sexta-feira, 30 de agosto de 2024

“Tua Palavra é luz para o caminho”

                                                          


“Tua Palavra é luz para o caminho”

 “A Sagrada Escritura é para nos ajudar a decifrar o mundo; para
nos devolver o olhar da fé e da contemplação, e transformar
a realidade numa grande revelação de Deus”.

No mês de setembro, mês especialmente dedicado à Sagrada Escritura, fomos enriquecidos pela reflexão do  Livro do Deuteronômio, o quinto Livro do Pentateuco.

É fundamental, sobretudo no momento que estamos vivendo, com a proximidade das eleições, refletir, discernir, escolher com sabedoria aqueles que vão exercer o poder político em nossos Municípios nos próximos quatro anos.

Voltemo-nos à afirmação do Papa São Paulo VI, que em 1971 nos dizia:  “A política é uma maneira exigente - se bem que não seja a única - de viver o compromisso cristão, ao serviço dos outros.” ( Carta Apostólica Octogesima Adveniens - n.46).
 
Também são oportunas as palavras dos Bispos na Conferência Nacional do Brasil, realizada de 2016, através das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora: “Promova-se cada vez mais a participação social e política dos cristãos leigos e leigas nos diversos níveis e instituições, por meio de formação permanente e ações concretas.

Com a crise da democracia representativa, cresce a importância da colaboração da Igreja no fortalecimento da sociedade civil, na luta contra a corrupção, bem como no serviço em prol da unidade e fraternidade dos povos, em especial na América Latina.” (n.123).

Urge que, no testemunho da fé, como discípulos missionários do Senhor, vivamos a atuação e compromisso político, como concretização e promoção do bem comum, para que sejamos sal, fermento e luz. 

Como Igreja, não nos é permitido omissão nestes sagrados compromissos de participação da construção do Reino de Deus inaugurado por Jesus, com a força do Espírito Santo.

Embora a nossa participação política não se esgote no período eleitoral, este é um momento privilegiado, sobretudo considerando a nossa realidade nacional, marcada por vezes pelo descaso do poder público, precariedade de serviços necessários à população, desvios ou não aplicação de verbas para o que é de fato essencial, e outros tantos fatos que clamam por mudanças efetivas.

Se dificuldades existem, a Palavra de Jesus, ontem, hoje e sempre, nos renova para os sagrados compromissos: “Não temais, pequeno rebanho, porque foi do agrado de vosso Pai dar-vos o Reino” (Lc 12,32).

E para que superemos os nossos medos, na desafiadora e necessária participação política, Ele afirma ainda: “Coragem, Eu venci o mundo” (Jo 16,33).

Enfim, encorajados pela Palavra do Senhor, luz para nosso caminho, assim como o Povo de Deus viveu e celebrou a noite da libertação da escravidão do Egito e a celebrou com cantos e júbilo, também nós, partícipes da Nova e Eterna Aliança, revigorados pelo Banquete de Eternidade, nos empenhemos concretamente nesta noite de libertação que se repete ao longo da história, quando não nos omitimos e nos comprometemos no escrever de novas linhas da história com vida plena, digna, abundante e feliz para todos.


PS: Escrito em agosto de 2020

Sejamos vigilantes na fé

                                                            

Sejamos vigilantes na fé
“Portanto, ficai vigiando, pois não
sabeis qual será o dia, nem a hora.” (Mt 25, 13)

Na Liturgia da Sexta-feira da 21ª Semana do Tempo Comum é proclamada a passagem do Evangelho em que Jesus nos fala do Reino de Deus a partir da conhecida Parábola das dez virgens (Mt 25, 1-13).

Enriquecedora é esta reflexão que encontramos no Missal Quotidiano:

“Jesus descreve a Bem-Aventurança eterna como uma festa de núpcias, em que o esposo é o Cristo. Mas a Parábola põe a tônica sobre as insensatas que encontram a porta fechada, porque não chegaram a tempo.

A Palavra que Jesus dirige a essas jovens é uma das mais terríveis de toda a Bíblia: ‘Não vos conheço’. Trata-se da separação total, se nos lembrarmos de que ‘conhecer’ implica na Bíblia um elemento afetivo.

Ser ‘repelido’ é o resultado da falta de ‘fé vigilante’. É terrível pensar que muitas vezes é salva a fachada, porém dentro está morto o amor, e com ele a esperança.

Continua-se por hábito, cansadamente, por comodismo ou por capricho, mas perdeu-se do ‘convite às bodas’. Falta no íntimo a espera vigilante e ativa (ter óleo) do encontro com Cristo, cuidadosamente preparado”. (1)

Na prática de uma fé vigilante, é preciso que, como discípulos missionários, não deixemos faltar o azeite da esperança, da justiça, da solidariedade, da confiança, do amor, da alegria: “As comunidades cristãs não devem permitir-se distrações ou superficialidades, mas são chamadas a alimentar a fé com o azeite da esperança e da paciência, que jamais podem abrandar em quem espera a sabedoria verdadeira e fecunda”. (2)

É preciso estar sempre vigilante nas pequenas atitudes:

“Acordar com o propósito de ser melhor, de agir melhor, de não dar tanta importância às pequenas coisas que nos desgastam por qualquer motivo, de sorrir mais, de ajudar mais o próximo, de cuidar mais da vida, pois, agindo assim, estaremos vigilantes e preparados”. (3)

Oremos: 

Senhor Deus, concedei-nos o dom da sabedoria que vem do Vosso Espírito, para acolhermos e vivermos a Palavra do Vosso Filho, para que um dia tenhamos a graça de sermos partícipes do Banquete da Eternidade.

Concedei-nos, também,  a graça de acrescentar cada vez mais o azeite em nossas lâmpadas, para que não se apague na espera, quando Vosso Filho vier gloriosamente pela segunda vez, e que o fogo do Espírito esteja crepitando em nossos corações, e assim sejamos dignos de correr ao mais desejado e esperado encontro. Amém. (4)


(1) Missal Quotidiano - Editora Paulus - p. 1211
(2)Lecionário Comentado - Editora Paulus - 2011 - p. 221
(3) Liturgia da Palavra I – reflexões para os dias da semana – Pe. José Carlos Pereira - Editora Paulus – p.253
(4) Livre adaptação Lecionário Comentado - Edit. Paulus - 2011 - p.223 

Cristão: aquele que crê sem ver

                                                         

Cristão: aquele que crê sem ver

O cristão conhece a obscuridade, a caligem da noite, marcada pelas densas e escuras nuvens das dificuldades a serem transpostas, mas pela Luz do Senhor mais que iluminadas.

O cristão, com coragem, enfrenta as nuvens escuras das dificuldades com a certeza de que não caminha só: A Trindade com ele está.

Sabe que a inteligência não salva o homem, assim como os mais refinados sistemas, sobretudo quando não se deixa conduzir e crer  na verdade de Deus que é Cristo Crucificado, realidade concreta de sofrimentos e de sangue, na aparente fragilidade e loucura da Cruz.

Quanto mais se adensam as trevas e o coração sangra na solidão da dor, tanto mais o catequista descobre a alegria de crer no Senhor: “Tudo posso n’Aquele me fortalece” (Fl 4,13)

Com o Apóstolo, aprende que crer significa enfrentar os desafios próprios da “noite”, porque a fé ultrapassa a medida do conhecimento e da humana sabedoria, porém não a ignora.

Ser cristão é ser alguém que mesmo quando se apagarem todos os faróis ofuscantes do “êxito”, caminhando no escuro, sem saber aonde vai, a fé o ajudará a “crer sem ver”’.

No coração e na vida de um cristão, as trevas são iluminadas por dentro, por uma presença invisível, mas totalmente crível e sentida: sabem e confiam que um dia elas cairão e a noite será despedaçada e aparecerá a aurora.



Fonte inspiradora:  1 Cor 1,17-25 - Missal Cotidiano p.1210

Chamados à santidade

                                                     

Chamados à santidade

“Em Cristo, Deus nos escolheu antes da fundação do mundo,
para sermos santos e irrepreensíveis diante d’Ele no amor” (Ef 1,4)

Os santos canonizados pela Igreja, como Santo Antônio, São João, São Pedro e tantos outros, fizeram seu itinerário espiritual, dando testemunho de amor e fidelidade ao Senhor e à Sua Palavra, até o fim. 

São inspiradores, por suas vidas, luminares da fé, para que também vivamos a santidade querida por Deus para todos nós, pela graça do Batismo que recebemos.

Sobre a santidade, o Apóstolo Paulo assim se expressou: “Porquanto, é esta a vontade de Deus: a vossa santificação” (1Ts 4,3); e ainda: “Em Cristo, Deus nos escolheu antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante d’Ele no amor” (Ef 1,4). E o próprio Senhor disse: “Portanto, deveis ser perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5, 48).

Oportunas também são as palavras da Igreja, na Constituição “Lumen Gentium”: “... Todos os fiéis, qualquer que seja sua posição na Igreja ou na sociedade, são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade. A santidade promove uma crescente humanização. Que todos, pois, se esforcem, na medida do dom de Cristo, para seguir Seus passos, tornando-se conformes à Sua imagem, obedecendo em tudo a vontade do Pai, consagrando-se de coração à glória de Deus e ao serviço do próximo. A história da Igreja mostra como a vida dos santos foi fecunda, manifestando abundantes frutos de santidade no Povo de Deus” (n.40).

Recentemente fomos enriquecidos com a canonização de dois papas, cronologicamente, muito próximos de nós: João XXIII e João Paulo II. Estes não derramaram sangue, em expressão máxima de martírio, como São Pedro e São Paulo, mas também viveram a santidade.

Deste modo, podemos lembrar tantas outras pessoas, que se empenharam em viver a santidade de diversas formas, com coragem, no silêncio e anonimato, na fidelidade e na generosidade, na doação e consumação de sua vida na prática do amor, que torna a vida mais humana e mais bela. Canonizadas ou não pela Igreja, procuraram viver a santificação no seu tempo e espaço.

Hoje, precisamos de santos e santas que não fechem os olhos, mente e coração, para a vontade divina, e assim vivendo sagrados compromissos, alcancemos as transformações e melhorias necessárias  em todos os âmbitos: saúde, educação, transporte, moradia, mobilidade humana, cultura, lazer etc.

Como nos exortou o Papa Francisco, é preciso que anunciemos ao mundo a “Alegria do Evangelho”, como discípulos missionários do Senhor, empenhados em viver a nossa fé em todos os espaços e em todo tempo, sobretudo na expressão sublime da caridade, que é a política. Não podemos nos curvar, indiferentes a este crucial momento em que vivemos, e é sempre tempo de dar razão de nossa esperança (1Pd 3, 15).
  
Seja a nossa devoção aos Santos, antes de tudo, o reconhecimento de suas inúmeras virtudes, vividas na fidelidade incondicional ao Senhor, para trilharmos o mesmo caminho, que requer de todos nós maior acolhida aos dons do Espírito Santo.

Em poucas palavras...

 


Fé: crer sem ver

“Quanto mais se adensam as trevas e o coração sangra na solidão da dor, tanto mais o cristão descobre a alegria de crer...

Quando se calarem todos os faróis ofuscantes do ‘êxito’ e o cristão estiver a caminhar no escuro, sem saber aonde vai, a fé o ajuda a ‘crer sem ver’.

As trevas como que são iluminadas por dentro por uma presença invisível. Um dia cairão. A noite será despedaçada e aparecerá a aurora.” (1)

 

 

 

(1)               Comentário do Missal Cotidiano - passagem da Leitura (1 Cor 1,17-25)

 

A luz de Cristo resplandece no rosto da Igreja

                                                   

 A luz de Cristo resplandece no rosto da Igreja

Verdadeiramente, a luz de Cristo resplandece no rosto da Igreja, assim como deve resplandecer na vida de todo cristão, sejam Ordenados ou não; mas de modo especial, através do Ministério Presbiteral.

Vejamos o que nos ensina a Igreja:

“O Concílio deseja ardentemente iluminar todos os homens com a claridade de Cristo, luz dos povos, que brilha na Igreja, para que o Evangelho seja anunciado a todas as criaturas (cf. Mc 16,15)”. (1)

No dia da Ordenação Presbiteral se diz:  “Tu és Sacerdote para sempre, segundo a ordem do Rei Melquisedec”, para fazer resplandecer a luz de Cristo no rosto da Igreja.

Todos os dias, o Presbítero deve renovar esta imensa graça, vivendo uma vida em que o anúncio da Palavra seja acompanhado do indispensável testemunho.

Deste modo, deve celebrar e viver o que celebra, em perfeita sintonia, levando muitos a contemplar o resplandecer da luz de Cristo no rosto da Igreja, a qual se colocou a serviço.

Será um instrumento da publicidade da luz, numa vida simples, coerente, pois a luz não existe para ser escondida, como nos falou o Senhor no Evangelho, porque quando se possui a luz de Deus é impossível guardá-la para si.

É impossível esconder e apagar a chama do Amor de Deus acesa, um dia, e assim comunicará a universalidade da luz do amor pelos últimos, sem se esquecer dos primeiros; a luz do amor pelos pobres, pelos pequeninos, pelos humildes, enfermos, e outros tantos rostos com quem Ele Se identificou (Mt 25).

Comunicará a consistência da luz da Palavra Divina, que não se reduz às palavras, teorias, discursos, discussões, mas em obras concretas de amor, justiça, perdão, fraternidade, humildade, compaixão e solidariedade.

Nesta comunicação da transparência da luz divina, fará de tal modo que a sua vida não atraia ninguém para si, mas para Aquele que o chamou e o enviou.

A transparência de vida do Presbítero, por causa de suas obras, levará muitos a glorificar o Pai que está nos céus (Mt 5, 16).

Assim como Jesus, o Presbítero deve levar o povo a viver em perfeita comunhão.

Padres e fiéis, Igreja Ministerial e Missionária do Senhor seremos quando, verdadeiramente, revelarmos a luz de Cristo ao mundo.

Quando comunicarmos esta luz, na noite sombria de um mundo marcado por tantos sinais de morte e exclusão.

No Ministério vivido, a devoção a Nossa Senhora e ao Sagrado Coração de Jesus, de modo especial, o torna cada vez mais compadecido e solidário com a dor dos pobres, um Sacerdote conforme o Coração de Jesus.

Que a luz de Cristo resplandeça no rosto da Igreja pela vida e Ministério Presbiteral, assim como por meio de todos os batizados, para que sal da terra e luz do mundo sejamos, contando sempre com a força indispensável que nos vem da oração sincera, pura e confiante e, de modo especial, na Santa Eucaristia.

(1) Primeiros parágrafos da Constituição “Lumen Gentium” – Luz dos Povos - sobre a Igreja. 

quinta-feira, 29 de agosto de 2024

Sabedoria Divina

Sabedoria Divina

Sabedoria Divina, anseio alcançá-la,
Sem incorrer em estéreis espiritualismos,
Aquecer-me com os raios do Sol do Supremo Saber.

Com ela, o íntimo de minha alma se ilumina,
Vislumbra sempre novos horizontes,
E mais ampliadas e realizadoras perspectivas.

Quero a Sabedoria Divina me acompanhando
No sagrado agir quotidiano, tanto nas coisas simples,
Como nas mais complexas, a serem decifradas.

Aspiro por ela para sempre alcançar
A mais que desejável agudeza de Espírito,
Para não me perder em questões menores.

Como preciso da Sabedoria Divina nas decisões!
Tão rica que nenhuma mina de saber igual seria,
Nem a mais completa biblioteca conteria.

Busco a Divina Sabedoria, comunicada como dom,
Que não é fruto da soma de conhecimentos,
Tão pouco um abismo de saber e erudição possuídos.

Somente com a Sabedoria Divina me acompanhando
Meus olhos serão como os de uma águia voando,
Com perspicácia diante das eventuais adversidades.

Somente com ela me assistindo,
Meus olhos serão como olhos de lince,
Vendo mais do que comumente se possa ver.

Agraciado com a Sabedoria Divina, sou iluminado,
Coração pelo fogo do Santo Espírito Inflamado,
Com Jesus sempre presente, por Ele enamorado.

Quem sou eu

Minha foto
4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG