domingo, 29 de junho de 2025

Pedro e Paulo, exemplos para o nosso discipulado

                                                       

Pedro e Paulo, exemplos para o nosso discipulado

Ao celebrar a Solenidade de São Pedro e São Paulo, sejamos iluminados por estas passagens bíblicas: At 25, 13-21; Jo 21, 15-19.

Reflitamos sobre sobre o amor, a fidelidade, a sabedoria e a paz!

Na terceira aparição do Ressuscitado, após a Pesca Milagrosa, em Jesus interroga Pedro por três vezes se ele O ama.

O diálogo de Jesus com Pedro lembra-nos as três vezes que Pedro negou o Senhor. E agora, três vezes afirma o seu amor.

A Misericórdia de Deus jamais deixa de acreditar em nós, apesar de nossas infidelidades, inconstâncias e condição pecadora. Apesar de sermos pecadores e porque somos pecadores, ama-nos para nos reconciliar, renovar, com possibilidade de uma nova vida, novo rumo, novos horizontes:

O Amor:
O amor é essencial e nada é possível quando falta o amor, Princípio e Fundamento da Missão Evangelizadora. Sem amor ao Senhor, amor incondicional, não levaremos adiante tão Divina Missão.

Muito mais do que multiplicação de palavras… Amar é tornar a vida intensa e bela com pequenos gestos, porque ainda que pequenos, por amor, tornam-se grandes!

Amor é entrega… É superação de limites, vivência da palavra dada, compromissos firmados – compromissos cumpridos, configuração ao Amado, de modo que já não é a pessoa que vive, mas é Cristo que nela vive…

O amor que Jesus exige do Apóstolo, implica numa atitude de absoluta fidelidade.

Fidelidade:
Ao Reino; ao Evangelho, à Doutrina. Testemunho, coerência; amadurecimento. A fidelidade pressupõe coragem, renúncias, despojamento, jamais retrocessos…

Sabedoria:
Paulo anunciando o Cristo Ressuscitado é preso, impedido de realizar sua Missão. Apela à sua condição romana para o julgamento, o que possibilitaria a continuidade da Evangelização, a abertura a outros povos…

Evangelizar exige confiança total no Senhor, mas não nos dispensa da ação com Sabedoria.

O Cristão precisa, em cada tempo, salvaguardar a dignidade e sacralidade da vida, da concepção ao seu declínio natural. Paulo, indiscutivelmente confia no Senhor, e age com Sabedoria fazendo valer seus direitos…

Pedro e Paulo deram com a palavra e a própria vida as suas respostas… Eis a nossa vez.

Paz:
Amando na Fidelidade e com Sabedoria o Discípulo Missionário de Jesus encontrará e fará acontecer a Paz tão almejada e necessária.

Aprendamos com São Pedro, o Príncipe dos Apóstolos

 


Aprendamos com São Pedro, o Príncipe dos Apóstolos
 
“Senhor, eu creio: aumenta a minha fé!
Tu conheces meu coração,
Tu vês o medo, que existe em mim,
de confiar-me perdidamente a Ti.
 
Tu sabes que o desejo
de governar sozinho a vida
é tão forte em mim,
que muitas vezes faz que eu fuja de Ti!
 
No entanto, eu creio:
diante de Ti está meu desejo
e minha fraqueza.
Orienta aquele, sustenta esta,
ajudando-me a fazer naufragar em Ti
qualquer sonho meu, esperança e projeto,
para confiar em Ti e não em mim
e nas presumidas evidências
deste mundo que passa.
 
Faze que eu saiba lutar contigo:
mas não permitas que eu vença!
Senhor de meu medo e da minha espera,
do meu desejo e da minha esperança,
aumenta, peço-te, a minha fé!” Amém.

 

(1) Caminhando na fé – Bruno Forte - Arcebispo Metropolitano de Cheti-Vasto -  Retiro espiritual para os Bispos – CNBB – Aparecida – 3 a 4 de maio de 2014

Em poucas palavras...

                                                  


A necessária graça divina em nossas fraquezas

“O Espírito Santo confere a alguns o carisma especial de poderem curar (1Cor 12,9.28.30) para manifestar a força da graça do Ressuscitado. Todavia, nem as orações mais fervorosas obtêm sempre a cura de todas as doenças.

Assim, São Paulo deve aprender do Senhor que «a minha graça te basta: pois na fraqueza é que a minha força atua plenamente» (2 Cor 12, 9), e que os sofrimentos a suportar podem ter como sentido que «eu complete na minha carne o que falta à paixão de Cristo, em benefício do seu corpo, que é a Igreja» (Cl 1, 24).” (1)

 

 

(1) Catecismo da Igreja Católica - parágrafo n. 1508

 

Tenhamos os mesmos sentimentos do Senhor

Tenhamos os mesmos sentimentos do Senhor

“Tende entre vós os mesmos sentimentos
que havia em Cristo Jesus” (Fl 2,5)

Reflexão à luz da passagem da Carta do Apóstolo Paulo aos Filipenses (Fl 2,1-11), para o aprofundamento da graça de sermos discípulos missionários do Senhor.

A Carta é dirigida à uma comunidade viva, piedosa, generosa, mas não perfeita, pois ela precisa aprender o desprendimento, a humildade, a simplicidade, dizendo não ao orgulho, à autossuficiência, à vaidade e à ambição.

Ela precisa abandonar as atitudes individualistas e egoístas no relacionamento comunitário, e, deste modo, aprender a viver na caridade.

Neste sentido, precisará comportar-se como Cristo, em atitude “kenótica”, ou seja, despojamento, esvaziamento, aniquilamento: assumir a Cruz de Nosso Senhor, vivendo em total entrega, obediência, amor, doação  e serviço.

Trata-se de assumir os valores que Jesus encarnou ao realizar a sua missão no anúncio da Boa-Nova do Reino de Deus.

A Carta nos provoca: num mundo competitivo, como viver esta lógica de Jesus, que é o caminho da glorificação, o caminho da vida plena, da glória que não prescinde da Cruz:

O caminho para a glória, mesmo no interior da vida da comunidade, passa pela Cruz; o caminho da harmonia comunitária passa pela caridade e pela humildade”(1).

Portanto, ouvimos na passagem um Hino Cristológico Paulino com densidade notável, que nos dá a identidade de cristãos e discípulos missionários do Senhor, de modo que somos interpelados pela Sua Palavra e seduzidos pela Sua Pessoa, totalmente identificados com o Seu Coração:

Sermos cristãos realiza-se percorrendo um caminho concreto, avançando no mesmo sentido indicado pelo Mestre, identificamo-nos com Ele, tornando-nos uma imagem Sua, para as pessoas que encontramos”(2).

Neste sentido o discípulo precisa identificar-se profundamente com Jesus:

ter os mesmos sentimentos d’Ele;
- conhecê-Lo verdadeiramente a partir do seu agir e suas preocupações;
- pautar a conduta a partir do Seu critério na avaliação das pessoas e das diferentes circunstâncias;
- conhecer as suas opções de vida;
- viver como Ele na relação pessoal com o Pai;
- ter a mesma disposição para d’Ele para com os outros. (3)

Temos alguns critérios para que conheçamos os sentimentos de Jesus:

- a leitura atenta do Evangelho;
- a oração confiante;
- a celebração sincera dos sacramentos;
- a vida em comunidade;
- a partilha da fé em grupo (4).

Quanto aos sentimentos que o discípulo precisar ter para que sejam os mesmos de Jesus são:

- a fortaleza perante a provação;
- a compaixão perante as necessidades do próximo;
- a humildade;
- a obediência à vontade do Pai (Fl 5,6-8) (5).

Roguemos a Deus para que estes critérios e sentimentos se façam presentes em nosso discipulado, para que sejamos uma Igreja mais plenamente fiel ao Seu Senhor; uma Igreja missionária em saída, como nos exortava o Papa Francisco.

Que o Espírito do Senhor nos ilumine, para que façamos progressos espirituais cada vez maiores, totalmente configurados ao Senhor, que nos chamou e nos envia em missão.

(1)Lecionário Comentado – Editora Paulus – Lisboa – 2011 – Volume II – p. 434
(2); (3) (4) idem – p. 436 

Compassivos e missionários

                                                      

Compassivos e missionários

A Liturgia, do Sábado da 12ª Semana do Tempo Comum, nos apresenta a passagem do Evangelho (Mt 8, 5-17), em que Jesus cura a sogra de Pedro, à porta da casa deste, faz curas e expulsa demônios ao cair da tarde.

Sobre esta passagem do Evangelho, voltemo-nos para a reflexão de São Pedro Crisólogo (séc. V), em que nos apresenta a ação de Deus, que busca os homens e não as coisas dos homens.

“A Leitura evangélica de hoje ensina ao ouvinte atento porque o Senhor do céu e restaurador do universo entrou nos domicílios terrenos de Seus servos. Mesmo que nada tenha de estranho que se tenha mostrado afavelmente próximo a todos, ele que com grande clemência tinha vindo para socorrer a todos.

Já conheceis o que moveu Cristo a entrar na casa de Pedro: com certeza não o prazer de recostar-se à mesa, mas a enfermidade daquela que se encontrava na cama; não a necessidade de comer, mas a oportunidade de curar; a obra do poder divino, não a pompa do banquete humano. Na casa de Pedro não se servia vinho, somente se derramavam lágrimas. Por isso Cristo entrou ali, não para banquetear, mas para vivificar. Deus busca aos homens, não as coisas dos homens; deseja dispensar bens celestiais, não espera conseguir as terrenas. Em resumo: Cristo veio buscar-nos, e não buscar as nossas coisas.

Ao chegar Jesus à casa de Pedro, encontrou sua sogra na cama com febre. Entrando Cristo na casa de Pedro, viu ao que vinha buscando. Não se fixou na qualidade da casa, nem na afluência de pessoas, nem nas cerimoniosas saudações, nem na reunião familiar; também não pensou no adorno dos preparativos: Fixou-se nos gemidos da enferma, dirigiu sua atenção ao ardor daquela que estava sob a ação da febre. Viu o perigo daquela que estava para além de toda esperança, e imediatamente coloca mãos para obra de Sua santidade: Cristo nem se sentou para tomar alimento humano, antes que a mulher que jazia se levantasse para as coisas divinas.

Tomou sua mão e sua febre passou. Vês como a febre abandona a quem segura a mão de Cristo. A enfermidade não resiste, onde o Autor da saúde assiste; a morte não tem acesso algum onde entrou o Doador da vida.

Ao anoitecer, levaram-lhe muitos endemoniados; Ele expulsou os espíritos. O anoitecer acontece ao acabar o dia do século, quando o mundo pende para entardecer da luz dos tempos. Ao cair da tarde vem o Restaurador da luz para introduzir-nos o dia sem ocaso, a nós que viemos da noite secular do paganismo.

Ao anoitecer, ou seja, no último momento, a piedosa e solene devoção dos Apóstolos nos oferece a Deus Pai, a nós que somos procedentes do paganismo: são expulsos de nós os demônios, que nos impunham o culto aos ídolos. Desconhecendo ao único Deus, cultuávamos a inumeráveis deuses em nefanda e sacrílega servidão.

Como Cristo já não vem a nós na carne, vem na Palavra: e aonde quer que a fé nasça da mensagem, e a mensagem consiste em falar de Cristo, ali a fé nos liberta da servidão do demônio, enquanto que os demônios, de ímpios tiranos, converteram-se em prisioneiros. Por isso os demônios, submetidos a nosso poder, são atormentados a nossa vontade. O único que importa, irmãos, é que a infidelidade não volte a reduzir-nos a sua servidão: coloquemos antes em nosso ser e nosso fazer, nas mãos de Deus, entreguemo-nos ao Pai, confiemo-nos a Deus: porque a vida do homem está nas mãos de Deus; em consequência, como Pai dirige as ações de Seus filhos, e como Senhor não deixa de preocupar-se por Sua família.” (1)

Esta passagem do Evangelho nos apresenta dois adjetivos que exprimem a identidade de Jesus: compassivo, contemplativo.

Compassivo, Se compadece da sogra de Pedro e a cura da febre, para que esta se coloque a serviço; bem como curou todos os que vieram ao Seu encontro, à porta da casa; também expulsou muitos demônios.

Missionário, não Se instala nem Se acomoda com a possível acolhida na casa da sogra de Pedro, mas, aos discípulos, diz que é preciso continuar a missão em outros lugares.

Assim também é a Igreja, anunciando a Palavra de Deus, realizando a missão do Senhor, com a força e presença do Espírito, verdadeiro protagonista da missão na construção do Reino.

Para anunciar e testemunhar o Senhor e Sua Boa-Nova, precisamos ser como o Divino Mestre: compassivos e missionários.



(1) Lecionário Patrístico Dominical – Editora Vozes - 2013 - pp.380-382

“Vós também quereis ir embora?”

                                                                    

 “Vós também quereis ir embora?”
“A quem iremos Senhor...”
Ressoe em nosso coração a pergunta
Que o Senhor fez aos discípulos e a nós:
“Vós também quereis ir embora?” (Jo 6,67)

Da mesma forma, a resposta de Pedro
Seja também a nossa resposta incondicional:
“A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna...”

Creiamos firmemente, reconheçamos que
Ele é o Santo de Deus no meio da humanidade,
Na fragilidade humana assumida, presença divina revelada.

O Senhor não nos concede álibis, evasões, fugas,
Quer-nos por inteiro, não reticentes, nem condicionais;
Não atenua, não ameniza a Boa Nova anunciada.

Segui-Lo é tornar-se cristão, adquirir nova identidade.
Cristão é quem aceita a Cristo e o segue, sendo antes por Ele escolhido;
É tornar-se para no mundo e para o próximo outro Cristo.

É um permanente sair de si mesmo, para segui-Lo,
Numa aventura contínua de mergulho para dentro de si,
No mais maravilhoso encontro: Sua presença em nós.

É saber transitar entre as coisas que passam
E abraçar com sabedoria e ardor as que não passam;
É discernir entre o efêmero e o que é para sempre;

É viver segundo o Espírito, buscando as coisas do alto,
Não se perder na linha do tempo da história pessoal,
É romper as portas do temporal, abrindo-se para o eterno.

É não se perder, apegando-se nas aparentes seguranças,
É ter a fé sólida, que não nos permite sucumbir covardemente,
Navegar confiante sobre as agitadas e turbulentas águas da travessia.

Ser cristão é saber dizer sim quando os fatos exigem,
E com mesma serenidade o não também seja dito,
Como assim mesmo Ele nos alertou no Santo Evangelho.

Ser cristão é pautar a vida pela Palavra Proclamada,
Que na vida encarnada, testemunhada com alegria,
Torna-se luz que a muitos ilumina, seja noite, seja dia.

É comunicar Sua Palavra como alegre mensageiro,
O ouvinte impactar e escandalizar se preciso for,
E assim o será se de Deus proceder e o testemunho acompanhar.

É ajudar o outro com este contínuo rever
Das opções permanentes mais fundamentais e vitais,
Para que de Deus, no mundo, de Sua luz sejamos sinais.

É colocar-se num contínuo processo catequético,
Para que nossos pensamentos e sentimentos
D’Ele os mesmos sejam a mais bela configuração.

É olhar, reler a história com os olhos de Deus,
Como exige uma verdadeira vocação profética
Viver como Ele, esperar por Ele, amar como Ele.

É não prescindir do Pão da Vida, Pão de Imortalidade,
Por Ele alimentado os pecados são destruídos,
Crescem as virtudes, a alma de todos os dons enriquecida.

É colocar nas mãos de Deus nossa fragilidade,
Oferecer a Ele nossa notável imperfeição, limitação;
Crer no Mistério da vida nova: Ressurreição!

Esta é a nossa escolha, esta é nossa adesão incondicional:
Viver n’Ele e com Ele, na comunhão com o Pai Criador,
Na mais perfeita comunhão com o Santo Espírito de Amor.

Quem nos ama tanto assim?

                                                        

Quem nos ama tanto assim?

Na Solenidade de São Pedro e São Paulo ouviremos a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 16, 13-19) em que Jesus pergunta aos discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?” e “E vós, quem dizeis que  Eu sou?” (Mt 16,13.15).

Sejamos enriquecidos pela reflexão que São Gregório de Nazianzeno (séc. IV), somando à resposta revelada por Deus Pai a Pedro, como o próprio Senhor o disse: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo.” (Mt 16,16).

“Foi envolvido em panos, porém, ao ressuscitar, lançou as vendas da sepultura.

Foi reclinado em um presépio, mas depois foi celebrado pelos Anjos, assinalado pela estrela e adorado pelos magos.

Por que te maravilhas do que viste com os olhos, enquanto não observas o que é percebido com a inteligência e com o coração?

Foi obrigado a fugir do Egito, porém transforma em fuga o andar errante dos egípcios.

Não tinha nem aspecto nem beleza humana entre os judeus, porém, segundo Davi, era belo de rosto acima dos filhos dos homens; e também no cume do monte, como esplendor, resplandece e chega a ser mais luminoso que o sol, vislumbrando, desta forma, e esplendor futuro.

Foi batizado como homem, mas alcançou a vitória como Deus. Ordena-nos ter confiança n’Ele como n’Aquele que venceu o mundo.
Sofreu fome. Mas saciou a muitos milhares de pessoas, e Ele mesmo tornou-Se Pão que dá vida e o céu.

Padeceu sede, mas exclamou: se alguém tem sede, venha a mim e beba; e também prometeu fazer manar, para aqueles que têm fé, fontes de água viva.

Experimentou o cansaço, mas Se fez repouso daqueles que estão cansados e oprimidos.

Sentiu-Se extenuado pelo sono, porém caminha ligeiro sobre o mar, repreende aos ventos e salva Pedro que estava a ponto de ser submergido pelas ondas.

Paga os impostos com um peixe, porém é rei dos arrecadadores. É chamado samaritano e possuído pelo demônio, mas leva a salvação àquele que, descendo de Jerusalém, foi assaltado por alguns ladrões.

É reconhecido pelos demônios, porém expulsa aos demônios e impele as legiões de espíritos malignos para precipitarem-se ao mar, e vê ao príncipe dos demônios, quase como um relâmpago, precipitar-se do céu.

É agredido com pedras, mas não é preso. Suplica, porém acolhe aos demais que pedem. Chora, mas enxuga as lágrimas.

Pergunta onde foi sepultado Lázaro, pois realmente era homem, mas ressuscita Lázaro da morte à vida, porque de fato era Deus.

É vendido e por pouco preço: por trinta moedas de prata, mas, entretanto, redimia ao mundo a grande preço: com o Seu Sangue.

É conduzido à morte como uma ovelha, mas Ele apascenta a Israel e agora também ao mundo inteiro.

Está mudo como um cordeiro, mas Ele é o próprio Verbo, anunciado no deserto pela voz daquele que clamava.

Foi abatido e ferido pela angústia, mas vence toda enfermidade e sofrimento.

É tirado do lenho onde foi suspenso, mas nos restituiu a vida com o lenho, e concede a Salvação também ao ladrão – que pende do lenho –, e ignora-se tudo o que se revela.

É-lhe dado a beber vinagre, e Se nutre com fel, mas para quem? Para Aquele que transformou a água em vinho. Saboreou aquele gosto amargo, Aquele que era o próprio deleite e todo apetecível.

Confia a Deus a Sua alma, porém conserva a faculdade de tomá-la novamente.

O véu se rasga – e as potências superiores se manifestam -, e as pedras se despedaçam, porém os mortos ressuscitam.

Ele morre, porém devolve a vida e derrota a morte com Sua morte.
É honrado com a sepultura, mas ressuscita do sepulcro.

Desce aos infernos, mas acompanha as almas ao alto e sobe ao céu, e virá para julgar os vivos e os mortos, e para examinar as palavras dos homens.” (1)

A pergunta de Jesus continua sendo dirigida a todos nós, e é imprescindível a nossa resposta: cremos em Jesus, Verdadeiramente Homem, Verdadeiramente Deus.

Professamos nossa fé em Jesus, que Se fez Carne e habitou entre nós, tão igual a nós, exceto no pecado, para nos redimir e nos conceder vida plena e eterna.

A profissão de fé, assim feita, torna impossível a concepção de uma religião alienante, sem verdadeiros e sagrados compromissos com a vida da humanidade, como tão sabiamente expressou a Igreja na introdução da “Gaudium Et Spes”:

As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração.

Porque a sua comunidade é formada por homens, que, reunidos em Cristo, são guiados pelo Espírito Santo na sua peregrinação em demanda do Reino do Pai, e receberam a mensagem da salvação para a comunicar a todos. Por este motivo, a Igreja sente-se real e intimamente ligada ao gênero humano e à sua história.” (n.1)

Celebremos esta Solenidade com alegria transbordante, e elevemos a Deus orações  pelo Papa Leão XIV, para que continue conduzindo a Igreja em sua missão de anunciar e testemunhar a Boa Nova de Jesus a todos os povos.

Que o Espírito do Senhor repouse sobre ele para que a sua missão de manter a unidade e a catolicidade da Igreja seja realizada com coragem e fecundidade.

Por fim, renovemos em nós o ardor necessário para a graça de viver e testemunhar o nosso Batismo, seduzidos por amor incondicional ao Senhor Jesus, na fidelidade ao Deus Pai com a luz e o sopro do Espírito Santo.



(1) Lecionário Patrístico Dominical - Editora Vozes -2013 -  pp. 202-204.

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