O Bom Samaritano e a
prática da misericórdia
Reflexão à luz da passagem do Evangelho de Lucas
(Lc 10,25-37), que nos apresenta a Parábola do bom samaritano.
Trata-se de uma Parábola desafiadora e, para aprofundamento, vejamos o que nos diz o Missal Dominical:
“Jesus
Homem levará à perfeição a imagem do Pai, no sacrifício da Cruz; aí revelará a
verdadeira face do duplo amor para com Deus e para com os homens, do qual brota
a história da Salvação...
O
sacrifício de si e o amor gratuito e universal pelo próximo fazem resplandecer
na face do cristão a face de Cristo e de Deus...
Cristo
Se comporta com a humanidade como o samaritano da narrativa evangélica para com
o desconhecido, como o bom pastor vem salvar a ovelha despojada, espancada e
quase morta (Jo 10,10), como o filho do dono da vinha se apresenta depois dos
Profetas enviados em vão (Jo
10; Lc 20,9-18)...
Não
basta mais amar o próximo como a si mesmo; é preciso perguntar-se como ser
próximo para o outro e amá-lo como Deus o ama. Depois da Ceia, Cristo dará um
Mandamento novo: amar aos outros como fomos amados (Jo 13,34).
É
necessário tomar consciência da pertença a esta humanidade ferida, abandonada,
semimorta, à beira da estrada, que Cristo veio salvar...
Se
Deus é Amor, se Cristo é a revelação de Deus porque Se entregou à morte pelo
homem, o cristão revelará Deus ao mundo com seu amor concreto pelo próximo”. (1)
Oportuna
também a citação do Lecionário Comentado:
“Esta
página evangélica exorta todos os discípulos a deixarem-se penetrar pela mesma
misericórdia que impele o pastor a procurar a ovelha perdida (LC 15,4-7), o pai
correr ao encontro do filho perdido (Lc 15,11-32) e Jesus morrer numa Cruz (Lc
23,44-46)...
Não
se trata de um humanismo generoso e desinteressado qualquer, mas de nos
colocarmos em sintonia com uma atuação que resume a história e a experiência de
um Amor infinito, o do Amor feito Carne.
Se
Jesus é a Palavra que Se tornou ‘próxima’, para que a pudéssemos pôr em
prática, então ‘tornar-se próximo’ não é já, para nenhum de nós, uma meta que
está longe, irreal ou inacessível.
Se
em Jesus, o samaritano, Deus me tomou a Seu cuidado e me Amou, também eu,
curado dos meus males, posso amá-Lo com todo o coração e a todos os irmãos como
a mim mesmo.”
Como discípulos missionários, é tempo favorável
para nos questionarmos para maior fidelidade a Jesus Cristo, em solidariedade
com os que se encontram à beira do caminho, ou seja, dos que mais precisam de
nossa solidariedade.
Urge
que, como Igreja que professa a fé no Cristo Ressuscitado, vivamos a missão a
nós confiada pelo Batismo: conhecer, amar e encarnar o Mandamento do Senhor,
concretamente em nosso cotidiano.
Reflitamos:
-
Como ser uma Igreja do bom samaritano?
-
Quem são os que se encontram feridos à beira do caminho?
É
preciso coragem e amor para fazer-se próximo, não esvaziando a essência da
religião, que é a revelação do Rosto Divino, no amor concreto pelo humano que
se coloca no caminho e, sobretudo, à beira do caminho.
(1)
Missal Dominical – Editora Paulus - p.1176-1177
(2)
Lecionário Comentado – Editora Paulus -2011 – Tempo comum – vol. I - pp.718-719
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