No “Pai-Nosso”, tudo que precisamos, encontramos...
Sejamos enriquecidos por este texto da Carta a
Proba, de Santo Agostinho, bispo (Séc. V), sobre a oração do “Pai-Nosso”.
“Quem diz, por exemplo: Sê glorificado em todos os povos, assim como
foste glorificado em nós (Eclo 36,3) e: Sejam reconhecidos fiéis os Teus profetas (Eclo 36,15), o que
diz senão: Santificado seja o Teu
nome?
Quem
diz: Deus dos exércitos,
converte-nos e mostra Tua face e seremos salvos (Sl 79,4), o que diz
senão: Venha o Teu reino?
Quem
diz: Orienta meus caminhos segundo Tua
palavra e nenhuma iniquidade me dominará (Sl 118,133), o que diz
senão: Seja feita Tua vontade assim
na terra como no céu?
Quem
diz: Não me dês indigência nem
riquezas (Pr 30,8) o que diz senão: O pão nosso de cada dia dá-nos hoje?
Quem
diz: Lembra-Te, Senhor, de Davi e de
sua mansidão (Sl 131,1) ou Senhor,
se assim agi, se há iniquidade em minhas mãos, se paguei o bem com o mal (cf.
Sl 7,14), o que diz senão: Perdoa
nossas dívidas assim como perdoamos a nossos devedores?
Quem
diz: Arrebata-me de meus inimigos, ó
Deus, e dos que se levantam contra mim liberta-me (Sl 58,2), o que diz
senão: Livra-nos do mal?
E
se percorreres todas as palavras das santas preces, em meu parecer, nada
encontrarás que não esteja contido nesta oração dominical ou que ela não
encerre. Por isto cada qual ao orar é livre de dizer estas ou aquelas palavras,
mas não pode sentir-se livre de dizer coisa diferente.
Sem
a menor dúvida, é isso que devemos pedir na oração, por nós, pelos nossos,
pelos estranhos e até pelos inimigos; uma coisa para este, outra para aquele,
conforme o parentesco mais próximo ou mais afastado, segundo brote ou inspire o
sentimento no coração do orante.
Sabes,
agora, assim penso, não apenas como rezar, mas o que rezar; não fui eu o
mestre, mas aquele que se dignou ensinar-nos a todos nós.
A
vida feliz, a ela temos de tender, temos de pedi-la ao Senhor Deus. O que seja
ser feliz tem sido muito e por muitos discutido. Nós, porém, para que irmos
atrás de muitos e de muitas coisas?
Na
Escritura de Deus, com toda a verdade e concisão, se diz: Feliz o povo que tem por Senhor o próprio
Deus (Sl 143,15). Para sermos deste povo, chegar a contemplar a Deus e
com ele viver sem fim, a meta do
preceito é a caridade com um coração puro, consciência boa e fé sem hipocrisia (cf.
1Tm 1,5).
Nestes
três objetivos, a esperança corresponde à boa consciência. Portanto a fé, a
esperança e a caridade levam a Deus o orante, aquele que crê, que espera, que
deseja e que presta atenção ao que pede ao Senhor na oração dominical.”
De fato, nada encontraremos que não esteja contido
na oração do Senhor, o “Pai Nosso” (cf. Mt 6,7-15; Lc 11,1-4).
Portanto, devemos rezá-la sempre com
amor e confiança, procurando viver o que rezamos no cotidiano, nas pequenas e
grandes ações de nossas vidas.
“Pai Nosso que estais nos céus...”
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