sexta-feira, 7 de junho de 2024

Contemplemos o infinito amor e ternura de Deus (SCJ)

                                                   


Contemplemos o infinito amor e ternura de Deus 

Aprofundando sobre a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, reflitamos à luz da  passagem do Livro do Profeta Oseias (Os 11,1-4.8.c-9), uma das mais belas de todo o Antigo Testamento, na qual mediante uma linguagem humana cheia de experiência da intimidade familiar, Deus Se apresenta com o Coração de Pai e Mãe. Já havia Se apresentado com a imagem esponsal, e agora como Pai.

Quanto nos impressiona o Amor de Deus que é diferente do amor humano, pois o Seu ardor é totalmente consumado na misericórdia irrevogável e eterna.

Contemplamos uma das mais ternas imagens para descrever o Amor de Deus por nós, o carinho e cuidado materno e paterno que tem para conosco, Seus filhos.

De santidade infinita, o Senhor Deus é o “totalmente outro” do homem e da mulher, e assim Sua fidelidade é eterna, e Seu amor e perdão são sempre possíveis.

Deus sendo totalmente outro, é o mais belo e puro e eterno Amor, que acolhe, acompanha, perdoa, renova, recria, reconduz... Deus exige tão apenas amor, porque de fato, amor exige amor, e não amor qualquer, mas um amor fiel.

Concluindo, vejamos o que nos diz o Lecionário Comentado sobre esta passagem:

“Há quem diga que, de calcar a mão sobre a bondade e misericórdia de Deus, corre-se o risco de debilitar a mensagem cristã e tornar vazia a própria vida cristã, a tal ponto é sempre possível o perdão...

Mas nossa própria experiência humana nos diz que não pode ser assim. Um perdão forte, generoso, que procura redimir, muitas vezes vence a ofensa; trará o filho ao pai, o esposo à esposa. Ainda, porém, que nunca se dê isso entre os homens (o que não é verdade), dá-se entre Deus e nós. Amor exige amor. E amor fiel.” 

Concluindo:

Todos os tons e vocábulos do amor (esponsal, amigável, paterno/materno) são utilizados pelo Profeta (Oseias) para exprimir o que é inexprimível, isto é, a ternura infinita do Deus enamorado loucamente do homem [...] o amor é contagioso e pede amor: e eis que o nosso programa de vida, necessariamente missionário, porque quem recebe deve dar – tem por modelo Jesus e Seu Ministério (Evangelho do dia Mt 10,7-15).” (1)

Contemplemos a ternura infinita do Deus, enamorado loucamente do homem, como Oseias tão bem nos apresenta.


(1) Lecionário Comentado - Editora Paulus - Lisboa - 2011 - pp.693-694.

Inflamados de amor pelo Senhor (SCJ)

                                                   

Inflamados de amor pelo Senhor

“Por este motivo, exorto-te a reavivar o dom espiritual que
Deus depositou em ti pela imposição das minhas mãos.
Pois Deus não nos deu um espírito de medo, mas um
espírito de força, de amor e de sobriedade”
(2 Tm 1,6-7).

Reflexão à luz da passagem da Segunda Carta do Apóstolo Paulo a Timóteo (2 Tm 1,1-3.6-12).

O Apóstolo exorta Timóteo a reavivar a vocação, reanimando o carisma que recebeu, à luz da escuta da Palavra Divina, da comunhão com Deus e dos Sacramentos, que nos comunicam a graça de Deus.

É preciso viver as qualidades fundamentais, que devem estar presentes na vida do Apóstolo:

- a fortaleza frente às dificuldades;
- o amor que impulsiona para uma entrega total a Cristo e ao rebanho;
- a prudência necessária para animação e orientação da comunidade.

Com isto, se afasta o perigo das desilusões, fracassos, monotonia, fragilidade humana, que enfraquecem o entusiasmo original, levando à perda das motivações primeiras do compromisso com Jesus e a Boa-Nova do Reino.

É preciso despir-se de toda preguiça, inércia, comodismo, renovando as forças e a coragem para superar todo medo, e, assim, vencermos as dificuldades que nos impedem de viver inteiramente para Deus e para nosso próximo.

Impelidos pelo Amor divino, vamos bem mais longe, reavivando a vocação como dom de Deus, encontro de duas liberdades: a divina que chama, e a humana que responde.

A vocação é sempre fecunda se for fruto de um encontro que muda a vida de quem encontra o Senhor, como bem afirmou o Papa Bento XVI:

«No início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo. (...) Dado que Deus foi o primeiro a amar-nos (cf. 1 Jo 4, 10), agora o amor já não é apenas um “mandamento”, mas é a resposta ao dom do amor com que Deus vem ao nosso encontro» (Deus Caritas Est, 1). 

Três rios correm do Coração de Jesus! (SCJ)

                                                                      

Três rios correm do Coração de Jesus!

Sejamos enriquecidos por uma das Cartas escrita por Santa Margarida Maria Alacoque (séc. XVII), em que nos fala do Sagrado Coração de Jesus.

“A mim me parece que o grande desejo de nosso Senhor, de que se tribute honra especial a Seu Sagrado Coração, tem por finalidade renovar em nós os frutos da redenção.

Pois o Sagrado Coração é fonte inexaurível; que somente quer difundir-Se pelos corações humildes, a fim de que estejam livres e prontos a viver sua vida em conformidade com seu beneplácito.

Deste Divino Coração correm sem parar três rios: o primeiro é de misericórdia pelos pecadores, derramando neles o espírito de contrição e de penitência.

O segundo é de caridade, para auxílio de todos os sofredores, em particular dos que aspiram à perfeição, para que encontrem os meios de superar as dificuldades.

Do terceiro, enfim, emanam o amor e a luz para Seus amigos perfeitos, que Ele deseja unir a Sua ciência e à participação de Seus preceitos, para que, cada um a seu modo, se dedique totalmente à expansão de Sua glória.

Este Coração Divino é oceano de todos os bens. N’Ele precisam os pobres mergulhar todas as suas necessidades. É oceano de alegria, onde temos de mergulhar todas as nossas tristezas.

É abismo de humildade contra nossa loucura, abismo de misericórdia para os miseráveis, abismo de Amor para as nossas indigências.

Tendes, por isto, de unir-vos ao Coração de nosso Senhor Jesus Cristo, no princípio da vida nova, para vos preparardes bem; no fim, para consumardes.

Vossa Oração é vazia? Então, basta que ofereçais a Deus as preces que o Salvador eleva por nós no Sacramento do altar, entregando Seu fervor em reparação de vossa tibieza. Sempre que ides fazer algo, rezai assim:

‘Meu Deus, faço ou suporto isto no Coração de Teu Filho e, conforme a Seus santos desígnios, ofereço-Te em reparação de tudo quanto há de falho ou de imperfeito em minhas obras’.

E deste modo, em todas as circunstâncias. E em tudo que vos acontecer de penoso, aflitivo ou injurioso, dizei a vós mesmos:

‘Recebe o que o Sagrado Coração de Jesus Cristo te envia a fim de unir-te a Ele’.

Acima de tudo, porém, guardai a paz do coração que supera todos os tesouros. Para guardá-la, nada de melhor que renunciar à própria vontade e colocar a vontade do divino Coração em lugar da nossa, de modo que Ela realize em nosso nome o que redunda em Sua glória. E nós, felizes, nos submetamos a Ele, com absoluta confiança” (1)

Contemplando a Imagem do Sagrado Coração de Jesus, façamos nosso exercício espiritual de contemplação do amor de Deus.

Seja, portanto, nosso coração inundado e transbordado pelo Amor Divino e que dele saiam rios não poluídos, mas:

- de Misericórdia para com os pecadores; 
- de Caridade para com os pobres;
- e de Amor para com aqueles que o Senhor tanto ama!

(1) Das Cartas de Santa Margarida Maria Alacoque - (Vie et Oeuvres 2, Paris 1915)
Memória celebrada dia 16 de outubro.

É preciso corresponder ao amor de Deus (SCJ)

                                                            

É preciso corresponder ao amor de Deus

“Oseias, Profeta do amor, canta a fidelidade do Amor de Deus
para com a humanidade e Sua capacidade de perdão”.

Reflitamos sobre o Sagrado Coração de Jesus, à luz da passagem do Livro do Profeta Oseias (Os 11,1.3-4.8c-9),  na qual contemplamos a face misericordiosa de Deus, Sua fidelidade irrevogável que se manifesta no perdão, no convite à conversão:

“Quando Israel era criança, Eu já o amava, e desde o Egito chamei meu filho... Ensinei Efraim a dar os primeiros passos, tomei-o em meus braços, mas eles não reconheceram que Eu cuidava deles.

Eu os atraía com laços de humanidade, com laços de Amor; era para eles como quem leva uma criança ao colo; e rebaixava-me a dar-lhes de comer. Meu coração comove-se no íntimo e arde de compaixão...”

É sempre imperativo para o profetismo a ser vivido, voltar-se para Deus em absoluta relação de amor com Ele, aprofundando nossa fidelidade aos Seus preceitos, em relacionamentos de gratuidade para com Ele e com nosso próximo. 

A confiança incondicional na Sua presença deve ser sempre acompanhada de frutuosa prática da justiça para que o culto seja a Ele agradável, de modo que, o suor e o sangue, se necessário no chão derramados reguem sementes de um novo amanhecer, tão somente assim o incenso que se sobe no culto, será por Ele aceito.

Profecia é sinal de sangue e suor derramados, incenso ao Deus Vivo e Verdadeiro elevado!

O Profeta nos convida a refletir, a tomar consciência e abandonar o ignominioso serviço às divindades inexistentes, materializada na adoração muito presente entre nós como nos diz com toda profundidade o Missal  Cotidiano (pág. 996):

“Hoje gritariam os Profetas contra muitas divindades a quem os cristãos queimam incenso de sua devoção, pretendendo ao mesmo tempo continuar cristãos: a divindade do dinheiro, do sexo, do comodismo e dos bens de consumo, a divindade do carro, da televisão, do estrelismo em todas as formas, esportes, cinema, moda...

‘Afinal de contas, que mal há nisso?’ pergunta-se. O cristão, porém, não deve caminhar levianamente; deve examinar-se, para ver se e em que medida alguma dessas divindades o impede de ter verdadeiro relacionamento com Deus”.

Somente a fidelidade a Deus e Seu Projeto conduzirá a humanidade à verdadeira felicidade, na construção de relacionamentos fundados na prática da justiça, externados em gestos solidários que levem à edificação da fraternidade universal. 

Eclipsá-lo, mesmo afirmar Sua morte, têm sido motivos para o caos em que muitas vezes nos encontramos mergulhados, sem perspectivas utópicas, sem horizontes promissores...

A reflexão do Livro do Profeta Oseias nos leva a tomar uma atitude: ceder ao ignominioso serviço idolátrico voltando-nos contra nós mesmos ou viver na fidelidade e adoração verdadeira do retorno para Deus em absoluta fidelidade a Sua Lei, que se resume no amor a Ele e ao próximo, prelibando a alegria da conversão, do perdão obtido em alegre e verdadeiro louvor a Ele também oferecido.

A idolatria, a infidelidade e a ingratidão para com Deus levam-nos, inevitavelmente, a uma ignominiosa realidade. Indubitavelmente a adoração e o culto a Deus, expressos no amor e no serviço ao próximo, levar-nos-á a prelibação da alegria no mais fundo de nosso coração, onde Ele fez Sua morada.

Ah, o Amor de Deus, como compreendê-lo?
Impossível para nossos critérios e conceitos.
Amor de Deus, mais que compreendido,
Precisa ser correspondido e vivido,
eis o caminho a percorrer e melhor viver!

quinta-feira, 6 de junho de 2024

“A messe é grande, poucos são os operários”

“A messe é grande, poucos são os operários”

“Pois é claro que são vocês uma carta de Cristo, redigida por nós, escrita não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo,
não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne,
nos corações” (2 Cor 3,3).

Inspirado nas Palavras do Apóstolo Paulo, quatro anos passado, glorifiquei a Deus pelo Jornal Voz Viva que chegava à sua centésima Edição.

A plena abertura ao sopro do Espírito do Deus possibilita que em nosso Jornal sejam impressos artigos, reflexões, reportagens, enfim, temas diversificados que nos ajudam a solidificar nossa fé, reavivando nossa esperança, inflamando a chama da caridade como discípulos missionários do Filho Amado do Pai.

Nas reuniões preparatórias, no fechamento da edição, na diagramação e envio à gráfica, até que chegue às nossas mãos, sentimos como que um “parto”, fecundado pelo Espírito Santo, recordando à Igreja as Palavras de Cristo (Jo 14,26).

Como tantos acontecimentos que testemunhamos na Igreja, o Jornal Voz Viva nos remete ao milagre da multiplicação dos cinco pães e dois peixes: Não são muitos em sua produção, – como bem lembrou o Senhor – “A messe é grande, poucos são os operários”.

De modo especial, glorifico a Deus pela Pastoral da Comunicação de nossa Paróquia, e a todos que de tantas formas contribuem para o êxito de nosso Jornal.

Que o Jornal Voz Viva continue cumprindo o objetivo a que se propõe: evangelizar, anunciar a Boa Nova do Evangelho a toda criatura, em todos os âmbitos, na Igreja e em todo lugar.



PS: Depoimento para o jornal “Voz Viva” – Paróquia Santo Antônio de Gopoúva - Diocese de Guarulhos - SP - Edição nº100. 

quarta-feira, 5 de junho de 2024

Oro ao Pai...


 

Oro ao Pai...


Oro ao Pai, por Cristo, no Espírito, como nos ensina a Igreja,
Confiante na onipotência da misericórdia divina,
Para que não desistas de teus sonhos e sigas em frente.
 
Oro ao Pai, por Cristo, no Espírito,
Para que tuas “asas” por vezes feridas, pelas decepções,
Sejam curadas para os voos da persistência.
 
Oro ao Pai, por Cristo, no Espírito,
para que sejas persistente nos santos esforços,
na edificação e santificação de tua família.
 
Oro ao Pai, por Cristo, no Espírito,
Para que quando as portas parecerem para sempre fechadas,
Encontres janelas, onde raios da esperança divina entrem.
 
Oro ao Pai, por Cristo, no Espírito,
Para que teu agir seja conduzido pelas virtudes cardeais:
prudência, justiça, fortaleza e temperança.
 
Oro ao Pai, por Cristo, no Espírito,
Para que em teu coração, como um espaço do jardim do Criador,
Fecundem as sementes das virtudes divinas: fé, esperança e caridade.
 
Oro ao Pai, por Cristo, no Espírito,
Para que a luz do Senhor ilumine teus caminhos,
A Eucaristia, Divino Alimento, Pão para o peregrinar. Amém.
 

Pássaro enlameado

                                                            

Pássaro enlameado

“Como cantar o cântico do Senhor
em terra estranha?
(Sl 137,4)

Já não há como voar, quando se está enlameado.
Sinto em minhas asas um peso que nunca senti.
Não há mais alturas a alcançar.
Haverá razões para voltar a cantar?

O ninho que tecia sem pressa,
Já não sei mais onde se encontra,
E nem tenho porque mais tecer,
Pois não há mais filhotes a alimentar.

Sou apenas um pássaro enlameado,
Vítima tão frágil de um deus voraz
Que a outros pássaros enterrou,
Na ambição desmedida e criminosa.

Meu canto é de dor e lamento
Pelas vidas humanas sacrificadas,
Centenas de falecidos e desaparecidos;
Aos lamentos que sobem aos céus, uno o meu.

Meu canto é de dor e profecia,
Pois a quem foi confiado nossa casa comum,
Haverá de reaprender o valor sagrado da vida,
Que em nada pode ser submetido e subtraído.

Meu canto é de dor e esperança,
Que nunca mais haverá pássaros enlameados,
E os cantos soarão como bela sinfonia na mata
E crianças, jovens e idosos, com sorrisos e a mesa farta.

Embora seja apenas um pássaro enlameado,
Estou unido no mistério de dor e paixão
De tantos corações doloridos.
É tempo de revigorar as asas e voltar a cantar.

Pássaro enlameado compadecido,
Canto meu canto de dor, lamento, profecia e esperança
De que um dia acordaremos e cantaremos juntos:
Nasceu novo dia, sem resquícios de insana idolatria.

PS: Em 25 de janeiro de 2019, aconteceu um dos maiores desastres ambientais no Brasil, o rompimento da barragem de Brumadinho-MG, provocando 252 mortes.

Escrevi este poema, expressando minha solidariedade com a dor de seus familiares, somado às orações por todos os mortos.

Quem sou eu

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG