Exigências para a missão que o Senhor nos confia
“O homem contemporâneo escuta com melhor boa vontade as testemunhas do que os mestres, dizíamos ainda recentemente
a um grupo de leigos, ou então se escuta os mestres,
é porque eles são testemunhas”
(Papa São Paulo VI)
A Liturgia da quinta-feira da 26ª Semana do Tempo Comum nos convida a refletir sobre o envio que Jesus faz aos Seus discípulos e as exigências da missão evangelizadora.
É missão do discípulo ser portador da paz, da vida e da esperança de um mundo novo, e esta missão contemplamos na passagem do Livro do Profeta Isaías (Is 66, 10-14c).
O Profeta, mesmo numa situação difícil, em que o Povo de Deus se encontrava (martirizado, sofrido e angustiado), tem palavras de confiança e esperança.
Apresenta a ação divina com imagens de fecundidade e vida: somente Deus pode oferecer ao Seu povo o “shalom”, ou seja, saúde, fecundidade, prosperidade, amizade com Ele e com os outros, a felicidade total.
O Profeta tem sempre uma palavra que convida à alegria. Deus age por meio dele. Também nós somos Profetas, voz de Deus, num mundo também marcado pelo sofrimento, angústia, dores, prantos e morte.
Ontem e hoje, vivendo a vocação profética, somos convidados a superar o medo e a angústia e sentir a presença e a força de Deus conosco, não nos curvando diante dos temores que nos paralisam.
É oportuno nos questionarmos sobre a mensagem que temos a oferecer, como Igreja e Profetas do Reino, neste contexto.
Da mesma forma, o Apóstolo Paulo se dirigiu aos Gálatas (Gl 6, 14-18), nos exortando ao testemunho radical, que passa pela cruz, para alcançarmos a glória, e assim, possa nascer a vida do Homem Novo em nós:
“Só gerados e alimentados por essa fonte é que poderemos ser novas criaturas. No que diz respeito, Paulo declara que no centro da sua glória não está a observância rigorosa da Lei, mas Cristo Crucificado”
Retomando a mensagem do Evangelho (Lc 10,1-12), somos continuadores da missão de Jesus, e pelo Batismo todos somos chamados a anunciar a alegria do Reino de Deus, não obstante as dificuldades que possam surgir.
O comentário do Missal Dominical é enfático ao afirmar: “... Não há missão sem perseguição, sem sofrimento e sem Cruz.
A Cruz pelo Reino de Deus, aceita com amor, é o sinal da vitória sobre o mal e a morte...
O que o Senhor nos pede é a fidelidade a Ele, à Sua mensagem e ao Seu estilo de anúncio. Não nos garante o êxito” (pp. 1169-1170).
Jesus envia 72 discípulos, de dois em dois, pois a ação é comunitária, e apresenta a eles algumas exigências e advertências:
- Terá que enfrentar dificuldades;
- Viverá a pobreza, confiando tão apenas na providência divina;
- Crerá na força libertadora da Palavra de Deus;
- Viverá a urgência da missão (não pode haver perda de tempo);
- Será totalmente dedicado à missão;
- Será portador da paz;
- Combaterá contra o mal que se contrapõe ao Reino de Deus;
- Exultará de alegria por terem os nomes inscritos no céu, no livro da vida.
Deste modo, é preciso que o discípulo missionário confie na Palavra de Deus, com desprendimento, coragem, ousadia, confiança na providência de Deus e paixão por Ele, e carregando a cruz quotidiana, pois somente Cristo interessa para nossa Salvação, de modo que nossa identificação com Ele se dará na intensidade que amarmos como Ele nos ama.
Reflitamos:
- Qual é a nossa fidelidade à missão que Deus nos confia?
- Quanto nos empenhamos para que percebam em nós a alegria da chegada do Reino de Deus?
- Percebem as pessoas que somos prisioneiros do mais belo Amor, Jesus Cristo, marcados pelo sinal da Cruz, com expressão do amor radical, da liberdade, da vida, doação e serviço?
- Como viver mais intensamente a missão, por Deus, a nós confiada?
- Em quem depositamos nossa confiança e esperança?
Retomo as palavras do Papa São Paulo VI: “O homem contemporâneo escuta com melhor boa vontade as testemunhas do que os mestres, dizíamos ainda recentemente a um grupo de leigos, ou então se escuta os mestres, é porque eles são testemunhas”.
Participando das Mesas Sagradas do Senhor, sejamos iluminados e fortalecidos por Sua Palavra, e revigorados pelo Pão da Imortalidade, para continuarmos, com coragem e fidelidade, a missão que Ele nos confia. Amém.
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