quarta-feira, 18 de junho de 2025

“Seja feita a Vossa vontade...”

                                                         

“Seja feita a Vossa vontade...”

Aprofundemos com o Tratado de São Cipriano, bispo e mártir, as palavras de que dizemos na Oração que o Senhor nos ensinou, o "Pai-Nosso", quando dizemos "...Venha a nós o vosso Reino e seja feita a vossa vontade".

"A Oração continuaVenha a nós o Vosso ReinoPedimos que o Reino de Deus se torne presente a nós, da mesma forma que solicitamos seja em nós santificado o Seu nome.

Porque, quando é que Deus não reina? Ou quando para Ele começou o Reino que sempre existiu e nunca deixará de ser?

Pedimos a vinda de nosso Reino, prometido por Deus e adquirido pelo Sangue e Paixão de Cristo, a fim de que nós que fomos, outrora, escravos do mundo, reinemos depois, conforme Ele nos anunciou, pelo Cristo glorioso, ao dizer: Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do Reino que vos está preparado desde a origem do mundo.

Pode-se igualmente, irmãos diletíssimos, entender que o próprio Cristo é o Reino de Deus, cuja vinda pedimos todos os dias. Estamos ansiosos por ver esta vinda o mais depressa possível.

Sendo Ele a Ressurreição, pois n’Ele ressurgimos, assim também se pode pensar que Ele é o Reino de Deus, pois n’Ele reinaremos.

Pedimos, é claro, o Reino de Deus, o Reino Celeste, já que há um reino terrestre. Mas quem já renunciou ao mundo está acima desse reino terrestre e de suas honrarias.

Acrescentamos aindaSeja feita a Vossa vontade assim na terra como no céuNão para que Deus faça o que quer, mas para que possamos fazer o que Deus quer.

Pois quem impedirá a Deus de fazer tudo quanto quiser? Mas porque o diabo se opõe a que nossa vontade e ações em tudo obedeçam a Deus, oramos e pedimos que se faça em nós a vontade de Deus.

Que se faça em nós é obra da vontade de Deus, isto é, resultado de Seu auxílio e proteção, porque ninguém é forte por suas próprias forças.

Com efeito, é a Indulgência e a Misericórdia de Deus que o protegem.

Finalmente, manifestando a fraqueza de homem, diz o Senhor: Pai, se possível, afaste-se de mim este cálice e, dando aos discípulos o exemplo de renunciar à própria vontade e de aceitar a de Deus, acrescentou: Contudo não o que Eu quero, mas o que Tu queres.

A vida humilde, a fidelidade inabalável, a modéstia nas palavras, a justiça nas ações, a misericórdia nas obras, a disciplina nos costumes; o não fazer injúrias; o  tolerar as recebidas; o manter a paz com os irmãos; o amar a Deus de todo o coração; o amá-Lo por ser Pai; o temê-Lo por ser Deus; o nada absolutamente antepor a Cristo, pois também Ele não antepôs coisa alguma a nós; o aderir inseparavelmente à Sua caridade; o estar ao pé de Sua Cruz com coragem e confiança, quando se tratar de luta por Seu nome e Sua honra, o mostrar firmeza ao confessá-Lo por palavras, e, no interrogatório, manter a confiança n’Aquele por quem combatemos, e, na morte, conservar a paciência que nos coroará, tudo isto é querer ser coeerdeiro de Cristo, é cumprir o preceito de Deus, é realizar a vontade do Pai”. (1)

Quantas vezes rezamos assim no "Pai-Nosso": Venha a nós o Vosso reino, seja feita a Vossa vontade...”?

Tenhamos a coragem de nos perguntar: quando dizemos “seja feita a Vossa vontade...” temos consciência do que dizemos?

Procuramos, verdadeiramente, em tudo e em todo lugar realizar a vontade de Deus?

A Oração do "Pai-Nosso", por tudo que significa para nós, jamais poderá ser rezada de forma evasiva, sem ressonâncias no cotidiano, pois ao rezá-la, deve nos levar à santificação de todos nós, tão  querida por Deus.

Rezemos com a vida, não somente com a voz!



PS: Do Tratado sobre a Oração do Senhor”, de São Cipriano, Bispo e Mártir (Séc. III), conforme Liturgia das Horas – Vol. III – pág. 328-330.

Não sejamos palco para nós mesmos!

                                                      

Não sejamos palco para nós mesmos!

Tudo deve ser feito para que
nos coloquemos em perfeita comunhão com o Pai...

A Liturgia da quarta-feira da 11ª semana do Tempo Comum nos apresenta a passagem do Evangelho de São Mateus (Mt 6,1-6;16-18), que nos fala da prática da esmola, da Oração e do jejum.

Muito mais que uma exortação feita por Jesus, para que os discípulos vivam estas práticas, é uma indicação da autêntica maneira de realizá-las, numa verdadeira e frutuosa religiosidade, fundada na sinceridade daquilo que se faz.

Tudo deve ser feito para que nos coloquemos em perfeita comunhão com o Pai, sob Seu olhar, em profunda intimidade com Ele, jamais acompanhadas de atitudes que revelem um coração duplo e hipócrita.

Jamais praticar obras de modo à obtenção da aprovação dos outros, ou até de si mesmos. Se o coração do discípulo estiver em íntima comunhão com o Pai, tudo fará para que seja visto tão apenas por Ele que dará a Sua recompensa, que é o próprio Jesus, que nunca Se separa de quem O procura com sinceridade e abertura total.

Atuar em segredo exige muito mais, pois podemos nos tornar palco de nós mesmos, requerendo reconhecimento e gratidão, acompanhados de autoelogios, autoaplausos acompanhados do vácuo de humildade.

É preciso tão apenas nos tornamos o que, de fato, somos, fazendo brotar, no mais profundo de nosso eu, uma autenticidade sem interesses duvidosos. 

Cada palavra, pensamento ou obra deve ser a pura expressão do amor, experimentado na relação com Deus em favor do outro, da mais frutuosa, piedosa e ativa atitude de quem crê no que celebra em cada Eucaristia, e do que vive e prolonga em cada gesto do cotidiano.

Que a Oração nos coloque em mais intensa comunhão, intimidade e amizade com Deus, para que saibamos viver o autêntico jejum, a morte de toda e qualquer expressão de egoísmo, que consiste na ausência de liberdade, acompanhado de gestos múltiplos, pequenos ou grandes de caridade.

Assim vividas, a Oração e a caridade, a esmola edifica e promove o outro, sem vínculos de dependência de uma das partes, ou  sobressair-se sobre a miséria do outro, da parte de quem a oferece.

Contemplo-Te (XIIDTCC)

                                                          

Contemplo-Te

Contemplo-Te, Senhor, Unigênito do Pai,
Desde a concepção no ventre de Maria,
Quando ela deu aquele inesquecível sim,
Que mudou o rumo da história da humanidade.

Contemplo-Te não apenas revestido de carne,
Pois assumiste nossa condição: tiveste corpo verdadeiro,
Tornaste verdadeiramente homem e ao mesmo tempo
Sendo, eu creio com minha Igreja, verdadeiramente Deus.

Contemplo-Te assumindo nossa condição humana,
Fazendo-Se um de nós, exatamente como nós,
Exceto por não conhecer o pecado que gera morte,
Por isto vieste destruí-lo com Sua vida, morte e Ressurreição.

Contemplo Teu coração tão pleno de divinos sentimentos,
Sentimentos que também devemos ter, para imagem Sua ser.
Emoções tantas que sentiste, porque Te fizeste homem,
E emoções tantas que também assumimos, sentimos.

Contemplo-Te homem das paixões múltiplas
Pelos pobres, pequenos, sofredores, excluídos;
Paixão maior, imensurável e indizível, que revelaste
Por Palavras e obras, vida e entrega: de Deus o Reino.

Contemplo-Te homem de tantas ânsias e sonhos
De um mundo mais belo, mais fraterno e solidário,
Mais perto, muito mais do que perto do querido por Deus,
Que em incondicional fidelidade ao Pai com o Espírito realizou.

Contemplo-Te homem que suportaste tantas dores,
Incontáveis humilhações da maldade, ignorância humana.
Também enfrentaste o próprio medo, angústia e solidão,
Mas no Pai confiante, jamais infidelidade, abandono e decepção.

Contemplo-Te sempre envolvido nos planos e sonhos do Pai.
Contemplo-Te numa relação vitoriosa e eterna de Amor
Com o Pai e o Espírito, Rei Eterno e Universal glorioso,
Sobre o mundo e o coração da humanidade reinando!

Contemplo-Te tão apenas me amando e perdoando.
Contemplo-Te, Senhor, envolto na Oração, por Ti iluminado.
Sinto Tua presença, escuto Tuas Palavras, silencio,
Renovo minha fidelidade, vocação, graça e dom divino.

Contemplo-Te, ouço-Te, amo-Te.
Ouço-Te, contemplo-Te, amo-Te.
Amo-Te, por isto Te contemplo, Te ouço,
E Tua presença, carinho e ternura sinto.

Contemplo-Te...

Senhor, sois para mim... (XIIDTCC)

                                                     

Senhor, sois para mim...

Senhor, sois para mim o Messias desde sempre esperado,
E na plenitude dos tempos, na história da humanidade encarnado;

O descendente de Abraão,
E exulto por Vos conhecer, crer e testemunhar.

Sois muito mais do que Moisés,
Pois por ele veio a Lei, por Vós, Amor e fidelidade.

Sois o Filho de Davi prometido,
A quem clamo Hosana no mais alto dos céus;

A grande promessa por Deus feita,
E em nada decepcionastes a promessa, em fidelidade incondicional.

Senhor, sois a Divina Fonte da Sabedoria,
Muito mais que qualquer humano, até mesmo Salomão;

Mais do que João Batista,
Porque ele a voz no tempo, Vós a Palavra eterna, desde sempre...

Sois a máxima expressão do Amor de Deus,
Que, desde sempre, pelos Profetas anunciado, promessa realizada;

Aquele que entra em nossos sonhos e desejos,
Não para sufocá-los, mas para ampliá-los, elevá-los e realizá-los.

Sois o Dom do Pai ao mundo enviado,
E para sempre em nosso meio, com o Santo Espírito, Ressuscitado.

Sois o Amor perene e irrevogável,
Que suporta inconstâncias e infidelidades;

A Palavra que se fez Carne,
Palavra que vivifica e garante a perfeita liberdade;

Sois a revelação maviosa de Deus Pai,
Pois dissestes: “quem me vê, vê o Pai que me enviou”.

Sois um Deus incompreendido, rejeitado,
Que esperais como resposta tão apenas ser amado;

Um Deus que Se fez homem, por Amor
Entrastes no mundo com humildade e o transformou, renovou...

Sois a mais bela História da Salvação Divina,
E a cada dia que vivo, posso escrever uma página nesta história.

Sois Aquele que, assumindo a natureza humana,
Sem pecado, a elevou a uma esfera mais alta, a desejada esfera divina.

Senhor, sois para mim o meu Tudo,
Porque sem Vós, sou simplesmente nada.

Sois Aquele de quem ainda que muito tenha falado
Ainda nada disse, porque Mistério inesgotável;

Aquele que está sempre comigo.
Quantas vezes esta presença suave tenho sentido:

Presença na Palavra e no Pão,
Mas também presença em cada irmã e irmão.

Sois Aquele que me chama,
Me envia, me acompanha no carregar da cruz;

Aquele que não me deixa desfalecer,
Porque há um mundo a ser iluminado, fermentado.

Senhor, sois Aquele que não permite minha insipidez,
Porque há um mundo que precisa o sabor de Deus conhecer.

Assumir a Cruz cotidiana com a força da Oração (XIIDTCC)

                                                    

Assumir a Cruz cotidiana com a força da Oração

A Liturgia do 12º Domingo do Tempo Comum (Ano C) nos interroga a respeito de Jesus:  

Quem é Ele para nós?
Quais são as consequências de Sua proposta para nossa vida?
Qual é o impacto de Sua Vida em nós? 

Para segui-Lo, é preciso fazer da própria vida um dom generoso, conhecer sua Pessoa, aderir à Sua proposta, segui-Lo com coragem, doar-se totalmente, viver com intensidade o amor, amando como Ele nos amou. Inevitavelmente, o seguimento de Jesus é um caminho que passa pelo amor vivido na radicalidade da Cruz.

A passagem da primeira leitura (Zc 12,10-11; 13,1) nos fala da figura de um Profeta trespassado, que a Igreja mais tarde identificou como o próprio Jesus Cristo, como vemos no Evangelho (Jo 19,34). 

O Profeta manifesta total confiança e abertura à vontade de Deus, e o sacrifício deste mártir inocente é fonte de transformação dos corações, de modo que a sua contemplação levará o Povo de Deus a um processo de arrependimento e purificação. 

A mensagem nos revela que o sofrimento profético não é em vão, e ainda, que Deus está do lado dos inocentes, perseguidos e massacrados. 

Não podemos nos instalar por causa dos medos, cumprindo, com coragem e ousadia, nossos compromissos proféticos, vivendo assim o nosso Batismo, e também, que não se pode ter para com os Profetas atitudes de desprezo, arrogância, frieza e indiferença.

O Apóstolo Paulo na passagem da segunda Leitura (Gl 3,26-29) exorta para que sejamos revestidos de Jesus Cristo, colocando-nos neste caminho de amor e doação da própria vida, tornando-nos herdeiros de vida em plenitude.

A comunidade que adere ao Senhor, e d’Ele se reveste, é marcada pela liberdade e igualdade. Deste modo, é preciso que se destruam quaisquer muros que possam existir ou quaisquer atitudes que fragilizem ou restrinjam a verdadeira liberdade que o Espírito nos concede, não uma liberdade qualquer, que diminua ou escravize o outro; que lhe roube espaço e identidade. 

Na passagem do Evangelho (Lc 9,18-24), Jesus começa a etapa decisiva rumo a Jerusalém. O caminho é árduo, marcado pela entrega da vida pelo Reino de Deus. A morte de Cruz está no horizonte bem próximo de Sua existência.

Os discípulos se quiserem segui-Lo, poderão ter o mesmo fim, e  por isto Jesus quer saber o que pensam a Seu respeito. Ele não é um Messias que vai reinar sem passar pela Cruz, pois ela precede à glória a ser alcançada. A Cruz será o Seu Trono, como Rei e Senhor.

Tomar a cruz para segui-Lo, implica não pautar a vida pelo prestígio, poder, domínio, acúmulo. É preciso renunciar ao egoísmo e orgulho, e em total confiança em Deus, nutrido pela força da Oração, pôr-se decididamente a caminho, assumindo a cruz cotidiana com a força da Oração. 

A interrogação de Jesus chega até nós: “... E vós, quem dizeis que Eu sou?” 

É preciso dar resposta à Sua pergunta:  

Quem é Jesus para a comunidade que participo?
Quem é Jesus para mim? 

Dependendo da resposta, a intensidade do nosso compromisso, engajamento, entrega e doação pela causa do Reino; dependendo dela, a coragem para assumirmos a cruz cotidiana, e sempre a caminho, edificarmos a Igreja e confessarmos o Seu nome.

Sejamos também questionados por estas palavras:

“Se fosse mais viva em nós a consciência de estarmos ‘revestidos de Cristo, de sermos filhos como o Filho ‘ (Gl 3,26-27), compreender-nos-íamos melhor a nós mesmos.  

Compreenderíamos a nossa vida como liberdade: liberdade de colocar sobre os nossos ombros a nossa cruz e a cruz dos nossos irmãos, de perdermos também a nossa vida como resposta de amor Àquele que nos ama e dá a vida por nós” .(1)

E, tão somente assim, solidificamos nossa fé, renovamos nossa esperança e crescemos na caridade, que amplia e dá sentido à liberdade e à igualdade, para seguirmos, com confiança e serenidade, no carregar da cruz, até que possamos merecer a glória eterna. 

Sejamos interpelados pelo Amor d’Aquele que foi trespassado em nosso favor, pela nossa redenção, para que vivamos na liberdade do Espírito, comprometidos com o Reino de Deus.


(1) Leccionário Comentado - Tempo Comum - Editora Paulus - pág. 773.

Por Vossa Morte e Ressurreição (XIIDTCC)


Por Vossa Morte e Ressurreição

No 12º Domingo do Tempo Comum (ano C), ao ouvirmos a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 9,18-24), sejamos iluminados por esta reflexão escrito por São Basílio Magno, Doutor da Igreja (séc. IV).

“Na realidade, a total destruição da morte, a supressão da corrupção, o espólio do inferno, a subversão da tirania do diabo, o cancelamento do pecado do mundo, a abertura aos habitantes da terra das portas do céu e a união do céu e da terra: todas estas coisas são, repito, a prova digna de fé e de que o Emanuel é o Deus verdadeiro.

Por isso lhes ordena cobrir temporalmente o Mistério com o respeitoso véu do silêncio até que todo o processo da economia divina tenha chegado a sua natural culminação. Então, a saber: uma vez ressuscitado dentre os mortos, deu ordem de revelar o Mistério ao mundo inteiro, propondo a justificação pela fé e a purificação mediante o Batismo.

Ele disse verdadeiramente: Foi-me concedido todo poder no céu e na terra. Ide e fazei discípulos de todos os povos, batizando-os no nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo; ensinando-lhes a observar tudo o que vos tenho ordenado. Eu estarei convosco todos os dias até o fim do mundo”. (1)

Oremos:
Senhor, por Vossa Morte e Ressurreição,
contemplamos e cremos na total destruição da morte.

Senhor, por Vossa Morte e Ressurreição,
contemplamos e cremos na supressão da corrupção da carne.

Senhor, por Vossa Morte e Ressurreição,
contemplamos e cremos no despojamento e aniquilamento do inferno.

Senhor, por Vossa Morte e Ressurreição,
contemplamos e cremos na derrubada da tirania do diabo.

Senhor, por Vossa Morte e Ressurreição,
contemplamos e cremos no cancelamento de nossa dívida pelo pecado.

Senhor, por Vossa Morte e Ressurreição,
contemplamos e cremos na abertura das portas dos céus: nossa eternidade.

Senhor, por Vossa Morte e Ressurreição,
contemplamos e cremos que agora é o tempo de nossa missão de evangelizar.

Senhor, por Vossa Morte e Ressurreição,
Caminhas conosco, na comunhão com Vosso Pai e Vosso Espírito.
           
Senhor, por Vossa Morte e Ressurreição,
Sejam fortalecidos os pilares da evangelização: Pão, Palavra, Caridade e Missão. Amém.



(1) Lecionário Patrístico Dominical – Editora Vozes – 2013 – p.665.

Jesus: “O Cristo de Deus" (XIIDTCC)

 


Jesus: “O Cristo de Deus"
 
Na passagem do Evangelho de Mateus (Mt 16, 13-19), em que Jesus pergunta aos discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?” e “E vós, quem dizeis que  Eu sou?” (Mt 16,13.15), e que podemos também contemplar na passagem do Evangelho de Lucas (Lc 9,18-24).
 
Reflitamos sobre dois temas fundamentais da vida cristã: Cristo e a Igreja, a partir da pergunta de Jesus: “Quem sou Eu para vós?”.
 
A passagem do Evangelho pode ser dividida em duas partes: a primeira, mais cristológica, ou seja, Jesus é o Filho de Deus; e a segunda, mais eclesiológica, pois retrata a missão da Igreja confiada a Pedro por Jesus.
 
Jesus interrogando sobre a Sua identidade não quer medir a Sua quota de popularidade, ao contrário, quer tornar tudo mais claro para os discípulos, para uma consciente adesão; e, assim, confirmá-los na missão, confiando a Pedro, em primeiro plano, esta missão de conduzi-los, por isto lhe são entregues as chaves do Reino para ligar e desligar.
 
Este é o real simbolismo da entrega das chaves, mencionado no Evangelho: Jesus nomeia Pedro como administrador e supervisor da Igreja, com autoridade para interpretar Suas palavras, bem como de adaptar os ensinamentos às novas necessidades e situações, e de acolher ou não novos membros na comunidade.
 
Também nós somos interpelados por Jesus: “Quem sou Eu para vós?”.
 
A resposta deve contemplar a realidade: alguém que é mais do que um homem, um ídolo, um revolucionário, uma pessoa de sabedoria incomum...
 
A nossa resposta tem que ser a de Pedro: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus Vivo”.
 
Ele é o esperado, que traz vida para o tempo presente e todo tempo; e mais que isto, para a eternidade.
 
Somos convidados, na renovação de nossa fé, a fortalecer nossa pertença à Igreja, revigorando a dimensão profética e missionária de nossa fé, sem desânimos, fraquezas e esmorecimentos:
 
“No nosso mundo, onde tudo aparece sempre provisório e discutível, uma caminhada de fé, sólida precisa de uma referência clara. Por isso, o serviço de Pedro e dos seus sucessores é preciso e deve ser acolhido como uma dádiva.” (1)
 
Como discípulos missionários do Senhor, abismados pelo Amor de Deus, a quem glorificamos e tributamos toda a honra, glória, poder e louvor, porque possui toda ciência, riqueza, poder, sabedoria, continuemos o caminho que iniciamos no dia de nosso Batismo.
 
Bem falou o então Papa Bento XVI sobre este convite de renovação do encontro pessoal com Jesus Cristo, quando tomamos a decisão de nos deixar encontrar por Ele, de procurá-Lo, dia a dia, sem cessar:
 
−“Ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo”  (cf. n. 7 da EG).
 
Mais que uma resposta, renovação e adesão e fortalecimento para a missão de discípulos missionários, para que construamos uma Paróquia com um rosto novo, em contínua conversão, para que seja comunidade de comunidades, em que se sacia do Pão da Palavra, da Eucaristia e da Caridade.
 
Oremos:
 
Pai Santo, fonte de sabedoria,
Que no testemunho humilde do Apóstolo Pedro
Colocastes o fundamento da nossa fé,
Concedei a todos os homens a luz do Vosso Espírito,
Para que, reconhecendo em Jesus de Nazaré,
O Filho do Deus vivo, se tornem pedras vivas
Para a edificação da Vossa Igreja. Amém.
 
 
PS: Fonte de pesquisa - www.Dehonianos.org/portal
(1) Lecionário Comentado – p. 183 
 

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