sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Palavra, Sacramentos e Caridade: O tríplice serviço do Presbítero (25/10)

Palavra, Sacramentos e Caridade: O tríplice serviço do Presbítero

Aconteceu na Catedral de Guarulhos a Santa Missa presidida pelo Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer - Arcebispo Metropolitano de São Paulo - dada a vacância de Bispo na Diocese de Guarulhos, na qual Ordenou Presbíteros os diáconos Cássio Fernando e Pedro Nacélio.

Destaco alguns pontos da Homilia feita pelo Cardeal:

Deus chama, acolhe e acompanha quem Ele deseja para conduzir o Seu rebanho. A pessoa apenas responde a este chamado. Assim aconteceu com estas duas vocações.

Acenou em seguida para o tríplice serviço que o Presbítero deve desempenhar frente à comunidade:

1 – Serviço da Palavra de Deus: sedento desta Palavra, lendo-a. meditando-a e a proclamando também com a vida. O Presbítero deve preocupar-se, de modo especial, com o momento da Homilia.

Neste sentido, bem-vinda e fundamental  a Exortação sobre a Palavra de Deus que o Papa Francisco enviaria e que deveria ser por todos os Presbíteros e comunidades conhecida e estudada.

O Presbítero deve trazer a mensagem da Palavra de Deus para o dia de hoje. Lembrando os Atos dos Apóstolos capítulo 7, acenou para a diaconia na comunidade, que permitirá ao Presbítero ocupar-se daquilo que lhe são próprios: a Oração e o anúncio da Palavra de Deus.

2 – Serviço da santificação do Povo de Deus – O sacerdote lida com as coisas de Deus. Zelo e dedicação na celebração dos Sacramentos e, de modo especial, à Eucaristia.

Para tanto, deverá ter uma vida íntegra, fundamentada nas Bem- Aventuranças. Pelo exemplo de vida, edificar o Povo de Deus na santidade e ajudá-lo a se santificar com a graça de Deus. Uma vida santa é desejada de cada Presbítero na vivência das divinas virtudes.

3 – Serviço da caridade pastoral: sinal do Bom Pastor, na atenção para com todos. Tem a missão de pastorear, formar e organizar a caridade na comunidade (doentes, pobres, desanimados, desorientados).

Deve cuidar da Igreja prédio, mas, sobretudo cuidar da Igreja Povo de Deus, a comunidade dos fiéis, para que nada lhe falte. Cuidar do rebanho com carinho, sobretudo para que não se torne vítima de mercenários.

Aludindo à Palavra proclamada, recomendou que os Presbíteros renovem o dom que receberam de Deus pela imposição das mãos dos Apóstolos, como Paulo assim se dirigiu ao jovem Bispo Timóteo.

O Presbítero deve cuidar-se de si mesmo para bem servir. Deve nutrir-se da Fonte da Fé, na Oração e na escuta da Palavra de Deus.

À luz do Evangelho proclamado (Jo 15), o Presbítero deve permanecer unido a Jesus; deve-se unir a Ele e n’Ele, pois foi Ele quem o escolheu.

O Presbítero é amigo de Jesus, como o próprio Senhor o disse, e assim dá a sua vida para Cristo e não mede sacrifícios.

Finalizando, afirmou que sem Jesus o Presbítero não é ninguém. Sem estar unido a Ele, o Ministério Sacerdotal se esvazia.

Se referindo ao Papa, afirmou que Jesus não precisa de funcionários, mas de amigos que O amem e se coloquem inteiramente a serviço do rebanho.

Concluiu com estas Palavras do Senhor Jesus: “A messe é grande, mas os operários são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da messe que envie operários para Sua messe”.

A reflexão é uma luz para que tenhamos cada vez mais Presbíteros e fiéis solidificados na fé, renovados na esperança e inflamados na caridade. 


PS: 25 de outubro de 2013

quinta-feira, 24 de outubro de 2024

A chama do divino amor (23/10)

                                             

A chama do divino amor

Na Liturgia da quinta-feira da 29ª Semana do Tempo Comum, ouvimos a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 12,49-53).

Oportuno para refletirmos sobre a radicalidade da missão, como discípulos missionários do Senhor, na vivência da vocação profética que Ele nos confia.

O Evangelista Lucas nos apresenta a missão de Jesus: “lançar fogo a terra”, ou seja, colocar fim ao egoísmo, escravidão do pecado, inaugurando assim o Reino de Deus.

No entanto, trata-se de uma proposta exigente e radical: “Vós pensais que vim trazer a paz sobre a terra? Pelo contrário, Eu vos digo, vim trazer divisão” (Lc 12,51).

Como entender estas difíceis Palavras de Jesus? Consideremos que tem em Seu horizonte a Cruz, e é nesta perspectiva que devemos compreender Suas Palavras, segundo o Evangelista Lucas: é uma mensagem catequética para preparar os discípulos na compreensão da missão de Jesus, a radicalidade do Reino e as exigências para todos os que aderirem à Sua proposta e se puserem no mesmo caminho.

O simbolismo do fogo: 
Jesus veio revelar à humanidade a santidade de Deus; com isto a destruição do egoísmo, da injustiça, da opressão que roubam a beleza da vida em todos os seus âmbitos e sentidos.

O Evangelista Lucas retomará o simbolismo do fogo em Pentecostes, quando o Espírito seria enviado aos discípulos reunidos, na imagem das línguas de fogo.

O fogo que Jesus veio acender é um fogo purificador e transformador que deve atingir o coração de todos nós e transformar a nossa vida. O fogo que Ele traz a terra é o fogo do amor que desmascara nossas recusas, mas ao mesmo tempo as purifica.

Jesus veio comunicar uma paz diferente (não a paz dos cemitérios, da “pax romana”, uma paz apodrecida). A paz que Ele veio comunicar é o “Shalom”, plenitude de vida para todos, de modo especial para os empobrecidos, para os marginalizados.

E isto não se dá sem os conflitos, denúncias, interpelações de conversão: alguns aceitarão, outros a rejeitarão e O eliminarão na morte de Cruz:

“Jesus veio trazer a paz, mas a paz que é vida plena vivida com exigência e coerência; essa paz não se faz com ‘meias tintas’, com meias verdades, com jogos de equilíbrio que não chateiam ninguém, mas também não transformam nada. A proposta de Jesus é exigente e radical; assim, não pode deixar de criar divisão... Jesus veio pôr a nu o nosso coração. Escolher por ou contra Jesus: inevitavelmente, surgirão conflitos”. (1)

A Paz que Jesus veio comunicar é fruto do amor desconcertante por causa de sua exigência maior, que consiste no amor aos inimigos, assim como é o amor do Pai que Ele anuncia e testemunha.

Reflitamos:

- Sentimos o fogo do Espírito aceso em nossos corações, na vida da comunidade?

- O que entendemos por paz e qual nosso compromisso com ela?

- Quando, de fato, somos causa de divisão por causa da Palavra e da Pessoa de Jesus e não por causa de nossas fraquezas, imperfeições e pecado?

Seja o nosso coração inflamado pelo fogo purificador do amor do Senhor, tão somente assim seremos verdadeiros discípulos Seus, e viveremos com ardor e coragem a vocação profética que Ele nos confia.

Acendei, Senhor, em nós a chama do Vosso divino amor!


(1) cf. www.dehonianos.org.br

Sejamos inflamados pelo Amor Divino(24/10)

                                                        

Sejamos inflamados pelo Amor Divino


Sejamos enriquecidos pelos escritos do Bispo Santo Antônio Maria Claret (sec. XIX).

“Impelidos pelo fogo do Espírito Santo, os Apóstolos percorreram o orbe da terra. Incendiados do mesmo fogo, os missionários apostólicos chegaram, chegam e chegarão até o fim do mundo, de um extremo da terra a outro, para anunciar a Palavra de Deus, podendo, assim, com justiça dizer de si mesmos as palavras do Apóstolo Paulo: O amor de Cristo nos impele (2Cor 5,14).

A caridade de Cristo estimula, incita-nos a correr e voar com as asas do santo zelo. Quem ama a Deus de verdade, também ama o próximo. O verdadeiro zeloso é o mesmo que ama, mas em grau maior, conforme o grau de amor: quanto mais arde de amor, tanto mais é impelido pelo zelo. 

Se alguém não tem zelo, testemunha por isto que em seu coração o amor, a caridade se extinguiu. Quem tem zelo deseja e faz as maiores coisas e se esforça para que Deus seja sempre mais conhecido, amado e servido nesta e na outra vida, já que este amor sagrado não tem fim. 

O mesmo faz com o próximo: sua ambição e esforço são para que na terra todos estejam contentes, e na pátria celeste felizes e ditosos; que todos se salvem, nenhum pereça eternamente nem ofenda a Deus, nem permaneça mesmo por breve instante no pecado. É isto que vemos nos Santos Apóstolos e em todos os que são movidos pelo espírito apostólico.

A mim mesmo eu digo: um filho do Imaculado Coração de Maria é aquele que arde de caridade e, por onde quer que passe, incendeia; que deseja eficazmente, por todos os meios, que todos os homens se inflamem com o fogo do Amor Divino. 

Não se amedronta com coisa alguma; goza com as privações; vai ao encontro dos trabalhos; abraça as tristezas; nas calúnias está contente; alegra-se nos tormentos; pensa unicamente em como seguir e imitar Jesus Cristo, rezando, trabalhando, sofrendo sempre e unicamente preocupado com a glória e a salvação dos homens”.

Santo Antônio Maria Claret fundou a Congregação dos Missionários Filhos do Coração Imaculado de Maria (Claretianos). 

Com o texto acima, somos convidados a crescer no amor por Cristo, fortalecendo nossos passos como peregrinos da esperança.

Sejamos verdadeiramente impelidos a assumir com ardor a missão que recebemos em nosso Batismo, fazendo progressos na devoção Mariana, como a Igreja nos exorta, para que ela não seja estéril.

Renovemos a cada dia nossa fidelidade ao Senhor, com renúncias necessárias, inflamados pelo Amor do fogo do Espírito, para anunciar por todo o mundo a Boa Nova do Reino.

PS: Memória celebrada dia 24 de outubro

terça-feira, 22 de outubro de 2024

Papa São João Paulo II: “Não tenhais medo!...”(22/10)

 


Papa São João Paulo II: “Não tenhais medo!...”

No dia 22 de outubro, quando celebramos a Memória do papa São João Paulo II (séc. XX), a Liturgia das horas nos apresenta a homilia do início do seu pontificado (22/10/1978):

“Pedro veio para Roma! E o que foi que o guiou e o conduziu para esta Urbe, o coração do Império Romano, senão a obediência à inspiração recebida do Senhor? Talvez aquele pescador da Galileia nunca tivesse tido vontade de vir até aqui. Talvez tivesse preferido permanecer, lá onde estava, nas margens do lago da Galileia, com a sua barca e com as suas redes. Mas, guiado pelo Senhor e obediente à sua inspiração, chegou até aqui!

Segundo uma antiga tradição, durante a perseguição de Nero, Pedro teria tido vontade de deixar Roma. Mas o Senhor interveio: veio ao seu encontro. Pedro, dirigindo-se ao Senhor perguntou: ‘Quo vadis, Domine?’ (Aonde vais, Senhor?). E o Senhor imediatamente lhe respondeu: ‘Vou para Roma, para ser crucificado pela segunda vez’. Pedro voltou então para Roma e aí permaneceu até à sua crucifixão.

O nosso tempo convida-nos, impele-nos e obriga-nos a olhar para o Senhor e a imergir-nos numa humilde e devota meditação do mistério do supremo poder do mesmo Cristo.

Aquele que nasceu da Virgem Maria, o filho do carpinteiro – como se considerava –, o Filho de Deus vivo, como confessou Pedro, veio para fazer de todos nós ‘um reino de sacerdotes’.

O Concílio do Vaticano II recordou-nos o mistério deste poder e o fato de que a missão de Cristo – Sacerdote, Profeta, Mestre e Rei – continua na Igreja. Todos, todo o Povo de Deus participa desta tríplice missão. E talvez que no passado se pusesse sobre a cabeça do Papa o trirregno, aquela tríplice coroa, para exprimir, mediante tal símbolo,  que toda a ordem hierárquica da Igreja de Cristo, todo o seu ‘sagrado poder’ que nela é exercido não é mais do que serviço; serviço que tem uma única finalidade: que todo o Povo de Deus participe desta tríplice missão de Cristo e que permaneça sempre sob a soberania do Senhor, a qual não tem as suas origens nos poderes deste mundo, mas sim no Pai celeste e no mistério da Cruz e da Ressurreição.

O poder absoluto e ao mesmo tempo doce e suave do Senhor corresponde a quanto é o mais profundo do homem, às suas mais elevadas aspirações da inteligência, da vontade e do coração. Esse poder não fala com a linguagem da força, mas exprime-se na caridade e na verdade.

O novo Sucessor de Pedro na Sé de Roma eleva, neste dia, uma prece ardente, humilde e confiante: ‘Ó Cristo! Fazei com que eu possa tornar-me e ser sempre servidor do teu único poder! Servidor do teu suave poder! Servidor do teu poder que não conhece ocaso! Fazei com que eu possa ser um servo! Mais ainda: servo de todos os teus servos.’

Irmãos e Irmãs! Não tenhais medo de acolher Cristo e de aceitar o Seu poder!

Ajudai o Papa e todos aqueles que querem servir Cristo e, com o poder de Cristo, servir o homem e a humanidade inteira!

Não tenhais medo! Abri antes, ou melhor, escancarai as portas a Cristo! Ao Seu poder salvador abri os confins dos Estados, os sistemas econômicos assim como os políticos, os vastos campos de cultura, de civilização e de progresso! Não tenhais medo! Cristo sabe bem ‘o que está dentro do homem’. Somente Ele o sabe!

Hoje em dia é frequente o homem não saber o que traz no interior de si mesmo, no mais íntimo da sua alma e do seu coração. Frequentemente não encontra o sentido da sua vida sobre a terra. Deixa-se invadir pela dúvida que se transforma em desespero. Permiti, pois – peço-vos e vo-lo imploro com humildade e com confiança – permiti a Cristo falar ao homem. Somente Ele tem Palavras de vida; sim, de vida eterna.”

Ele nos exortava para que tivéssemos medo e abríssemos as portas a Cristo. Palavras que ecoarão por todo o tempo, sobretudo nos momentos difíceis que passamos: “Não tenhais medo! Abri antes, ou melhor, escancarai as portas a Cristo!”.

Concluo com a oração contemplado em sua homilia:

Ó Cristo! Fazei com que eu possa tornar-me e ser sempre servidor do Teu único poder! Servidor do Teu suave poder! Servidor do Teu poder que não conhece ocaso! Fazei com que eu possa ser um servo! Mais ainda: servo de todos os Teus servos.” Amém.


Pe. Valdocir Aparecido Raphael 25 Anos de Ministério Presbiteral Deus Seja Louvado! (22/10)

Pe. Valdocir Aparecido Raphael
 25 Anos de Ministério Presbiteral
Deus Seja Louvado!

À luz da Palavra Proclamada (Rm 4,1-8; Sl 31,1-2.5.11; Lc 12,1-7) - (ano ímpar) fiz a Homilia de Jubileu do Ministério Presbiteral deste amigo e irmão.

Na primeira Leitura, o Apóstolo Paulo nos apresenta a emblemática figura de Abraão, “antepassado” segundo a carne (v.1) de todo o povo Hebreu.

Contemplar a história de Abraão é contemplar uma história que revela a atuação de Deus em sua vida, marcada pela gratuidade e confiança inabalável na intervenção divina.

Abrão foi chamado a acreditar na promessa divina de ter uma descendência, mesmo quando a promessa humanamente parecia um absurdo e impossível de se realizar. Abraão creu contra toda a humana esperança. Sua fé consistiu em confiar totalmente em Deus, reconhecendo suas limitações, insuficiência de suas obras diante do Senhor Onipotente e Misericordioso (como nos fala o Salmista). Abraão, ao lado de Sara, aos poucos procurou compreender os desígnios divinos e possibilitou a intervenção e a ação divina, que vêm ao encontro de nossa miséria humana, de nossas limitações.

Numa palavra, a fé é a total e incondicional confiança e entrega nas mãos de Deus, não como passividade, patologia, paralisia, mas acompanhada do temor divino, que segundo o Catecismo da Igreja Católica (1830) consiste na tensão em responder positivamente às exigências do Senhor, que não dispensa nossa participação, colaboração, atuação. Temor do Senhor é amor profundo, relação de amizade também profunda e frutuosa, porque traz consigo a paz e o desejo de estar à altura das necessidades do Outro, que é o próprio Deus, que nos chama e nos quer como amigos.

Temor serenamente e biblicamente vivido nos põe em total realização de amizade e entrega nas mãos de Deus, numa procura incansável de correspondermos à altura d’Aquele que tanto nos amou e nos ama, a ponto de nos ter dado o Seu próprio Filho (João 3,16), para que todo o que nEle crer não morra, mas tenha a vida eterna. O amor de Deus nos eterniza para uma relação que não conhece o ocaso, pois o céu consiste na plenitude de Seu amor. 

Em perfeita sintonia, no Evangelho, Jesus nos convida a tomar cuidado com o fermento dos fariseus que é a hipocrisia, que consiste na falta de uma fé autêntica em Deus; numa pureza interior e exterior; ausência da transparência e coerência.

Os discípulos de Jesus não podem ter a mesma atitude. Os discípulos missionários do Senhor são movidos por outro fermento que Nosso Senhor ao mundo comunicou: O amor.

No Evangelho de Mateus o Senhor afirmou que seus discípulos são fermento na massa. O mundo novo só nascerá do fermento do Novo Mandamento do Amor, o mais belo e divino fermento de que tanto precisamos.

Uma vez possuidor deste fermento, deverão comunicá-lo corajosamente ao mundo. Nada e a ninguém temendo. Jesus sabe que esta postura diante do mundo atrairá sobre os discípulos, sobre Sua Igreja, incompreensão, perseguição, até mesmo o martírio.

Por isto diz: “Não tenhais medo dos que matam o corpo e depois disso  nada mais podem fazer” (Lc 12,4), e um pouco mais adiante nos assegura que em todos os momentos os discípulos poderão contar com um Advogado, Paráclito, Defensor: “Não vos preocupeis com ou com o que vos defender, nem com o que dizer: pois o Espírito Santo vos ensinará naquele momento o que deveis dizer” (Lc 12, 12).

Tendo acolhido esta reflexão no coração, o que dizer ao meu amigo e irmão Pe. Valdocir neste dia em que celebra seu Jubileu de prata da graça do Sacramento da Ordem?

Respondo prontamente, e tenho certeza de que muitos concordarão comigo (e, porque não, poderão acrescentar outros olhares).

Pe. Valdocir,

- Um homem de fé – Um dia seus pais plantaram a semente da fé, o inserindo na história do Povo de Deus. Assim, tornou-se participante do Povo da Promessa, desde Abraão como há pouco refletíamos.

- Um homem de esperança – quem o conhece sabe quanta esperança carrega no coração de ver dias melhores; o Reino irromper alegremente em cada madrugada, precedida às vezes por noites acordado, em compromissos na luta pela vida, ou mesmo ao lado de um corpo velado.

- Um homem de caridade ativa – carregando as limitações inerentes à condição humana, procura testemunhar um amor enraizado e compromissado, sobretudo com os empobrecidos, com os quais Jesus se identificou.

- Um homem Eucarístico – celebra com piedade e frutuosamente cada Ceia Eucarística, procurando, a seu modo, plantar no coração da Assembleia a Semente do Verbo, e possibilitando o vigor do Pão e Vinho Consagrados, inebriando-nos com a alegria da participação no Banquete Nupcial do Cordeiro.

- Um homem de profunda devoção a Maria e aos Santos: São Judas Tadeu, Nossa Senhora do Bonsucesso, Santo Antônio, Nossa Senhora de Fátima, São Francisco e outros tantos. Como mencionar tais nomes e não fazer uma mínima referência ao Pe. Valdocir? Como não vê-lo e ouvi-lo cantar e comprometer-se com o Magnificat de Maria em confiança na ação divina, no cantar da esperança de um mundo novo (nova ordem política, econômica, social, religiosa, ideológica...)? Como não ouvir o som de seu violão e cantando com Maria e como Maria a esperança dos pobres que serão saciados, porque do jugo que lhes pesava foram libertados?

- Um homem de profundo compromisso social e político, por vezes até extremado e incompreendido. Mas sempre coerente com a mensagem do Evangelho.

- Um homem missionário – assim como se diz no Evangelho de hoje – desejoso e comprometido para que o Evangelho seja anunciado e conhecido pelo mundo todo, por toda criatura.

- Um homem alegre – seu sorriso lembra também o sorriso de seus pais. Raramente o vi com rosto carrancudo, amargurado, ainda que os resultados não fossem tão promissores e desejados. Invejamos e admiramos teu sorriso, padre.

- Um homem que procura a pureza interior, pois no exercício de seu ministério, procura não se contaminar pelo fermento da hipocrisia e da maldade, da violação da vida, sem ceder às tentações fundantes do ter, ser e poder (como devemos todos fazer).

- Um homem da chama profética sempre acesa, porque acompanhada do silêncio, da oração, da contemplação, da fidelidade e da consciência do que é diante do rebanho que O Senhor lhe confiou.

Poderia falar mais sobre o Pe. Valdocir, porém creio que já disse o suficiente para uma descrição sincera de como o vejo, e que espero seja como todos o veem.

Se virmos nele pecados, fraquezas, imperfeições, que apenas uma coisa façamos: o compreendamos e rezemos por ele. Ele precisa, eu preciso, você precisa. Todos precisamos.

Querido irmão no presbitério, um abraço e parabéns. Conte comigo e com minha admiração, e mais ainda, com minha sincera Oração.


PS: Em 2013,  tive a graça de fazer esta Homilia no Santuário São Judas Tadeu - Torres Tibagi - Guarulhos – SP – Diocese de Guarulhos na celebração do Jubileu de Prata do Pe. Valdocir.

domingo, 20 de outubro de 2024

Oração para o mês missionário - 2023

 


Oração para o Mês Missionário 2023

 

Tema: "Ide! Da Igreja local aos confins do mundo"

Lema: "Corações ardentes, pés a caminho" (cf. Lc 24,13-35)

 

Oração
 
"Deus Pai, Filho e Espírito Santo, consagrados e enviados pelo batismo,
fazei-nos viver nossa vocação de discípulos missionários, 
como graça e missão.


Inspirados e guiados pelo Espírito Santo, com os corações ardentes ao escutar a Vossa Palavra, e com os pés a caminho para anunciar a Boa Nova de Jesus Cristo, queremos ir da Igreja local aos confins do mundo.
 

Maria, Mãe missionária, rogai por nós!

Amém!"

 

 

PS: Riquíssimo material sobre o mês missionário 2023, o leitor poderá encontrar acessando: https://pom.org.br/campanhamissionaria/cm2023/

sábado, 19 de outubro de 2024

Que o fogo devorador do Amor de Deus nos acompanhe

                                                 

Que o fogo devorador do Amor de Deus nos acompanhe

O Presbítero São Paulo da Cruz (séc. XVIII), cuja memória celebramos no dia 19 de outubro, em uma de suas Cartas, nos enriquece na configuração ao Senhor Jesus, no Mistério de Sua Paixão, Morte e Ressurreição:

"Coisa excelente e muito santa é pensar e meditar sobre a Paixão do Senhor, pois por este caminho chegamos à união com Deus.

Nesta escola tão santa, aprende-se a verdadeira sabedoria. Foi aí, que todos os Santos a estudaram. Quando, pois, a Cruz de Nosso Bom Jesus lançar raízes mais profundas em vosso coração, então cantareis: seja 'Sofrer e não morrer'; seja 'Ou sofrer ou morrer', seja, ainda melhor, 'Nem sofrer nem morrer', apenas a perfeita conversão à vontade de Deus.

O amor é força de união e faz seus os tormentos do Bem, muito amado. Este fogo vai até à medula, converte o que ama no amado. De modo mais profundo, o amor se mistura à dor e a dor ao amor. 

Há, então, uma mistura de amor e de dor tão estreita que não se pode separar o amor da dor, nem a dor, do amor. Por isto, quem ama, se alegra com sua dor e exulta em seu amor sofredor.

Sede, portanto, constantes na prática de todas as virtudes, imitando, de modo particular, o suave Jesus padecente, porque é isto o cume do puro amor.

Procedei de modo que todos reconheçam que trazeis não só interior, mas ainda exteriormente, a imagem de Cristo crucificado, modelo de toda doçura e mansidão.

Quem está interiormente unido ao Filho de Deus vivo, revela no exterior Sua Imagem pelo contínuo exercício da virtude heroica, principalmente pela paciência cheia de força que nem em segredo nem em público se queixa. Portanto, escondei-vos em Jesus crucificado, sem desejar coisa alguma a não ser que todos em tudo aceitem Sua vontade.

Verdadeiros amigos do Crucificado celebrareis sempre no templo interior a festa da Cruz, suportando em silêncio, sem vos apoiar em criatura alguma. Uma festa deve ser celebrada na alegria; por isso os que amam o Crucificado irão à festa da Cruz com rosto jovial e sereno, suportando calados, de forma que permaneça oculta aos homens, só conhecida pelo sumo Bem.

Numa festa há sempre banquete; as iguarias são a vontade divina, a exemplo de nosso Amor crucificado”

Solidifiquemos nossa fé, firmando nossos passos como discípulos missionários do Senhor.

Reflitamos:

- sobre a Paixão do Senhor, aprendendo d’Ele a verdadeira sabedoria;

- sobre o amor e a dor que são inseparáveis;

- sobre o Imitar o suave Jesus padecente, o cume do mais puro amor;

- é preciso ter de Jesus mesma doçura, mansidão e uma paciência cheia de fé;

- celebremos com alegria, com um rosto jovial e sereno, suportando calado o sofrimento...  

Sejamos, portanto, fortalecidos na fidelidade ao Senhor, vivendo intensamente o Mistério de Sua Paixão e Morte, para com Ele também ressuscitarmos. Amém.

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