terça-feira, 16 de dezembro de 2025

O Sim de Maria ilumina o nosso sim de cada dia

                                                                           

O Sim de Maria ilumina o nosso sim de cada dia

Reflexão em preparação ao Natal do Senhor, em pleno tempo do Advento, ouvimos a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 1,26-38).

Sejamos enriquecidos por uma trecho do Sermão do Abade São Bernardo (séc. XII), meditando sobre os Mistérios da Salvação que nos veio pela Encarnação do Verbo, Jesus Cristo.

“O Santo, que nascer de ti, será chamado Filho de Deus (cf. Lc 1,35), fonte de sabedoria, o Verbo do Pai nas alturas! Este Verbo, através de ti, Virgem santa, Se fará Carne, de modo que Aquele que diz: Eu no Pai e o Pai em mim (cf. Jo 10,38), dirá também: Eu saí do Pai e vim (Jo 16,28).

No princípio, diz João, era o Verbo. Já borbulha a fonte, mas por enquanto apenas em si mesma. Depois, e o Verbo era com Deus (cf. Jo 1,1), habitando na luz inacessível.

O Senhor dizia anteriormente: Eu tenho pensamentos de paz e não de aflição (cf. Jr 29,11). Mas teu pensamento está dentro de ti, ó Deus, e não sabemos o que pensas; pois quem conheceu a mente do Senhor ou quem foi seu conselheiro? (cf. Rm 11,34).
  
Desceu, por isto, o pensamento da paz para a obra da paz: O Verbo Se fez Carne e já habita em nós (cf. Jo 1,14). Habita totalmente pela fé em nossos corações, habita em nossa memória, habita no pensamento e chega a descer até a imaginação.

Que poderia antes o homem pensar sobre Deus, a não ser talvez fabricando um ídolo no coração? 

Era incompreensível e inacessível, invisível e inteiramente impensável; agora, porém, quis ser compreendido, quis ser visto, quis ser pensado.

De que modo, perguntas? Por certo, reclinado no presépio, deitado ao colo da Virgem, pregando no monte, pernoitando em Oração; ou pendente da Cruz, pálido na morte, livre entre os mortos e dominando o inferno; ou ainda ressurgindo ao terceiro dia, mostrando aos Apóstolos as marcas dos cravos, sinais da vitória, e, por último, diante deles subindo ao mais alto do céu.

O que não se poderá pensar verdadeira, piedosa e santamente disto tudo? Se penso algo destas realidades, penso em Deus e em tudo Ele é o meu Deus. 

Meditar assim, considero sabedoria, e tenho por prudência renovar a lembrança da suavidade que, em essência tão preciosa, a descendência sacerdotal produziu copiosamente, e que, haurindo do alto, Maria trouxe para nós em profusão.”

Temos, em breves palavras, um itinerário da Encarnação do Verbo feito criança até a Sua glorificação no céu, onde reina glorioso junto de Deus.

Pelo “sim” de Maria, nos veio do alto o Verbo para nos redimir, e por isto tão bem expressou o Abade:  Aquele que “era incompreensível e inacessível, invisível e inteiramente impensável; agora, porém, quis ser compreendido, quis ser visto, quis ser pensado.”

Silenciemo-nos e contemplemos Jesus:

“... reclinado no presépio, deitado ao colo da Virgem, pregando no monte, pernoitando em oração; ou pendente da Cruz, pálido na morte, livre entre os mortos e dominando o inferno; ou ainda ressurgindo ao terceiro dia, mostrando aos Apóstolos as marcas dos cravos, sinais da vitória, e, por último, diante deles subindo ao mais alto do céu”.

Com Maria, renovemos o nosso sim aos desígnios e Projeto divino, para que tenhamos vida plena e feliz, como ela nos ensinou naquele dia memorável das Bodas de Caná (cf. Jo 2,1-12).

De modo especial, nestes dias em que nos preparamos para celebrar o nascimento do seu amado Filho, o Menino Jesus, contemplemos o presépio e fixemos o olhar em Maria, a Mãe que jamais fecha seus olhos à nossa realidade.

Deus quer o nosso sim

                                                        


Deus quer o nosso sim

Na terceira terça-feira do Advento ouvimos a proclamação da passagem do Evangelho (Mt 21,28-32), e contemplamos um Deus que chama a todos para participarmos, com empenho concreto, da construção do Mundo Novo de justiça e paz que Ele sonhou e propõe insistentemente.

Diante deste convite, podemos nos acomodar, isolar ou colaborar. Portanto, não basta dizer sim, mas realizar este sim dado com todo ardor, como Jesus o fez no anúncio e realização de Sua missão redentora e concretização do Reino. Sua vida foi marcada pelo amor, serviço, doação até a entrega total na Cruz.

Vivendo um amor que ama até o fim, esvaziando-Se, empobrecendo-Se, despojando-Se para nos enriquecer, nos cumular de todas as bênçãos, graças e riquezas. Fazendo-Se pobre, enriqueceu-nos copiosamente.

Na passagem mencionada encontramos a Parábola dos dois filhos, que mais uma vez leva-nos a refletir sobre a alegria e a graça de trabalhar na Vinha do Senhor. Para além da aparente singeleza da Parábola, há um conflito muito forte que deve ser percebido.

Jesus está em Jerusalém, onde culminará Sua missão, cenário de Sua Paixão e Morte. Mais precisamente está no Templo, que é o centro do poder político, econômico e ideológico daquela época e Se dirige ao chefe dos sacerdotes (poder religioso-ideológico) e aos anciãos do povo (poder econômico), ou seja, os líderes religiosos judaicos que se constituirão nos opositores e principais sujeitos de Sua morte.

A Parábola fala de um filho que disse sim ao pai e não foi para a vinha (que são os próprios acima descritos). De outro lado o filho que disse não e foi para a vinha são os pecadores, as prostitutas, os marginalizados, os publicanos que se abriram à Boa Nova de Jesus.  

Trata-se, portanto de uma parábola de confronto e de conflito entre o Mestre da Justiça e os promotores da sociedade injusta.

Mais tarde Mateus aplicará a Parábola na recusa dos Judeus e no acolhimento por parte dos pagãos à Boa Nova de Jesus.

Com a Parábola, Jesus nos ensina que todos somos chamados para trabalhar na Vinha. Não há lugar para o imobilismo, a preguiça, o comodismo, a autossuficiência, o egoísmo.

- Sendo assim, o que significa dizer “sim” a Deus? Somente a procura dos Sacramentos não basta.

- Como vivo os Sacramentos que celebro e qual o conteúdo vivencial da Palavra que escuto?

Não basta assentar-se nos bancos das Igrejas e pregar em seus púlpitos. É preciso testemunhar a Palavra que se anuncia, que se proclama. Testemunhá-la com toda nossa fragilidade, imperfeição, dando o melhor de nós onde quer que estejamos.  É preciso por em prática a Fé, a Esperança e a Caridade.

Demos, incansavelmente, provas concretas de nosso amor. Como uma mãe que diz ao filho: “Pára de me dizer que gosta de mim. Prova-me!” Fácil é dizer, é preciso viver, dar o melhor de nós, simplesmente por amor.

No Tempo do Advento e sempre, somos chamados à conversão, à confiança, à responsabilidade, à esperança encarnada, em total fidelidade a Deus.

Tenhamos Jesus como modelo de vida e a coragem de imitá-Lo, pois Ele chegou à glória, passando pela Cruz; desceu ao poço mais profundo da miséria e solidão humana para ser exaltado, glorificado e “diante d’Ele todo joelho se dobre e toda língua proclame que Ele é o Senhor” (Fl 2,10).

Embora sem méritos, o Senhor nos chamou para trabalhar em Sua vinha.

Reflitamos:

- Qual é a nossa resposta?
- Quais as conversões que devemos realizar em nossa vida para melhor correspondermos aos desígnios de Deus e caminharmos rumo aos horizontes de uma sociedade justa e fraterna?

Seja o nosso “sim” a Deus vivo e verdadeiro, denso de conteúdo e compromissos. 

Procuremos a mais perfeita coerência entre o que cremos e o que vivemos, e deste modo, verão Cristo em nós, e como Paulo, digamos: 

“E já não sou eu que vivo: é Cristo que vive em mim. E a vida que vivo agora na carne, eu a vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e Se entregou a Si mesmo por mim.”  (Gl 2,20)

Em poucas palavras...

                                                           


Jesus, a Misericórdia de Deus para com os pecadores

“O Evangelho é a revelação, em Jesus Cristo, da misericórdia de Deus para com os pecadores (Lc 15). O anjo assim o disse a José: «Pôr-Lhe-ás o nome de Jesus, porque Ele salvará o seu povo dos seus pecados» (Mt 1, 21), o mesmo se diga da Eucaristia, sacramento da Redenção: «Isto é o meu sangue, o sangue da Aliança, que vai ser derramado por todos para a remissão dos pecados» (Mt 26, 28).” (1)

 

(1)Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 1846

Em poucas palavras...

                                                           


O julgamento final

“No entardecer de nossa vida seremos julgados pelo amor” (1)

 

(1) São João da Cruz – séc. XVI

Oração ao Arcanjo São Miguel

                                                           

Oração ao Arcanjo São Miguel

Ó Deus, pela intercessão do Arcanjo São Miguel, Padroeiro de nossa Diocese, protegei-a assim como as nossas cidades. Ajudai-nos na luta contra o pecado do egoísmo, da indiferença e do desânimo, para maior fidelidade a Vós.

Libertai-nos de toda maledicência e murmuração; expulsai de nosso meio tudo que gera divisão. Colocai em nosso coração muita coragem para lutar contra as forças do mal.

Fazei de nós ardentes discípulos missionários do Vosso Filho Jesus, iluminados e apaixonados pelo Evangelho, a fim de vivermos a fraternidade, a justiça, o amor e a solidariedade.

Alimentados pelo Pão da Palavra e da Eucaristia, a Vós confiamos e entregamos nossas paróquias, comunidades, famílias,  trabalhadores e enfermos.

Ensinai-nos a viver plenamente a vossa vontade, acolhendo no coração o que o Arcanjo São Miguel nos revela por sua missão: “Quem como Deus?”.

Tudo isso Vos pedimos por meio do Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Amém! 

Autores:
Pe. Hermes Firmiano Pedro – Diocese de Guanhães - MG
Dom Otacilio F. Lacerda

A humildade e a paz

 


                                          A humildade e a paz
 
Reflexão à luz do Livro 2 “Da Imitação de Cristo”, cap. 2-3, escrito por Tomas Kempis no séc. XV, em que nos apresenta a humildade como o pressuposto para o alcance da paz:
 
“Não te preocupes muito em saber quem é por ti ou contra ti, mas deseja e procura que Deus te ajude em tudo que fizeres.
 
Tem boa consciência e Deus será tua boa defesa. A quem Deus quiser ajudar, nenhum mal poderá prejudicar.
 
Se souberes calar e sofrer, verás certamente o auxílio do Senhor.
 
Ele sabe o tempo e o modo de te libertar, portanto, entrega-te a Ele inteiramente. A Deus pertence aliviar-nos e tirar-nos de toda confusão. Às vezes é muito útil, para guardar maior humildade, que os outros conheçam e repreendam nossos defeitos.
 
Quando o homem, por causa de seus defeitos, se humilha, então facilmente acalma os outros, e desarma os que estão irados contra ele. O humilde, Deus protege e livra; ao humilde ama e consola. Ao homem humilde Se inclina; ao humilde dá-lhe abundantes graças, e depois de seu abaixamento eleva-o a grande honra. Ao humilde, revela Seus segredos, e com doçura o atrai a Si e convida.
 
O humilde, depois de receber uma afronta, conserva sua paz: porque confia em Deus e não no mundo. 
 
Não julgues que fizeste algum progresso se não te considerar inferior a todos. Primeiro conserva-te em paz; depois poderás pacificar os outros. O homem pacífico é mais útil do que o letrado. O homem dominado pelas paixões, até o bem converte em mal e acredita facilmente no mal. O homem bom e pacífico tudo converte em bem.
 
Quem está em boa paz não suspeita mal de ninguém. Mas, quem é descontente e inquieto, com diversas suspeitas se atormenta; não tem sossego nem deixa os outros sossegar. Diz muitas vezes o que não devia; e deixa de fazer o que mais lhe conviria. Preocupa-te com as obrigações alheias e descuida-se das próprias. Zela, portanto, primeiro por ti mesmo, e depois poderás zelar devidamente por teu próximo.
 
Bem sabes desculpar e disfarçar tuas faltas, mas não queres aceitar as desculpas dos outros. Seria mais justo acusares a ti e desculpares teu irmão. Se queres que te suportem, suporta também os outros” (1)
 
Estamos vivendo o Tempo do Advento, que consiste em quatro semanas de preparação intensa para a celebração do nascimento do Menino Deus, o Verbo que Se fez Carne e habitou entre nós (cf. Jo 14,6), o Salvador de toda a humanidade.
 
Deste modo, o Advento é tempo de:
 
- Renascer algumas coisas em nós, para que outras possam florescer e frutificar; a humildade é uma delas, e uma vez renascida e revigorada, frutos de paz nascerão em nosso coração;
 
-   Reconhecer que somos terra, húmus, que do pó viemos e ao pó retornaremos; que precisamos aprender usar das coisas que passam e abraçar as que não passam;
 
-  Derrubar as montanhas do egoísmo, que insistem em permanecer dentro de nós;
 
- Elevar os vales da nossa fragilidade, para nos revigorarmos da força divina, para o bom combate da fé;
 
-   Aplainar caminhos tortos e retirar todas as asperezas que marcam relacionamentos próximos e mesmo distantes;
 
-  Reter Cristo em nós, “Mas não com laços de injustiça, nem com nós de corda, mas com laços da caridade, com as rédeas do Espírito e pelo afeto da alma... Se queres também reter o Cristo, tenta fazê-lo e não tenhas medo dos sofrimentos. Pois, não raro, é no meio dos suplícios do corpo, nas mãos dos perseguidores, que O encontramos mais facilmente” ”(cf. Santo Ambrósio (séc. IV).
 
Deus nos concede, a cada dia,  novas páginas para serem bem escritas, e tão somente assim escrevemos as linhas do Advento, e o parágrafo de uma vida para uma história de permanente Natal.
 
Preparemo-nos para celebrar o nascimento 
d’Aquele que  nasce e renasce 
a cada instante de nossa História!
Amém!
 
(1)  Liturgia das Horas – Tempo do Advento/Natal – p.240-242

segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

Não duvide, apenas em Deus confie

 


Não duvide, apenas em Deus confie


Não duvide em nenhum momento que Ela está contigo.

Se chorar, ela ouvirá teu choro, enxugará tuas lágrimas.

Maria, com Maria sempre poderás contar.

 

Mergulhe teu olhar no olhar de Maria,

Inexplicavelmente sentirás que só não estás.

Chore, grite, clame: ela, como Mãe, te ouvirá.

 

Apenas não duvide, sequer por um instante,

De que estás só, e que ninguém está contigo,

Se no bem, na verdade e na caridade estiveres a trilhar.

 

Não duvide que Ele já veio, vem e há de vir,

Para nossa cegueira do coração curar,

Para vislumbrar novo horizonte em cada amanhecer.

 

Que Ele virá trazer a cura de nossa surdez,

Para ouvir mais que o canto dos pássaros na janela:

O canto dos profetas e poetas a anunciar um mundo novo.

 

Não duvide que Ele virá nos tirar de nossos túmulos,

Da mentira, hipocrisia, autossuficiência, egoísmo,

Para vida nova e plena nos oferecer, se n’Ele crermos.

 

Não duvide de Sua Palavra, Palavra de vida eterna

E não há outro a quem recorrermos ou seguirmos:

Somente Ele, Jesus, tem Palavras de vida eterna.

 

Não regue as sementes das dúvidas inúteis,

N’Ele confie, com joelhos fortalecidos e mãos solidárias,

Criai ânimo, jamais desista de teus sonhos.

 

Não duvide, liberte-se de todas as correntes,

Dê asas à tua fidelidade, com renúncias necessárias,

A Cruz te levará bem mais longe do que possas pensar.


É Tempo do Advento a celebrar e a viver,

Limpemos nossos corações de todas as tralhas,

Para que n’Ele o Verbo venha e faça Sua Divina morada. Amém.

 

 

PS: Fontes – Is 35,1-6ª.10; Sl 145, Tg 5,7-10; Lc 11,2-11

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