Porque sois minha luz, Senhor!
O Bispo de Nápoles, João, o pequeno em seu Sermão nos enriquece com esta reflexão inspirada no Salmo 27, 1: “O Senhor é minha luz e Salvação: a quem temerei?”
“O Senhor é minha luz e minha salvação: a quem temerei? Grande servo é este que sabia de que maneira era iluminado, donde lhe vinha a luz e quem o iluminava.
Via a luz, não esta que declina à tarde; mas aquela que os olhos não veem. As almas iluminadas por esta luz não caem no pecado, não tropeçam nos vícios.
O Senhor disse: Caminhai enquanto tendes a luz em vós.
De que luz falava Ele? Não seria de Si mesmo? Ele que afirmou:
Eu, a luz, vim ao mundo, para que aqueles que veem não vejam e os cegos recebam a luz.
É Ele, o Senhor, nossa luz, sol de justiça, que refulgiu em Sua Igreja católica, espalhada por toda a terra.
O Profeta, figurando-a, clamava: O Senhor é minha luz e minha salvação: a quem temerei?
O homem interiormente iluminado não vacila, não abandona o caminho, tudo tolera.
Vê longe a pátria, por isso suporta as adversidades. Não se entristece com as vicissitudes terrenas, mas em Deus se fortalece.
Humilha o seu coração, é constante, e a sua humildade o torna paciente.
A verdadeira luz que ilumina todo homem que vem a este mundo se dá aos que temem a Deus, inunda a quem quer, onde quer, revelando-Se a quem o Filho quiser.
Quem está sentado nas trevas e na sombra da morte, nas trevas do mal e nas sombras dos pecados, ao ver surgir a luz, horroriza-se, desdiz, arrepende-se, envergonha-se e exclama:
O Senhor é minha luz e minha salvação: a quem temerei? Grande salvação, meus irmãos! Ela não teme a fraqueza, o cansaço não lhe faz medo, não conhece dor.
Digamos, então, com toda força, não só de boca, mas de coração: O Senhor é minha luz e minha salvação: a quem temerei?
Se é Ele quem ilumina, Ele quem salva, a quem poderei temer? Venham as sombrias sugestões, o Senhor é minha luz.
Podem vir, não poderão ir mais longe. Assediam nosso coração, não conseguem vencê-lo. Venham os cegos desejos, o Senhor é minha luz.
Nossa força está em que Ele Se dá a nós e nós o entregamos a Ele
Correi ao médico enquanto podeis fazê-lo: Não aconteça que não seja mais possível quando o quiserdes.”
Como nos tocam estas palavras do Bispo:
“O homem interiormente iluminado não vacila,
não abandona o caminho, tudo tolera.
Vê longe a pátria, por isso suporta as adversidades…”
Cada tempo tem suas luzes e sombras, recuos e avanços a serem feitos.
Não poucas são as inquietações cotidianas, também não poucos são os infortúnios que marcam nossa vida…
Deus que jamais nos quer mergulhados em infantilismos espirituais, mas na confiança amadurecida, não dispensando nossa participação, colaboração, acompanha-nos com Sua luz, força, graça e amor.
O batizado é alguém que foi iluminado por Deus; tem a luz divina, por isto que o Senhor Jesus disse:
“Eu Sou a luz do mundo, quem Me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8,12).
Eis a nossa missão: ao sermos iluminados, também iluminadores, crendo n’Aquele que é luz do mundo, esta mesma luz testemunhar nas mais diversas situações; n’Ele confiando, Sua Palavra acolhendo e vivendo: Não temais, conosco está e estará a luz das nações!
Porque sois minha luz, Senhor!
Incondicionalmente, sois minha luz!
Incondicionalmente, sois minha luz!
PS: Fonte: Liturgia das Horas – Vol. III - pág. 110 – 111, Dos Sermões de João, o Pequeno, Bispo de Nápoles (Séc. XIV).
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