quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Jesus, o Senhor e o centro de nossa vida (Cristo Rei - ano C)

Jesus, o Senhor e o centro de nossa vida

Ao celebrar a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo (ano C), a Liturgia nos convidará a refletir sobre o modo diferente de Sua realeza.

A realeza de Jesus se expressa numa vida marcada pelo amor vivido, no serviço, na doação de Sua vida e no perdão, concedido a quem se põe numa atitude sincera de arrependimento e conversão.

Com a Festa de Cristo Rei, celebramos a festa da soberania de Cristo sobre a comunidade que n’Ele professa a fé, em total e incondicional adesão, tornando-se, como Ele, servidora do Reino, para  com Ele também reinar.

Na primeira Leitura, ouvimos uma passagem do Livro de Samuel, que nos apresenta Davi, como o rei de Israel, e um tempo marcado pela felicidade, abundância e paz (2 Sm 5,1-3).

Tempos depois, o Povo de Deus viveria situações totalmente adversas, e, com isto, o anúncio profético da vinda de seu descendente, que devolveria a este a alegria, a vida e a paz: o próprio Jesus.

Na segunda Leitura, ouvimos a passagem da Carta de Paulo aos Colossenses (Cl 1, 12-20), que nos apresenta a soberania de Jesus Cristo sobre toda a criação, sendo Ele a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda criatura (herdeiro principal), e também a fonte de vida plena para toda a humanidade, porque n’Ele, por Ele e para Ele, todas as coisas foram criadas.

Com isto, podemos afirmar que Jesus deve ter a centralidade em nossa vida, e n’Ele crer, implica numa nova conduta, novos pensamentos e sentimentos, porque a Ele totalmente configurados.

Na proclamação do Evangelho, ouvimos a passagem de Lucas (Lc 23, 35-43), com a realização da promessa que fora feita desde os tempos dos Profetas: Jesus é o Messias, o Rei, o enviado por Deus que vai transformar a realidade do povo, inaugurando o Reino de Deus, não edificado sobre a força, a violência, na lógica do extermínio, tão pouco na imposição, mas tem como pilares o amor, o perdão e o dom da vida.

A narrativa de Lucas nos apresenta Jesus crucificado entre dois malfeitores, e, diante de Si, um povo silencioso, perplexo, e sobre Sua Cruz a inscrição:

“Este é o rei dos judeus”: “Ele não está sentado num trono, mas pregado numa Cruz; não aparece rodeado de súditos fiéis que o incensam e adulam, mas dos chefes dos judeus que o insultam e dos soldados que O escarnecem. Ele não exerce autoridade de vida ou de morte sobre milhões de homens, mas está pregado numa Cruz, indefeso, condenado a uma morte infamante... Não há aqui qualquer sinal que identifique Jesus com poder, com autoridade, com realeza terrena” (1).

É exatamente na Cruz que Jesus manifesta plenamente a Sua realeza. A Cruz é o Seu trono. Reinar com o Senhor implica também que os discípulos tenham a coragem de tomar a sua cruz quotidiana, com as renúncias necessárias, para segui-Lo com disponibilidade, fidelidade.

Reinar com Jesus é experimentar a força desarmada do amor, e tão somente assim se torna digna e frutuosa a celebração da Solenidade de Cristo, Rei e Senhor do Universo.

Finalizando, é preciso repensar nossa existência como discípulos missionários do Senhor.

Reflitamos:

- Como testemunhamos Jesus, um rei despojado de tudo e pregado numa Cruz?
vivemos um discipulado despido de pretensões de honras, glórias, títulos, aplausos, reconhecimento, ibope, glamour?

Uma vez que proclamamos Jesus como nosso Rei e Senhor, reinemos com Ele, no amor, no perdão e na entrega da vida, em sincera e frutuosa doação em favor da vida plena e feliz para todos.

Reinemos com Jesus, fazendo d’Ele e de Sua Palavra o centro de nossa vida.


Reinar com Jesus é amar e servir (Cristo Rei )

 


Reinar com Jesus é amar e servir 

Assim afirma o Catecismo da Igreja Católica (n. 786): “Cristo, Rei e Senhor do Universo, se fez servidor de todos, não veio ‘para ser servido, mas para servir e para dar sua vida em resgate por muitos’ (Mt 20,28). Para o cristão, ‘reinar é servir’ "(Lumen Gentium n.36).

Celebrar a Solenidade Cristo Rei todo ano, ao término de um ano litúrgico é a renovação da graça  de sermos discípulos missionários do Senhor, anunciando e testemunho que Ele é a chave, o centro e fim de toda história humana, em todos os âmbitos, reinando em nossos corações e em todo o Universo.

Reinar com Jesus é amar e servir um Rei, mas um Rei diferente, pobre, despido, ultrajado, tendo como trono a Cruz, esvaziado de Sua condição divina, humilhou-Se e foi obediente até o fim, e Deus O Ressuscitou, para que diante d’Ele todo joelho se dobre e toda língua proclame que Ele é o Senhor, para a glória de Deus Pai (cf. Fl 2, 7-8).

Ele é o fim de toda a história, para Ele tudo haverá de convergir. Nossos dias, nossos passos, nossos planos, projetos, sonhos somente florescerão abundantemente, e darão frutos eternos se tão somente n’Ele permanecermos na vivência do amor a Deus e ao próximo.

Com Jesus, cada noite escura de nossa vida, é acompanhada da certeza de que a luminosidade irromperá quando menos esperarmos, porque vigilantes esperamos Aquele que veio, vem e virá um dia, gloriosamente.

Por ora, é tempo de reinar com o Senhor, e somente o faremos se O servimos em cada irmão e irmã, sobretudo nos pobres, com os quais quis Se identificar. E este serviço silencioso, sem holofotes, glamoures, ibopes, confetes, nos credencia para a recompensa na eternidade, como Ele nos disse sobre o julgamento final: “Venham vocês que são abençoados por meu Pai. Recebam como herança o Reino que meu Pai lhes preparou desde a criação do mundo.” (Mt 25, 34)

Concluindo, para que de fato Ele reine, é preciso que tenhamos o coração ardente, olhos abertos e pés a caminho, como assim aconteceu com dos discípulos de Emaús (cf. Lc 24, 13-35).

O que o Senhor nos dirá? ( Cristo Rei - Ano A)

O que o Senhor nos dirá?

O que o Senhor nos dirá no dia do julgamento final, como vemos na passagem do Evangelho (Mt 25, 31-46) sobre o julgamento das nações; aquele dia que o Filho do Homem, Jesus, virá em Sua glória, e todos os anjos com Ele assentados?

Ouviremos o versículo 34 ou o versículo 41?
Depende de nossas escolhas, da nossa resposta ao amor de Deus e da misericórdia vivida ou não.

Desejemos ouvir o que o Senhor nos diz no versículo 34:
“Venham, benditos de meu Pai! Recebam por herança o Reino preparado para vocês desde a criação do mundo”.

Por amor e desejo de contemplar a face divina, tudo façamos para não ouvir no ocaso de nossa vida, no dia do julgamento, as Suas duras Palavras contidas no versículo 41:

“Afastem-se de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e para seus anjos”.

Por isso, é tempo de viver no presente, sem demora, o que Jesus nos propõe de modo claro e concreto. Aproveitemos cada momento de nossa vida para conhecer e viver as obras de misericórdia.

Obras de misericórdia corporais: Dar de comer a quem tem fome; dar de beber a quem tem sede; vestir os nus; dar pousada aos peregrinos; assistir aos enfermos; visitar os presos; enterrar os mortos.

Obras de misericórdia espirituaisDar bom conselho; ensinar os ignorantes; corrigir os que erram; consolar os aflitos; perdoar as injúrias; sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo; rogar a Deus por vivos e defuntos. 

A misericórdia vivida nos credencia para a eternidade, porque desde já nos tornamos, por sua prática, misericordiosos como o Pai (Lc 6,36), e damos passos largos e seguros para a contemplação de Sua face, e de ver realizado o mais belo e divino desejo que cultivamos no coração: contemplar a face divina, como filhos de Deus que somos, e O veremos tal como Deus é (1 Jo 3,1-2).

Iluminados pela Palavra Divina e revigorados pelo Pão da Imortalidade, que é a Eucaristia, firmemos nossos passos na prática da misericórdia, conscientes de que não podemos mudar nosso passado, o que fizemos ou deixamos de fazer, mas confiantes na misericórdia de Deus, podemos dar novo sentido para a nossa vida, redirecionando o nosso futuro, tendo como desejável horizonte, a eternidade, o céu.

Concluímos com as palavras de São João da Cruz: "No crepúsculo de nossa vida seremos julgados pelo amor".

Jesus, um Rei diferente (Cristo Rei - ano C)

 
Jesus, um Rei diferente

Reflitamos a passagem do Evangelho (Lc 23, 35-43) proclamado na Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo (ano C).

Voltamos ao tema da conversão, que é tão importante para a teologia de Lucas, e que sobressai tão fortemente na narração da Paixão do Senhor.

A narração da Paixão não é para que tenhamos pena de Jesus, tão pouco compaixão pelas Suas dores. Somente isto não basta. “A melhor atitude é ter consciência dos próprios pecados, arrepender-se deles e tirar da Cruz de Jesus, a coragem e a força para mudar de vida” (1).

Isto é o que aprendemos com um dos crucificados ao lado de Jesus (Lc 23,40-42) ao se dirigir ao outro crucificado: “’Nem sequer temes a Deus, tu que sofres a mesma condenação. Para nós é justo, porque estamos recebendo o que merecemos; mas Ele não fez nada de mal’. E acrescentou: ‘Jesus lembra-Te de mim quando entrares no Teu reinado’”.

Oremos:

Honra, glória, poder e louvor a Jesus, nosso Rei e Senhor,
Ontem, hoje e sempre, porque sois verdadeiramente Homem e Deus e Reina possibilitando-nos a graça da conversão;

Honra, glória, poder e louvor a Jesus, nosso Rei e Senhor,
Ontem, hoje e sempre, porque sois verdadeiramente Homem e Deus e Reina salvando-nos e o céu abrindo-nos.

Honra, glória, poder e louvor a Jesus, nosso Rei e Senhor,
Ontem, hoje e sempre, porque sois verdadeiramente Homem e Deus e Reina amando-nos.

Honra, glória, poder e louvor a Jesus, nosso Rei e Senhor,
Ontem, hoje e sempre, porque sois verdadeiramente Deus e Reina, e pela causa deste Reino, a morte de cruz vivendo, gloriosamente Ressuscitando.

Honra, glória, poder e louvor a Jesus, nosso Rei e Senhor!
Ontem, hoje e sempre, porque sois verdadeiramente Deus e Reina no consumando amor até o fim no Trono Glorioso da Cruz.

Honra, glória, poder e louvor a Jesus, nosso Rei e Senhor!
Ontem, hoje e sempre, porque sois verdadeiramente Homem e Deus e Reina dando-Se a Si mesmo.

Honra, glória, poder e louvor a Jesus, nosso Rei e Senhor!
Ontem, hoje e sempre, porque sois verdadeiramente Homem e Deus e Reina “perdendo” a Sua vida para que o mundo possa viver.

Honra, glória, poder e louvor a Jesus, nosso Rei e Senhor!
Ontem, hoje e sempre, porque sois verdadeiramente Homem e Deus e inverte a lógica do ter, poder e ser, vivendo a partilha, o serviço e a humildade.

Honra, glória, poder e louvor a Jesus, nosso Rei e Senhor!
Ontem, hoje e sempre. Amém.

  
(1)         Lecionário Comentado – Ed Paulus – Lisboa -2010 - p.863

Sejamos configurados ao Senhor (Cristo Rei - ano C)


Sejamos configurados ao Senhor

Celebrando a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, retomemos as palavras do Apóstolo Paulo.

Ele faz um apelo simples e forte no texto da Carta aos Filipenses: “Tende entre vós mesmos sentimentos que havia em Cristo Jesus”  (Fl 2,5).

Para participar do reinado do Senhor, ou seja, para ser um cristão autêntico, somente percorrendo um caminho concreto, avançando no mesmo sentido indicado pelo Mestre, identificando-se com Ele, tornando-se uma imagem Sua, para as pessoas que encontramos.

É preciso que sejamos totalmente configurados ao Senhor, de modo que nossos pensamentos e sentimentos se tornem orientados e iluminados pelos mesmos d’Ele. Pensamentos e sentimentos, de fato, não na teoria e intenções apenas.

Tão somente assim viveremos atitudes mais profundas que revelarão a fé que professamos, e que o Cristo que cremos é uma Pessoa que um dia encontramos e marcou para sempre todo o nosso ser e nosso viver.

Reinar com Jesus é ter d’Ele mesmos ‘sentimentos’, mas segundo a antropologia de Paulo, não são as ‘emoções’ que as diferentes circunstâncias provocam em nós, são, antes, os ‘motivos’, as ‘convicções’ do mais íntimo da pessoa que a levam a agir num sentido específico.

O ‘sentimento’ bíblico envolve toda a pessoa: mente e coração; mãos e pés, e a disposição permanente para com um comportamento específico, acompanhado de uma permanente conversão dos sentimentos e dos pensamentos.

Reinar com Jesus, é conhecê-Lo verdadeiramente, a partir do interior: o Seu agir; as Suas preocupações; o Seu critério na avaliação das pessoas e das circunstâncias; as Suas opções de vida, a Sua relação pessoal com o Pai; a Sua disposição para com os outros.

Reinar com o Senhor é conhecer Seus sentimentos, e isto se dá na leitura atenta do Evangelho (Leitura Orante), na Oração confiante, na celebração sincera dos Sacramentos, na vida da comunidade cristã, na partilha da fé em grupo, porque não se vive a fé isoladamente.

Ter d’Ele mesmos pensamentos e sentimentos suscita em nós um intenso desejo de viver em comunhão com o outro, no perdão dado e recebido, na comunhão fraterna, na alegria do encontro e da solidariedade.

A fé n’Ele professada se faz cultura, ou seja, determina todo o nosso existir, nosso modo de ser e agir.

O Apóstolo nos apresenta sentimentos que Jesus viveu em profundidade, e nos exorta o mesmo fazer: a fortaleza perante a prova; a compaixão perante as necessidades alheias; a humildade; a obediência à vontade do Pai (cf. Fl 5, 6-8).

Tudo isto bem vivido se torna como que ‘motores’ da vida de Cristo, que O conduziram aos acontecimentos salvíficos, passando pela crudelíssima Morte, precedida pelo sofrimento, paixão, dor, lágrimas,  para alcançar a gloriosa Ressurreição.

Jesus reina glorioso à direita do Pai (Ap 5, 1-10), na plenitude da alegria celestial, Aquele que na terra também verteu lágrimas de compaixão e solidariedade para com o mundo, como na passagem do Evangelho (Lc 19, 41-44), diante do fechamento e não acolhida em Jerusalém.

Reinar com Jesus é ser cristão; discípulo missionário d’Ele, fazendo progressos espirituais na vivência da fortaleza da fé, na compaixão que dá sentido à esperança, na humildade e na obediência a Deus, como expressão de um amor que nos inflama e nos impele, sem jamais esquecer o primeiro amor (Ap 1,1-4;2,1-5a).

Concluindo, que a Solenidade, liturgicamente celebrada em nossas Igrejas e Altares, seja acompanhada de fatos, gestos solidários, transformação de nosso ser, para gerar e formar Cristo em nós e nos outros.

Que o mundo veja nos cristãos e na comunidade a presença de Jesus Cristo, e digam como diziam ao ver os cristãos no princípio do cristianismo: “vejam como se amam” (Tertuliano).


PS: Livre adaptação do Lecionário Comentado - pp.436-437.  

terça-feira, 19 de novembro de 2024

Evangelizadores com espírito (Introdução)


Evangelizadores com espírito

Na Exortação “Evangelii Gaudium” (2014), no capítulo V, o Papa Francisco nos fala da necessidade de evangelizadores com espírito, ou seja, que se abram sem medo à ação do Espírito Santo, que Se manifestou maravilhosamente no dia de Pentecostes, e que levou os Apóstolos a saírem de si mesmos, transformados em anunciadores das maravilhas de Deus, de modo que cada um começou a entender na própria língua.

É preciso que os evangelizadores anunciem a Boa-Nova não somente com palavras, mas, sobretudo com uma vida transfigurada pela presença de Deus (n.259).

Assim temos a evangelização com espírito, muito diferente de um conjunto de tarefas vividas como uma obrigação pesada, que quase não se tolera ou se porta como algo que contradiz às nossas próprias inclinações e desejos.

Uma evangelização com espírito é possível quando se faz com o Espírito Santo, alma da Igreja evangelizadora.

Somos encorajados pelo Papa para uma ação evangelizadora mais ardorosa, alegre, generosa, ousada, cheia de amor até o fim e feita de vida contagiante.

Invoca a vinda do Espírito Santo para renovar, sacudir, impelir a Igreja, numa decidida saída de si mesma, a fim de evangelizar todos os povos (n.2610).

Com isto, temos evangelizadores com espírito:
- que rezam e trabalham;
- que têm propostas místicas acompanhadas de compromisso social e missionário;
- com discursos e ações pastorais com espiritualidade que transformam o coração.

Para tanto, os evangelizadores com espírito precisam de momentos prolongados de adoração, de encontro orante com a Palavra, de diálogo sincero com o Senhor, sem o que incorrem em cansaços e as dificuldades naturais apagam o ardor da missão.

Porém não se trata de uma espiritualidade intimista e individualista que não corresponda às exigências da caridade e a lógica da Encarnação (n.262).

Cada tempo tem suas dificuldades para a evangelização, e o Papa acena para o aprendizado com os Santos, que nos precederam e enfrentaram as dificuldades próprias de seu tempo, e, a partir destes, apresenta-nos algumas motivações que são fundamentais para o evangelizador com espírito (n.263). (1)


(1) Nas postagens seguintes, apresento uma síntese das referidas motivações.

Evangelizadores com espírito (Parte I)


Evangelizadores com espírito

Primeira motivação:
Ao amor que recebemos de Jesus, aquela experiência de sermos salvos por Ele que nos impele a amá-Lo cada vez mais. (n. 264):
- “Como é doce permanecer diante de um crucifixo ou de joelhos diante do Santíssimo Sacramento, e fazê-lo simplesmente para estar à frente dos seus olhos...” (n.264).

- “A melhor motivação para se decidir a comunicar o Evangelho é contemplá-lo com amor, é deter-se nas suas páginas e lê-lo com o coração...” (n.264).

“É necessário recuperar um espírito contemplativo para que se redescubra que somos depositários de um bem que humaniza, que ajuda a levar uma vida nova” (n.264).

“Às vezes perdemos o entusiasmo pela missão, porque esquecemos que o Evangelho dá resposta às necessidades mais profundas das pessoas, porque todos fomos criados para aquilo que o Evangelho nos propõe: a amizade com Jesus e o amor fraterno” (n.264).

Evangelizar é comunicar uma verdade que não passa de moda, porque é capaz de penetrar onde nada mais pode chegar – “A nossa tristeza infinita só se cura com um amor infinito” (265):

“O verdadeiro missionário, que não deixa jamais de ser discípulo, sabe que Jesus caminha com ele, fala com ele, respira com ele, trabalha com ele. Sente Jesus vivo com ele, no meio da tarefa missionária. Se uma pessoa não O descobre presente no coração mesmo da entrega missionária, depressa perde o entusiasmo e deixa de estar seguro do que transmite, faltam-lhe força e paixão. E uma pessoa que não está convencida, entusiasmada, segura, enamorada, não convence ninguém” (n. 266).

Segunda motivação:
O prazer espiritual de ser povo – “Vós que outrora éreis um povo, agora sois Povo de Deus” (1 Pd 2,10).

A missão é uma paixão por Jesus e simultaneamente uma paixão pelo Seu povo: Ele nos toma do meio do povo e nos envia ao povo, de tal modo que a nossa identidade não se compreende sem esta pertença (n.268).

Jesus estava sempre no meio do povo, de modo que Sua entrega na Cruz é apenas o culminar deste estilo que marcou toda a Sua vida:

“Fascinados por este modelo, queremos inserir-nos a fundo na sociedade, partilhamos a vida com todos, ouvimos as suas preocupações, colaboramos material e espiritualmente nas suas necessidades, alegramo-nos com os que estão alegres, choramos com os que choram e comprometemo-nos na construção de um mundo novo, lado a lado com os outros...” (n.269).

Uma tentação que precisamos tomar cuidado: a tentação de ser cristãos mantendo uma prudente distância das chagas do Senhor – “Mas Jesus quer que toquemos a miséria humana, que toquemos a carne sofredora dos outros...” (n. 270).

É preciso dar razão de nossa esperança: “Jesus não nos quer como príncipes que olham desdenhosamente, mas como homens e mulheres do povo... Assim, experimentaremos a alegria missionária de partilhar a vida com o povo fiel de Deus, procurando acender o fogo no coração do mundo” (n. 271).

O discípulo missionário, quando plenamente devotado em seu trabalho evangelizador, experimenta o prazer de ser um manancial que transborda e refresca os outros (n.272).

Somos advertidos, como discípulos: “Não se vive melhor fugindo dos outros, escondendo-se, negando-se a partilhar, resistindo a dar, fechando-se na comodidade. Isto não é senão um lento suicídio” (n. 272).

Portanto, a missão no coração do povo não é uma parte da vida, ou ornamento que se pode por de lado, tão pouco um apêndice ou um momento isolado da vida de uma pessoa. (n. 273).

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