“Para a liberdade foi que Cristo nos libertou.
Ficai, pois firmes e não vos deixeis amarrar de novo
ao jugo da escravidão.” (Gl 5, 1)
Liberdade é a possibilidade de agir conforme a própria vontade, mas dentro dos limites da lei e das normas racionais socialmente aceitas. Ela é manifestação de um estado ou condição de quem é livre.
A liberdade pressupõe a supressão das formas de opressão anormais, ilegítimas e imorais. Amadurecimento da autonomia, independência.
Não há liberdade quando alguém está submetido a qualquer espécie de constrangimento físico ou moral, bem como impossibilitado de ir e vir.
Algumas vezes a liberdade se transveste como licença, permissão: toda a liberdade de falar, de expressar sentimentos, pareceres, não aprovação, correção, expressão do que passa no recôndito obscuro de nossa alma, sem medo de retaliação.
A liberdade se manifesta, às vezes, em surpreendente familiaridade.
Liberdade como a inexistência de quaisquer amarras, laços, correntes concretas, espirituais, imaginárias, irreais.
Liberdade de sentimento, pensamento, asas para o voo da imaginação, da criação, da invenção, da superação...
Liberdade seguida de muitos nomes; que abrevio fazendo uso da minha liberdade de também não ter que tudo dizer.
Reflitamos sobre a liberdade cristã que o Apóstolo viveu intensamente na relação de amor com o Ressuscitado, e para tanto retomemos a passagem bíblica (1Cor 9,16-19.22-23) em que ele afirma: “Ai de mim se eu não evangelizar”.
A liberdade para Paulo não consiste em fazer o que lhe apetece, o que corresponda à sua vontade, mas em acolher livremente o que Deus pensou de belo, de bom, de verdadeiro para cada um de nós, sem que nos apropriemos de Seu Projeto.
A liberdade que Paulo vivenciou é a Liberdade alcançada para quem vive no Espírito, e que deve ser manifestada na obediência à vontade divina, vivida e sentida no mais profundo do ser. Na gratuidade vivida, sem se prevalecer de nenhuma posição, título, privilégio. Viveu a gratuidade para ganhar o maior número possível de pessoas para a causa de Cristo. A liberdade cresce proporcionalmente à gratuidade vivida para com Deus.
Gratidão para com Deus Paulo a vive intensamente e por diversas vezes foi reconhecedor de sua condição não merecedora de ser Apóstolo do Senhor.
O Apóstolo por diversas vezes soube expressar como ninguém nossa pequenez e a nossa condição de não merecedores do quanto Deus fez, faz e pode fazer por nós.
A liberdade por ele vivida em invejável fidelidade, levou à libação de sua vida: combateu o bom combate da fé. Impressionante, também, é a lista de sofrimentos que passou por amor a Cristo e ao Evangelho (cf. 2Cor 12). Nada fez por iniciativa própria, mas por iniciativa divina (v.17).
A liberdade vivida por Paulo é testemunhada pela sua dedicação total – “tudo faço por causa do Evangelho” – (v. 23). Por último, ainda que não o seja, a liberdade é testemunhada pela sua coerência de vida: vivia pessoalmente o que anunciava com absoluta disponibilidade para os desígnios divinos.
Liberdade assim no Espírito Paulo viveu, e como ele muitos outros que a Igreja reconhece e venera e que chama de Santos.
Num mundo onde o conceito de liberdade muitas vezes se confunde com a libertinagem ou a expressão de egoísmo, de individualismo, do capricho da realização das vontades próprias, ainda que em prejuízo do outro e até do planeta em que habitamos, precisamos colocar na pauta das discussões a verdadeira liberdade.
Muito se fala de liberdade, mas talvez possamos estar apressadamente e irresponsavelmente dela nos afastando.
Aprendamos com Paulo a verdadeira liberdade que vem do Espírito. Voltemo-nos aos conceitos primeiros de liberdade que o Apóstolo anunciou e testemunhou na obediência, fidelidade, gratidão, gratuidade, coerência: “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Ficai, pois firmes e não vos deixeis amarrar de novo ao jugo da escravidão.” (Gl 5, 1)
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