terça-feira, 25 de novembro de 2025

“Sofremos o amor perdido”

                                                              

“Sofremos o amor perdido”

Disse o Senhor na passagem do Evangelho (Lc 21,5-19) proclamada no 33º Domingo do Tempo Comum (ano C) e na Quarta-feira da 34ª Semana do tempo Comum: “Sereis entregues até mesmo pelos próprios pais, irmãos e amigos. E eles matarão alguns de vós” (Lc 21, 16).

Para reflexão, retomo um trecho do Sermão do Papa e Doutor da Igreja, São Gregório Magno (séc. VI):

“Nós sofremos menos pelos males causados por estranhos, porém nos são mais cruéis os tormentos que sofremos da parte daqueles em cujo amor confiávamos; porque, além do tormento do corpo, sofremos o amor  perdido, eis por que de Judas, Seu traidor, diz o Senhor pelo salmista:

Na verdade que, se o ultraje viesse de um inimigo meu, teria sofrido com paciência; e se a agressão partisse daqueles que me odeiam, poderia ter-me salvo deles; mas tu, meu companheiro, meu guia e meu amigo; com quem me entretinha em doces colóquios, que andávamos juntos na casa de Deus’.

E novamente: ‘Até o próprio amigo em quem eu confiava, que partilhava do meu pão, levantou contra mim o calcanhar’. Como se de seu traidor dissesse claramente: ‘sua traição me é tanto mais dolorosa quanto mais íntimo me parecia ser aquele de quem a sofri’”.

São Gregório retrata possíveis experiências que possamos já ter vivido. Podemos já sofrido por um amor perdido, como assim vivenciou Nosso Senhor, em relação à traição de Judas, a quem tanto amou, e não foi correspondido, e nem por isto deixou de amá-lo. Quem mais poderia amá-lo e nos amar tanto assim?

Quanto ainda temos que nos converter e amadurecer para amar, incondicionalmente, como Jesus nos ama?

Findando mais um Ano Litúrgico, ainda temos um longo aprendizado na prática do Mandamento Maior do amor a Deus, que se expressa no amor ao próximo, para que O coroemos e O glorifiquemos como Senhor de nossa vida e de todo o Universo.


(1) Lecionário Patrístico Dominical - Editora Vozes – 2013 – P.755

segunda-feira, 24 de novembro de 2025

Oração para o Ministério Presbiteral

                                                          

Oração para o Ministério Presbiteral

Senhor Jesus Cristo, Pontífice da Nova e Eterna Aliança,
a quem o Pai ungiu com o Espírito Santo, 
revestindo-me de poder, 
guardando-me  para a santificação do povo fiel,
e assim oferecer a Deus o Santo Sacrifício.

Que, recebendo a oferenda do Povo Santo para apresentá-la a Deus,
eu tome sempre consciência do que vou fazer 
para pôr em prática o que vou celebrar, 
conformando minha vida ao Mistério da Cruz do Senhor.

Senhor Jesus Cristo, com a Igreja, 
renovo em cada Eucaristia o Sacrifício da Redenção humana, 
servindo aos fiéis o Banquete da Páscoa, 
presidindo o Povo de Deus na caridade, 
alimentando-o com a Vossa Palavra 
e o restaurando com Vossos Sacramentos.

Confirmai-me na graça de dar a minha vida por Vós 
e pela Salvação de todos.
Quero me assemelhar cada vez mais a Vós, 
com mesmos pensamentos e sentimentos Vossos, 
testemunhando constantemente,
com fidelidade e amor para convosco, 
com a bênção e a proteção da Mãe da Igreja, Nossa Senhora, 
que jamais nos desampara. 
Amém!

Você nunca estará só



Você nunca estará só

Eis que estou à porta e bato.
Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta,
Eu entrarei em sua casa
e tomarei refeição com ele,  e ele comigo.” Ap 3,20)

 

Não desista de lançar tuas sementes, o máximo possível,

Na esperança de que cairão em chão fecundo,

E ainda que não aconteça, semeia incansavelmente:

não estarás só; com Ele podes contar.

 

Se, por vezes, vires teus sonhos parecerem impossíveis,

Um suspiro, uma súplica, forças renovadas, siga em frente.

Ainda que alguém te diga – “não conseguirás, desista...”

Não o ouças, Ele acredita muito em ti.

 

Se por um momento te sentires à beira de um precipício,

Como que te convidando a um último suspiro e mergulho,

Recua um passo, e verás que estamos bem ali à tua frente:

Com Ele podes contar; resistirás e vencerás.

 

Se não conseguires ver a beleza da estação primavera,

Te mostrarei e falarei das flores de esperança,

Que nos fazem olhar para além de estreito horizonte

Com Ele à Mesa Sagrada haverás de se revigorar.

 

Se não conseguires ver a beleza da estação outono,

Conversaremos das podas e perdas necessárias,

Para novos floresceres, como também é nosso existir:

Com Ele, suportarás podas e perdas inevitáveis.

 

Se a cegueira te roubar a contemplação da estação inverno,

Na fogueira do Espírito, farei sentires o calor do amor divino.

Súplicas elevaremos, com cânticos, salmos e hinos.

Com Ele, a tua voz se somará também à dos anjos.

 

Por fim, se a estação verão for apenas o calor escaldante,

Que possa roubar tuas forças ou predisposição,

Contemplaremos páginas da suave brisa revitalizante,

Com Ele, renovarás tuas forças na Fonte Divina. Amém. 

Avaliar e planejar com a luz do Espírito

                                               

       

Avaliar e planejar com a luz do Espírito
 
Vivendo um tempo fecundo de avaliação e planejamento pastoral para o próximo ano, recorramos à imagem do retrovisor, que nos permite um olhar retrospectivo e crítico, para avaliarmos sobre o que avançamos ou não, o que ainda nos desafia, clamando por respostas, para que a evangelização aconteça, lembrando Santo Ambrósio: – “A graça do Espírito ignora a lentidão”.
 
Tenhamos em nossas mãos, mente e coração, alguns instrumentos indispensáveis: a Sagrada Escritura, as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora do Brasil CNBB (Doc. 109), com o Objetivo Geral: 

EVANGELIZAR no Brasil cada vez mais urbano, pelo anúncio da Palavra de Deus, formando discípulos e discípulas de Jesus Cristo, em comunidades eclesiais missionárias, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, cuidando da Casa Comum e testemunhando o Reino de Deus rumo à plenitude”.
 
Deste modo, o planejamento pastoral não será resultado de desejos humanos tão apenas, mas a expressão da escuta atenta de Deus e de sua vontade para todos nós, sob a ação do Seu Espírito na fidelidade a Jesus, como discípulos missionários que devemos ser; seduzidos, enraizados em Seu amor; um amor incondicional que se renova em cada Banquete Eucarístico.
 
Certamente, muito foi feito, mas ainda há muito por fazer. Há que se reconhecer fragilidades e forças, erros e acertos, avanços e recuos, luzes e sombras.
 
Embora sejamos poucos no oásis da cidade, “pois a messe é grande e poucos são os operários” (cf. Lc 10,1-9), assim falou o Senhor Jesus, empenhemo-nos na procura de respostas efetivas e corajosas, saciando nossa sede na Divina Fonte, que a todo instante nos sacia e se renova ininterruptamente, para que não sucumbamos na graça da missão por Deus a nós confiada.
 
Avaliar e planejar é mais do que necessário, sempre sob a ação do Espírito, coberto por Sua sombra, contando com Sua força.
 
“Vinde Espírito Santo, enchei o coração dos Vossos fiéis. E acendei neles o fogo do Vosso amor...” 

“Revesti-vos da armadura de Deus”

                                                         

“Revesti-vos da armadura de Deus”

Como Igreja, estamos em tempo fecundo e necessário de avaliação da caminhada feita, propício para a necessária elaboração de planos, projetos, sempre vislumbrando novos caminhos.

Os dias passam, consomem-se e nós nos consumimos. A cada dia uma batalha, uma conquista, decepções e surpresas agradáveis; encontros e desencontros; ganhos e perdas; derrotas, vitórias. Assim é a vida: comporta o movimento dos contrários.

A vida não é feita de apenas uma nota, um tom, um som, uma palavra, uma rima, de um parágrafo apenas. A vida é percurso, desafio, superação, eterno recomeço, morte e Ressurreição.

Neste sentido, a passagem da Carta de Paulo aos Efésios (Ef 6,10-20) é riquíssima para nos fortalecer no bom combate da fé.

Ele fala do cristão à luz de uma metáfora: o guerreiro, um gladiador que se coloca intrepidamente no combate consagrando e confiando a sua vida ao Senhor.

“Fortalecei-vos no Senhor, pelo Seu soberano poder” (Ef 6,10). A nossa força vem de Deus.

“Revesti-vos da armadura de Deus” – revestidos de Cristo pelo Batismo não há nada a temer. O Senhor é escudo, proteção, refúgio e muito mais, como rezou o Salmista (Sl 143).

Lutamos a todo instante contra as forças espirituais do mal, espalhadas nos ares, afirma o Apóstolo. É preciso vigiar e orar a todo instante, para que sejamos conduzidos, animados, iluminados pelo Santo Espírito no combate e para que vencedores sejamos.

Com a armadura de Deus mantemo-nos inabaláveis, assegura o Apóstolo, no cumprimento de nosso dever (Ef 6,13).

Ele ainda nos exorta: sejamos cingidos com a verdade, o corpo vestido com a couraça da justiça, e os pés calçados de prontidão para incansavelmente anunciar o Evangelho (Ef 6,15).

Nosso escudo é a fé, e com ele apagamos todas as flechas da maldade, da mentira, da hipocrisia, da injustiça.

Nosso capacete é o divino capacete da salvação, tendo nas mãos a espada do Espírito que é a própria Palavra de Deus (Ef 6,18).

Finaliza exortando à indispensável Oração em todas as circunstâncias, numa vigília permanente, Oração feita incessantemente uns pelos outros.

Que tenhamos sempre coragem em cada amanhecer de nos revestirmos de Cristo, de sermos  Sua presença no mundo, comunicando a Sua imprescindível luz em meio às trevas, dando gosto de Deus a quantos possamos, como sal da terra.

Revestidos da armadura de Deus, fermentaremos o mundo novo, não recuaremos na vida de fé, avançaremos corajosamente, enfim, nossa fé será verdadeiramente fecunda.

Rever caminhos, firmar os passos

                                                             


Rever caminhos, firmar os passos

Finalizando mais um ano Litúrgico, reflitamos sobre a vinda futura do Senhor, Sua segunda vinda gloriosa.

Deste modo, sejamos iluminados pela passagem da Segunda Carta do Apóstolo Paulo aos Tessalonicenses (2 Ts 3,7-12), que nos fala da vida futura e definitiva, a ser esperada sem preguiça e comodismo.

A comunidade não pode cruzar os braços, tão pouco “viver nas nuvens”, assim como não pode perder tempo com futilidades, e nada de útil fazer.

É forte a mensagem dirigida à comunidade: não há lugar para parasitas que vivam à custa dos demais, o que se caracterizaria em consumidores.

Há uma exortação à responsabilização de todos, porque o Reino de Deus começa aqui e agora e a todos compromete; portanto, jamais compreendido como uma evasão do mundo: 

“...Jesus de Nazaré não traz uma plenitude totalmente pronta. Não em uma intervenção mágica que desresponsabiliza o homem. É verdade que chegou a plenitude prometida, mas espera ser completada. É um dom, mas simultaneamente uma conquista”. (1)

À espera do Senhor que vem, façamos, portanto, uma revisão e avaliação do ano vivido, sobretudo de nossos sagrados compromissos com o Reino, e renovemos nossa predisposição e forças para iniciarmos mais um ano, em maior e melhor correspondência aos desígnios divinos, a fim de que não apenas digamos, mas vivamos o que rezamos todos os dias: – Seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu.


(1) – Missal Dominical – pp.1295-1296.

Oração para depois da Santa Missa (Papa Clemente XI)

                                         


Oração para depois da Santa Missa
  
Oremos:
 
“Meu Deus, eu creio em Vós, mas fortificai a minha fé;
espero em Vós, mas tornai mais confiante a minha esperança;
eu Vos amo, mas afervorai o meu amor;
arrependo-me de ter pecado, mas aumentai o meu arrependimento.
 
Eu Vos adoro como primeiro princípio,
eu Vos desejo como fim último;
eu Vos louvo como benfeitor perpétuo,
eu Vos invoco como benévolo defensor.
 
Que Vossa sabedoria me dirija,
Vossa justiça me contenha,
Vossa clemência me console,
Vosso poder me proteja.
 
Meu Deus, eu Vos ofereço
meus pensamentos, para que só pense em Vós;
minhas palavras, para que só fale em Vós;
minhas ações, para que sejam do Vosso agrado;
meus sofrimentos, para que sejam por Vosso amor.
 
Quero o que quiserdes,
porque o que quereis
como o quereis,
e enquanto o quereis.
 
Senhor, eu Vos peço:
iluminai minha inteligência,
inflamai minha vontade,
purificai meu coração
e santificai minha alma.
 
Dai-me chorar os pecados passados,
repelir as tentações futuras,
corrigir as más inclinações
e praticar as virtudes do meu estado.
 
Concedei-me ó Deus de bondade,
ardente amor por Vós e aversão por meus defeitos,
zelo pelo próximo e desapego do mundo.
 
Que eu me esforce para obedecer aos meus superiores,
auxiliar os que dependem de mim,
dedicar-me aos amigos e perdoar os inimigos.
 
Que eu vença a sensualidade pela austeridade,
a avareza pela generosidade,
a cólera pela mansidão e a tibieza pelo fervor.
 
Tornai-me prudente nas decisões,
corajoso nos perigos,
paciente nas adversidades
e humilde na prosperidade.
 
Fazei, Senhor, que eu seja atento na oração,
sóbrio nos alimentos,
diligente no trabalho
e firme nas resoluções.
 
Que eu procure possuir
pureza de coração e modéstia de costumes,
um procedimento exemplar e uma vida reta.
 
Que eu me aplique sempre em vencer a natureza,
colaborar com a graça,
guardar os Mandamentos
e merecer a salvação.
 
Aprenda de Vós como é pequeno o que é da terra,
como é grande o que é divino,
breve o que é desta vida
e duradouro o que é eterno.
 
Dai-me preparar-me para a morte,
temer o dia do juízo,
fugir do inferno
e alcançar o paraíso.
Por Cristo Nosso Senhor. Amém”.
 
 
Fonte:  Após a Missa o Missal Romano nos apresenta a oração atribuída ao Papa São Clemente XI (1649-1721) - Missal Romano – pp.1250-1252

 

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