domingo, 17 de novembro de 2024

Aceitai, Senhor!

                                                       

Aceitai, Senhor!
Quando se celebra mais um ano de vida,
É tempo de agradecer a Deus por todos os momentos,
Aqueles memoráveis, e aqueles nem tanto assim.

Temos para com Deus uma dívida de gratidão contraída,
Pois esteve conosco no decurso do ano em todos os momentos:
A cada dia e noite, de sol a sol e de lua a lua...

A cada novilúnio, e em toda fase lunar, conosco sempre estais.
Conheceis o ritmo da batida de nosso coração,
Com o pulsar ora lento ou acelerado por grande emoção.

Nesta data mais que comemorativa, celebrativa,
A possibilidade de rever caminhos, confirmá-los,
Ou refazê-los para que sejam edificantes.

Aceitai, Senhor, cada página de mais um ano vivido.
Se acertadas, alegremente Vos louvo e glorifico;
Se marcadas por rasuras, peço-Vos perdão, Senhor.

Acertadas quando pautadas pelas virtudes divinas:
Fé, esperança e caridade, em gestos que iluminam
Aqueles com quem convivemos e a vida partilhamos;

Acertadas quando a vida pautada pelo Vosso Evangelho,
Quando pelo Vosso Filho, coração terno, seduzido,
E pelo sopro do Espírito somos conduzidos.

Rasuras feitas quando pecamos
Por palavras, atos, pensamentos e omissão,
Não sendo, de Vós, presença luminosa para o irmão.

Rasuras feitas por uma palavra mal dita,
Por não acolher Vossa graça, triste oportunidade perdida,
Por amor não comunicado, com mãos não solidárias.

Aceitai, Senhor,
Meus acertos e possíveis rasuras.
Sou Vosso, sou Vossa amada criatura.

Aceitai, Senhor,
Ainda que nunca o bastante, a minha gratidão
Por mais um ano intensamente vivido.

Aceitai, Senhor...
Que mais um ano iniciando, mais acertos multiplique.
Que as rasuras próprias da existência
Sejam diminuídas, subtraídas.  Amém!

Permita-se...

                                                        

Permita-se...

Vida: dom e graça de Deus!

Viver exige permitir-se ao que é possível, tornando a vida mais bela e conforme a vontade de Deus, realizando o desígnio divino: a nossa felicidade!

É necessário olhar para o passado, que denominamos de História. Olhar para o futuro é contemplá-lo como mistério.

Viver o presente como dádiva de Deus, que não pode ser ignorado, esvaziado de conteúdo e sentido, vilipendiado...

Permita-se, olhar para o passado e reaprender com os mestres que te formaram: pais, professores, amigos, companheiros que se tornam verdadeiros mestres.

Permita-se, por algum instante, propiciar um voo sem passagens e passaportes...
                                       
Permita-se reler tua história, verá que ela não se reduz a datas apenas. História é vida, essencialmente.

Revisa tua trajetória, dando-se conta dos erros cometidos; evitando-os tanto quanto possível. Existirá outro objetivo maior da história, tanto pessoal como universal?

Permita-se rever teus conhecimentos de Aritmética adquiridos; jamais se esquecendo de que na relação entre as pessoas é melhor somar do que diminuir. Muito melhor, ainda, é multiplicar do que dividir.

Jamais esqueça que as brigas, rupturas, conflitos que surgem são como frações em nossas vidas, e muitas vezes desoladoras e devoradoras...

Não se esqueça de que todas as equações têm incógnitas, e que descobri-las, pacientemente e sabiamente, é imprescindível para a convivência com os outros e consigo mesmo.

Permita-se rever os conceitos de Geometria, não se esquecendo de como os polígonos têm muitos lados e que todos eles são muito importantes, pois bastaria a ausência de um dos lados para que deixasse de o ser. As pessoas hão de ser muito preciosas em tua vida! Ame-as. Valorize-as.

Permita-se, também, valorizar-se, sempre, mas na exata medida, nem empobrecedor narcisismos, ou deprimente falta de autoestima.

Permita-se transitar pelos conhecimentos da Geografia, sem jamais esquecer que as pessoas, como os países, têm suas fronteiras, e que é preciso respeitar as fronteiras emocionais de cada um, especialmente daqueles com quem convivemos.

Permita-se beber do néctar das Ciências e não esqueça que na vida familiar, bem como eclesial , o afeto faz o mesmo papel do oxigênio, imprescindível para que respiremos, e suspiros de alegria e emoção multipliquemos, saboreemos...

Permita-se retomar os conceitos da língua que aprendeste: a Língua Portuguesa. Não esqueça a conjugação de verbos que são vitais, e por excelência o verbo amar...

Conjugá-lo em voz alta, todos os dias, a qualquer hora, em todos os tempos. Se, na forma negativa, conjugado, para que seja desaprendido, jamais repetido...

Permita-se jamais ser relapso, para que não amargue indesejáveis recuperações, perdas e sofríveis danos.

Permita-se não esquecer as mais belas lições que aprendeu até aqui. Revê-las, reciclá-las, enraizá-las, amadurecê-las.

Permita-se continuar indo ao encontro da felicidade, acolhendo a vida como dom no presente e mistério no futuro. Mistério não é sinônimo de misterioso.

A beleza do viver jamais murcha, ofusca e perde encanto, quem por Deus, o coração em veras de paixão, permite-se deixar seduzir...

Permita-se libertar de todas as amarras e cadeias, para que reencontre a paz, alegria e serenidade...

Permita-se apenas uma coisa: ser prisioneiro do mais belo Amor, Cristo Jesus, então será verdadeiramente livre!

Cuidando do Jardim do Senhor...

                                             

                            Cuidando do Jardim do Senhor...

Celebrando mais um ano de vida, que os poetas me emprestem as palavras para dizer o que sinto a cada novo texto que ofereço a você, leitor, neste espaço, que me possibilita estender ainda mais o alcance da minha missão de evangelizar.

É meu desejo que cada reflexão seja como um punhado de sementes lançadas no jardim da mente de quem ler, para florir o mais belo no coração, para que, como as flores, exalem o odor de Cristo: odor de santidade e de amor.

O Senhor, com a Parábola da semente lançada em chãos férteis (e outros nem tanto assim); a primavera, com a beleza das flores saltando aos nossos olhos, exalando suavemente seu perfume para nos comunicar a grandiosidade da Obra de Deus, me inspiram de modo muitíssimo especial.

Quando se escreve não se junta apenas palavras, mas em sua perfeita articulação e conexão, há o anseio de despertar no leitor algo edificante.

Há textos que uma vez lidos são esquecidos. Há outros, porém, que guardamos com carinho, grafados em nosso coração, e voltamos a eles incontáveis vezes como se a primeira vez fosse.

Há reflexões que descartamos sem maiores dificuldades, porque não tocaram a alma e o coração. No entanto, há outras que o mesmo não conseguimos fazer, porque como que entrelaçando nossos pensamentos, entranhando em nosso coração, despertaram sentimentos, suscitaram o nascimento do novo, tornaram-se marcantes e nos acompanham, incorporadas em nossa vida, pensamento e ação.

Assim sinto que acontece com os meus escritos: sementes lançadas em canteiros diferenciados. Por esta razão, tenho sempre o cuidado da melhor semente lançar, desejando que o leitor consiga compreender o meu intuito, ou até mesmo transcendê-lo.

Viver é cuidar do próprio jardim, como acontece desde as primeiras páginas de Gênesis. Escrever é tornar-se um jardineiro do Jardim Divino, ajudando a tornar a vida mais bela e agradável aos olhos e ao coração.

Que o Senhor me conceda a graça de contribuir neste santo propósito.

“Conduzi-me no caminho para a vida, ó Senhor!”

                                                 

“Conduzi-me no caminho para a vida, ó Senhor!”
 
Ao celebrar mais um ano de vida, rezo com as palavras do Salmista, agradecendo a Deus pelo dom da vida, que Ele me concedeu por Sua infinita bondade.
 
Somos obras das mãos divinas, pensados e plasmados, e postos no mundo para uma missão.
 
“Senhor, Vós me sondais e conheceis,
sabeis quando me sento ou me levanto;
de longe penetrais meus pensamentos,
percebeis quando me deito e quando eu ando,
os meus caminhos vos são todos conhecidos.
 
Em que lugar me ocultarei de Vosso espírito?
E para onde fugirei de Vossa face?
Se eu subir até os céus, ali estais;
se eu descer até o abismo, estais presente.
 
Se a aurora me emprestar as suas asas,
para eu voar e habitar no fim dos mares;
mesmo lá vai me guiar a Vossa mão
e segurar-me com firmeza a Vossa destra.
 
Fostes Vós que me formastes as entranhas,
e no seio de minha mãe Vós me tecestes.
Eu Vos louvo e Vos dou graças, ó Senhor,
porque de modo admirável me formastes!
Que prodígio e maravilha as Vossas obras!”
 
Oremos:
 
Ó Deus da vida, que nos criastes e nos salvastes por amor, por meio da Paixão e Morte de Vosso Filho, concedei-me Vosso Espírito, para conduzir cada dia de minha vida, sempre de acordo com Vossos desígnios, edificando  a verdadeira felicidade, querida por Vós para todos nós, Suas amadas criaturas, a Vossa imagem e semelhança, criadas. Amém.
 
PS: Salmo 138,1-3.7-8. 9-10. 13-14ab (R. 24b)

O Senhor colocou o futuro em nossas mãos (XXXIIIDTCA)

                                                            

O Senhor colocou o futuro em nossas mãos

No 33º Domingo do Tempo Comum (Ano A), refletimos sobre o tema da vigilância, que consiste na espera do Senhor que vem, multiplicando os talentos que Ele nos confiou, com sabedoria, criatividade, enfrentando os riscos necessários, com indispensável esforço de nossa parte para que o Reino de Deus aconteça.

Na passagem da primeira Leitura (Pr 31,10-13.19-20.30-31), vemos a imagem da mulher perfeita, um modelo de sabedoria e comportamento, que deve estar presente em todos aqueles que esperam e participam da construção do Reino de Deus: felicidade conjugal, trabalho, autenticidade de valores.

Na passagem da segunda Leitura (1Ts 5,1-6), o Apóstolo Paulo nos exorta, como partícipes do plano de Deus, para que “não durmamos como os outros”, empenhados em multiplicar os próprios talentos, sem acumular uma fortuna para si, tão pouco usar as próprias capacidades unicamente para si, menos ainda com desperdício.

É através do trabalho que produzimos a criação divina como prolongamento da obra da criação.

Nas atividades quotidianas, experimentamos nossas capacidades transformadoras, a necessária fantasia criativa, que não pode prescindir da verdadeira Sabedoria, para não promover e se deixar seduzir pela desordem do pecado, em dimensão pessoal, social e  estrutural.

Vejamos o que nos diz o Missal Dominical:

“A vida nos nossos dias é muito dura para a maior parte dos homens, a concorrência é desumana, não existe segurança profissional para ninguém, o relaxamento dos costumes cresce de maneira inquietadora, os homens confiam cada vez menos uns nos outros.

Aumenta a delinquência, o sofrimento não poupa ninguém e a morte continua a ser o pavor de todos. Pesa sobre a humanidade o perigo de guerras: reina ainda na terra o estado da injustiça, que clama vingança, e no qual se encontra o Terceiro Mundo.

Todos experimentam, às próprias custas, quais as consequências, quando o pecado domina. Quem pode sentir-se em segurança?

Entretanto, Cristo age nesta humanidade como força de renovação, difundindo dons e talentos a homens livres que saibam fazê-los frutificar corajosamente.

Deus não tem o hábito de transformar as leis da natureza ou de agir em nosso lugar; não organiza nenhum sistema de segurança nem mesmo para os que creem n’Ele; mas o Espírito de Deus nos impele a tornarmo-nos homens novos, isto é, homens que, apesar dos contragolpes e oposições, continuam a edificar com amor um futuro mais sorridente”. (1)

Na Parábola proclamada na passagem do Evangelho de Mateus (Mt 25,14-30), temos a figura de um terceiro servo, que jamais deve ser para nós um modelo, pois tem medo do Senhor, um medo que o cristão não deve ter, desde que no Batismo se tornou  filho de Deus.

Esperando vigilantes a segunda vinda do Senhor, abertos à Sabedoria divina, que é revelada aos pequeninos e escondida aos sábios e entendidos, é preciso que nos empenhemos em descobrir quais os talentos que o Senhor nos confiou para colocá-los a serviço do outro, por “um futuro mais sorridente”.

Sem preguiça, omissão e medo, mas, com maturidade, viver o risco da fé, a entrega, a confiança, a disponibilidade para o serviço e promoção do bem comum.

A genuína fé no Senhor tem pertinentes apelos e compromissos que dela emergem, e tão somente assim, daremos razão de nossa esperança, num contínuo esforço de tornar concreta, afetiva e efetiva a virtude da caridade.

De fato, o Senhor coloca sempre o futuro em nossas mãos: memória e esperança nos acompanham. Importa, também, o conteúdo do tempo presente, o que se fez e o que se faz para que tenhamos um futuro feliz, e assim, estaremos, de fato, preparando a segunda vinda gloriosa do Senhor, e poderemos aclamá-Lo como Senhor e Rei do Universo.


(1) Missal Dominical - Editora Paulus -  1995 - pág.860.

PS: Passagem paralela do Evangelho de Lucas (Lc 19,11-28)


Alegres e convictos Servidores do Reino (XXXIIIDTCA)

                                                       

Alegres e convictos Servidores do Reino

Com a Liturgia do 33º Domingo do Tempo comum (Ano A), damos um passo fundamental em preparação para a grande Solenidade de Cristo Rei e Senhor do Universo. 

Antes, porém, é preciso que façamos séria e frutuosa revisão de como testemunhamos e participamos da construção do Projeto Divino a fim de que sejamos conscientes, ativos e comprometidos, fazendo frutificar os talentos que Deus nos concede por Sua infinita bondade.

À luz da primeira Leitura (Prov 31,10-13.19-20.30-31), refletimos sobre a sabedoria necessária que deve nos acompanhar dia a dia na construção do Projeto de Deus. 

Um poema alfabético, que retrata a mulher virtuosa; e quão belo é ver a Sabedoria comparada à imagem desta mulher.

Trata-se de uma coleção de sentenças sobre a sabedoria, construída ao longo de vários séculos e atribuída a Salomão. 

Ela sabe gerir a casa, é diligente, trabalhadora, possui um coração generoso, teme ao Senhor e não se preocupa com a aparência. Temos aqui o convite para refletirmos sobre os valores eternos que asseguram uma vida feliz e próspera: empenho, compromisso, generosidade e temor.

Outra boa nova que transparece nesta passagem: a dependência de Deus; que quando autêntica, amplia a nossa liberdade e nos realiza plenamente. A dependência autêntica de Deus não nos infantiliza, ao contrário, nos compromete e nos ajuda no amadurecimento necessário, ampliando e solidificando a verdadeira liberdade.

Reflitamos:

- Quais são os valores que nos movem e nos orientam no pensar, falar e agir, para que não nos percamos diante de valores efêmeros?

- Como vivemos a confiança em Deus e a solidariedade para com o próximo, no cumprimento da vontade de Deus?


Na passagem da segunda Leitura (1Ts 5,1-16), o Apóstolo Paulo nos exorta a esperar o Senhor atentos e vigilantes, com empenho ativo e incansável na construção do Reino, sem jamais cruzarmos os braços. 

A volta de Jesus se dará no final dos tempos, na parusia, mas enquanto isto, na espera, os dias sejam passados na vigilância e não no esmorecimento, deserção, fuga, mas vivendo coerentemente as opções do Batismo.

Sendo assim, é preciso que os membros da comunidade vivam como filhos da luz: vigilantes, sóbrios, com os olhos no futuro, esperando a chegada da vinda verdadeira, numa vida marcada por uma esperança com corpo e conteúdo.

A vigilância consiste em não negligenciar as questões do mundo e os problemas do homem e da mulher, sem jamais fugir dos desafios que nos interpelam.

Ao contrário, é procurar caminhos e respostas para os mesmos, vivendo os ensinamentos de Jesus: os valores eternos para que o mundo seja transformado, no mais belo sentido da esperança, que é a serena expectativa.

Na passagem do Evangelho (Mt 25,14-30), refletimos sobre a Parábola dos talentos. 

Num contexto do esquecimento e perda do entusiasmo inicial, a comunidade se instalara na mediocridade, rotina, comodismo, facilidades, desânimo, desinteresse e deserção. 

O Evangelista acena para o horizonte final da história humana: a segunda vinda do Senhor, mas enquanto isto é preciso multiplicar os talentos que Ele nos confiou, pois Ele voltará e nos julgará conforme nosso comportamento em Sua ausência.

É o nosso tempo. Com nosso coração o Senhor continuará amando os últimos, os pecadores que estão a nossa volta. Com nossas palavras, acompanhadas de testemunho, é que Ele animará, consolará, fortalecerá os entristecidos e desanimados.

É preciso construir uma comunidade alerta e vigilante que não se acomode; que não caia numa mórbida e indesejável passividade; que não fique de mãos erguidas e olhos postos aos céus, sem compromissos concretos e solidários. É preciso envolver-se, comprometer-se.

Com nossos braços estendidos e mãos abertas o Senhor acolherá os que vivem na miséria, na busca do sentido, da acolhida, de um pedaço de pão, porque é com nossos pés que Ele continuará Se dirigindo ao encontro de cada pessoa que mais precisa.

Reflitamos:

- Há o tempo de Sua presença e comunicação dos dons; o tempo de Sua ausência e confiança em nós depositada e haverá o tempo de Sua volta. O que temos para apresentar?

- Não há lugar para cristãos apáticos e acomodados, é preciso ter coragem de arriscar. O que faço para que Cristo seja conhecido e amado?

- Quais são os talentos que Deus me confiou? 
- Como desenvolvo estes talentos?

Vivendo intensamente a missão por Deus a nós confiada, revelaremos ao mundo inteiro a Face de Cristo, gerando Cristo em nós, e tão somente assim os talentos serão multiplicados e não covardemente enterrados, e seremos alegres e convictos servidores do Reino por Jesus inaugurado.


PS: Passagem paralela do Evangelho: (Lc 19,11-28)

Exigência do discipulado: servir com alegria e amor (XXXIIIDTCA)

                                                  

Exigência do discipulado: servir com alegria e amor

A Liturgia do 33º Domingo do Tempo Comum (ano A) nos exorta para a alegria e o serviço, inseparavelmente, pois são elementos presentes na vida do discípulo missionário do Senhor, sobretudo quando, na Missa, a Palavra é proclamada, ouvida e acolhida, para no quotidiano ser proclamada e testemunhada.

O discípulo missionário precisa se despertar para o apelo de servir o Senhor, na alegria, pois o Senhor e Rei da glória, cuja Solenidade vamos celebrar no próximo Domingo, não quer que d’Ele tenhamos medo, e tão pouco tristeza de nós mesmos, por causa da fragilidade e limitações que possuímos; Ele quer tão apenas que O sirvamos com alegria e generosidade.

Não podemos permitir que a preguiça nos acomode e nos acovarde na multiplicação dos talentos que Deus nos confia, e nisto consiste o apelo que o Senhor nos faz:

Este apelo desmente as novas e velhas recriminações feitas aos cristãos de que são gente triste, resignada, demissionária. Ao mesmo tempo, põe-nos de sobreaviso quanto a um dos vícios capitais e dos pecados mais graves contra a esperança: a preguiça, que a teologia interpreta como ‘tristeza da graça’ (tristitia gratiae)”.(1)

Esta atitude, encontramos no terceiro homem da Parábola que o Senhor nos apresenta na passagem do Evangelho (Mt 25,14-30): “o aborrecimento e o desgosto do dom recebido; a recusa em deixar-se amar; a incredulidade de quem duvida com obstinação de que o Senhor lhe dê confiança e o torne companheiro em dar forma e rosto ao Reino do Pai” (2).

Deste modo, precisamos passar do temor servil ao amor filial no discipulado e relacionamento com o Senhor, pois Ele manifesta a verdade e a fecundidade do dinamismo do amor com estas palavras:

“A todo aquele que tem, dar-se-á mais e terá em abundância, mas, àquele que não tem, até o pouco que tem lhe será tirado” (Mt 25,29).

Na relação de amor filial para com Deus, e na fidelidade ao Senhor, “quem ama torna-se cada vez mais capaz de amar; quem é fiel e responsável nas tarefas que lhe foram confiadas, sejam elas grandes ou pequenas, cresce na fidelidade e na liberdade dos filhos de Deus” (2).

No caminho do discipulado acontece, portanto, o amadurecimento da interioridade pessoal e fecundidade do testemunho, e assim, encontra-se a verdadeira felicidade desejada, e que Ele nos apresentou no Sermão da Montanha, e podemos afirmar: – “nem toda a alegria entrará na felicidade, mas toda a felicidade entrará na alegria” (3)

Oremos:

“Pai Santo, que confiais nas mãos do homem todos os bens da Criação e da graça, fazei que a nossa boa vontade multiplique os frutos da Vossa Providência; tornai-nos sempre operosos e vigilantes na expectativa do Vosso regresso, na esperança de nos ouvirmos chamar de servos bons e fiéis, e assim entrarmos na alegria do Vosso Reino” (4)



(1) (2) (3) (4) Lecionário Comentado – Editora Paulus – Lisboa – 2011 – pp.795-796

PS: Passagem paralela do Evangelho de Lucas (Lc 19,11-28)

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