terça-feira, 8 de julho de 2025

Operários da messe e testemunhas da compaixão divina

                                                            

Operários da messe e testemunhas da compaixão divina


“A messe é grande, mas os trabalhadores
são poucos. Por isso, pedi ao dono da messe
 que mande trabalhadores para a colheita” (Mt 9,37-38)

Reflexão à luz da passagem do Evangelho de São Mateus (Mt 9,32-38), em que Jesus foi tomado de compaixão pela multidão, pois andavam como ovelhas sem pastor.

Renovemos nossos compromissos no aprofundamento e anúncio da nossa fé, para que a mesma resplandeça à luz da Palavra de Deus, como testemunhas da compaixão divina, vivendo a graça de discípulos missionários do Senhor.

Testemunhamos a nossa fé quando não nos dobramos aos pecados capitais que maculam a vida (soberba, avareza, luxúria, ira, gula, inveja e preguiça), que roubam o que ela tem de mais belo e sagrado.

Testemunhar a nossa fé resplandecendo a luz divina, exige também que lancemos mão dos diversos meios de comunicação, e a internet sem dúvida é um instrumento eficaz para comunicarmos o Evangelho a todos os povos, manifestarmos nosso amor a Deus na construção de relações mais fraternas com o nosso próximo. Todavia é preciso que estejamos atentos às implicações que seu uso indevido pode nos causar.

Viver intensamente a Fé exige corajosa e generosa resposta ao Senhor que nos chama para o cuidado da messe, pois como Ele disse “A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos” (L 10,2).

Renovemos nossa alegria de amar e servir a Igreja, colocando nossos dons e carismas a serviço nas  diversas pastorais, movimentos e serviços.

Jesus volta permanentemente o seu olhar cheio de amor para nós pede que vendamos tudo para segui-Lo com alegria, disponibilidade, desapego, confiança e coragem, e nos garante cem vezes mais tudo que tenhamos renunciado, mas não sem perseguição.

Enfim, peçamos ao Senhor da messe, o verdadeiro consumador da nossa fé, que em todo tempo muitos corações se abram à alegria da Boa Nova do Reino, que a exemplo de Maria, respondam “sim” a vontade de Deus, para que empenhados e dedicados, dentro e fora da Igreja, construamos um mundo melhor.

Urge vivermos uma fé autêntica, fecunda, correspondendo ao chamado do Pai, para que nosso coração seja como a terra boa onde a Palavra de Deus cai e produz frutos de amor, alegria, vida e paz. Não há porque temer, recuar... Sua presença, força, ternura, amor e coragem nunca há de nos faltar na prática da compaixão divina, como indignos operários da messe do Senhor.

Para onde caminha aquele homem?

                                                   

Para onde caminha aquele homem?

A chuva caiu fortemente e o medo tomou conta de todos. Mas tudo em ordem, a água seguiu seu curso natural, penetrando a terra para torná-la fecunda, continuando seu processo de recriação, ao céu voltando para retorno, e outras para o rio e no mar desaguarem.

Tudo tão simples, mas nem tanto assim... Uma tarde que convidava ao recolhimento, à contemplação e ao respiro mais profundo do ar puro (bem sabemos quão difícil respirar fica quando a chuva não vem por um tempo prolongado).

Na rodovia, muitos em seus veículos seguiam seus caminhos. Para onde? Para o trabalho, para o retorno da casa, ao encontro de alguém, e tantas outras possibilidades que possamos pensar...

Entretanto, meu olhar voltou-se para uma pessoa apenas: um homem de pernas franzinas, magérrimo, sacolas amarradas a um suporte sobre as costas, traços de sofrimento, reforçados pela barba não feita, cabelos despenteados, caminhava passos pós passos.

Aquele homem caminhava em direção do que, de quem? De onde vinha e para onde ia? Quanto tempo teve para chegar, e aonde chegou? O que foi o ontem para ele, o que será o amanhã?

Assim como aquele homem, quantos vagam pelas estradas sem rumo, sem nome, sem ter onde reclinar a cabeça.

Quais serão suas histórias? Quais serão seus destinos? Quais seus horizontes?

Caminham apenas com o pouco que conseguem suportar, para em algum lugar se reencontrar quando a noite chegar, e uma sombra quando o insuportável calor do dia impuser a necessidade de um breve parar, breve porque se por muito tempo incomodarão, e ainda sob o risco de serem eliminados.

A pós-modernidade tem seus avanços, mas ainda não conseguiu respostas para situações como estas. Ainda se multiplicam os rostos de pessoas sofridas, condenadas ao anonimato, e que se tornam indiferentes e até mesmo invisíveis para nós, quando não nos “perturbam”...

Glorifico a Deus por aqueles que não apenas veem alguém caminhando ao encontro do nada, a não ser ao encontro da própria morte; ouvindo, acolhendo e a fome de vida e de amor saciando, com gestos solidários, ainda que pequenos e insignificantes para o mundo, mas não para quem os recebe.

Hoje me solidarizo com aqueles que vão ao encontro destes, e elevo minhas Orações para que não desistam, na certeza de que o bem feito a cada um é o agir em favor do próprio Deus, que com estes quis Se identificar e Se fazer acolhido (Mt 25).

Aquele homem seguiu adiante e não sei para onde foi, mas sei que aqui bem perto de mim há outros que me desafiam a superar todo sentimento de impotência ou desculpas de não responsabilidade, transferindo-a para outros.

O Deus que adoramos e amamos não nos permite acomodações e omissões. Não podemos mudar a história de milhões, mas ainda que de poucos, já terá valido a pena.

É preciso não se curvar ao evangelho da pós-modernidade que torna a vida líquida, fluída, descartável e, diante desta realidade, há que se renovar em cada um de nós um novo olhar e uma nova postura, fundada na esperança e na solidariedade, para que tenhamos, enfim, uma nova humanidade, pautando a vida pelo Evangelho do Senhor, que nos conduz à verdadeira fraternidade, em gestos contínuos de solidariedade.

Para onde foi aquele homem, continuo me interrogando?
Para onde caminha a humanidade?
O que posso, o que podemos fazer por este homem de rosto sombrio, embora nem saibamos seu nome?

De que modo vivemos a caridade expressa em gestos pequenos e grandes de solidariedade?

Aquele homem se foi...
Para onde?
Confesso, que ele ficou e ficará para sempre em meu coração, em pensamento...

Quantas vezes reclamamos da falta de alguma coisa, ou não somos suficientemente agradecidos pelo que temos.

Quantas vezes pessoas anônimas cruzam nossos olhares e preferimos desviar, como bem expressa este canto que nos convida à conversão e à desinstalação de nossa condição, indo ao encontro do outro, vendo neste a presença do próprio Senhor:

“Seu nome é Jesus Cristo e passa fome
E grita pela boca dos famintos
E a gente quando vê passa adiante
Às vezes pra chegar depressa à Igreja...”

segunda-feira, 7 de julho de 2025

Em poucas palavras

                                                      


Santíssima Trindade: Amante, Amado e Amor

“Com efeito, são Três: o Amante, o Amado, o Amor.” (1)

“E não mais que Três: um que ama aquele que procede dele, um que ama aquele do qual procede, e o amor mesmo.” (2)

 

(1)De Trinitate – Santo Agostinho – citado em Teologia da Ternura – m “evangelho” a descobrir - Carlo Rochetta - Editora Paulus – pág. 318

 

Amadureçamos na fé

                                                         

Amadureçamos na fé

Na Liturgia, da Segunda-feira da 14ª Semana do Tempo Comum ouvimos a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 9,18-26),  e refletimos sobre a autêntica fé:

- A fé do pai: um chefe, portanto, representante do judaísmo oficial,  que pede que Jesus venha a impor as mãos sobre ela para que volte a viver, “é uma fé aberta, contra toda a esperança, contra toda a evidência, perante a morte”.

- A fé daquela mulher hemorrágica há 12 anos: a fé de “uma pessoa que vence a vergonha e o isolamento em que está envolvida a sua existência, e encontra coragem de se aproximar às escondidas para conseguir misericórdia”.

Também nós, como discípulos missionários, somos chamados ao amadurecimento constante na fé, e nas promessas e intervenções divinas.

Precisamos de uma fé “aberta” contra toda a esperança, confiando em Deus, para quem nada é impossível.

Além disto, aprendemos com a mulher que nossa fé rompe barreiras, e podemos nos dirigir a Deus, que tem para conosco um olhar sempre pronto e solícito de misericórdia.

Movidos pela fé, podemos contar com a solicitude, bondade e clemência divina que vem em nosso socorro, abrindo novos horizontes e possibilidades, do absolutamente inédito em nossa vida, ou seja, do melhor d’Ele para nós; somos curados de nossas enfermidades (físicas e espirituais); e podemos vislumbrar a força da vida que vence a morte, sobretudo porque cremos no Ressuscitado, Aquele que agora vive e reina sobre tudo e todos.

E isto é possível quando correspondemos ao amor de Deus que jamais desiste de nós, ainda que pecadores sejamos.

Quando nos abrimos ao Mistério do Amor Divino da Santíssima Trindade:

- escutamos a voz de Deus que nos fala no mais íntimo de nós,
- quando sabemos nos recolher e silenciar para escutá-La;

- quando O acolhemos na mais profunda e fecunda intimidade e amizade;
- quando abrimos nosso coração para Sua preferida morada, e O acolhemos como mais belo Hóspede;

- finalmente, quando vivemos a dimensão pascal da fé: passagens contínuas do pecado à graça, da escuridão à luz; do ódio ao amor e da vida à morte.

É tempo de testemunharmos a nossa fé no Senhor, acolhendo e vivendo Sua Palavra, com a força que nos vem do Pão da Eucaristia.



Notas: Lecionário Comentado - Editora Paulus – 2011 – Vol. I  pp.678-679.

Revigoremos a virtude divina da fé

                                                      

Revigoremos a virtude divina da fé

Senhor, ajudai-nos, para que jamais separemos a fé que professamos  e as linhas do cotidiano que escrevemos com nossas palavras e ações.

Senhor, ajudai-nos no amadurecimento de nossa fé, pois como Jacó, por vezes ela pode ser ainda imatura, necessitada de abrir-se cada vez mais à vontade divina.

Senhor, ajudai-nos a viver uma fé não condicionada a resultados, mas sempre predisposta à purificação e crescimento constante.

Senhor, não nos permitais que vivamos uma fé dolente, com lamentos e reclamações inúteis, mas prontos para o amadurecimento no deserto árido do cotidiano.

Senhor, perdoai-nos se por vezes caímos, ou mesmo traímos nossa fé por pensamentos, palavras, atos ou omissões, e ajudai-nos a voltar regenerados ao primeiro Amor.

Senhor, concedei-nos uma fé aberta à Vossa ação e poder, crendo contra toda falta de esperança, sobretudo diante dos sinais de morte.

Senhor, que a exemplo da mulher curada da febre hemorrágica, vivamos uma fé que vence a vergonha e o isolamento que possa se colocar nossa existência.

Senhor, que a exemplo desta, renovai a nossa coragem de nos aproximarmos de Vossa misericórdia, que nos acolhe, ama, cura e perdoa. Amém.


Fontes inspiradoras:
Lecionário Comentado – Editora Paulus – 2011 – Vol. I Tempo Comum – p.678
Gn 28,10-22a; Mt 9,18-26

Movidos pela fé no Senhor

                                                    

Movidos pela fé no Senhor

A Liturgia, da Segunda-feira da 14ª Semana do Tempo Comum (ano ímpar), nos oferece as seguintes passagens: Gn 28,10-22a; Sl 90; Mt 9,18-26, e refletimos sobre a fé:

- A fé de Jacob: “uma fé ainda imatura, que se abre, é verdade, à entrada de Deus na sua vida, mas por detrás de muitas promessas e expectativas”.

- a fé do Salmista: confiança plena e incondicional no Senhor, em todas as circunstâncias, sobretudo as mais adversas.

- A fé do pai: um chefe, portanto, representante do judaísmo oficial,  que pede que Jesus venha a impor as mãos sobre ela para que volte a viver, “é uma fé aberta, contra toda a esperança, contra toda a evidência, perante a morte”.

- A fé daquela mulher hemorrágica há 12 anos: a fé de “uma pessoa que vence a vergonha e o isolamento em que está envolvida a sua existência, e encontra coragem de se aproximar às escondidas para conseguir misericórdia”.

Também nós, como discípulos missionários, somos chamados ao amadurecimento constante na fé, e nas promessas e intervenções divinas.

Precisamos de uma fé “aberta” contra toda a esperança, confiando em Deus, para quem nada é impossível.

Além disto, aprendemos com a mulher que nossa fé rompe barreiras, e podemos nos dirigir a Deus, que tem para conosco um olhar sempre pronto e solícito de misericórdia.

Movidos pela fé, podemos contar com a solicitude, bondade e clemência divina que vem em nosso socorro, abrindo novos horizontes e possibilidades, do absolutamente inédito em nossa vida, ou seja, do melhor d’Ele para nós; somos curados de nossas enfermidades (físicas e espirituais); e podemos vislumbrar a força da vida que vence a morte, sobretudo porque cremos no Ressuscitado, Aquele que agora vive e reina sobre tudo e todos.

E isto é possível quando correspondemos ao amor de Deus que jamais desiste de nós, ainda que pecadores sejamos.

Quando nos abrimos ao Mistério do Amor Divino da Santíssima Trindade:

- escutamos a voz de Deus que nos fala no mais íntimo de nós,
- quando sabemos nos recolher e silenciar para escutá-La;
- quando O acolhemos na mais profunda e fecunda intimidade e amizade;
- quando abrimos nosso coração para Sua preferida morada, e O acolhemos como mais belo Hóspede;
- finalmente, quando vivemos a dimensão pascal da fé: passagens contínuas do pecado à graça, da escuridão à luz; do ódio ao amor e da vida à morte.

É tempo de testemunharmos a nossa fé no Senhor, acolhendo e vivendo Sua Palavra, com a força que nos vem do Pão da Eucaristia.



Notas: Lecionário Comentado - Editora Paulus – 2011 – Vol. I  pp.678-679.

Bebamos da divina fonte da Sagrada Escritura

 


Bebamos da divina fonte da Sagrada Escritura

Sejamos enriquecidos pelo Comentário do Salmo (Sl 1,33) escrito pelo Bispo Santo Ambrósio (séc. IV):

“Primeiramente tens de beber o Antigo Testamento, para poder beber também o Novo. Se não bebes o primeiro, também não poderás beber o segundo.

Bebe o primeiro, para encontrar algum alívio em tua sede: bebe o segundo, para saciar-te de verdade. No Antigo Testamento encontrarás um sentimento de contrição; no Novo, a verdadeira alegria.

Aqueles que beberam, no que não deixa de ser um tipo, puderam saciar sua sede; aqueles que beberam no que é a realidade, chegaram a embriagar-se completamente.

Quão boa é esta embriaguez que comunica a verdadeira alegria e não envergonha em nada! Quão boa é esta embriaguez que faz avançar com segurança a nossa alma que não perdeu seu equilíbrio! Quão boa é esta embriaguez que serve para regar o fruto da vida eterna! Bebe, pois, esta taça da qual diz o profeta: E minha taça transborda.

Porém, são duas as taças que tens de beber: a do Antigo Testamento e a do Novo; porque em ambas tu bebes a Cristo. Bebe a Cristo, porque é a verdadeira vide; bebe a Cristo, poque é a pedra da qual brotou  água; bebe a Cristo, porque é fonte de vida; bebe a Cristo, porque é o canal cujo correr alegra a cidade; bebe a Cristo, porque é a paz; bebe a Cristo, porque de seu interior manarão rios de água viva; bebe a Cristo, e assim beberás o sangue que te redimiu; bebe a Cristo, e assim assimilarás as Suas palavras; porque palavra Sua é o Antigo Testamento, palavra Sua também é o Novo.

Chegamos a beber e a comer a Sagrada Escritura se o sentido profundo da terceira palavra vem a embeber as nossas almas, como se circulasse por nossas veias e fosse o motor que impulsionasse toda a nossa atividade.

Finalmente, não só de pão vive o homem, mas de toda palavra de Deus. Bebe esta Palavra, porém a bebe na ordem devida. Bebe-a no Antigo Testamento e apressa-te a bebê-la no Novo. Também Ele, como se apressasse a Si mesmo a fazê-lo, diz: Agora engrandecerá o caminho do mar, ao outro lado do Jordão, a Galileia dos gentios. O povo que caminhava nas trevas viu uma grande luz, habitavam na escuridão e uma luz reluziu para eles.

Portanto, bebe prontamente, para que brilhe para ti uma grande luz, não a luz de todos os dias, nem a do dia, nem a do sol, nem a da lua; mas aquela que afugenta as sombras da morte. Pois, aos que vivem nas sombras da morte é impossível que vejam a luz do sol e do dia. E, adiantando-se a tua pergunta: Por que tão maravilhoso esplendor, por que tão extraordinário favor?, responde: Porque um menino nasceu para nós, um menino nos foi dado. Um menino, que nasceu da virgem, Filho, que, por ter nascido de Deus, é Aquele que faz com que brilhe tão maravilhosa luz. Um menino nasceu para nós. Nós, aos crentes.

Nasceu para nós, porque a Palavra se fez carne e habitou entre nós. Nasceu para nós, porque da Virgem recebeu carne humana, nasce para nós, porque a Palavra nos é dada. Ao participar de nossa natureza, nasce entre nós; ao ser infinitamente superior a nós, é o grande dom que nos é concedido.”

Como peregrinos da esperança, seja a oração nossa força e luz no caminho.

Bebamos sempre da inesgotável divina fonte da Sagrada Escritura, de coração contrito e humilhado, para transborde a alegria de Deus em nossos corações. Amém.

Lecionário Patrístico Dominical - Editora Vozes - 2013 - pág. 424-425

Quem sou eu

Minha foto
4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG