“Todos
os fiéis tinham um só coração e uma só alma”
À luz dos
Tratados sobre os Salmos, do Pseudo-Hilário, (Séc. IV), reflitamos sobre a vida
em comunidade daqueles que professam a fé no Cristo Ressuscitado.
“Vede como é bom e alegre habitarem juntos os
irmãos. Bom e alegre é habitar na unidade com os irmãos, porque vivendo
deste modo, juntam-se à unidade da Igreja e, dizendo-se irmãos, concordam na
caridade de um só querer.
Já na primeira
pregação dos apóstolos existia este grande preceito, conforme lemos: Todos os fiéis possuíam um só coração e uma
só alma.
Convém, portanto
que o Povo de Deus seja de irmãos em um só Pai, uma unidade em um só Espírito,
vivam unânimes em uma só casa, sejam membros de um só Corpo.
Bom e alegre é habitarem os irmãos na unidade.
O profeta encontra uma comparação para esta alegria e bondade: Como o óleo sobre a cabeça, que desce pela
barba de Aarão, até à orla de suas vestes.
O óleo de Aarão
foi um bálsamo composto de perfumes, que o ungiu por sacerdote. Agradou a Deus
que assim, primeiramente, fosse consagrado Seu sacerdote. Nosso Senhor também
foi ungido invisivelmente, de preferência a Seus companheiros. Unção não
terrena; não derramada de um chifre, como se ungiam os reis, mas unção com o
óleo da alegria, depois da qual, conforme a lei, Aarão foi chamado de ‘Cristo’, isto é, ‘o ungido’.
Como esta unção
expele os imundos espíritos do coração de quem a recebe, também pela unção da
caridade, começamos a exalar a concórdia, tão suave a Deus, como diz o
apóstolo: Somos o bom odor de Cristo’.
Assim, pois, como a primeira unção, e de Aarão sacerdote, foi agradável a Deus,
do mesmo modo é bom e alegre habitarem os irmãos na unidade.
O óleo desceu da
cabeça à barba. A barba é o distintivo da idade adulta. Não é bom sermos
crianças em Cristo, a não ser, como já se disse, crianças na malícia, não no
entendimento. O apóstolo chama todos os infiéis de criancinhas, que ainda não
suportam alimento sólido, precisam de leite. Ele diz: Dei-vos leite a beber e não alimento sólido; ainda não éreis capazes e
nem mesmo agora o sois.”
Glorifiquemos a Deus Pai por pertencermos a uma comunidade que
professa a fé no Cristo Ressuscitado, em comunhão com o Espírito Santo, vivendo
na comunhão, sendo um só coração e uma só alma.
Glorifiquemos a Trindade Santa, pela
graça de ungidos pelo batismo, pelo nosso testemunho ser, de fato, “O bom odor
de Cristo” (cf. 02 Cor 2,14-14).
Glorifiquemos a Trindade Santa pela
Palavra de Deus, que ouvimos e faz arder nosso coração, porque não se trata de
uma palavra que passa, mas Palavra de vida eterna (cf. Jo 6,68)
Glorifiquemos a Trindade Santa pelo Pão
da Eucaristia, que nos alimenta e é antídoto para não morrermos, remédio de
imortalidade, e nesta participação, nossos pecados são destruídos, crescem
nossas virtudes e nossa alma é saciada e se enriquece de todos os dons (Santo
Tomás de Aquino).
Glorifiquemos a Trindade Santa pela
caridade na vida prolongada, como expressão da acolhida e vivência do Novo
Mandamento que o Senhor Jesus nos deu - “Amai-vos uns aos outros, assim como Eu
vos amei” (Jo 13,340.
Glorifiquemos a Trindade Santa pela
graça de sermos uma Igreja decididamente misericordiosa, missionária, cumprindo
o Mandato do Senhor: “E disse lhes: ‘Ide por todo o mundo, proclamai o
Evangelho a toda a criatura’” (Mc 16,15). Amém.
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