Quaresma: Tempo de “apreender e aprender” o querer de Deus
A Quaresma é tempo favorável de conversão e graça, quando somos convidados à reconciliação com Deus e com o próximo, rompendo todo sinal de autossuficiência, assumindo nossa condição de finitude, marcada pelas limitações e indigência.
A prática de exercícios próprios deste tempo: oração, jejum e esmola, com atitudes de renúncia, penitência, reconciliação, purificação, santificação, acolhida da misericórdia divina, nos possibilitarão celebrar, com exultação, a indescritível alegria Pascal.
Retomo duas breves citações da Mensagem do Papa Bento XVI para a Quaresma de 2011, que teve como inspiração bíblica os versículos da Carta de Paulo aos Romanos (3,21-22): “A justiça de Deus está manifestada mediante a fé em Jesus Cristo”.
Segundo ele, a justiça de Cristo é, antes de qualquer coisa, a justiça que vem da graça, onde não é o homem que repara, que cura a si mesmo e os outros:
“Converter-se a Cristo, acreditar no Evangelho, no fundo significa precisamente isto: sair da ilusão da autossuficiência para descobrir e aceitar a própria indigência – indigência dos outros e de Deus, exigência do Seu perdão e da Sua amizade”.
Deste modo, para nós cristãos, afirmou o Papa:
“... A Quaresma culmina no Tríduo Pascal, no qual também este ano celebraremos a justiça divina, que é plenitude de caridade, de dom, de salvação. Que este tempo penitencial seja para cada cristão tempo de autêntica conversão e de conhecimento intenso do mistério de Cristo, que veio para realizar a justiça.”
Urge dar passos mais decididos nesta longa travessia do deserto, como nos propõe a quaresma: Lutar e vencer as tentações do maligno (ter, poder e ser), como Jesus o fez e nos ensinou.
Subir a montanha sagrada para contemplar a manifestação de Deus em nossa vida, para Seu Filho Escolhido e Amado ouvir, para que, sem medo, num progresso contínuo de conversão, à planície do quotidiano descer, carregando nossa cruz e testemunhando nossa fé mais nutrida, com esperança incentivada e caridade mais fortalecida!
Romper as montanhas da autossuficiência, reconhecendo nossa indigência, carências múltiplas, limitações, em abertura indispensável ao outro (próximo) e ao absolutamente indispensável (Deus).
Aproveitemos cada momento que a Igreja nos oferece, nutrindo-nos com a Palavra Divina, na necessária concretização de nossa fé, numa permanente apreensão e aprendizado do querer de Deus.
Intensifiquemos nossa participação nas Missas, vias sacras, grupos de reflexão, aprofundamento da temática da Campanha da Fraternidade, momentos pessoal de silêncio orante, preparando-nos para uma bela e frutuosa confissão.
Culminaremos na Semana Santa, a grande Semana de nossa vida, que haverá de ser marcada por uma espiritualidade mais autêntica, mais presencial da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor.
Assumiremos, assim, inadiáveis compromissos com o Seu Reino, para que os votos de Feliz Páscoa, não sejam a multiplicação de palavras inócuas, vazias, mas expressão de verdadeiros compromissos com Cristo, a mais bela e perfeita alegria!
Somente vivendo uma profunda e sincera Quaresma, chegaremos a uma transbordante e fecunda Alegria Pascal!
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