terça-feira, 29 de abril de 2025

Eucaristia: Sacramento da unidade e da caridade

                                                

Eucaristia: Sacramento da unidade e da caridade

Sejamos iluminados pela mensagem dos “Livros a Monimo”, escrita pelo Bispo de Ruspe, São Fulgêncio (Séc.VI), que nos fala da Eucaristia, como Sacramento da unidade e da caridade.

“A edificação espiritual do corpo de Cristo realiza-se na caridade, segundo as palavras de São Pedro: ‘Como pedras vivas, formai um edifício espiritual, um sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus Cristo’ (1Pd 2,5).

Esta edificação espiritual atinge sua maior eficácia no momento em que o próprio Corpo do Senhor, que é a Igreja, no Sacramento do Pão e do Cálice, oferece o Corpo e o Sangue de Cristo: ‘o cálice que bebemos é a comunhão com o sangue de Cristo; e o pão que partimos, é a comunhão com o corpo de Cristo. Porque há um só pão, nós todos participamos desse único pão’ (cf. 1Cor 10,16-17).

Por isso pedimos que a mesma graça que faz da Igreja o Corpo de Cristo, faça com que todos os membros, unidos pelos laços da caridade, perseverem firmemente na unidade do corpo.

E com razão suplicamos que isto se realize em nós pelo dom daquele Espírito que é ao mesmo tempo o Espírito do Pai e do Filho; porque sendo a Santíssima Trindade, na unidade de natureza, igualdade e amor, o único e verdadeiro Deus, é unânime a ação das três Pessoas divinas na obra santificadora daqueles que adota como filhos.

Eis por que está escrito: ‘O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado’ (Rm 5,5).

O Espírito Santo, que é unidade do Pai e do Filho, realiza agora naqueles a quem concedeu a graça da adoção divina, transformação idêntica à que realizou naqueles que receberam o mesmo Espírito, conforme lemos no livro dos Atos dos Apóstolos: ‘A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma’ (At 4,32). Quem fez dessa multidão dos que creram em Deus um só coração e uma só alma, foi aquele Espírito que é unidade do Pai e do Filho e com o Pai e o Filho é um só Deus.

Por isso, o Apóstolo exorta a conservarmos com toda a solicitude esta unidade do espírito no vínculo da paz, quando diz aos Efésios: ‘Eu, prisioneiro no Senhor, vos exorto a caminhardes de acordo com a vocação que recebestes: com toda a humildade e mansidão, suportando-vos uns aos outros com paciência, no amor. Aplicai-vos a guardar a unidade do espírito pelo vínculo da paz. Há um só Corpo e um só Espírito’ (Ef 3,1-4).

Deus, com efeito, enquanto conserva na Igreja o amor que ela recebeu pelo Espírito Santo, transforma-a num sacrifício agradável a seus olhos. De modo, que, recebendo continuamente esse dom da caridade espiritual, a Igreja possa sempre se apresentar como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus”.

 

Roguemos a Deus que nos envie o Espírito Santo, que acompanhou Jesus Cristo em toda a Sua divina missão, para que nos conduza, a fim de que sejamos sacramento da unidade e da caridade.

Que o Espírito nos conceda os sete dons (Sabedoria, Entendimento, Conselho, Ciência, Fortaleza, Temor de Deus e Piedade), para edificarmos uma Igreja na unidade, sem jamais confundirmos unidade com uniformidade, abertos às diversidades de ministérios e carismas.

De modo especial, para que nossas comunidades cresçam na caridade e fortaleçam os vínculos fraternos, iluminados pela Palavra e fortalecidos pela Sagrada Eucaristia, vivendo com ardor a ação missionária.

No entanto, urge que cada vez mais nossa espiritualidade Eucarística: impossível o discipulado sem que celebremos e comunguemos o Corpo e Sangue do Senhor (por vezes espiritualmente).

Oportuno concluir com as palavras do Papa São João Paulo II, que, em seus últimos escritos sobre Eucaristia: Ecclesia de Eucharistia – 2003 e Mane Nobiscum Domine – 2004), assim nos falou:

- “A Eucaristia é amor levado ao extremo”;

- “A Eucaristia edifica a Igreja e a Igreja faz a Eucaristia”;

- “A Eucaristia cria comunhão e edifica para a comunhão”;

“Na simplicidade dos sinais do banquete se esconde o abismo da santidade de Deus”;

-“A Eucaristia é verdadeiramente um pedaço do céu que se abre sobre a terra – é um raio de glória da Jerusalém celeste, que atravessa as nuvens da história e vem iluminar nosso caminho”;

“... o cristão, que participa na Eucaristia, dela aprende a tornar-se promotor de comunhão, de paz, de solidariedade em todas as circunstâncias da vida...  a Eucaristia como uma grande escola de paz...”.

Concluindo, saciados pelo Pão de Imortalidade, antídoto para não morrermos (cf. Santo Inácio de Antioquia), somos revigorados e animados para edificar a Igreja, sacramento da unidade e da caridade.

 

Um diálogo amoroso

                                                                          

Um diálogo amoroso
 
Da Virgem Santa Catarina de Sena (séc. XIV), Doutora da Igreja, temos um Diálogo que ela faz com a Providência divina, e que muito nos ajuda a crescer na intimidade com Deus.
 
Assim inicia seu diálogo com Deus:
 
Com a indizível benignidade de Sua clemência, o Pai eterno dirigiu o olhar para esta alma, e começou a falar...”
 
Em seguida, ela nos apresenta o falar da Providência Divina:
 
Caríssima filha, determinei com firmeza usar de misericórdia para com o mundo e quero providenciar acerca de todas as situações dos homens. Mas o homem ignorante julga levar à morte aquilo que lhe concedo para a vida, e assim se torna muito cruel, para si próprio; no entanto, dele Eu cuido sempre.”
 
Como Deus é misericordioso para conosco! Incansavelmente, cuida de nós, ainda que não mereçamos, ainda que não percebamos.
 
“Por isso quero que saibas: tudo quanto dou ao homem provém da suprema providência.”
 
Nada teríamos se Deus não nos providenciasse. Tudo é nosso pela iniciativa de Deus. Importa reconhecer que tudo que temos é nosso, mas antes de tudo é de Deus. O mundo, a vida, o nosso ser, tudo é de Cristo, e Cristo é de Deus, já nos disse o Apóstolo Paulo.
 
“E o motivo está em que, tendo criado com providência, olhei em mim mesmo e fiquei cativo da beleza de minha criatura. Porque foi de meu agrado criá-la com grande providência à minha imagem e semelhança. Mais ainda, dei-lhe a memória para guardar meus benefícios em seu favor, por querer que participasse de meu poder de Pai eterno.”
 
Deus nos criou, somos obras de Suas mãos. A beleza que temos é a perfeita semelhança com Ele. Criado à Sua imagem e semelhança nos deu a memória, que por vezes mal usamos, não guardamos os benefícios e maravilhas incontáveis que Ele realiza.   Possuidores de memória, de inteligência, de liberdade, podemos corresponder ou não aos desígnios divinos; fortalecer vínculos com a fonte de nossa vida e aprofundar nossa amizade com Ele, no senhorio sobre todas as coisas.                 
 
“Dei-lhe, além disto, a inteligência para conhecer e compreender na sabedoria de meu Filho a minha vontade, porque Sou com ardente caridade paterna o máximo doador de todas as graças. Concedi-lhe também a vontade de amar, participando da clemência do Espírito Santo, para poder amar aquilo que a inteligência visse e conhecesse.”
 
Explicita a inteligência para compreensão de Sua sabedoria para que sua vontade seja conhecida e realizada. Deus é Pai e possui por nós uma “ardente caridade paterna” e é para nós o “doador de todas as graças.” Ainda, nos comunica a ação e a presença do Espírito Santo para “amar aquilo que a inteligência visse e conhecesse”.
 
Continua a Doutora:
 
“Isto fez minha doce providência. Ser o único capaz de entender e de encontrar seu gozo em mim com alegria imensa na minha eterna visão. E como de outras vezes te falei, pela desobediência de vosso primeiro pai Adão, o céu estava fechado. Desta desobediência decorreram depois todos os males no mundo inteiro.”
 
Ó quão doce é a providência divina; capaz de derramar e comunicar Seu Amor por nós, ainda que nossos primeiros pais tenham pecado. É próprio do Amor de Deus não desistir de nós, porque somos obras de Sua mão, expressão de Seu amor.
 
“Para fazer desaparecer do homem a morte de sua desobediência, em minha clemência providenciei, entregando-vos meu Filho unigênito com grande sabedoria, para que assim reparasse vosso dano. Impus-lhe uma grande obediência, a fim de que o gênero humano se livrasse do veneno que se difundira no mundo pela desobediência de vosso primeiro pai.”
 
Somos remetidos à algumas passagens bíblicas:
 
 “Deus amou tanto o mundo que entregou o Seu Filho único, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16);
 
 “Tornando-se semelhante aos homens e reconhecido em seu aspecto como um homem abaixou-se, tornando-se obediente até a morte, à morte sobre uma cruz. Por isso Deus soberanamente o elevou e lhe conferiu o nome que está acima de todo nome...” (Fl 2, 1-9);
 
 “Vede que manifestação de amor nos Deu o Pai: sermos chamados filhos de Deus e nós o somos. Se o mundo não nos conhece, é porque não o conheceu” (1 Jo 3,1).
 
Retomando o seu diálogo:
 
- “Assim, como que cativo de amor e com verdadeira obediência, correu com toda a rapidez, correu à ignominiosa Morte Sacratíssima, deu-vos a vida, não pelo vigor de Sua humanidade, mas da divindade”.
 
- “Cativo de amor” é o Senhor Jesus por nós. Que sejamos então prisioneiros também do mais Belo Amor. Completemos em nossa carne o que falta à Paixão de Cristo por amor a Igreja, como falou o Apóstolo Paulo (Col 1,24). E com ele, repitamos: “quem nos separará de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, os perigos, a espada?” ( Rm 8,35)
 
Jesus, nos deu a vida não pelo vigor de Sua humanidade, mas pelo vigor de Sua divindade.
 
A onipotência divina tem um rosto e um nome: Jesus, e Se revela no Amor que ama até o fim.
 
A onipotência divina Se revela na impotência da humanidade crucificada por Amor de nós, para nos redimir, reconciliar com Deus e nos tirar da mansão dos mortos, do abismo do pecado, da escuridão, do desamor... Ó Suprema e Divina Santíssima Trindade!
 
Glorifiquemos a Deus por mulheres tão sábias, que nos comunicam as maravilhas das delícias divinas, ontem, hoje e sempre.
 


Como é bom e suave o Teu Espírito, Senhor!

                                                          

                    Como é bom e suave o Teu Espírito, Senhor!

Sejamos enriquecidos pelo diálogo da Virgem Santa Catarina de Sena (séc. XIV), Doutora da Igreja, com a Providência divina.

“Com a indizível benignidade de sua clemência, o Pai eterno dirigiu o olhar para esta alma, e começou a falar: ‘Caríssima filha, determinei com firmeza usar de misericórdia para com o mundo e quero providenciar acerca de todas as situações dos homens. Mas o homem ignorante julga levar à morte aquilo que lhe concedo para a vida, e assim se torna muito cruel, para si próprio; no entanto, dele eu cuido sempre. Por isso quero que saibas: tudo quanto dou ao homem provém da suprema providência.

E o motivo está em que, tendo criado com providência, olhei em mim mesmo e fiquei cativo da beleza de minha criatura. Porque foi de meu agrado criá-la com grande providência à minha imagem e semelhança. Mais ainda, dei-lhe a memória para guardar meus benefícios em seu favor, por querer que participasse de meu poder de Pai eterno.

Dei-lhe, além disto, a inteligência para conhecer e compreender na sabedoria de meu Filho a minha vontade, porque sou com ardente caridade paterna o máximo doador de todas as graças. Concedi-lhe também a vontade de amar, participando da clemência do Espírito Santo, para poder amar aquilo que a inteligência visse e conhecesse.

Isto fez minha doce providência. Ser o único capaz de entender e de encontrar seu gozo em mim com alegria imensa na minha eterna visão. E como de outras vezes te falei, pela desobediência de vosso primeiro pai Adão, o céu estava fechado. Desta desobediência decorreram depois todos os males no mundo inteiro.

Para fazer desaparecer do homem a morte de sua desobediência, em minha clemência providenciei, entregando-vos meu Filho unigênito com grande sabedoria, para que assim reparasse vosso dano. Impus-lhe uma grande obediência, a fim de que o gênero humano se livrasse do veneno que se difundira no mundo pela desobediência de vosso primeiro pai. Assim, como que cativo de amor e com verdadeira obediência, correu com toda a rapidez, correu à ignominiosa morte sacratíssima, deu-vos a vida, não pelo vigor de sua humanidade, mas da divindade’".

Como Deus é misericordioso para conosco! Incansavelmente, cuida de nós, ainda que não mereçamos e não percebamos. É próprio do amor de Deus não desistir de nós, porque somos obras de Sua mão, expressão de Seu amor.

Nada teríamos se Deus não nos providenciasse, e tudo é Sua inciativa. Importa reconhecer que tudo que temos é nosso, mas antes de tudo é de Deus. O mundo, a vida, o nosso ser, tudo é de Cristo, e Cristo é de Deus, já nos disse o Apóstolo Paulo.

Deus nos criou, somos obras de Suas mãos. A beleza que temos é a perfeita semelhança com Ele. Criado à Sua imagem e semelhança nos deu a memória, que por vezes mal usamos, não guardamos os benefícios e maravilhas incontáveis que Ele realiza.   

Possuidores de memória, de inteligência, de liberdade, podemos corresponder ou não aos desígnios divinos; fortalecer vínculos com a fonte de nossa vida e aprofundar nossa amizade com Ele, no senhorio sobre todas as coisas.                 

Explicita a inteligência para compreensão de Sua sabedoria para que sua vontade seja conhecida e realizada. Deus é Pai e possui por nós uma “ardente caridade paterna” e é para nós o “doador de todas as graças.” Ainda, nos comunica a ação e a presença do Espírito Santo para “amar aquilo que a inteligência visse e conhecesse”.

Ó quão doce é a providência divina; capaz de derramar e comunicar Seu Amor por nós, ainda que nossos primeiros pais tenham pecado!.

Ressoem três passagens bíblicas:

“Deus amou tanto o mundo  que entregou o Seu Filho único, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16);

Tornando-Se semelhante aos homens e reconhecido em Seu aspecto como um homem abaixou-Se, tornando-Se obediente até a morte, à morte sobre uma Cruz. Por isso Deus soberanamente o elevou e lhe conferiu o nome que está acima de todo nome...” (Fl 2, 1-9);

“Vede que manifestação de amor nos Deu o Pai: sermos chamados filhos de Deus e nós o somos. Se o mundo não nos conhece, é porque não o conheceu” (1 Jo 3,1).

De fato, a onipotência divina tem um rosto e um nome: Jesus, que nos ama até o fim.

Esta onipotência Se revela na impotência da humanidade crucificada por Amor de nós, para nos redimir, reconciliar com Deus e nos tirar da mansão dos mortos, do abismo do pecado, da escuridão, do desamor... Ó Suprema e Divina Santíssima Trindade!

Glorifiquemos a Deus por mulheres tão sábias e tão presentes em nossas comunidades, a exemplo de Santa Catarina de Sena, que nos comunicam as maravilhas das delícias divinas em todos os tempos.

Sábias Mulheres que nos revelam Deus

                                                                

Sábias Mulheres que nos revelam Deus

Dia 29 de abril celebramos a Memória de Santa Catarina de Sena, e temos a oportunidade de sermos enriquecidos pelo seu “Diálogo com a Divina Providência”, que nos é apresentada na Liturgia das Horas.

“Ó Divindade eterna, ó eterna Trindade, que pela união da natureza divina tanto fizeste valer o sangue de Teu Filho Unigênito!

Tu, Trindade eterna, és como um mar profundo, onde quanto mais procuro mais encontro; e quanto mais encontro, mais cresce a sede de Te procurar.

Tu sacias a alma, mas de um modo insaciável.
Porque saciando-se no Teu abismo, a alma permanece sempre sedenta e faminta de Ti, ó Trindade eterna, cobiçando e desejando ver-Te à luz de Tua luz…

Provei e vi em Tua luz com a luz da inteligência, o Teu insondável abismo, ó Trindade eterna, e a beleza de Tua criatura…

Ó abismo, ó Trindade eterna, ó Divindade, ó Mar profundo! Que mais poderias dar-me do que a Ti mesmo? Tu és um fogo que arde sempre e não se consome.

Tu és que consomes por Teu calor todo amor profundo da alma.
Tu és de novo o fogo que faz desaparecer toda frieza e iluminas as mentes com a Tua luz. Com esta luz me fizeste conhecer a verdade.

Espelhando-me nesta luz, conheço-Te como Sumo Bem, o Bem que está acima de todo bem, o Bem feliz, o Bem incompreensível, o Bem inestimável, a Beleza que ultrapassa toda beleza, a Sabedoria superior a toda sabedoria.

Porque Tu és a própria Sabedoria, Tu, o Pão dos anjos, que no fogo da caridade Te deste aos homens.

Tu és a veste que cobre minha nudez; alimenta nossa fome com a Tua doçura, porque és doce, sem amargura alguma. Ó Trindade eterna!”

Catarina de Sena, possuidora de grande amor e preocupação pelas dificuldades da Igreja, nos deixou tão belo e grande testemunho de amor pela mesma, repetindo sempre estas palavras em sua vida agitada e sofrida: “Se morrer, sabeis que morro de paixão pela Igreja”.

Santa Catarina de Sena foi declarada Doutora da Igreja e Padroeira da Itália, pelo Papa São Paulo VI.

Ela nutria profunda paixão por Jesus Cristo, assim como outras tantas “Sábias Mulheres de Deus”, ontem, hoje e sempre, são a manifestação da acolhida e da comunicação da Sabedoria de Deus no mundo.

Viveu no século XIV, num tempo de grandes desafios, dentre eles, a peste e o cisma da Igreja. Teve uma vida simples, de origem pobre e humilde (última de uma família de 25 filhos).

Mulher de grande mística, espiritualidade e oração, que acolheu o sopro do Espírito e enriqueceu a Igreja de seu tempo e de todo o tempo, testemunhou grande amor e cuidado aos doentes, foi incansável reveladora do amor de Deus.

Morreu jovem, aos 33 anos, deixando numerosos escritos de profunda espiritualidade e Cartas de alto valor histórico e religioso.

Encontramos em seus escritos as últimas palavras:


“Do leito de morte, dirigiu ao Senhor esta comovente oração: “Ó Deus eterno!, recebe o sacrifício da minha vida em benefício deste Corpo Místico da Santa Igreja. Não tenho outra coisa para oferecer-te a não ser aquilo que me deste”.

Ressoa em nosso coração a grande afirmação do Papa Bento XVI, quando esteve em nosso meio:  “Somente enamorados por Cristo é que poderemos ser Seus discípulos”. 

Reflitamos:

- Com que profundidade mergulhamos no Mistério de Amor da Santíssima Trindade?
- Qual a profundidade de nossa paixão pela Igreja de Cristo?

- Sentimo-nos, como Catarina, enamorados por Cristo?
- Quais são as Sábias Mulheres de Deus em nossas vidas?

- Qual a nossa solicitude para com os pobres, presença de Cristo em nossa vida?

Contemplemos o testemunho de Santa Catarina, e revigoremos nossos passos, na fidelidade ao Senhor, o Caminho e a Verdade, que nos conduz à Vida!

Santa Catarina de Sena, rogai por nós! 


Para maior aprofundamento e enriquecimento, sugiro que confira:

Simplesmente por amor...

                                                           

Simplesmente por amor...

“Com o fogo do Teu amor acendes
os nossos corações com o desejo de Te amar...”

Retomemos um trecho da Carta de Santa Catarina de Sena, Doutora da Igreja - (1347-1380), dirigida a Bartolomea, esposa de Salviato de Lucca.

Abraça Jesus Crucificado, Amante e Amado... Abraça, portanto, Jesus Crucificado elevando a Ele o olhar do teu desejo! Toma em consideração o Seu Amor ardente por ti, que levou Jesus a derramar Sangue de todas as partes do Seu corpo!

Abraça Jesus Crucificado, Amante e Amado e n’Ele encontrarás a verdadeira vida, porque Ele é Deus que Se fez homem.

Que o teu coração e a tua alma ardam pelo fogo do Amor do qual foi coberto Jesus cravado na Cruz!

Tu deves, portanto, tornar-te amor, olhando para o Amor de Deus, que tanto te amou, não porque te devesse obrigação alguma, mas por um puro dom, impelido somente pelo Seu inefável Amor.

Oh inestimável Amor! Tu nos iluminas com a Tua sabedoria para que nos possamos conhecer a nós mesmos, conhecer a Tua verdade e os enganos sutis do demônio.

Quem possui o Amor de Deus, n’Ele encontra tanta alegria que cada amargura se transforma em doçura e cada grande peso se torna leve. Doce Jesus, Amor Jesus.

Com o fogo do Teu amor acendes os nossos corações com o desejo de Te amar e de Te seguir na verdade. Só Tu és o Amor, somente digno de ser amado!”

Notemos a insistência nas palavras Amor e Amar, direta ou indiretamente.

O amor nos revela a essência da fé cristã, a essência da vida. Por isto Nosso Senhor nos deu o mais belo e irrevogável de todos os Mandamentos: “Amai-vos uns aos outros, como Eu vos amei”.

A verdadeira medida de nosso amor, bem como sua altura, largura e profundidade, tem que ultrapassar as medidas humanas, para alcançar as medidas divinas testemunhadas no Amor da Cruz de Nosso Senhor!

Esta Carta é oportuna para nossa espiritualidade no seguimento de Jesus, como alegres e apaixonados discípulos missionários do Senhor, simplesmente por amor

Reflitamos:

- Como tenho vivido o Mandamento do Amor que Nosso Senhor nos deixou: Amar o próximo como Ele amou?

- O que ressalta aos olhos e ao coração meditar a Carta de Santa Catarina de Sena?

- Santa Catarina, sábia e santa. Quais são as pessoas sábias e santas que fazem parte da nossa história?

Amar a Deus, simplesmente por amor,
Porque antes de amá-Lo,
Ele nos Amou primeiro. 
Amém. Aleluia!

Participando deste Diálogo nossa alma se eleva…

                                              


Participando deste Diálogo nossa alma se eleva…

Contemplemos o Diálogo sobre a Providência Divina, da Virgem e Doutora Santa Catarina de Sena (Séc. XIV), cuja Memória celebramos dia 29 de abril.

“Com a indizível benignidade de Sua clemência, o Pai eterno dirigiu o olhar para esta alma, e começou a falar:

Caríssima filha, determinei com firmeza usar de misericórdia para com o mundo e quero providenciar acerca de todas as situações dos homens.

Mas o homem ignorante julga levar à morte aquilo que lhe concedo para a vida, e assim se torna muito cruel, para si próprio; no entanto, dele Eu cuido sempre. Por isso quero que saibas: tudo quanto dou ao homem provém da Suprema Providência.

E o motivo está em que, tendo criado com Providência, olhei em mim mesmo e fiquei cativo da beleza de minha criatura. Porque foi de meu agrado criá-la com grande Providência à minha imagem e semelhança. Mais ainda, dei-lhe a memória para guardar meus benefícios em seu favor, por querer que participasse de meu poder de Pai eterno.

Dei-lhe, além disto, a inteligência para conhecer e compreender na sabedoria de meu Filho a minha vontade, porque sou com ardente caridade paterna o máximo doador de todas as graças.

Concedi-lhe também a vontade de amar, participando da clemência do Espírito Santo, para poder amar aquilo que a inteligência visse e conhecesse.

Isto fez minha doce Providência. Ser o único capaz de entender e de encontrar seu gozo em mim com alegria imensa na minha eterna visão. E como de outras vezes te falei, pela desobediência de vosso primeiro pai Adão, o céu estava fechado. Desta desobediência decorreram depois todos os males no mundo inteiro.

Para fazer desaparecer do homem a morte de sua desobediência, em minha clemência providenciei, entregando-vos meu Filho unigênito com grande sabedoria, para que assim reparasse vosso dano. Impus-lhe uma grande obediência, a fim de que o gênero humano se livrasse do veneno que se difundira no mundo pela desobediência de vosso primeiro pai.

Assim, como que cativo de amor e com verdadeira obediência, correu com toda a rapidez, correu à ignominiosa Morte Sacratíssima, deu-vos a vida, não pelo vigor de Sua humanidade, mas da divindade”.

Neste Diálogo contemplamos sublimes revelações do Senhor a esta doutora mulher e muito nos inspira e fortalece no discipulado.

Tudo quanto Deus concede ao homem provém de Sua suprema Providência. Criou o homem e a mulher com grande  Providência a Sua imagem e semelhança. Mais do que isto, concedeu-lhe a memória, a Inteligência e a vontade de amar.

Instaurando a criatura o pecado, e com ele o rompimento de uma aliança de amor, entregou-nos o Seu Filho unigênito com grande sabedoria impondo-lhe uma grande obediência.

Ele encarnando-Se, na fidelidade incondicional e com verdadeira obediência, como que cativo de amor, correu com toda a rapidez, correu à ignominiosa Morte Sacratíssima. Com Sua morte concedeu-nos a vida, vida presente, vida plenamente, vida eternamente…

Esta vida a nós concedida, paradoxalmente vem não pelo vigor de Sua humanidade, mas da divindade.

Na fragilidade humana assumida, quando encarnada a nós, Se assemelhou, a nós Se fez igual, exceto no pecado, para que pudesse destruí-lo e recuperássemos tudo que perdêramos, pela falta de correspondência ao plano de Deus, um puro plano de amor…

Em Sua Encarnação, Morte e Ressurreição, já não somos mais quem fomos, pois n’Ele e com Ele somos uma nova criatura, mortos para o pecado e vivos para Deus, como o Apóstolo Paulo nos disse.

Como Deus nos ama!
Seu amor ultrapassa nossa lógica
e capacidade de compreensão…
Vida Nova com Sua Morte e Ressurreição!

Em poucas palavras...

                                                           


A necessária confiança em Deus

“Na base de todas as coisas está a confiança em Deus, desse Deus que só perturba a alegria de seus filhos para lhes proporcionar outra mais certa e maior’” (1)

 

(1)Missal Cotidiano – Editora Paulus – 1995 – pág. 1008

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