“Creio, Senhor, mas aumentai minha fé”
“Este foi o início dos sinais de Jesus.
Ele o realizou em Caná da Galileia e manifestou
a Sua glória, e Seus discípulos creram n’Ele” (Jo 2,11)
O sinal realizado por Jesus em Caná da Galileia, transformando a água em vinho, é um dos sete sinais que João descreve em seu Evangelho (emprega a palavra sinais 17 vezes).
O primeiro sinal revela quem é Jesus, Sua pessoa e Sua missão; revela que Ele é o Messias há muito esperado pelo Povo de Deus, e com o sinal suscita a fé dos discípulos.
- Mas, o que é a fé?
- Como conceituá-la?
Como afirma o autor da Epístola aos Hebreus, Jesus é o “autor e consumador da fé” (Hb 12,2). Sendo o autor da fé pode aperfeiçoá-la e suscitá-la no coração de Seus ouvintes.
Fé é o acolhimento de Jesus que Se revela a cada um de nós nos acontecimentos cotidianos, para que com Ele caminhemos carregando nossa cruz, com as renúncias necessárias, e seguindo até o fim para que alcancemos a glorificação.
Ter fé é seguir o Divino Mestre, reconhecendo-O como Guia e ao mesmo tempo como Caminho; é acolhê-Lo como a Verdade que nos liberta, encontrando n’Ele a alegria e o sentido de viver, pois Ele é fonte de Vida plena.
Ter fé é seguir os passos do Senhor, tendo d’Ele os mesmos pensamentos e sentimentos (Fl 2,5).
Ter fé e entregar-se completamente nas mãos de Deus, confiando em Sua Palavra e Providência, mas não significa cruzar os braços, esperar passivamente, fé implica numa confiança ativa, ou seja, não nos dispensa de sagrados e irrenunciáveis compromissos com a justiça, a fraternidade, a vida e a paz.
A fé é fonte e fundamento daquele que segue o Senhor, comunicada àquele que crê como dom, graça divina (Ef 2,8), não dispensando jamais esforço pessoal (1Ts 1,3), acompanhada de obras, pois “A fé sem obras é morta.” (Tg 2,14-26).
A fé é a docilidade interior ao Espírito, que é a fonte de todos os dons que vêm de um só Deus, que realiza tudo em todos (1Cor 12,6). A vivência da fé leva àquele que crê uma necessidade de colocar os dons a serviço de toda a comunidade, vivendo com alegria o ministério, o carisma e a vocação própria.
Uma fé autêntica nos insere cada vez mais numa relação intensa e profunda de amor com a Santíssima Trindade, de modo que este amor vivido dá a razão de nossa esperança. Fé vivida, cultivada, celebrada, implica em amor vivido e esperança renovada em cada amanhecer. Assim, experimentamos a força transformadora do Amor de Deus, saboreando na esperança a alegria das núpcias eternas.
- Lá, em Caná, Ele fez o primeiro sinal. Quantos sinais Deus realiza em nosso meio, para que também vejamos e acreditemos em Seu poder?
Sobretudo em cada Eucaristia celebrada, vemos o grande sinal do Amor de Deus por nós, inebriamo-nos com o Sangue do Senhor, Vinho Novo e Melhor, que nos redime de todos os pecados, sacia nossa sede de vida, amor e paz.
Alimentados pelo Pão e Vinho Eucarísticos, saciamo-nos do Melhor de Deus, que é o Seu próprio Filho – “Tomai e comei, isto é o meu Corpo... Tomai e bebei, isto é o meu Sangue”.
Alimentados pela Eucaristia, sobre a qual foi invocado o Santo Espírito, renova-se no coração dos que creem o compromisso com a Vida, colocando a serviço da comunidade e do mundo os dons que nos vem de Deus, a fim de que construamos um novo céu e uma nova terra.
Finalizando, ter fé é crer na presença e ação do Senhor que faz novas todas as coisas, desde que acolhamos as palavras de Sua Mãe: “Fazei tudo o que Ele vos disser.” (Jo 2, 5).
PS: Liturgia do 2º Domingo do Tempo Comum (Ano C). Livre interpretação de Leccionário Comentado - Tempo Comum - pp. 74.
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