segunda-feira, 10 de março de 2025

Vivamos como filhos da Luz

                                                       

Vivamos como filhos da Luz

É Quaresma, tempo de graça e salvação, tempo de reconciliação com Deus e com nossos irmãos, como a Igreja nos convida, com oração, jejum e esmola, salutares exercícios de nossa santificação.

É tempo de voltarmos nosso olhar para o oriente, de onde nasce para nós o Sol da justiça, Jesus Cristo, Nosso Senhor, o Sol Nascente, que nos veio visitar, ontem, hoje e sempre.

Porque é de lá que se levanta sobre nós a luz, para que nunca andemos nas trevas, nem sejamos surpreendidos nas trevas no último dia, vivendo com empenho e ardor a graça do Batismo.

Porque é também de lá que nos vem a luz, a fim de que a noite e a escuridão da ignorância não caiam sorrateiramente sobre nós, e continuemos firmes e solícitos no eterno bom combate da fé.

Tão somente assim, viveremos sempre na luz da sabedoria, no pleno dia da fé, e no fulgor da caridade e da paz, celebrando o Mistério da Paixão e Morte do Senhor, para celebrar com júbilo a Sua Ressurreição.


PS: Livre Adaptação de um trecho da Homilia sobre o Levítico, escrita pelo Presbítero Orígenes   (Séc.III).

Quaresma: vivamos a misericórdia intensamente

                                                          

Quaresma: vivamos a misericórdia intensamente

Na segunda-feira da primeira semana da Quaresma, ouvimos a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 25, 31-46), tendo como mensagem, o último julgamento a que todos seremos submetidos diante do Senhor, o quanto vivemos a misericórdia, pois no entardecer da vida, seremos julgados pelo amor (cf. São João da Cruz).

Vivendo intensamente o itinerário quaresmal, sejamos enriquecidos por um dos Sermões do Bispo São Gregório de Nazianzo (Séc. VI), sobre a prática da caridade, de modo que sirvamos a Cristo na pessoa dos empobrecidos, com os quais Se identificou,

“Diz a Escritura: Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia (Mt 5,7). A misericórdia não é certamente a última das Bem-Aventuranças. Lemos também: Feliz de quem pensa no pobre e no fraco (Sl 40,2). 

E noutro lugar: Feliz o homem caridoso e prestativo (Sl 111,5). E noutro lugar: O justo é generoso e dá esmola (Sl 36,26). 

Tornemo-nos dignos destas bênçãos, de sermos chamados misericordiosos e cheios de bondade.

Nem sequer à noite interrompa a tua prática da misericórdia. Não digas: ‘Vai e depois volta, amanhã te darei o que pedes’. Nada se deve interpor entre a tua resolução e o bem que vais fazer. Só a prática do bem não admite adiamento.

Reparte o teu pão com o faminto, acolhe em tua casa os pobres e peregrinos (Is 58,7), com alegria e presteza. Quem se dedica às obras de misericórdia, diz o Apóstolo, faça-o com alegria (Rm 12,8). 

Essa presteza e solicitude duplicarão a recompensa da tua dádiva. Mas o que é dado com tristeza e de má vontade não se torna agradável nem é digno.

Devemos alegrar-nos, e não entristecer-nos, quando prestamos algum benefício. Diz a Escritura: Se quebrares as cadeias injustas e desligares as amarras do jugo (Is 58,6), isto é, da avareza e das discriminações, das suspeitas e das murmurações, que acontecerá?

A tua recompensa será grande e admirável! Então, brilhará tua luz como a aurora e tua saúde há de recuperar-se mais depressa (Is 58,8). E quem há que não deseje a luz e a saúde?

Por isso, se me julgais digno de alguma atenção, vós, servidores de Cristo, Seus irmãos e coerdeiros, em todas as ocasiões visitemos a Cristo, alimentemos a Cristo, tratemos as feridas de Cristo, vistamos a Cristo, acolhamos a Cristo, honremos a Cristo; não apenas oferecendo-lhe uma refeição, como fizeram alguns, não apenas ungindo-O com perfumes como Maria, não apenas dando-lhe o sepulcro como José de Arimateia, não apenas dando o necessário para o sepultamento como Nicodemos que dava a Cristo só uma parte do seu amor, nem, finalmente, oferecendo ouro, incenso e mira, como fizeram os magos, antes de todos esses. 

O Senhor do universo quer a misericórdia e não o sacrifício, e a compaixão tem muito maior valor que milhares de cordeiros gordos. 

Ofereçamos a misericórdia e a compaixão na pessoa dos pobres que hoje na terra são humilhados, de modo que, ao deixarmos este mundo, eles nos recebam nas moradas eternas, juntamente com o próprio Cristo nosso Senhor, a quem seja dada a glória pelos séculos dos séculos. Amém.”

Intensifiquemos a prática da caridade e a solidariedade para com o próximo, pois somente o amor a Deus, vivido concretamente para com o próximo, é que nos possibilitará o encontro definitivo e eterno com o Pai. 

Jesus não apenas mostrou o caminho, mas Se fez o próprio Caminho.

Como Jesus nos ensinou nos Evangelhos, é preciso dar primazia ao amor, amando a Deus e se consagrando totalmente a Ele, amando, inseparavelmente ao próximo como a si mesmo.

Nisto constitui dois eixos da religião que agrada a Deus, de modo que tudo o mais será complemento e terá valor relativo. 

É sempre possível que, com muita facilidade, no caminho para Deus, o ser humano embrenhe por atalhos, abandonando a estrada principal, empobrecendo tristemente, porque deixa de lado o caminho do amor a Deus e ao próximo. 

Somente o caminho do amor poderá levar-nos ao destino que esperamos: a eternidade, o encontro com Deus Uno e Trino. 

Em poucas palavras...

 


O Sacramento da Unção dos Enfermos

“A união à paixão de Cristo. Pela graça deste sacramento, o enfermo recebe a força e o dom de se unir mais intimamente à paixão de Cristo: ele é, de certo modo, consagrado para produzir frutos pela configuração com a paixão redentora do Salvador. O sofrimento, sequela do pecado original, recebe um sentido novo: transforma-se em participação na obra salvífica de Jesus.” (1)

 

 

(1)Catecismo da Igreja Católica n. 1521

Em poucas palavras...

                                                  




A sombra da Cruz no desígnio de Deus

“O esquecimento da Lei e a infidelidade à Aliança levam à morte: é o Exílio, aparentemente o fracasso das promessas, mas, na realidade, fidelidade misteriosa do Deus salvador e o princípio duma restauração prometida, mas segundo o Espírito.

Era preciso que o povo de Deus sofresse esta purificação (Lc 24,26). O exílio traz já a sombra da cruz no desígnio de Deus; e o «resto» dos pobres que regressa do Exílio é uma das figuras mais transparentes da Igreja.” (1)

 

 

(1) Parágrafo do Catecismo da Igreja Católica - n.710

O amor, a única retribuição que Deus nos pede

                                                         

O amor, a única retribuição que Deus nos pede

Vivendo o Tempo da Quaresma, tempo favorável de conversão e santificação, reconciliando-nos com Deus e com os irmãos e irmãs, sejamos enriquecidos por um dos Sermões do Bispo de São Gregório de Nazianzo (Séc. IV), no qual ele nos exorta a manifestar, uns para com os outros, a bondade do Senhor.

“Considera de onde te vem a existência, a respiração, a inteligência, a sabedoria, e, acima de tudo, o conhecimento de Deus, a esperança do reino dos céus e a contemplação da glória que, no tempo presente, é ainda imperfeita como num espelho e em enigma, mas que um dia haverá de ser mais plena e mais pura.

Considera de onde te vem a graça de seres filho de Deus, herdeiro com Cristo e, falando com mais ousadia, de teres também sido elevado à condição divina. De onde e de quem vem tudo isso?

Ou ainda, – se quisermos falar de coisas menos importantes e que podemos ver com os nossos olhos – quem te concedeu a felicidade de contemplar a beleza do céu, o curso do sol, a órbita da lua, a multidão dos astros e aquela harmonia e ordem que se manifestam em tudo isso como uma lira afinada? 

Quem te deu as chuvas, as lavouras, os alimentos, as artes, a morada, as leis, a sociedade, a vida tranquila e civilizada, a amizade e a alegria da vida familiar? 

De onde te vem poderes dispor dos animais, os domésticos para teu serviço e os outros para teu alimento? 

Quem te constituiu senhor e rei de todas as coisas que há na face da terra? E, porque não é possível enumerar uma a uma todas as coisas, pergunto finalmente: quem deu ao homem tudo aquilo que o torna superior a todos os outros seres vivos? 

Porventura não foi Deus? Pois bem, agora, o que Ele te pede em compensação por tudo, e acima de tudo, não é o teu amor para com Ele e para com o próximo?

Sendo tantos e tão grandes os dons que recebemos ou esperamos d’Ele, não nos envergonharemos de não lhe oferecer nem mesmo esta única retribuição que pede, isto é, o amor? E se Ele, embora sendo Deus e Senhor, não Se envergonha de ser chamado nosso Pai, poderíamos nós fechar o coração aos nossos irmãos?

De modo algum, meus irmãos e amigos, de modo algum sejamos maus administradores dos bens que nos foram concedidos pela graça divina, a fim de não ouvirmos a repreensão de Pedro: ‘Envergonhai-vos, vós que vos apoderais do que não é vosso; imitai a justiça de Deus e assim ninguém será pobre’.

Não nos preocupemos em acumular e conservar riquezas, enquanto outros padecem necessidade, para não merecermos aquelas duras e  ameaçadoras palavras do profeta Amós: Tomai cuidado, vós que andais dizendo: Quando passará o mês para vendermos; e o sábado, para abrirmos nossos celeiros?’ (cf. Am 8,5).

Imitemos aquela excelsa e primeira lei de Deus, que faz chover sobre os justos e os pecadores e faz o sol igualmente levantar-se para todos; que oferece aos animais que vivem na terra a extensão dos campos, as fontes, os rios e as florestas; que dá às aves a amplidão dos céus, e aos animais aquáticos, a vastidão das águas; que proporciona a todos, liberalmente, os meios necessários para a sua subsistência, sem restrições, sem condições, sem fronteiras; que põe tudo em comum, à disposição de todos eles, com abundância e generosidade, de modo que nada falte a ninguém. 

Assim   procede Deus para com as Suas criaturas, a fim de conceder a cada um os bens de que necessita segundo a sua natureza e dignidade, e manifestar a todos a riqueza da Sua bondade”.

Deus, que tantas maravilhas realiza e tantas graças nos concede, quer tão apenas de nós uma resposta de amor, que podemos expressar, cotidianamente, contemplando a ação e presença de Deus em nossas vidas.

Vivendo a Quaresma e a Campanha da Fraternidade, inseparavelmente, comprometemos com uma Ecologia integral na promoção e defesa da vida, dos pobres e de nossa Casa Comum, como nos propõe a Campanha da Fraternidade deste ano de 2025, com o tema -"FRATERNIDADE E ECOLOGIA INTEGRAL", e com o lema - "Deus viu que tudo era muito bom" (Gn 1,31), estaremos, sem dúvida, correspondeo ao amor de Deus infinito por nós e a obra de Sua Criação.

Sem o sacrifício vespertino não haveria a oferenda da manhã! (parte II)

                                                         

Sem o sacrifício vespertino não haveria a oferenda da manhã! 
Viver o mistério da fé é fazer da vida um constante sacrifício vespertino, para que possamos acolher e celebrar a oferenda da manhã, a alegria da Ressurreição, tornando-nos uma Hóstia Santa e agradável ao Senhor, como nos exorta o Apóstolo Paulo:

–“Exorto-vos, portanto, irmãos, pela misericórdia de Deus, a que ofereças vossos corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus: este é o vosso culto espiritual” (Rm 12,1).

Não há Domingo de Páscoa sem o mistério da Paixão e Morte refletido, celebrado, assumido e vivido ao longo da Semana Santa e em toda a nossa vida, como também não há repouso sem o trabalho…

Reflitamos:

- Tenho feito da minha vida agradável oferenda vespertina ao Senhor?
- Tenho suportado o peso da cruz sem reclamações, lamentações inúteis?

Onde, como e quando me alimento para esta missão?
-  Como estou me preparando para passar do sacrifício vespertino à oferenda da madrugada da Ressurreição?

domingo, 9 de março de 2025

Fé: graça, ato humano e a provação

 


Fé: graça, ato humano e a provação

Ouvimos no primeiro domingo da Quaresma, a passagem da Carta de Paulo aos Romanos (Rm 10, 8-13), e o Apóstolo Paulo nos fala da Salvação como dom de Deus e compromisso nosso, no testemunho de nossa fé.

Retomamos três parágrafos do Catecismo da Igreja Católica, sobre a virtude divina da fé:

- A fé é uma graça: “Quando Pedro confessa que Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivo, Jesus declara-lhe que esta revelação não lhe veio «da carne nem do sangue, mas do seu Pai que está nos Céus» (Mt 16, 17; Gl 1,15-16; Mt 11,25).

A fé é um dom de Deus, uma virtude sobrenatural infundida por Ele. «Para prestar esta adesão da fé, são necessários a prévia e concomitante ajuda da graça divina e os interiores auxílios do Espírito Santo, o qual move e converte o coração para Deus, abre os olhos do entendimento, e dá "a todos a suavidade em aceitar e crer a verdade"» (Dei Verbum, 5 – Vaticano II).”  (1)

- A fé é um ato humano: “O ato de fé só é possível pela graça e pelos auxílios interiores do Espírito Santo. Mas não é menos verdade que crer é um ato autenticamente humano.

Não é contrário nem à liberdade nem à inteligência do homem confiar em Deus e aderir às verdades por Ele reveladas.

Mesmo nas relações humanas, não é contrário à nossa própria dignidade acreditar no que outras pessoas nos dizem acerca de si próprias e das suas intenções, e confiar nas suas promessas (como, por exemplo, quando um homem e uma mulher se casam), para assim entrarem em mútua comunhão.

Por isso, é ainda menos contrário à nossa dignidade «prestar, pela fé, submissão plena da nossa inteligência e da nossa vontade a Deus revelador» (Dei Filius - c.3 – Vaticano II) e entrar assim em comunhão íntima com Ele.” (2)

- Fé nas provações do cotidiano: “Por enquanto, porém, «caminhamos pela fé e não vemos claramente» (2 Cor 5, 7), e conhecemos Deus «como num espelho, de maneira confusa, [...] imperfeita» (Cor, 13, 12).

Luminosa por parte d'Aquele em quem ela crê, a fé é muitas vezes vivida na obscuridade, e pode ser posta à prova.

O mundo em que vivemos parece muitas vezes bem afastado daquilo que a fé nos diz: as experiências do mal e do sofrimento, das injustiças e da morte parecem contradizer a Boa-Nova, podem abalar a fé e tornarem-se, em relação a ela, uma tentação.” (3)

A Salvação não é uma conquista humana, mas dom gratuito de Deus que, na Sua bondade, quer salvar a todos.

Cremos que o Evangelho de Jesus é a força que congrega e salva aquele que crê (judeus e pagãos), pois Deus quer salvar a todos, indistintamente (v. 11-12).

É tempo favorável para o testemunho de nossa fé, com a presença e ação do Espírito Santo, que recebemos no dia de nosso Batismo (cf. Ef 1,13), nas mais diversas situações: favoráveis ou adversas; sombrias ou luminosas...

 

(1)  Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 153

(2) Idem n. 154

(3) Idem n. 164

 


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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG