Por onde navegaremos?
Em todo o tempo, muitos são os desafios da evangelização para permanecermos na cidade e manifestarmos a vida nova do Ressuscitado.
Revestidos das coisas do alto, anunciar a todos os povos e em todos os tempos o Reino de Deus, na certeza de que Ele está em Espírito.
O que prometera, cumpriu:
“Eis que Eu estarei convosco todos os dias...” (Mt 28,20).
É tempo de navegarmos!
Permanecer na cidade sem medo de navegar.
Navegar?
Sim, navegar na cidade.
Mas, por onde navegaremos?
Não parece o termo sem propósito e alheio à realidade de nossa cidade, marcada apenas por ruas, rodovias, alamedas, praças e avenidas?
Houve um tempo em que navegar era cortar mares e rios, descobrir novos espaços, novas conquistas, novas culturas e abertura para novos relacionamentos, às vezes terminando em forte colonização e exploração.
Havia um novo mundo a descobrir, alargar espaços, riquezas buscar, povos conquistar, poder e domínio consolidar...
Havia um novo mundo a descobrir, alargar espaços, riquezas buscar, povos conquistar, poder e domínio consolidar...
Há agora outro conteúdo para a palavra navegar, e que está intensamente incorporado em nosso dia a dia:
A navegação pela rede, pela internet...
Comunicação instantânea, encurtando distâncias, possibilitando acessos infinitos de informações.
O mundo agigantou-se de tal modo que não temos a exata noção.
Podemos falar com o mundo inteiro em questão de segundos, o que até bem pouco tempo era inconcebível...
É preciso navegar, aliás, o poeta Fernando Pessoa já o disse: “Navegar é preciso!”, mas, na verdade, reporta ao General romano Pompeu (séc. I a.C.).
Este conceito nos remete às palavras do Bispo e doutor da Igreja - Santo Hilário - (séc. IV): “Desfraldando as velas da nossa fé e do nosso testemunho, vinde enchê-las com o sopro do Vosso Espírito e orientai-nos pelo caminho da pregação que iniciamos”.
Numa palavra, navegar é evangelizar; anunciar e testemunhar a Boa Nova do Evangelho, que consiste, essencialmente, no mandamento do amor a Deus e ao próximo, testemunhando a nossa fé e dando ao mundo a razão de nossa esperança.
É tempo de navegar, é tempo de evangelizar!
Permanecer na cidade não será imobilismo, recuos, mesmice, pois nunca houve lugar para isto na evangelização.
Navegar é preciso! Os clamores quotidianos movem a barca da Igreja com a fé n'Ele, que na barca da Igreja se encontra -"Coragem, não tenhais medo" (cf. Mt 14,22-33).
As velas de nossa fé são movidas com o sopro do Espírito, para que continuemos a aprofundar a necessária acolhida; conversão em todos os níveis; catequese permanente e envolvente; santificação e solidificação da família; fortalecimento da opção preferencial pelos pobres e todo esforço de penetrar em todos os espaços e chegar a todas as pessoas, através dos, mais diversos e necessários, meios de comunicação social.
Urge navegarmos no oceano da gratuidade, compaixão, proximidade, solidariedade, fraternidade...
Por onde navegar?!
Já sabemos.
Como o faremos?
Não existem receitas e respostas prontas, mas temos a certeza de que o sopro do Espírito nos acompanhará, levando a “barca da Igreja” por mares que urge serem navegados.
“Vinde Espírito Santo, enchei o coração dos Vossos fiéis...”
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