segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

Não duvide, apenas em Deus confie

 


Não duvide, apenas em Deus confie


Não duvide em nenhum momento que Ela está contigo.

Se chorar, ela ouvirá teu choro, enxugará tuas lágrimas.

Maria, com Maria sempre poderás contar.

 

Mergulhe teu olhar no olhar de Maria,

Inexplicavelmente sentirás que só não estás.

Chore, grite, clame: ela, como Mãe, te ouvirá.

 

Apenas não duvide, sequer por um instante,

De que estás só, e que ninguém está contigo,

Se no bem, na verdade e na caridade estiveres a trilhar.

 

Não duvide que Ele já veio, vem e há de vir,

Para nossa cegueira do coração curar,

Para vislumbrar novo horizonte em cada amanhecer.

 

Que Ele virá trazer a cura de nossa surdez,

Para ouvir mais que o canto dos pássaros na janela:

O canto dos profetas e poetas a anunciar um mundo novo.

 

Não duvide que Ele virá nos tirar de nossos túmulos,

Da mentira, hipocrisia, autossuficiência, egoísmo,

Para vida nova e plena nos oferecer, se n’Ele crermos.

 

Não duvide de Sua Palavra, Palavra de vida eterna

E não há outro a quem recorrermos ou seguirmos:

Somente Ele, Jesus, tem Palavras de vida eterna.

 

Não regue as sementes das dúvidas inúteis,

N’Ele confie, com joelhos fortalecidos e mãos solidárias,

Criai ânimo, jamais desista de teus sonhos.

 

Não duvide, liberte-se de todas as correntes,

Dê asas à tua fidelidade, com renúncias necessárias,

A Cruz te levará bem mais longe do que possas pensar.


É Tempo do Advento a celebrar e a viver,

Limpemos nossos corações de todas as tralhas,

Para que n’Ele o Verbo venha e faça Sua Divina morada. Amém.

 

 

PS: Fontes – Is 35,1-6ª.10; Sl 145, Tg 5,7-10; Lc 11,2-11

“Fica conosco, Senhor, suplicamos...”

                                               


“Fica conosco, Senhor, suplicamos...”
 
Na Liturgia das Horas, encontramos esta oração nas Vésperas, que nos remete ao Evangelho de Lucas (Lc 24, 13-35), que podemos repetir em cada entardecer, certos de que a noite cai lentamente, cede lugar ao anoitecer; como o sol poente cederá lugar à lua, em suas fases naturais:
 
“Ficai conosco, Senhor Jesus, porque a tarde cai e, sendo nosso companheiro na estrada, aquecei-nos os corações e reanimai nossa esperança, para Vos reconhecermos com os irmãos nas Escrituras e no partir do Pão. Vós, que sois Deus com o Pai, na unidade do Espírito Santo”. (1)
 

Oremos:
 
Fica conosco, Senhor, e ao participarmos da Tua Mesa,  e na partilha do Pão da Eucaristia, reconheçamos Tua real presença, como os discípulos que Te reconheceram ao partir o Pão, e os olhos foram abertos.
 
Fica conosco, Senhor, e jamais nosso coração seja endurecido e tardio para entender o Mistério de Tua Paixão, Morte e Ressurreição; e que a Tua Palavra nos ilumine e faça arder nosso coração.

 
Fica conosco, Senhor, sobretudo para que solidifiquemos nossa amizade e intimidade contigo, de modo especialíssimo ao participarmos da Ceia da Eucaristia.

 
Fica conosco, Senhor, em todos os momentos, favoráveis ou adversos, obscuros ou luminosos, opacos ou radiantes de luz, alegres ou tristes, angustiados ou cheios de esperança.

 
Fica conosco, Senhor, fortaleça nossa fé, reanima nossa esperança e inflama nossos corações, na mais pura e desejável caridade para com o nosso próximo.

 
Fica conosco, Senhor, pois és nosso “companheiro na estrada”, companheiro de viagem, sobretudo quando passarmos por vales tenebrosos e montanhas de dificuldades.

 
Fica conosco, Senhor, na travessia de desertos áridos da existência, a fim de que vençamos as tentações (ter, poder e ser), porque, contigo, mais que vencedores o somos.

 
Fica conosco, Senhor, a Ti nos dirigimos confiantes, pois Tu vives e Reinas com o Teu Pai, na comunhão com o Espírito Santo, na mais perfeita comunhão de amor.  Amém. 

 

(1)   Oração das Vésperas- Liturgia das Horas (cf Lc 24,13-35)

Vinde, Senhor Jesus, iluminar nossos caminhos

                                                    


Vinde, Senhor Jesus, iluminar nossos caminhos

“Vindo Ele ao Templo, estava a ensinar, quando os chefes dos sacerdotes e os anciãos do povo se aproximaram e perguntaram-Lhe: ‘Com que autoridade fazes estas coisas? E quem te concedeu essa autoridade?’” (cf. Mt 21, 23)

Oremos:

Vinde, Senhor Jesus, e ajudai-nos a compreender a Vossa autoridade, com o desejo de conversão e penitência, como João Batista, Vosso precursor, a voz que clamou no deserto e continua a clamar ainda hoje em nossos corações.

Vinde, Senhor Jesus, mesmo que não mereçamos, pois reconhecemos nossos próprios pecados e somos conscientes da distância entre os Vossos pensamentos e os nossos; a fim de trilharmos o caminho do aperfeiçoamento e da santidade, na fidelidade a Vós e ao Deus que nos revelais, um Deus rico em misericórdia.

Vinde, Senhor Jesus, e ajudai-nos na preparação do Vosso Santo Natal, que espera de nós um coração puro e aberto à Vossa presença, especialmente na vida e no rosto dos mais empobrecidos, e que nossa ação vá muito além de discursos e teorias promovendo a beleza e a  sacralidade da vida.

Vinde, Senhor Jesus, como a “estrela da manhã’’, resplandecer Vossa luz em nossos corações (cf 2Pd 1,19),  iluminando nossas vidas, para que possamos irradiar e comunicar a Vossa divina luz a todos que precisarem, anunciando a esperança de novos amanheceres. Amém.

 

Fonte: Lecionário Comentado – Volume Advento/Natal – pp. 144-145 – Comentário da passagem do Evangelho de Mateus (Mt 21,23-27)

Em poucas palavras...

 


Deus quer a nossa felicidade

"Não há evangelização que não leve a uma libertação. O alegre anúncio do Cristo libertador só é digno de fé se seus mensageiros sabem vivenciá-lo e ser testemunhas de alegria...

Deus quer a felicidade dos homens, seu bom êxito. Os cristãos devem saber que a boa nova da salvação é uma mensagem de alegria e libertação.” (1)

 

(1)               Missal Dominical – Editora Paulus – 1995 – p. 18

Advento de novos tempos

                                                                

Advento de novos tempos

“Eu vejo, mas não para já; contemplo-o, mas ainda não próximo: 
Uma estrela surge de Jacob e um cetro se ergue de Israel.”
(Nm 24, 17a)

Quero o olhar de Balaão, um olhar penetrante,
Que não se detenha na superfície das coisas.

Quero a possibilidade, como teve com Balaão,
De apontar algo novo que vai além das aparências.

Quero saber perscrutar em profundidade
Os inesgotáveis Mistérios do  amor e da bondade de Deus.

Quero compreender a frágil condição humana,
Reaprender, a cada dia, o reerguer necessário.

Quero cair em êxtase como Balaão, e ver no horizonte
O inédito que Deus tem sempre a nos oferecer.

Quero abrir os olhos e nele deitar o colírio da fé,
Para renovar no coração a esperança e a caridade.

Quero ver cair os espessos véus,
Que ocultam o Projeto de Deus desde sempre.

Caiam os véus do orgulho, das paixões destrutivas,
Dos interesses mesquinhos, dos preconceitos dilacerantes.

Caiam todos os véus da mentira e da maldade,
Para que acolhamos a Divina Luz da Verdade e Bondade: Jesus.

Caídos os véus, abram-se as cortinas, para que
Possamos ver os acontecimentos e as pessoas com o olhar de Deus.

Abram-se as cortinas, para vislumbrarmos novas relações;
Novos tempos, novos brotos, novos frutos.

Cortinas abertas e véus caídos ao chão,
O céu fica bem mais perto da terra: novo tempo, sinais do Reino. Amém.



PS: Fonte inspiradora:  (Nm 24, 2-7.15-17a), proclamado na segunda-feira da terceira semana do Advento e  Lecionário Comentado- Editora Paulus - Lisboa - 2011 -  p. 142.

Deus coloca em nós o Seu afeto

                                                           


Deus coloca em nós o Seu afeto

Acolhamos um trecho do pequeno do Tratado de Guilherme, (Abade Mosteiro de Saint-Thierry), sobre a contemplação de Deus.

“Somente Vós sois realmente Senhor, Vós para quem dominar sobre nós é salvar-nos; enquanto, para nós, servir-Vos nada mais é do que ser salvos por Vós.

Senhor, de Vós procede a Bênção e a salvação para Vosso povo. Mas que salvação é esta senão a graça que nos concedeis de Vos amar e de ser amados por Vós?

Por isso, Senhor, quisestes que o Filho que está à Vossa direita, o homem que fortalecestes para Vós, fosse chamado Jesus, isto é, Salvador: pois Ele vai salvar o povo de seus pecados (Mt 1,21) e em nenhum outro há salvação (At 4,12). 

Ele nos ensinou a amá-Lo, ao nos amar primeiro e até à morte de Cruz. Por Seu Amor e Sua dileção, suscita nosso amor por Ele, que nos amou primeiro e até o fim.

Foi assim mesmo: Vós nos amastes primeiro para que: Vos amássemos. Não tínheis necessidade de ser amado por nós, mas não poderíamos atingir o fim para o qual fomos criados se não Vos amássemos.

Eis por que, tendo falado outrora a nossos pais muitas vezes e de muitos modos por intermédio dos Profetas, nestes últimos tempos nos falastes pelo Vosso Filho, pelo Vosso Verbo; por Ele é que os céus foram criados, e pelo sopro de Seus lábios, todo o universo (Sl 32,6).

Para Vós, falar por meio do Vosso Filho não foi outra coisa senão trazer à luz do sol, isto é, manifestar claramente o quanto e como nos amastes, Vós que não poupastes Vosso próprio Filho, mas o entregastes por todos nós. E Ele também nos amou e Se entregou por nós.

É essa, Senhor, a Palavra que nos dirigistes, o Verbo Todo-Poderoso. Quando todas as coisas estavam envolvidas no silêncio (cf. Sb 18,14), ou seja, nas profundezas do erro, Ele desceu do Seu trono real (Sb 18,15) para combater energicamente todos os erros e fazer triunfar suavemente o Amor.

E tudo o que Ele fez, tudo o que disse na terra, até aos opróbrios, até aos escarros e às bofetadas, até à Cruz e à sepultura, não foi senão a Palavra que nos dirigistes em Vosso Filho, suscitando pelo Vosso Amor o nosso amor por vós.

Bem sabíeis, ó Deus, Criador dos homens, que este amor não pode ser imposto, mas que é necessário estimulá-lo no coração humano. Porque onde há coação não há liberdade, e onde não há liberdade também não há justiça.

Quisestes assim que Vos amássemos, pois não podería­mos ser salvos com justiça sem Vos amar; e não poderíamos amar-Vos sem receber de Vós esse Amor.

Por isso, Senhor, como diz o Apóstolo do Vosso Amor e nós também já dissemos, Vós nos amastes primeiro; e amais primeiro todos os que Vos amam.

Nós, porém, Vos amamos com o afeto do amor que pusestes em nós. Mas Vosso Amor, Vossa bondade, ó suma­mente bom e sumo bem, é o Espírito Santo, que procede do Pai e do Filho. 

Desde o princípio da criação Ele pairava sobre as águas, isto é, sobre os espíritos indecisos dos filhos dos homens; Ele Se oferece a todos, atrai tudo a Si, inspirando, encorajando, afastando as coisas nocivas, providenciando as úteis, unindo Deus a nós e unindo-nos a Deus.”  (1)

O Abade nos apresenta uma face tão bela do Deus da Sagrada Escritura, por vezes, tão diferente da habitualmente concebida por alguns.

Deste modo, Deus é nos apresentado com um rosto luminoso e um coração inflamado de Misericórdia, que coloca todo Seu afeto em nós, e quer tão apenas estabelecer conosco, feitos à Sua imagem e semelhança, uma relação de amor, amizade e intimidade. 

Este amor tão bem descrito no Livro do Cântico dos Cânticos:   

“Coloca-me, como um selo sobre teu coração, como um selo em teu braço. Pois o amor é forte, é como a morte, o ciúme é inflexível como o Xeol. 

Suas chamas são chamas de fogo uma faísca de Javé. As águas da torrente jamais poderão apagar o amor, nem os rios afogá-lo. 

Quisesse alguém dar tudo o que tem para comprar o amor... Seria tratado com desprezo” (Ct 8, 6- 7).

Refletir sobre o Amor de Deus, que nos amou primeiro,  nos faz mais humanos e mais solícitos para com o próximo.

Vivamos o Tempo do Advento, preparando-nos com progressos espirituais, maiores ainda, para que sejamos mais luminosos e misericordiosos ao celebrarmos o Natal. Afinal, fomos feitos à imagem e semelhança de Deus. Amém.

           
(1) Liturgia das Horas - Segunda-feira da terceira Semana do Advento.

É próprio do amor de Deus...

                                                                 

É próprio do amor de Deus...

Mais do que falar do amor de Deus, é preciso vivê-lo intensamente, escrevendo memoráveis páginas de resposta ao Seu amor.

Mergulhemos no mar da misericórdia de Deus e a felicidade pura, verdadeira, encontraremos, pois é próprio do amor de Deus:

- Amar até mesmo os inimigos; amor sem limites, barreiras, méritos, conceitos;

- Falar no mais profundo de nós, dando a nós o melhor d’Ele, para que sejamos melhores a cada dia;

- Doer até as entranhas do coração em intensa compaixão, agindo em nós ainda que não o percebamos ou não nos predisponhamos, pois Seu amor é persistente;

- Fazer-se presente quando menos imaginamos, e quando mais precisamos;

- Abrir-se ao novo, e de forma diferente, encaminhando luz a quem precisa, mas não dispensa nossas renúncias para nos oferecer algo infinitamente maior e melhor;

- Vir em nosso socorro em necessários discernimentos;

- Suportar a rejeição, para que sejamos mais bem aceitos, porque regenerados, ainda que não merecedores, nos ama ainda que não saibamos ou não percebamos, ou até mesmo O ignoremos;

- Expressar-se com faces de misericórdia, em atitudes de perdão que possibilitam sempre um novo recomeço, deixando marcas para sempre lembradas.

É próprio do amor de Deus...

Quem sou eu

Minha foto
4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG