, sejamos iluminados por estas passagens bíblicas: At 25, 13-21; Jo 21, 15-19.

Reflitamos sobre sobre o amor, a fidelidade, a sabedoria e a paz!

Na terceira aparição do Ressuscitado, após a Pesca Milagrosa, em Jesus interroga Pedro por três vezes se ele O ama.

O diálogo de Jesus com Pedro lembra-nos as três vezes que Pedro negou o Senhor. E agora, três vezes afirma o seu amor.

A Misericórdia de Deus jamais deixa de acreditar em nós, apesar de nossas infidelidades, inconstâncias e condição pecadora. Apesar de sermos pecadores e porque somos pecadores, ama-nos para nos reconciliar, renovar, com possibilidade de uma nova vida, novo rumo, novos horizontes:

O Amor:
O amor é essencial e nada é possível quando falta o amor, Princípio e Fundamento da Missão Evangelizadora. Sem amor ao Senhor, amor incondicional, não levaremos adiante tão Divina Missão.

Muito mais do que multiplicação de palavras… Amar é tornar a vida intensa e bela com pequenos gestos, porque ainda que pequenos, por amor, tornam-se grandes!

Amor é entrega… É superação de limites, vivência da palavra dada, compromissos firmados – compromissos cumpridos, configuração ao Amado, de modo que já não é a pessoa que vive, mas é Cristo que nela vive…

O amor que Jesus exige do Apóstolo, implica numa atitude de absoluta fidelidade.

Fidelidade:
Ao Reino; ao Evangelho, à Doutrina. Testemunho, coerência; amadurecimento. A fidelidade pressupõe coragem, renúncias, despojamento, jamais retrocessos…

Sabedoria:
Paulo anunciando o Cristo Ressuscitado é preso, impedido de realizar sua Missão. Apela à sua condição romana para o julgamento, o que possibilitaria a continuidade da Evangelização, a abertura a outros povos…

Evangelizar exige confiança total no Senhor, mas não nos dispensa da ação com Sabedoria.

O Cristão precisa, em cada tempo, salvaguardar a dignidade e sacralidade da vida, da concepção ao seu declínio natural. Paulo, indiscutivelmente confia no Senhor, e age com Sabedoria fazendo valer seus direitos…

Pedro e Paulo deram com a palavra e a própria vida as suas respostas… Eis a nossa vez.

Paz:
Amando na Fidelidade e com Sabedoria o Discípulo Missionário de Jesus encontrará e fará acontecer a Paz tão almejada e necessária.

Aprendamos com São Pedro, o Príncipe dos Apóstolos

 


Aprendamos com São Pedro, o Príncipe dos Apóstolos
 
“Senhor, eu creio: aumenta a minha fé!
Tu conheces meu coração,
Tu vês o medo, que existe em mim,
de confiar-me perdidamente a Ti.
 
Tu sabes que o desejo
de governar sozinho a vida
é tão forte em mim,
que muitas vezes faz que eu fuja de Ti!
 
No entanto, eu creio:
diante de Ti está meu desejo
e minha fraqueza.
Orienta aquele, sustenta esta,
ajudando-me a fazer naufragar em Ti
qualquer sonho meu, esperança e projeto,
para confiar em Ti e não em mim
e nas presumidas evidências
deste mundo que passa.
 
Faze que eu saiba lutar contigo:
mas não permitas que eu vença!
Senhor de meu medo e da minha espera,
do meu desejo e da minha esperança,
aumenta, peço-te, a minha fé!” Amém.

 

(1) Caminhando na fé – Bruno Forte - Arcebispo Metropolitano de Cheti-Vasto -  Retiro espiritual para os Bispos – CNBB – Aparecida – 3 a 4 de maio de 2014

Em poucas palavras...

                                                  


A necessária graça divina em nossas fraquezas

“O Espírito Santo confere a alguns o carisma especial de poderem curar (1Cor 12,9.28.30) para manifestar a força da graça do Ressuscitado. Todavia, nem as orações mais fervorosas obtêm sempre a cura de todas as doenças.

Assim, São Paulo deve aprender do Senhor que «a minha graça te basta: pois na fraqueza é que a minha força atua plenamente» (2 Cor 12, 9), e que os sofrimentos a suportar podem ter como sentido que «eu complete na minha carne o que falta à paixão de Cristo, em benefício do seu corpo, que é a Igreja» (Cl 1, 24).” (1)

 

 

(1) Catecismo da Igreja Católica - parágrafo n. 1508

 

Tenhamos os mesmos sentimentos do Senhor

Tenhamos os mesmos sentimentos do Senhor

“Tende entre vós os mesmos sentimentos
que havia em Cristo Jesus” (Fl 2,5)

Reflexão à luz da passagem da Carta do Apóstolo Paulo aos Filipenses (Fl 2,1-11), para o aprofundamento da graça de sermos discípulos missionários do Senhor.

A Carta é dirigida à uma comunidade viva, piedosa, generosa, mas não perfeita, pois ela precisa aprender o desprendimento, a humildade, a simplicidade, dizendo não ao orgulho, à autossuficiência, à vaidade e à ambição.

Ela precisa abandonar as atitudes individualistas e egoístas no relacionamento comunitário, e, deste modo, aprender a viver na caridade.

Neste sentido, precisará comportar-se como Cristo, em atitude “kenótica”, ou seja, despojamento, esvaziamento, aniquilamento: assumir a Cruz de Nosso Senhor, vivendo em total entrega, obediência, amor, doação  e serviço.

Trata-se de assumir os valores que Jesus encarnou ao realizar a sua missão no anúncio da Boa-Nova do Reino de Deus.

A Carta nos provoca: num mundo competitivo, como viver esta lógica de Jesus, que é o caminho da glorificação, o caminho da vida plena, da glória que não prescinde da Cruz:

O caminho para a glória, mesmo no interior da vida da comunidade, passa pela Cruz; o caminho da harmonia comunitária passa pela caridade e pela humildade”(1).

Portanto, ouvimos na passagem um Hino Cristológico Paulino com densidade notável, que nos dá a identidade de cristãos e discípulos missionários do Senhor, de modo que somos interpelados pela Sua Palavra e seduzidos pela Sua Pessoa, totalmente identificados com o Seu Coração:

Sermos cristãos realiza-se percorrendo um caminho concreto, avançando no mesmo sentido indicado pelo Mestre, identificamo-nos com Ele, tornando-nos uma imagem Sua, para as pessoas que encontramos”(2).

Neste sentido o discípulo precisa identificar-se profundamente com Jesus:

ter os mesmos sentimentos d’Ele;
- conhecê-Lo verdadeiramente a partir do seu agir e suas preocupações;
- pautar a conduta a partir do Seu critério na avaliação das pessoas e das diferentes circunstâncias;
- conhecer as suas opções de vida;
- viver como Ele na relação pessoal com o Pai;
- ter a mesma disposição para d’Ele para com os outros. (3)

Temos alguns critérios para que conheçamos os sentimentos de Jesus:

- a leitura atenta do Evangelho;
- a oração confiante;
- a celebração sincera dos sacramentos;
- a vida em comunidade;
- a partilha da fé em grupo (4).

Quanto aos sentimentos que o discípulo precisar ter para que sejam os mesmos de Jesus são:

- a fortaleza perante a provação;
- a compaixão perante as necessidades do próximo;
- a humildade;
- a obediência à vontade do Pai (Fl 5,6-8) (5).

Roguemos a Deus para que estes critérios e sentimentos se façam presentes em nosso discipulado, para que sejamos uma Igreja mais plenamente fiel ao Seu Senhor; uma Igreja missionária em saída, como nos exortava o Papa Francisco.

Que o Espírito do Senhor nos ilumine, para que façamos progressos espirituais cada vez maiores, totalmente configurados ao Senhor, que nos chamou e nos envia em missão.

(1)Lecionário Comentado – Editora Paulus – Lisboa – 2011 – Volume II – p. 434
(2); (3) (4) idem – p. 436 

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