terça-feira, 18 de março de 2025

A graça do segundo ano de Ministério Episcopal

A graça do segundo ano de Ministério Episcopal

“Para mim o viver é Cristo” (Fl 1, 21)

Glorificando a Deus pelo segundo ano de Ministério Episcopal, retomo as palavras do Apóstolo Paulo, para expressar meu carinho e gratidão à Diocese de Guarulhos, pela minha história escrita, da qual o povo de Deus desta cidade teve e tem grande participação: “Assim, meus irmãos, a quem quero bem e dos quais sinto saudade, minha alegria, minha coroa, meus amigos, continuai firmes no Senhor” (Fl 4,1).

Alargando os horizontes do meu amor pela Igreja, desenvolvo o meu ministério como Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte – MG, que conta com aproximadamente cinco milhões de habitantes; quase trezentas Paróquias; quatro Regiões Pastorais e uma Região de missão; trinta Foranias; com setecentos presbíteros; além de um imenso número de religiosos, religiosas, cristãos leigos e leigas, que vou conhecendo cada vez mais, e animando-os na caminhada de fé.

Diante das comunidades, nas Missas que presido (feriais, dominicais, Crismas, Ordenações, Festas de Padroeiros); nos diversos encontros de formação; reuniões de encaminhamentos pastorais, de modo especial no acompanhamento das Pastorais Sociais da Arquidiocese, sinto o carinho do Povo de Deus, que procura na pessoa do Bispo a Pessoa de Jesus Cristo.

Ser Bispo tem sido para mim a graça de cuidar do rebanho como pai, amigo e pastor, animando e corrigindo, quando necessário; estreitando laços de conhecimento de novas pessoas, novas experiências.

Nesta nova realidade, com os desafios acentuados pelo momento nacional de incertezas no âmbito da política; alguns com pouca esperança ou crédito no mundo da política; com a diminuição e esfriamento da chama da profecia no coração de alguns, me empenho na missão evangelizadora, buscando ser um instrumento de ânimo e encorajamento na caminhada de todos, pois, é na adversidade, sobretudo, que devemos dar razão de nossa esperança e multiplicar espaços e grupos de reflexão, para que não nos evadamos do sagrado compromisso da construção do Reino, que passa, necessariamente, pela vivência da caridade, e a Igreja nos ensina que a política, no seu sentido mais autêntico, é a sublime expressão da caridade.

Concluo assegurando minhas orações pela Diocese Guarulhos, que completa 38 anos de existência, para que continue, com amor, zelo e alegria, proclamando a Palavra de Deus nesta Cidade, e ao mesmo tempo, peço que rezem por mim, para que, no cumprimento do ministério, eu seja fiel no tríplice múnus de santificar, ensinar e governar a Igreja, dando sentido ao meu Lema Episcopal, que deve guiar a minha vida e ação como bispo da Igreja: “Para mim o viver é Cristo” (Fl 1,21).

Rogo à Virgem Maria, sob o título de nossa Senhora da Piedade, Padroeira de Minas Gerais, que abençoe a todos, para que permaneçamos firmes no Senhor.


PS: Escrito em 18/3/2019, quando celebrei o segundo ano de Ministério Episcopal.

segunda-feira, 17 de março de 2025

Gratidão a Deus por Seu imensurável Amor

                                                


Gratidão a Deus por Seu imensurável Amor

Ele quis gravar, para sempre, nos corações, a mais bela lição de Amor à humanidade.

Sejamos enriquecidos pelos escritos do Bispo São Cirilo de Jerusalém (sec. IV), “Das Catequeses” :

“Toda ação de Cristo é glória da Igreja católica. Contudo, a glória das glórias é a Cruz. Paulo, muito bem instruído, disse: Longe de mim gloriar-me a não ser na Cruz de Cristo.

Foi uma coisa digna de admiração que Ele tenha recuperado a vista àquele cego de nascença em Siloé. Mas o que é isto em vista dos cegos do mundo inteiro?

Foi estupendo e acima das forças da natureza ressuscitar Lázaro após quatro dias de morto. Mas a um só foi dada essa graça; e os outros todos, em toda a terra, mortos pelo pecado?

Foi maravilhoso alimentar com cinco pães, qual fonte, a cinco mil homens. Mas e aqueles que em toda a parte sofrem a fome da ignorância?

Foi magnífico libertar a mulher ligada há dezoito anos por Satanás; mas que é isto se considerarmos a todos nós, presos pelas cadeias de nossos pecados?

Pois bem; a glória da Cruz encheu de luz os que estavam cegos pela ignorância, libertou os cativos do pecado, remiu o universo inteiro.

Não nos envergonhemos da Cruz do Salvador. Muito pelo contrário, dela tiremos glória. Pois a palavra da Cruz é escândalo para os judeus e loucura para os gentios, para nós, no entanto, é salvação. Para aqueles que se perdem é loucura; para nós, que fomos salvos, é força de Deus. Não era um simples homem quem por nós morria; era o Filho de Deus feito Homem.

Outrora o cordeiro, morto segundo a instituição mosaica, afastava para longe o devastador. Porém, o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo, não poderá muito mais libertar dos pecados? O sangue de um cordeiro irracional manifestava a salvação. Sendo assim, não trará muito maior salvação o Sangue do Unigênito?

O Cordeiro não entregou a vida coagido, nem foi imolado à força, mas por Sua plena vontade.

Ouve o que Ele disse: Tenho o poder de entregar minha vida; e tenho o poder de retomá-la. Chegou, portanto, com toda a liberdade à Paixão, alegre com a excelente obra, jubiloso pela coroa, felicitando-Se com a salvação do homem. Não se envergonhou da Cruz, pois trazia a salvação para o mundo. Não era um homem qualquer Aquele que padecia, era o Deus encarnado a combater pelo prêmio da obediência.

Por conseguinte, não te seja a Cruz um gozo apenas em tempo de paz. Também em tempo de perseguição guarda a mesma fidelidade, não aconteça seres tu amigo de Jesus durante a paz e inimigo durante a guerra. Agora recebes a remissão dos pecados e és enriquecido com os generosos dons espirituais de Teu Rei. Rebentando a guerra, luta por Ele valorosamente.

Jesus foi crucificado em teu favor, Ele não tinha pecado. Tu, por tua vez, não te deixarás crucificar por Aquele que em teu benefício foi pregado na Cruz? Não estarás fazendo nenhum favor porque primeiro recebeste. Entretanto, mostras tua gratidão pagando a dívida a quem por ti foi crucificado no Gólgota.”

Revitalizemos nossa fé e não nos envergonhemos da Cruz de Nosso Senhor,  mas façamos dela um gozo, mesmo em tempo de perseguição, dificuldades e incompreensões possíveis na vida de todo aquele que se põe a caminho com Ele. 

Em nenhum momento o Senhor nos prometeu facilidades; até mesmo acenou para os inevitáveis perigos deste caminho, mas assegurou Sua eterna e amável presença. Nosso medo se diluiu diante de Sua força e presença: “Coragem, sou Eu. Não tenhais medo!” (cf. Mt 14,22-33).

Expressemos, continuamente, nossa gratidão a Deus por tão imenso e incompreensível Amor consumado na Cruz, sem que o mereçamos, mas indubitavelmente a prova maior do Amor de Deus por nós (cf. Jo 3,16).

Ainda que nada precisasse provar, Ele quis gravar, para sempre,  nos corações, a mais bela lição de Amor à humanidade; amor tão imenso ao próximo também vivido, reconciliado, recriando um mundo novo com relações mais fraternas.

Gloriemo-nos na Cruz de Cristo como fez o Apóstolo Paulo e tantos outros ao longo de mais de dois milênios de história do cristianismo (cf. Gl 6,14).

Façamos da Cruz de Cristo um instrumento de salvação; Cruz assumida cotidianamente, sempre precedida de renúncias necessárias, desapegos de si e de todos os bens pelo Bem Maior: Deus Uno e Trino, em plena comunhão de amor, vida, alegria e paz (cf. Lc 9,23). Amém.

Em poucas palavras...

                                                    


O exuberante amor do Senhor para conosco 

“Ó exuberante amor para com os homens! Cristo foi o que recebeu os cravos em Suas imaculadas mãos e pés, sofrendo dores atrozes, e a mim, sem experimentar nenhuma dor nem angústia alguma, foi-me conferido a Salvação pela comunhão de Suas dores”. (1)

 

(1) São Cirilo de Jerusalém – Bispo e Doutor da Igreja - (séc. IV)

 


Peregrinar na esperança com o fermento do amor e da verdade

 

 

Peregrinar na esperança com o fermento do amor e da verdade

Como peregrinos de esperança, nosso peregrinar só será agradável a Deus se nos deixarmos levedar pelo fermento do amor e da verdade, de tal modo que estaremos em contínuo caminho de conversão, e em necessária vigilância, para que a hipocrisia não manche nossas vestes batismais.

O que é a hipocrisia? Vejamos o que nos diz Raniero Cantalamessa:

“O que é a hipocrisia? É uma tentativa para ludibriar a Deus; é a falsidade do coração, a ilusão do contentar a Deus com as aparências, quase se iludindo de que Ele possa se enganar e tomar por coisa boa o que não é...

O hipócrita é, no fundo, um falsário, alguém que tenta pagar a Deus com moeda falsa, alguém que o honra com os lábios enquanto seu coração está longe de Deus (cf. Mt 15,8).” (1)

Se a vida do discípulo for envolvida pela hipocrisia, estará sendo envolvidoa pelas trevas da ignorância como nos disse o bispo e doutor da Igreja, São Cirilo de Alexandria (séc. V):

“De fato, aqueles que estão envoltos nas trevas da ignorância não poderão conduzir ao conhecimento da verdade aqueles que se encontram em idênticas e calamitosas condições. Pois de tentá-lo, ambos acabarão caindo no fosso das paixões.”  

No entanto, se nos deixarmos levedar com o fermento do amor e da verdade, seremos conduzidos pelo Santo Espírito, seremos uma árvore boa a produzir frutos bons, e tiraremos do tesouro de nosso coração, coisas boas, como nos falou Jesus na passagem do Evangelho (cf. Lc 6,39-45).

Vejamos o que nos diz Paulo sobre os frutos do Espírito que devemos produzir, como peregrinos da esperança:

“Os frutos do Espírito são perfeições que o Espírito Santo forma em nós, como primícias da glória eterna. A Tradição da Igreja enumera doze: «caridade, alegria, paz, paciência, bondade, longanimidade, benignidade, mansidão, fidelidade, modéstia, continência, castidade» (Gl 5, 22-23 segundo a Vulgata)”. (2)

Oremos:

Ó Deus, levedados pelo fermento do amor e da verdade, dai-nos a perfeita coerência cristã, e que ela seja visibilizada pela ação que reflete o que se fala; fala-se o que se pensa; e se pensa o que se reza.

Dai-nos, ó Deus, a perfeita coerência, para que não sejamos guias cegos, caindo com quem nos foi confiado, no fosso das paixões.

Senhor Deus, enviai-nos Vosso Santo Espírito, para que fiéis nos seguimento do Vosso Filho, transformemos em fé viva o que lemos, ensinemos o que cremos, e procuremos realizar tudo o que ensinarmos, a fim de que não sejamos meros ouvintes e pregadores de Vossa Palavra. Amém.

(1)  Comentário sobre a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 6,39-45) - O Verbo se faz carne – Raniero Cantalamessa – Editora Ave Maria -2012 – pág. 642

(2)Catecismo da Igreja Católica parágrafo n. 1832

Peregrinos da esperança e a necessária coerência da vida cristã

 


Peregrinos da esperança e a necessária coerência da vida cristã

Sejamos enriquecidos pelo Comentário ao Evangelho de São Lucas, escrito por São Cirilo de Alexandria, Bispo e Doutor da Igreja (séc. V)

Um discípulo não é maior que o seu mestre, mas quando terminar a aprendizagem será como o mestre. Os bem-aventurados discípulos estavam chamados a serem os iniciadores e mestres do mundo inteiro.

Por isso era conveniente que se avantajassem aos demais em uma sólida formação religiosa: necessitavam conhecer o caminho da vida evangélica, serem mestres consumados em toda boa obra, repartir aos seus alunos uma doutrina clara, sã e vinculada às regras da verdade; como aqueles que já tinham fixado seu olhar na Verdade e possuíam uma mente ilustrada pela luz divina. Somente assim evitariam de se converterem em cegos, guias de cegos.

De fato, aqueles que estão envoltos nas trevas da ignorância não poderão conduzir ao conhecimento da verdade aqueles que se encontram em idênticas e calamitosas condições. Pois de tentá-lo, ambos acabarão caindo no fosso das paixões.

A seguir, e para cortar pela raiz a tão difundida doença da vanglória, de maneira que em nenhum momento tentem superar o prestígio dos mestres, acrescenta: Um discípulo não é maior que o seu mestre. E se alguma vez ocorresse que alguns discípulos alcançassem tais progressos, que chegassem a se equiparar em mérito aos seus antecessores, mesmo assim devem permanecer dentro dos limites da modéstia dos mestres e tornarem-se seus imitadores.

É o que assegura Paulo, dizendo: Segui o meu exemplo, como eu sigo o de Cristo. Portanto, se o mestre se abstém de julgar, por que tu estabeleces sentenças? Realmente, Ele não veio para julgar o mundo, mas para usar de misericórdia com ele. Cujo sentido é este: Ele diz ‘se eu não julgo, tu também não julgues, sendo discípulo como és’. E se por acréscimo és mais culpável que aquele a quem julgas, como tua cara não se encherá de vergonha? O Senhor esclarece isto mesmo com outra comparação: Diz: Por que vês o cisco no olho do teu irmão?

Com silogismos sem volta trata de persuadir-nos de que nos abstenhamos de julgar aos outros; examinemos antes nossos corações e tratemos de expulsar as paixões que se aninham neles, implorando o auxílio divino. O Senhor cura os corações destroçados e nos liberta das indisposições da alma. Se tu pecas mais e gravemente que os outros, por que lhes reprovas seus pecados esquecendo-te dos teus? Assim, este preceito é necessariamente salutar para todo aquele que deseje viver piedosamente, porém o é sobretudo para aqueles que têm recebido o encargo de instruir aos demais.

E se forem bons e capazes, apresentando-se a si mesmos como modelos da vida evangélica, então sim poderão repreender com liberdade aqueles que não querem imitar sua conduta, como àqueles que, aderindo aos seus mestres, não demonstram um comportamento religioso.” (1)

Os discípulos são chamados a serem os iniciadores e mestres do mundo inteiro, para que tenha credibilidade no anúncio da Palavra.

Humildade e vigilância para a haja coerência entre o que se vive e se prega, e deste modo, são instigantes as palavras do Bispo:

“De fato, aqueles que estão envoltos nas trevas da ignorância não poderão conduzir ao conhecimento da verdade aqueles que se encontram em idênticas e calamitosas condições. Pois de tentá-lo, ambos acabarão caindo no fosso das paixões.”

Oremos:

Ó Deus, dai-nos a perfeita coerência cristã, e que ela seja visibilizada pela ação que reflete o que se fala; fala-se o que se pensa; e se pensa o que se reza.

Senhor Deus, enviai-nos Vosso Santo Espírito para que fiéis no seguimento do Vosso Filho, transformemos em fé viva o que lemos, ensinemos o que cremos, e procuremos realizar tudo o que ensinarmos, a fim de que não sejamos meros ouvintes e pregadores de Vossa Palavra.

Dai-nos, ó Deus, perfeita coerência, Vós que sois Perfeitíssima Coerência, para que não sejamos guias cegos caindo com quem nos foi confiado no fosso das paixões. Amém!

 

(1) Lecionário Patrístico Dominical – Editora Vozes – 2013 – pág. 643-644

A virtude da paciência

                                                          

A virtude da paciência

Todos podemos nos decepcionar frente às diversas dificuldades multiplicadas no tempo presente: resultados esperados, não alcançados; demora de resposta; metas que parecerem menos tangíveis; decepções, por ver não conformar o que se esperava de alguém ou de uma situação com a realidade de fato.

As provas são muitas, ora menores, ora maiores, ora internas próprias da condição humana, ora externas, devido aos inúmeros fatores que nos envolvem (econômicos, familiares, sociais).

E nos dizem: “é preciso ter paciência”... Paciência? Mas como ter paciência? Como cultivá-la? O que fazer quando “sentimos que o sinal de reserva já foi dado”?

A virtude da paciência precisa andar de mãos dadas com a perseverança, apesar de todos os obstáculos que possam surgir e nos desafiar, pois a paciência é, segundo Santo Agostinho, “a virtude pela qual suportamos os males com ânimo sereno”.

Na Sagrada Escritura, encontramos inúmeras passagens que revelam a paciência de Deus conosco: é próprio do Amor de Deus não desistir jamais de nós.

Entretanto, não confundamos paciência com passividade perante o sofrimento, pois o Amor de Deus nos assegura que, se um sofrimento nos foi permitido, é para que tenhamos frutos maiores ainda, como nos diz Santo Tomás em seu comentário da Epístola aos Hebreus:

– “Corramos com paciência ao combate que nos é proposto, com os olhos fixos em Jesus, que em nós começa e completa a obra da fé. Em vista da alegria que lhe foi proposta, suportou a Cruz; não Se importando com a infâmia (Hb 12,1-2)”.

O Senhor, sabedor das dificuldades, nos revela a misericórdia de Deus e nas provações nos diz: “havereis de ter aflições no mundo, mas tendes confiança, Eu venci o mundo” (Jo 16,33).

Precisamos viver a virtude da paciência em três níveis:

- Primeiro, para conosco próprios: humildade, confiança em Deus, superação das próprias limitações. São Francisco de Sales afirmava que “é necessário termos paciência com todos, mas, em primeiro lugar, conosco próprios – (“Epistolário – fragmento n.139);

- Depois, com as pessoas com quem nos relacionamos: elas também têm seus defeitos, limitações, e também podem estar fazendo esforços de superação. É preciso dar um tempo, uma resposta amável, para que nossas palavras cheguem ao coração destas, e ainda se não chegarem, com certeza chegarão ao Coração do Senhor, que não desviará Seu olhar de afeto para nós. Pode acontecer que o veneno, o problema não esteja no outro, mas bem dentro de nós;

- Finalmente, com os acontecimentos que nos contrariam: doença, pobreza, frio ou calor, contratempos, provações de muitos nomes... É preciso enfrentar tudo com ânimo, sem “explodir”, sem rancores, blasfêmias. Santificar-se também com as adversidades, e em todas as circunstâncias dar graças a Deus, ficando sempre alegres, e orando sem cessar, conforme falou o Apóstolo (1 Ts 5, 17).

Abrir o coração à docilidade do Espírito que nos assiste, vivendo a paciência de mãos dadas com a constância, a humildade: quando a paciência anda de mãos dadas com a humildade, acomoda-se ao ser das coisas e respeita o tempo e o momento de cada uma delas, sem precipitações, perturbações, inquietações desnecessárias, porque sabe lidar com as próprias limitações, com as dos outros e com o contexto no qual nos encontramos inseridos.

É preciso ter sempre o olhar posto em Cristo e confiar em Sua presença e Palavra; manter a serenidade, e, somente cresceremos em serenidade, se a pusermos a serviço da caridade, fortalecendo a humildade, tomando consciência de nossas limitações, aprendendo a conviver com elas para superá-las.

Para finalizar, somente com uma Oração bem feita, deixando-nos modelar pela mão divina, iluminando as profundezas de nosso coração, reencontraremos a paciência que tanto desejamos e precisamos para nos relacionarmos conosco, com o outro e com o mundo que nos cerca.

Cultivemos esta virtude tão cara, tão necessária para que a esperança de novos tempos se torne uma realidade, e o fortalecimento de novas relações de amor e paz.

Somente nos sentindo amados por Deus, daremos um suspiro profundo, renovando nossas forças que vêm do alto, vêm da Divina Fonte da Paciência: A Trindade Santíssima.

Paciência...

                                                                

Paciência...

Quantas vezes nos decepcionamos frente às dificuldades múltiplas e multiplicadas no tempo presente: resultados esperados, não alcançados; demora de resposta; metas que parecem menos tangíveis; decepções por não ver o que se esperava de alguém ou de uma situação com a realidade de fato.

As provas são muitas, ora menores, ora maiores, ora internas próprias da condição humana, ora externas, devido aos inúmeros fatores que nos envolvem (econômicos, familiares, sociais).

E nos dizem: “é preciso ter paciência”... Paciência? Mas como ter paciência? Como cultivá-la? O que fazer quando “sentimos que o sinal de reserva já foi dado”?

A virtude da paciência precisa andar de mãos dadas com a perseverança, apesar de todos os obstáculos que possam surgir e nos desafiar, pois a paciência é, segundo Santo Agostinho, “a virtude pela qual suportamos os males com ânimo sereno”.

Na Sagrada Escritura, encontramos inúmeras passagens que revelam a paciência de Deus conosco: é próprio do Amor de Deus não desistir jamais de nós.

Entretanto, não confundamos paciência com passividade perante o sofrimento, pois o Amor de Deus nos assegura que, se um sofrimento nos foi permitido, é para que tenhamos frutos maiores ainda, como nos diz Santo Tomás em seu comentário da Epístola aos Hebreus:

– “Corramos com paciência ao combate que nos é proposto, com os olhos fixos em Jesus, que em nós começa e completa a obra da fé. Em vista da alegria que lhe foi proposta, suportou a Cruz; não Se importando com a infâmia (Hb 12,1-2)”.

O Senhor, sabedor das dificuldades, nos revela a misericórdia de Deus e nas provações nos diz: “havereis de ter aflições no mundo, mas tendes confiança, Eu venci o mundo” (Jo 16,33).

Precisamos viver a virtude da paciência em três níveis:

- Primeiro, para conosco próprios: humildade, confiança em Deus, superação das próprias limitações. São Francisco de Sales afirmava que “é necessário termos paciência com todos, mas, em primeiro lugar, conosco próprios – (“Epistolário – fragmento n.139);

- Depois, com as pessoas com quem nos relacionamos: elas também têm seus defeitos, limitações e podem estar também fazendo esforços de superação. É preciso dar um tempo, uma resposta amável para que nossas palavras cheguem ao coração destas e ainda se não chegarem, com certeza chegarão ao Coração do Senhor que não desviará Seu olhar de afeto para nós. Pode acontecer que o veneno, o problema não esteja no outro, mas bem dentro de nós;

- Finalmente, com os acontecimentos que nos contrariam: doença, pobreza, frio ou calor, contratempos, provações de muitos nomes... É preciso enfrentar tudo com ânimo, sem “explodir”, sem rancores, blasfêmias. Santificar-se também com as adversidades e em todas as circunstâncias dar graças a Deus, ficando sempre alegres e orando sem cessar, conforme falou o Apóstolo (1 Ts 5, 17).

Abrir o coração à docilidade do Espírito que nos assiste, vivendo a paciência de mãos dadas com a constância, a humildade: quando a paciência anda de mãos dadas com a humildade, acomoda-se ao ser das coisas e respeita o tempo e o momento de cada uma delas, sem precipitações, perturbações, inquietações desnecessárias porque sabe lidar com as próprias limitações, com as dos outros e com o contexto no qual nos encontramos inseridos.

É preciso ter sempre o olhar posto em Cristo e confiar em Sua presença e Palavra; manter a serenidade, e, somente cresceremos em serenidade, se a pusermos a serviço da caridade, fortalecendo a humildade, tomando consciência de nossas limitações, aprendendo a conviver com elas para superá-las.

Para finalizar, somente com uma Oração bem feita, deixando-nos modelar pela mão divina, iluminando as profundezas de nosso coração, reencontraremos a paciência que tanto desejamos e precisamos para nos relacionarmos conosco, com o outro e com o mundo que nos cerca.

Cultivemos em todo o tempo esta virtude tão necessária para que a esperança de novos tempos se torne uma realidade e novas relações de paz sejam percebidas, porque estará transbordando nosso coração de alegria, e nós, envolvidos pelo Amor de Deus, que veio morar em nosso meio e em nós, e nos foi comunicado através da Sua Encarnação, na fragilidade de uma criança.

A Encarnação de Deus naquela Criança, e Ele crescendo em sabedoria, tamanho e graça de Deus, é a maior expressão da paciência divina para conosco que, tendo nos amado, nos amou até o fim, passando pela morte.

Somente nos sentindo amados por Deus, daremos um suspiro profundo, renovando nossas forças que vêm do alto, da Divina Fonte da Paciência: A Trindade Santíssima.

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