quinta-feira, 25 de abril de 2024

Nossa cruz de cada dia

Nossa cruz de cada dia

Caminho desafiador nos é proposto em todo o tempo,
Que consiste no caminho da entrega da vida nas mãos do Senhor:
“A Cruz às costas, com um sorriso nos lábios, com uma luz na alma.” (1)

Cruz às costas, precedida das renúncias necessárias,
Para que, com desprendimento e liberdade,
Ponhamo-nos sem medo no caminho com o Senhor.

Cruz às costas que possui muitos nomes e faces;
Ora mais pesada, até parecendo insuportável,
Ora nem tanto. Mas sempre a cruz com amor carregar.
Cruz às costas na fidelidade Àquele que nos disse:
“Vinde a mim vós que estais cansados e fatigados
Meu fardo é leve e o meu jugo é suave” (cf. Mt 11,28-29)

Cruz às costas, mas que um dia a deitaremos pelo chão,
Para fazermos a desejada travessia sobre a mesma,
Ao encontro d’Aquele que amamos e que nos acompanha: Jesus.

Com um sorriso nos lábios, um grande desafio,
Quando as dificuldades de múltiplas expressões
Dão o matiz à nossa vida, ora nem tão colorido.

Com um sorriso nos lábios, um profético testemunho:
Sorrir nas adversidades, como expressão de quem sabe
Que a Deus pode se entregar e plenamente confiar.

Com um sorriso nos lábios, quando se acolhe uma nova vida,
E também quando nos despedimos de quem amamos.
Sorriso fundado na promessa da imortalidade: Ressurreição.

Paradoxalmente, o mais puro e verdadeiro sorriso,
Precedido de lágrimas vertidas, mas o coração consolado,
Como foi o de Marta e Maria ao ver o irmão ressuscitado.

Não sorrir com a morte, porque ela, humanamente,
Não pode arrancar sorrisos, mas sorrir na esperança
De que, como grão, morrerá e desabrochará na eternidade.

Com uma luz na alma, iluminados pelo Espírito,
Confiantes na Palavra do Senhor: “Eu sou a luz do mundo,
quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8,1-12).

Com uma luz na alma, irradiando a luz de Deus
A quantos de luz precisam, porque, por vezes,
Mergulhados na escuridão da dor e do abandono.

Com uma luz na alma, iluminar os horizontes,
E jamais deixar de sonhar e se comprometer
Com um novo céu e uma nova terra.

Com uma luz na alma para não se perder no caminhar
Rumo à meta final que ansiamos e buscamos: a eternidade,
O céu como plenitude de amor e plenitude de luz.

Cruz às costas sem reclamar, mas em Deus confiando,
Sorriso nos lábios, mesmo se lágrimas forem derramadas,
Sinal de confiança, esperança, portanto, almas iluminadas...


(1) Homilia de São Josemaria Escrivá, (Via Sacra, 11ª estação).

Em poucas palavras...

 


Jesus Cristo: perfeito na divindade e humanidade

«Na sequência dos santos Padres, ensinamos unanimemente que se confesse um só e mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, igualmente perfeito na divindade e perfeito na humanidade, sendo o mesmo verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, composto duma alma racional e dum corpo, consubstancial ao Pai pela sua divindade, consubstancial a nós pela sua humanidade, «semelhante a nós em tudo, menos no pecado» (Hb 4,15): gerado do Pai antes de todos os séculos segundo a divindade, e nestes últimos dias, por nós e pela nossa salvação, nascido da Virgem Mãe de Deus segundo a humanidade.

Um só e mesmo Cristo, Senhor, Filho Único, que devemos reconhecer em duas naturezas, sem confusão, sem mudança, sem divisão, sem separação. A diferença das naturezas não é abolida pela sua união; antes, as propriedades de cada uma são salvaguardadas e reunidas numa só pessoa e numa só hipóstase»”

(1)        Concílio Ecumênico de Calcedônia (451d.C.) – Catecismo da Igreja Católica – parágrafo 467

A morte da inveja


A morte da inveja

Um dia aparecerá nos noticiários e em todos os informativos,
Será partilhado nas comunidades virtuais que se quer existem,
Uma nota de falecimento: Morreu, nesta madrugada fria, a inveja.

Morreu congelada, por inanição, porque não mais foi alimentada,
Não encontrou mais a seiva que a alimentasse e desse vigor,
Porque falou mais alto o princípio de alegrar-se com o bem do outro.

Com sua morte, cessaram as labaredas do ódio que queimavam almas,
Porque faziam arder no coração sentimentos de invídia sem controle,
Levando ao desejo do que não se possui, não valorizando o já adquirido.

A morte da inveja, a morte do pecado que cegava, feria,
matava a quem este pecado cultivava, ainda que em disfarçado silêncio,
Mas que não conseguia simular por muito tempo por causa da desenfreada ambição.

Ela morrendo, já não mais se vê mais as coisas e as pessoas com os olhos da inveja;
Não mais nos faz sombra, porque a inveja presente, corrói, destrói, mata.
Foi sepultada, ressuscitou a pureza da alma, a alegria pelo bem alheio.

Morreu a inveja, já não somos acometidos pela zelotipia,
Porque aprendemos a controlar nossos desejos, por vezes doentios,
Agradecidos, aprendemos a viver com o que temos e somos.

Morreu a inveja, não a ressuscitemos sob nenhuma hipótese,
E relacionamentos mais sinceros e edificantes, teremos,
Mais felizes conosco e com os outros seremos.

Livrai-nos, Senhor, do pecado capital da soberba

 


Livrai-nos, Senhor, do pecado capital da soberba
 
Senhor Jesus, a Vós que dissestes: “Bem-Aventurados os puros de coração porque verão a Deus. Bem-Aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus”(Mt 5,8-9), nós Vos pedimos:
 
Livrai-nos da tentação de querer saber tudo de todos, mas sem a preocupação em edificar e construir pontes de fraternidade e comunhão.
 
Livrai-nos da fraqueza de espírito, gerada pela falta de profundidade na oração que nos leva à futilidades e vazio sem sentido.
 
Livrai-nos da tola e falsa alegria, que se alimenta, frequentemente, dos defeitos dos outros e os ridiculariza, prevalecendo-nos das fraquezas do próximo.
 
Livrai-nos da arrogância, pois esta atitude nos torna vaidosos, orgulhosos, com o não reconhecendo a importância do outro.
 
Livrai-nos da arrogância que nos cega, levando-nos à indiferença ou até mesmo a pisar sobre os mais fracos, fechando-nos em nós mesmos.
 
Livrai-nos da presunção, com o conceito maior de nós mesmos, a ponto de não reconhecermos, humildemente nossas fraquezas e limitações.
 
Livrai-nos do fechamento da mente e do coração, não reconhecendo jamais as falhas próprias, ainda que sejam notórias para todos com os quais convivemos.
 
Livrai-nos do medo de conhecer a autêntica realidade do nosso coração, e que não sejamos dados a pisar sobre os outros, seja em pensamento ou em atitudes. 
 
Livrai-nos da miopia de não enxergarmos nossa miséria, diante de Vossa infinita misericórdia, sempre pronta para nos acolher a todos para novos pensamentos e atitudes.
 
Livrai-nos da relutância, medo ou indiferença em abrir nossa alma ao sacerdote no Sacramento da Penitência, por não reconhecermos nossos pecados. Amém.
 

No silêncio da noite

No silêncio da noite

“A noite acendeu as estrelas porque
tinha medo da própria escuridão”
(Mário Quintana)

Era madrugada fria, os carros começavam a circular pelas ruas e praças, como podia ver pela janela do quarto, bem como podia olhar para o alto e contemplar o céu estrelado, como há muito não fazia.

Aos poucos, a escuridão da noite cedia lugar à luminosidade de um novo dia, quando me ocorreu a lembrança do escritor e poeta: “A noite acendeu as estrelas porque tinha medo da própria escuridão”.

Naquele momento, elevei meu pensamento a Deus, e orei por tantas pessoas curvadas pelo tétrico da escuridão, por falta de emprego, compreensão, perspectivas, com as quais convivemos no dia-a-dia.

Elevei preces ao Altíssimo Deus, para que iluminasse a todos aqueles que enfrentam dificuldades momentâneas, para que não se deixem envolver ou se encurvar, irremediavelmente desanimados, sem em mais nada crer ou esperançar.

Assim como a noite acendeu as estrelas com medo da própria escuridão, supliquei para que o Senhor, no novo dia, colocasse em minha boca palavras de sabedoria para iluminar a quantos viesse a encontrar.

Pedi pelos que têm o brilho do olhar ofuscado, e não conseguem perceber a ação de Deus nas entrelinhas da história; para que lhes fosse concedido o colírio da fé, e que pudessem enxergar novos horizontes para novos passos firmar.

Conclui rezando por muitos que, diante das provações, adversidades, veem no encavernar-se a saída para os males e sofrimentos, porque as sombras invadiram as entranhas e os recônditos mais obscuros da alma.

Aprendamos com a noite e seus mistérios e encantos: acendamos estrelas para vencer nossos medos, e ajudar a quantos também precisarem vencê-lo, afinal, o Senhor nos confiou a divina missão de ser luz do mundo. Amém. Aleluia!

Quando abrimos a caverna escura de nossa existência

Quando abrimos a caverna escura de nossa existência
 
Sejamos enriquecidos pelas Confissões do bispo Santo Agostinho (Séc. V).

“Que eu Te conheça, ó conhecedor meu! Que eu também Te conheça como sou conhecido! Tu, ó força de minha alma, entra dentro dela, ajusta-a a Ti, para a teres e possuíres sem mancha nem ruga. Esta é a minha esperança e por isso falo.

Nesta esperança, alegro-me quando sensatamente me alegro. Tudo o mais nesta vida tanto menos merece ser chorado quanto mais é chorado, e tanto mais seria de chorar quanto menos é chorado. Eis que amas a verdade, pois quem a faz, chega-se à luz. Quero fazê-la no meu coração, diante de Ti, em confissão, com minha pena, diante de muitas testemunhas.
 
A Ti, Senhor, a cujos olhos está a nu o abismo da consciência humana, que haveria de oculto em mim, mesmo que não quisesse confessá-lo a Ti? Eu Te esconderia a mim mesmo, e nunca a mim diante de Ti.

Agora, porém, quando os meus gemidos testemunham que eu me desagrado de mim mesmo, enquanto Tu refulges e agradas, és amado e desejado, que eu me envergonhe de mim mesmo, rejeite-me e Te escolha! Nem a Ti nem a mim seja eu agradável, a não ser por Ti.

Seja eu quem for, sou a Ti manifesto e declarei com que proveito o fiz. Não o faço por palavras e vozes corporais, mas com palavras da alma e clamor do pensamento. A tudo o Teu ouvido escuta. Quando sou mau, confessá-lo a Ti nada mais é do que não O atribuir a mim.
 
Quando sou bom, confessá-lo a Ti nada mais é do que não O atribuir a mim. 
Porque Tu, Senhor, abençoas o justo, antes, porém, o justificas quando ímpio. Na verdade, minha confissão, ó meu Deus, faz-se diante de Ti em silêncio e não em silêncio porque cala-se o ruído, clama o afeto.
 
Tu me julgas, Senhor, porque nenhum dos homens conhece 
o que há no homem a não ser o espírito do homem que nele está. Há, contudo, no homem algo que nem o próprio espírito do homem, que nele está, conhece.
 
Tu, porém, Senhor, conheces tudo dele, pois Tu o fizeste. Eu, na verdade, embora diante de Ti me despreze e me considere pó e cinza, conheço algo de Ti que ignoro de mim.
 
É certo que 
agora vemos como em espelho e obscuramente, ainda não face a face. Por isto enquanto eu peregrino longe de Ti, estou mais presente a mim do que a Ti e, no entanto, sei que és totalmente impenetrável, ao passo que ignoro a que tentações posso ou não resistir.
 
Mas aí está a esperança, porque és fiel e não permites sermos tentados acima de nossas forças e dás, com a tentação, a força para suportá-la.
 
Confessarei aquilo que de mim conheço, confessarei o que desconheço. Porque o que sei de mim, por Tua luz o sei; e o que de mim não sei, continuarei a ignorá-lo até que minhas trevas se mudem em meio-dia diante de Tua face”.
 
Nada há oculto aos olhos de Deus, ainda que queiramos, pois Ele nos conhece com todas as nossas imperfeições e perfeições; limitações e potenciais; sombras e luzes; clamores e silêncios; quedas e levantamentos; passos firmes ou vacilantes; palavras iluminadas ou palavras que ofuscam a luz que no outro habita.
 
É próprio do amor de Deus nos aceitar como somos, para que, por Suas mãos sendo moldados, sejamos aperfeiçoados.
 
É próprio do Amor de Deus conhecer a quem ama, e quer tão apenas que não nos fechemos a Ele, que não O ignoremos, pois à Sua imagem fomos pensados, criados.
 
Diante de Deus, não tenhamos medo de abrir as portas da caverna de nossa existência, para que a Sua Luz nos ilumine, e luminosos sejamos.

De tal modo, seremos discípulos do amado Filho, e nas trevas jamais caminharemos, pois Ele mesmo disse – “Quem me segue não anda nas trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8,12).
 
Peregrinos longe do Senhor ainda, mas Ele jamais longe de nós. Procuremos por Ele e seremos encontrados. Procuremos e O encontraremos.

  

O novo Mandamento do amor

                                                   

O novo Mandamento do amor

À luz dos Tratados sobre o Evangelho de São João, do Bispo Santo Agostinho (Séc. V), reflitamos sobre o Novo Mandamento do amor que nos foi dado por Jesus Cristo.

“O Senhor Jesus afirma que dá um novo Mandamento a Seus discípulos, isto é, que se amem mutuamente: Eu vos dou um novo Mandamento: amai-vos uns aos outros (Jo 13,34).

Mas este Mandamento já não estava escrito na antiga Lei de Deus, onde se lê: Amarás o teu próximo como a ti mesmo? (Lv 19,18). Por que então o Senhor chama novo o que é evidentemente tão antigo?

Será um novo Mandamento pelo fato de nos revestir do homem novo, depois de nos ter despojado do velho? Na verdade, ele renova o homem que o ouve, ou melhor, que lhe obedece; não se trata, porém, de um amor puramente humano, mas daquele que o Senhor quis distinguir, acrescentando: Como Eu vos amei (Jo 13,34).

É este amor que nos renova, transformando-nos em homens novos, herdeiros da nova Aliança, cantores do canto novo. Foi este amor, caríssimos irmãos, que renovou outrora os antigos justos, os Patriarcas e os Profetas e, posteriormente, os Santos Apóstolos.

Ainda hoje é ele que renova as nações e reúne todo o gênero humano espalhado pelo mundo inteiro, formando um só povo novo, o corpo da nova esposa do Filho unigênito de Deus.

É dela que se diz no Cântico dos Cânticos: Quem é esta que sobe vestida de branco? (cf. Ct 8,5). Vestida de branco, sim, porque renovada; e renovada de que modo, senão pelo Mandamento novo?

Por isso os membros desta esposa sentem uma solicitude mútua. Se um membro sofre, todos sofrem com ele; se um membro é honrado, todos os outros se alegram com ele. Pois ouvem e praticam a palavra do Senhor: Eu vos dou um novo Mandamento: amai-vos uns aos outros. Não como se amam aqueles que vivem na corrupção da carne; nem como se amam os seres humanos apenas como seres humanos; mas como se amam aqueles que são deuses e filhos do Altíssimo.

Deste modo, se tornam irmãos do Filho unigênito de Deus, amando-se uns aos outros com aquele mesmo amor com que Ele os amou, e por Ele serão conduzidos à plenitude final, onde os seus desejos serão completamente saciados de bens. Então nada faltará à sua felicidade, quando Deus for tudo em todos.

Quem nos dá este amor é o mesmo que diz: Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei. Foi para isto que Ele nos amou, para que nos amássemos mutuamente. E com o Seu amor, deu-nos a graça, para que, vivendo unidos em recíproco amor, como membros ligados por tão suave vínculo, formemos o Corpo de tão sublime Cabeça”.

O Mandamento do amor que Jesus nos deu é novo, pois deve ser como Ele nos amou, que tendo nos amado, nos amou até o fim.

Amou-nos dando a Sua vida, livre e incondicionalmente, para que fôssemos libertos de toda forma de jugo, escravidão.

Amou-nos para que nos sintamos e sejamos livres e amados. E tão somente por Ele amados, que nos amou primeiro, amar nosso próximo como Ele nos amou.

Eis o que nos distingue como cristãos: a prática concreta do Mandamento do amor a Deus e ao próximo: O primeiro, na ordem dos preceitos, e ao próximo, na ordem da execução.

Oremos:

Ó Deus, que restaurais a natureza humana dando-lhe uma dignidade ainda maior, considerai o Mistério do Vosso amor, conservando para sempre os dons da Vossa graça naqueles que renovastes pelo Sacramento de uma nova vida. Por nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém!”

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