O Jejum é expressão de amor...
“O que a Oração pede, o Jejum alcança...”
Sejamos enriquecidos com o Sermão do Bispo São Pedro Crisólogo (séc. V), , que nos ajuda na melhor compreensão do jejum.
“Há três coisas, meus irmãos, três coisas que mantém a fé, dão firmeza à devoção e perseverança à virtude. São elas a Oração, o Jejum e a Misericórdia. O que a Oração pede, o Jejum alcança e a Misericórdia recebe.
Oração, Misericórdia, Jejum: Três coisas que são uma só e se vivificam reciprocamente. O Jejum é a alma da Oração e a Misericórdia dá vida ao Jejum. Ninguém queira separar estas três coisas, pois são inseparáveis. Quem pratica somente uma delas ou não pratica todas simultaneamente, é como se nada fizesse…
Quem ora também jejue; e quem jejua, pratique a Misericórdia. Quem deseja ser atendido nas suas Orações atenda as súplicas de quem lhe pede; pois aquele que não fecha seus ouvidos às suplicas alheias, abre os ouvidos de Deus às suas próprias súplicas.
Quem jejua, pense no sentido do Jejum; seja sensível à fome dos outros, quem deseja que Deus seja sensível à sua; seja misericordioso quem espera alcançar Misericórdia; quem pede compaixão, também se compadeça; quem quer ser ajudado, ajude os outros. Muito mal suplica quem nega aos outros aquilo que pede para si.
Homem sê para ti mesmo a medida da Misericórdia; deste modo alcançarás misericórdia como quiseres, quanto quiseres e com a rapidez que quiseres; basta que te compadeças dos outros com generosidade e presteza.
Peçamos, portanto, destas três virtudes – Oração, Jejum, Misericórdia – uma única força mediadora junto de Deus em nosso favor; seja para nós uma única defesa, uma única Oração, sob três formas distintas.
Reconquistemos pelo Jejum o que perdemos por não saber apreciá-lo; imolemos nossas almas pelo Jejum, pois nada melhor podemos oferecer a Deus, como ensina o Profeta: sacrifício agradável a Deus é um espírito penitente; Deus não despreza um coração arrependido e humilhado – (Sl 50,19). (…) Mas, para que a oferta seja aceita por Deus, a Misericórdia deve acompanhá-la:
O Jejum só dá frutos se for regado pela Misericórdia, pois a aridez da Misericórdia faz secar o Jejum. O que a chuva é para a terra, é a Misericórdia para o Jejum. Por mais que cultive o coração, purifique o corpo, extirpe os maus costumes e semeie as virtudes, o que jejua não colherá frutos se não abrir as torrentes da Misericórdia.
Tu que jejuas, não esqueças que fica em Jejum o teu campo se jejua a tua misericórdia; pelo contrário, a liberalidade da tua misericórdia encherá de bens os teus celeiros.
Portanto, ó homem, para que não venhas a perder por ter guardado para ti, distribui aos outros para que venhas a recolher; dá a ti mesmo, dando aos pobres; porque o que deixares de dar aos outros, também tu não o possuirás”. - (Lit. Horas – Vol. II p. 204/5).
Como vemos, o jejum bem vivido é expressão de amor e solidariedade para com o próximo, de liberdade diante de tudo que foi criado (bens materiais) e, acima de tudo, abertura para o Mistério Absoluto e indispensável: Deus.
Finalizando, o Catecismo da Igreja apresenta o Jejum como seu quarto mandamento:
“Jejuar e abster-se de carne, conforme manda a Santa Mãe Igreja” – determina que os tempos de ascese e penitência que nos preparam para as Festas Litúrgicas; contribuem para nos fazer adquirir o domínio sobre nossos instintos e a liberdade de coração (n.2043).
E, há outro parágrafo sobre o Jejum evangélico necessário para a participação no Banquete Nupcial:
“A fim de se prepararem convenientemente para receber este sacramento (Eucaristia), os fiéis observarão o Jejum prescrito em sua Igreja. A atitude corporal (gestos, roupa) há de traduzir o respeito, a solenidade, a alegria deste momento em que Cristo Se torna nosso Hóspede” (n.1387).
Como vemos o Jejum é mais do que atual, é bíblico, é necessário. Jejum bem feito é certeza de que a Paz brotará como fruto da justiça, expressão de amor verdadeiro!
Jejuemos livremente em solidariedade àqueles que jejuam forçados!
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