quinta-feira, 29 de agosto de 2024

São João Batista: Vigor, coragem e fidelidade no bom combate (continuação)


São João Batista:
Vigor, coragem e fidelidade no bom combate

Por sua morte, João Batista ornou este dia com o róseo fulgor de seu sangue!

O que ressoa no coração quando ouvimos ou pronunciamos este nome: João Batista?

Coragem, fidelidade, despojamento, simplicidade,
Coerência, transparência, com Deus amizade e intimidade...
Profeta da ousada esperança de um Mundo Novo;
A voz que anuncia a Palavra que ilumina a vida do povo.

Humilde sinal da Luz que viria iluminar o mundo,
Amigo do Esposo da humanidade, que amor profundo!
Inspirado em sua vida e exemplo tão expressivo
Tenhamos mesmo amor, entrega por Deus tão vivo!

Alguém que desaparece, diminui para que o Senhor cresça,
Sabe que a fidelidade tem um preço, cortaram-lhe a cabeça.
Fulgor róseo de seu sangue expressou fidelidade à Lei Divina,
Que diante do pecado, não cede, não cansa, não se declina!

João cujo nome lembra que Deus é misericórdia,
Imitá-lo para semear sementes da humana concórdia.
Hoje João que nos céus com o Amado em Santa Comunhão
É para nós uma seta que aponta Jesus: nossa Redenção!
São João Batista, rogai por nós!

Exortação Apostólica “Gaudete Et Exsultate”




Exortação Apostólica “Gaudete Et Exsultate”

A Exortação Apostólica “Gaudete et exsultate” – sobre a chamada à Santidade no mundo atual, escrita pelo Papa Francisco (2018), nos orienta para que vivamos a alegria da santidade.

Deus nos quer santos e espera que não nos resignemos a uma vida medíocre, superficial e indecisa (n.1).

A Exortação não é um tratado sobre a santidade, com muitas definições e distinções, mas tem um humilde objetivo: “fazer ressoar mais uma vez a chamada à santidade, procurando encarná-la no contexto atual, com os seus riscos, desafios e oportunidades, porque o Senhor escolheu cada um de nós «para ser santo e irrepreensível na Sua presença, no amor» (cf. Ef 1, 4)” (n.2).

A CHAMADA À SANTIDADE (Capítulo I)


Capítulo I

A CHAMADA À SANTIDADE

Na Carta aos Hebreus, temos a menção de várias testemunhas que nos encorajam a «correr com perseverança a prova que nos é proposta» (Hb 12, 1): Abraão, Sara, Moisés, Gedeão e vários outros (Hb 11).

Há outras testemunhas: “pode ser a nossa própria mãe, uma avó ou outras pessoas próximas de nós (cf. 2 Tm 1, 5). A sua vida talvez não tenha sido sempre perfeita, mas, mesmo no meio de imperfeições e quedas, continuaram a caminhar e agradaram ao Senhor”(n.3).

Contamos com a comunhão dos santos, que já chegaram à presença de Deus e mantêm conosco laços de amor e comunhão.

“Podemos dizer que «estamos circundados, conduzidos e guiados pelos amigos de Deus. (...) Não devo carregar sozinho o que, na realidade, nunca poderia carregar sozinho. Os numerosos santos de Deus protegem-me, amparam-me e guiam-me»” (n. 4).

O que se leva em conta nos processos de beatificação e canonização:

- os sinais de heroicidade na prática das virtudes;
- o sacrifício da vida no martírio;
- os casos em que se verificou um oferecimento da própria vida pelos outros, mantido até à morte;
- esta doação manifesta uma imitação exemplar de Cristo, e é digna da admiração dos fiéis. 

Não nos salvamos sozinhos:  “...ninguém se salva sozinho, como indivíduo isolado, mas Deus atrai-nos tendo em conta a complexa rede de relações interpessoais que se estabelecem na comunidade humana: Deus quis entrar numa dinâmica popular, na dinâmica dum povo” (n. 6).

A santidade no povo paciente de Deus, uma “santidade ao pé da porta”, dos que vivem perto de nós:  “nos pais que criam os seus filhos com tanto amor, nos homens e mulheres que trabalham a fim de trazer o pão para casa, nos doentes, nas consagradas idosas que continuam a sorrir...” (n. 7).

A santidade é o rosto mais belo da Igreja e também fora dela (ortodoxos, anglicanos e protestantes).

Todos somos chamados à santidade (Lumen Gentium n.11): Todos estamos chamados a ser testemunhas, mas há muitas formas existenciais de testemunho. De fato, quando o grande místico São João da Cruz escrevera o seu Cântico Espiritual, preferia evitar regras fixas para todos, explicando que os seus versos estavam escritos para que cada um os aproveitasse «a seu modo». Pois a vida divina comunica-se «a uns duma maneira e a outros doutra»” (n. 11).

Faz menção às mulheres que viveram a santidade: Santa Hildegarda de Bingen, Santa Brígida, Santa Catarina de Sena, Santa Teresa de Ávila ou Santa Teresa de Lisieux; tantas mulheres desconhecidas ou esquecidas que sustentaram e transformaram, cada uma a seu modo, famílias e comunidades com a força do seu testemunho (n.12).

O que é preciso para ser santo: “Para ser santo, não é necessário ser bispo, sacerdote, religiosa ou religioso. Muitas vezes somos tentados a pensar que a santidade esteja reservada apenas àqueles que têm possibilidade de se afastar das ocupações comuns, para dedicar muito tempo à oração. Não é assim. Todos somos chamados a ser santos, vivendo com amor e oferecendo o próprio testemunho nas ocupações de cada dia, onde cada um se encontra... Sê santo, lutando pelo bem comum e renunciando aos teus interesses pessoais” (n.14).

Como batizados, deixar que a graça do Batismo frutifique num caminho de santidade: “Não desanimes, porque tens a força do Espírito Santo para tornar possível a santidade e, no fundo, esta é o fruto do Espírito Santo na tua vida (cf. Gl 5, 22-23). Quando sentires a tentação de te enredares na tua fragilidade, levanta os olhos para o Crucificado e diz-Lhe: «Senhor, sou um miserável! Mas Vós podeis realizar o milagre de me tornar um pouco melhor». Na Igreja, santa e formada por pecadores, encontrarás tudo o que precisas para crescer rumo à santidade” (n. 15).

Devemos crescer em santidade a partir de pequenos gestos (n. 16).

Exemplo do Cardeal Cardeal Francisco Xavier Nguyen van Thuan, quando se encontrava na prisão, renunciou a desgastar-se com a ânsia da sua libertação - «aproveito as ocasiões que vão surgindo cada dia para realizar ações ordinárias de maneira extraordinária» (n.17).

Crescer na santidade sob o impulso da graça divina, com muitos gestos, vamos construindo aquela figura de santidade que Deus quis para nós: não como seres autossuficientes, mas «como bons administradores das várias graças de Deus» (1 Pd 4, 10) (n. 18).

Cada santo é uma missão: “é um projeto do Pai que visa refletir e encarnar, num momento determinado da história, um aspecto do Evangelho” (n. 19).

Santidade é viver em união com Jesus Cristo os mistérios da sua vida; associando de maneira única e pessoal à morte e Ressurreição do Senhor; morrer e ressuscitar continuamente com Ele (n.20).

Cada santo é uma mensagem que o Espírito Santo extrai da riqueza de Jesus Cristo e dá ao Seu povo (n. 21).

Perseverança não obstante nossas fraquezas – ser renovado pelo Espírito, e não haverá fracasso na missão (n. 24).

A santificação se alcança com a entrega de corpo e alma e dando o melhor de si (n.25).


Contemplação na ação: silêncio acompanhado do encontro; repouso da atividade e a oração do serviço (n. 26).

Na identificação com Jesus, falamos de espiritualidades: do catequista, do clero diocesano, do trabalho, da missão, ecológica, e da vida familiar... (n. 28).

Valorizar momentos de quietude, solidão e silêncio diante de Deus “Com efeito, as novidades contínuas dos meios tecnológicos, o fascínio de viajar, as inúmeras ofertas de consumo, às vezes, não deixam espaços vazios onde ressoe a voz de Deus. Tudo se enche de palavras, prazeres epidérmicos e rumores a uma velocidade cada vez maior; aqui não reina a alegria, mas a insatisfação de quem não sabe para que vive”

Vigilância diante dos próprios meios de distração que invadem a vida atual, para não esmorecer no serviço generoso e disponível (n. 30).

“Precisamos de um espírito de santidade que impregne tanto a solidão como o serviço, tanto a intimidade como a tarefa evangelizadora, para que cada instante seja expressão de amor doado sob o olhar do Senhor. Desta forma, todos os momentos serão degraus no nosso caminho de santificação” (n. 31). 

Não ter medo da santidade, pois cada cristão quanto mais santifica, tanto mais fecundo se torna para o mundo, e nos tornamos mais vivos e mais humanos (n. 32.33).


“Não tenhas medo de apontar para mais alto, de te deixares amar e libertar por Deus. Não tenhas medo de te deixares guiar pelo Espírito Santo. A santidade não te torna menos humano, porque é o encontro da tua fragilidade com a força da graça. No fundo, como dizia León Bloy, na vida 'existe apenas uma tristeza: a de não ser santo'”.

DOIS INIMIGOS SUTIS DA SANTIDADE (Capítulo II)

Capítulo II
DOIS INIMIGOS SUTIS DA SANTIDADE

Há duas falsificações de santidade que poderiam nos extraviar: o gnosticismo e o pelagianismo (heresias dos primeiros séculos do cristianismo).

Transparece um imanentismo antropocêntrico, disfarçado de verdade católica:

“seja o individualismo neopelagiano quer o desprezo neognóstico do corpo descaracterizam a confissão de fé em Cristo, único Salvador universal (Congregação para a doutrina da Fé)( conforme n. 35 e nota.

O GNOSTICISMO ATUAL:

Este supõe «uma fé fechada no subjetivismo, onde apenas interessa uma determinada experiência ou uma série de raciocínios e conhecimentos que supostamente confortam e iluminam, mas, em última instância, a pessoa fica enclausurada na imanência da sua própria razão ou dos seus sentimentos» (n.36).

“Ao desencarnar o mistério, em última análise preferem «um Deus sem Cristo, um Cristo sem Igreja, uma Igreja sem povo» (n. 37)

Trata-se de uma vaidosa superficialidade: muito movimento à superfície da mente, mas não se move nem se comove a profundidade do pensamento...” (n. 38).

Uma advertência: “Não estou a referir-me aos racionalistas inimigos da fé cristã. Isto pode acontecer dentro da Igreja, tanto nos leigos das paróquias como naqueles que ensinam filosofia ou teologia em centros de formação. Com efeito, também é típico dos gnósticos crer que eles, com as suas explicações, podem tornar perfeitamente compreensível toda a fé e todo o Evangelho. Absolutizam as suas teorias e obrigam os outros a submeter-se aos raciocínios que eles usam. Uma coisa é o uso saudável e humilde da razão para refletir sobre o ensinamento teológico e moral do Evangelho, outra é pretender reduzir o ensinamento de Jesus a uma lógica fria e dura que procura dominar tudo” (n.39).



“Com efeito, o gnosticismo, «por sua natureza, quer domesticar o mistério», tanto o Mistério de Deus e da Sua graça, como o mistério da vida dos outros” (n. 40).

Quem quer tudo claro e seguro, pretende dominar a transcendência de Deus” (n. 41).

Citando São Boaventura: “é necessário que se deixem todas as operações intelectivas e que o ápice mais sublime do amor seja transferido e transformado totalmente em Deus (...) Dado que, para se obter isto, nada pode a natureza e pouco pode a ciência, é preciso dar pouca importância à indagação, muita à unção espiritual; pouca à língua, e muita à alegria interior; pouca à palavra e aos livros e toda ao dom de Deus, isto é, ao Espírito Santo; pouca ou nenhuma à criatura e toda ao Criador: ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo”

“Se nos deixarmos guiar mais pelo Espírito do que pelos nossos raciocínios, podemos e devemos procurar o Senhor em cada vida humana. Isto faz parte do mistério que as mentalidades gnósticas acabam por rejeitar, porque não o podem controlar” (n. 42).

Na realidade, porém, aquilo que julgamos saber sempre deveria ser uma motivação para responder melhor ao amor de Deus, porque «se aprende para viver: teologia e santidade são um binómio inseparável» (n. 45).


Citando São Francisco de Assis: “...ao ver que alguns dos seus discípulos ensinavam a doutrina, quis evitar a tentação do gnosticismo. Então escreveu assim a Santo António de Lisboa: ‘Apraz-me que interpreteis aos demais frades a sagrada teologia, contanto que este estudo não apague neles o espírito da santa oração e devoção’” (n.46).


Na relação entre sabedoria e misericórdia, cita São Boaventura: “advertia que a verdadeira sabedoria cristã não se deve desligar da misericórdia para com o próximo: ‘A maior sabedoria que pode existir consiste em dispensar frutuosamente o que se possui e que lhe foi dado precisamente para o distribuir (...). Por isso, como a misericórdia é amiga da sabedoria, assim a avareza é sua inimiga’. Há atividades, como as obras de misericórdia e de piedade, que, unindo-se à contemplação, não a impedem, antes favorecem-na’”.  (n. 46).

O PELAGIANISMO ATUAL:

Com o passar do tempo, muitos começaram a reconhecer que não é o conhecimento que nos torna melhores ou santos, mas a vida que levamos (n.47).

Não há lugar para a atuação da graça de Deus: “...o poder que os gnósticos atribuíam à inteligência, alguns começaram a atribuí-lo à vontade humana, ao esforço pessoal. Surgiram, assim, os pelagianos e os semipelagianos. Já não era a inteligência que ocupava o lugar do mistério e da graça, mas a vontade. Esquecia-se que ‘isto não depende daquele que quer nem daquele que se esforça por alcançá-lo, mas de Deus que é misericordioso’ (Rm 9, 16) e que Ele ‘nos amou primeiro’ (1 Jo 4, 19)” (n. 48).

“Quem se conforma a esta mentalidade pelagiana ou semipelagiana, embora fale da graça de Deus com discursos edulcorados, “no fundo, só confia nas suas próprias forças e sente-se superior aos outros por cumprir determinadas normas ou por ser irredutivelmente fiel a um certo estilo católico” (n. 49)

Ensinava Santo Agostinho: Deus convida-te a fazer o que podes e “a pedir o que não podes’; ou então a dizer humildemente ao Senhor: “dai-me o que me ordenais e ordenai-me o que quiserdes”(n.49).

“A graça, precisamente porque supõe a nossa natureza, não nos faz improvisamente super-homens. Pretendê-lo seria confiar demasiado em nós próprios. Neste caso, por trás da ortodoxia, as nossas atitudes podem não corresponder ao que afirmamos sobre a necessidade da graça e, na prática, acabamos por confiar pouco nela...”  (n. 50).

Um ensinamento da Igreja dos Padres da Igreja, frequentemente esquecido – “A Igreja ensinou repetidamente que não somos justificados pelas nossas obras ou pelos nossos esforços, mas pela graça do Senhor que toma a iniciativa” (n. 52).

São João Crisóstomo: Deus derrama em nós a própria fonte de todos os dons, “antes de termos entrado no combate” (n.52).


São Basílio Magno: o fiel se gloria apenas em Deus, porque “reconhece estar privado da verdadeira justiça e que é justificado somente por meio da fé em Cristo” (n.52).

O II Sínodo de Orange ensinou, com firme autoridade, que nenhum ser humano pode exigir, merecer ou comprar o dom da graça divina, e que toda a cooperação com ela é dom prévio da mesma graça: “até o desejo de ser puro se realiza em nós por infusão do Espírito Santo e com sua ação sobre nós” (n. 53).


O Concílio de Trento, mesmo reafirmou tal ensinamento dogmático: «Afirma-se que somos justificados gratuitamente, porque nada do que precede a justificação, quer a fé, quer as obras, merece a própria graça da justificação; porque, se é graça, então não é pelas obras, caso contrário, a graça já não seria graça (Rm 11, 6)» (n.53)

O Catecismo da Igreja Católica: o dom da graça «ultrapassa as capacidades da inteligência e as forças da vontade humana» e que, «em relação a Deus, não há, da parte do homem, mérito no sentido dum direito estrito” (n. 54)

Santa Teresa de Lisieux: os santos evitam de pôr a confiança nas suas ações: “Ao anoitecer desta vida, aparecerei diante de Vós com as mãos vazias, pois não Vos peço, Senhor, que conteis as minhas obras. Todas as nossas justiças têm manchas aos Vossos olhos” (n.54).

A caridade torna possível o crescimento na vida da graça, porque, “se não tiver amor, nada sou” (1 Cor 13, 2).  (n. 56).

Os novos pelagianos: “Ainda há cristãos que insistem em seguir outro caminho: o da justificação pelas suas próprias forças, o da adoração da vontade humana e da própria capacidade, que se traduz numa autocomplacência egocêntrica e elitista, desprovida do verdadeiro amor. Manifesta-se em muitas atitudes aparentemente diferentes entre si: a obsessão pela lei, o fascínio de exibir conquistas sociais e políticas, a ostentação no cuidado da liturgia, da doutrina e do prestígio da Igreja, a vanglória ligada à gestão de assuntos práticos, a atração pelas dinâmicas de autoajuda e realização autorreferencial. É nisto que alguns cristãos gastam as suas energias e o seu tempo, em vez de se deixarem guiar pelo Espírito no caminho do amor, apaixonarem-se por comunicar a beleza e a alegria do Evangelho e procurarem os afastados nessas imensas multidões sedentas de Cristo”. (n. 57).

“Muitas vezes, contra o impulso do Espírito, a vida da Igreja transforma-se numa peça de museu ou numa propriedade de poucos. Verifica-se isto quando alguns grupos cristãos dão excessiva importância à observância de certas normas próprias, costumes ou estilos. Assim se habituam a reduzir e deter o Evangelho, despojando-o da sua simplicidade cativante e do seu sabor. É talvez uma forma sutil de pelagianismo, porque parece submeter a vida da graça a certas estruturas humanas. Isto diz respeito a grupos, movimentos e comunidades, e explica por que tantas vezes começam com uma vida intensa no Espírito, mas depressa acabam fossilizados... ou corruptos” (n. 58).

“Sem nos darmos conta, pelo fato de pensar que tudo depende do esforço humano canalizado através de normas e estruturas eclesiais, complicamos o Evangelho e tornamo-nos escravos dum esquema que deixa poucas aberturas para que a graça atue” (n. 59).

Citando São Tomás de Aquino: “lembrava-nos que se deve exigir, com moderação, os preceitos acrescentados ao Evangelho pela Igreja, para não tornar a vida pesada aos fiéis, (porque assim) se transformaria a nossa religião numa escravidão” (n. 59).

O resumo da Lei: o amor a Deus e ao próximo (n. 60, 61): a fé agindo pela caridade (Gl 5.6).

UMA SÚPLICA E UM QUESTIONAMENTO:

“Que o Senhor liberte a Igreja das novas formas de gnosticismo e pelagianismo que a complicam e detêm no seu caminho para a santidade! Estes desvios manifestam-se de formas diferentes, segundo o temperamento e as caraterísticas próprias. Por isso, exorto cada um a questionar-se e a discernir diante de Deus a maneira como possam estar a manifestar-se na sua vida” (n. 62).

À LUZ DO MESTRE (Capítulo III)

Capítulo III
À LUZ DO MESTRE

Santidade à luz do Sermão das Bem-Aventuranças (cf. Mt 5, 3-12; Lc 6, 20-23) – o “bilhete de identidade do cristão”. (n.63).

Nelas está delineado o rosto do Mestre, que somos chamados a deixar transparecer no dia-a-dia da nossa vida. (n. 63).

«Feliz» ou «bem-aventurado», sinônimos de «santo», porque expressa que a pessoa fiel a Deus e que vive a sua Palavra alcança, na doação de si mesma, a verdadeira felicidade (n.64).

As Bem-aventuranças estão na contracorrente (n. 65).

Somente poderemos viver se o Espírito Santo nos permear com toda a Sua força e nos libertar da fraqueza do egoísmo, da preguiça, do orgulho (n. 65).

- «Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu» - Ser pobre no coração: isto é santidade -  (n. 67-70)

- «Felizes os mansos, porque possuirão a terra» - reagir com humilde mansidão: isto é santidade -  (n.71-74).

- «Felizes os que choram, porque serão consolados» - Saber chorar com os outros: isto é santidade – (n. 75-76).

- «Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados» - Buscar a justiça com fome e sede: isto é santidade – (n. 77-79).

- «Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia» - Olhar e agir com misericórdia: isto é santidade – (n.80-82).

- «Felizes os puros de coração, porque verão a Deus» - Manter o coração limpo de tudo o que mancha o amor: isto é santidade (n.83-86).

- «Felizes os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus» - Semear a paz ao nosso redor: isto é santidade (n. 87-89).

«Felizes os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino do Céu» - Abraçar diariamente o caminho do Evangelho mesmo que nos acarrete problemas: isto é santidade – (n.90-94).

A grande regra de comportamento está no Evangelho de Mateus (Mt 25,31-46):

Ser santo não significa revirar os olhos num suposto êxtase. Dizia São João Paulo II que, “se verdadeiramente partimos da contemplação de Cristo, devemos saber vê-Lo sobretudo no rosto daqueles com quem Ele mesmo Se quis identificar”. (n. 96).

A santidade não se pode ser compreendida nem vivida sem as exigências da passagem de Mateus -  porque a misericórdia é o “coração pulsante do Evangelho’ (n. 97).

As ideologias que mutilam o coração do Evangelho:

- transformar o cristianismo numa espécie de ONG, privando-o de espiritualidade irradiante que a exemplo de São Francisco de Assis, São Vicente de Paulo, Santa Teresa de Calcutá e muitos outros.

- o erro das pessoas que vivem suspeitando do compromisso social dos outros, considerando-o algo de superficial, mundano, secularizado, imanentista, comunista, populista; ou então o relativizam como se houvesse outras coisas mais importantes, como se interessasse apenas uma determinada ética ou um arrazoado que eles defendem.

A defesa da vida em todos os sentidos:

“A defesa do inocente nascituro, por exemplo, deve ser clara, firme e apaixonada, porque neste caso está em jogo a dignidade da vida humana, sempre sagrada, e exige-o o amor por toda a pessoa, independentemente do seu desenvolvimento. Mas igualmente sagrada é a vida dos pobres que já nasceram e se debatem na miséria, no abandono, na exclusão, no tráfico de pessoas, na eutanásia encoberta de doentes e idosos privados de cuidados, nas novas formas de escravatura, e em todas as formas de descarte” (n. 101).

Não há santidade ignorando a injustiça:

“Não podemos propor-nos um ideal de santidade que ignore a injustiça deste mundo, onde alguns festejam, gastam folgadamente e reduzem a sua vida às novidades do consumo, ao mesmo tempo que outros se limitam a olhar de fora enquanto a sua vida passa e termina miseravelmente” (n.101).

O culto que mais agrada a Deus:

A oração é preciosa, se alimenta uma doação diária de amor. O nosso culto agrada a Deus, quando levamos lá os propósitos de viver com generosidade e quando deixamos que o dom lá recebido se manifeste na dedicação aos irmãos” (n. 104).

“O melhor modo para discernir se o nosso caminho de oração é autêntico será ver em que medida a nossa vida se vai transformando à luz da misericórdia... embora a misericórdia não exclua a justiça e a verdade, ‘antes de tudo, temos de dizer que a misericórdia é a plenitude da justiça e a manifestação mais luminosa da verdade de Deus’. A misericórdia ‘é a chave do Céu’” (n. 105).
  
Santo Tomás de Aquino: mais do que os atos de culto, são as obras de misericórdia para com o próximo: “não praticamos o culto a Deus com sacrifícios e com ofertas exteriores para proveito d’Ele, mas para benefício nosso e do próximo: de fato Ele não precisa dos nossos sacrifícios, mas quer que os ofereçamos para nossa devoção e para utilidade do próximo. Por isso, a misericórdia, pela qual socorremos as carências alheias, ao favorecer mais diretamente a utilidade do próximo, é o sacrifício que mais lhe agrada"  (n. 106).

Santa Teresa de Calcutá: “sim, tenho muitas fraquezas humanas, muitas misérias humanas. (...) Mas Ele abaixa-Se e serve-Se de nós, de ti e de mim, para sermos o seu amor e a sua compaixão no mundo, apesar dos nossos pecados, apesar das nossas misérias e defeitos. Ele depende de nós para amar o mundo e demonstrar-lhe o muito que o ama. Se nos ocuparmos demasiado de nós mesmos, não teremos tempo para os outros” (n. 107).

O engano do consumismo hedonista:

“O consumismo hedonista pode-nos enganar, porque, na obsessão de divertir-nos, acabamos por estar excessivamente concentrados em nós mesmos, nos nossos direitos e na exacerbação de ter tempo livre para gozar a vida. Será difícil que nos comprometamos e dediquemos energias a dar uma mão a quem está mal, se não cultivarmos uma certa austeridade, se não lutarmos contra esta febre que a sociedade de consumo nos impõe para nos vender coisas, acabando por nos transformar em pobres insatisfeitos que tudo querem ter e provar. O próprio consumo de informação superficial e as formas de comunicação rápida e virtual podem ser um fator de estonteamento que ocupa todo o nosso tempo e nos afasta da carne sofredora dos irmãos. No meio deste turbilhão atual, volta a ressoar o Evangelho para nos oferecer uma vida diferente, mais saudável e mais feliz” (n. 108).
  
O testemunho dos santos e ler com frequência e rezar com eles; e as Bem-Aventuranças e o julgamento final nos farão felizes:
  
“A força do testemunho dos santos consiste em viver as bem-aventuranças e a regra de comportamento do juízo final. São poucas palavras, simples, mas práticas e válidas para todos, porque o cristianismo está feito principalmente para ser praticado e, se é também objeto de reflexão, isso só tem valor quando nos ajuda a viver o Evangelho na vida diária” (n.109),


PS: A Exortação Apostólica “Gaudete et exsultate” – sobre a chamada à Santidade no mundo atual, escrita pelo Papa Francisco (2018), nos orienta para que vivamos a alegria da santidade.

ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DA SANTIDADE NO MUNDO ATUAL (Capítulo IV)



Capítulo IV
ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DA SANTIDADE
NO MUNDO ATUAL

Menciona os meios de santificação: os diferentes métodos de oração, os Sacramentos inestimáveis da Eucaristia e da Reconciliação, a oferta de sacrifícios, as várias formas de devoção, a direção espiritual e muitos outros (n.110).

Apresenta as características da santidade no mundo atual, em contraposição aos riscos e limites da cultura de hoje.

De um lado temos: a ansiedade nervosa e violenta que os dispersa e enfraquece;  o negativismo e a tristeza; a acédia cômoda, consumista e egoísta; o individualismo e tantas formas de falsa espiritualidade sem encontro com Deus que reinam no mercado religioso atual (n. 111).

O estilo de vida que o Senhor nos chama é apresentado nos parágrafos seguintes:

- a suportação; paciência e mansidão; a alegria e o sentido do humor; ousadia e ardor; viver em comunidade; oração constante.

A suportação, paciência e mansidão:

Permanecer centrado, firme em Deus, que ama e sustenta. Com firmeza interior, é possível aguentar, suportar as contrariedades, as vicissitudes da vida e também as agressões dos outros, as suas infidelidades e defeitos: “se Deus está por nós, quem pode estar contra nós?” (Rm 8, 31) (n.112).

São Paulo convidava os cristãos de Roma a não pagar a ninguém o mal com o mal (cf. Rm 12, 17), a não fazer-se justiça por conta própria (cf. 12, 19), nem a deixar-se vencer pelo mal, mas vencer o mal com o bem (cf. 12, 21) (n.113).

A violência pelos meios de comunicação e internet: “Pode acontecer também que os cristãos façam parte de redes de violência verbal através da internet e vários fóruns ou espaços de intercâmbio digital. Mesmo nos media católicos, é possível ultrapassar os limites, tolerando-se a difamação e a calúnia e parecendo excluir qualquer ética e respeito pela fama alheia. “ (n. 115).

“É impressionante como, às vezes, pretendendo defender outros Mandamentos, se ignora completamente o oitavo: «não levantar falsos testemunhos» e destrói-se sem piedade a imagem alheia. Nisto se manifesta como a língua descontrolada «é um mundo de iniquidade; (…) e, inflamada pelo Inferno, incendeia o curso da nossa existência»” (Tg 3, 6)  (n. 115).

“O santo não gasta as suas energias a lamentar-se dos erros alheios, é capaz de guardar silêncio sobre os defeitos dos seus irmãos e evita a violência verbal que destrói e maltrata, porque não se julga digno de ser duro com os outros, mas considera-os superiores a si próprio (cf. Fl 2, 3)” (n.116).

Alegria e sentido de humor:

“O santo é capaz de viver com alegria e sentido de humor. Sem perder o realismo, ilumina os outros com um espírito positivo e rico de esperança. Ser cristão é ‘alegria no Espírito Santo’ (Rm 14, 17), porque, ‘do amor de caridade, segue-se necessariamente a alegria. Pois quem ama sempre se alegra na união com o amado. (...) Daí que a consequência da caridade seja a alegria” (n.122).


Os profetas (n.123) foram anunciadores de alegria e Maria (n.124)   soube descobrir a novidade trazida por Jesus, cantava: “o meu espírito se alegra” (Lc 1, 47) e o próprio Jesus ‘estremeceu de alegria sob a ação do Espírito Santo’ (Lc 10, 21). Quando Ele passava, “a multidão alegrava-se” (Lc 13, 17). Depois da Sua Ressurreição, onde chegavam os discípulos, havia grande alegria (cf. At 8, 8) (n.124).

“Existem momentos difíceis, tempos de cruz, mas nada pode destruir a alegria sobrenatural, que ‘se adapta e transforma, mas sempre permanece pelo menos como um feixe de luz que nasce da certeza pessoal de, não obstante o contrário, sermos infinitamente amados’ (n.125).


“...às vezes a tristeza tem a ver com a ingratidão, com estar tão fechados em nós mesmos que nos tornamos incapazes de reconhecer os dons de Deus” (n.126).


Recomenda a oração atribuída a São Tomás Moro (nota 101):

“Dai-me, Senhor, uma boa digestão e também qualquer coisa para digerir. Dai-me a saúde do corpo, com o bom humor necessário para o conservar. Dai-me, Senhor, uma alma santa que saiba aproveitar o que é bom e puro, e não se assuste à vista do pecado, mas encontre a forma de colocar as coisas de novo em ordem. Dai-me uma alma que não conheça o tédio, as murmurações, os suspiros e os lamentos, e não permitais que sofra excessivamente por essa realidade tão dominadora que se chama ‘eu’. Dai-me, Senhor, o sentido do humor. Dai-me a graça de entender os gracejos, para que conheça na vida um pouco de alegria e comunica-la aos outros. Assim seja”.

Ousadia e ardor:

Ao mesmo tempo, a santidade é parresia: é ousadia, é impulso evangelizador que deixa uma marca neste mundo. Para isso ser possível, o próprio Jesus vem ao nosso encontro, repetindo-nos com serenidade e firmeza: “não temais!” (Mc 6, 50). “Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos” (Mt 28, 20) (n.129).

Para o Beato Paulo VI entre os obstáculos da evangelização, está a  carência de parresia, “a falta de ardor, tanto mais grave (porque) provém de dentro” (n.130).


“Somos frágeis, mas portadores dum tesouro que nos faz grandes e pode tornar melhores e mais felizes aqueles que o recebem. A ousadia e a coragem apostólica são constitutivas da missão” (n.131).

parresia é selo do Espírito, testemunho da autenticidade do anúncio. É uma certeza feliz que nos leva a gloriar-nos do Evangelho que anunciamos, é confiança inquebrantável na fidelidade da Testemunha fiel, que nos dá a certeza de que nada ‘poderá separar-nos do amor de Deus’ (Rm 8, 39)” (n.132).

“Precisamos do impulso do Espírito para não ser paralisados pelo medo e o calculismo, para não nos habituarmos a caminhar só dentro de confins seguros. Lembremo-nos disto: o que fica fechado acaba cheirando a mofo e criando um ambiente doentio” (n.133).

“À semelhança do profeta Jonas, sempre permanece latente em nós a tentação de fugir para um lugar seguro, que pode ter muitos nomes: individualismo, espiritualismo, confinamento em mundos pequenos, dependência, instalação, repetição de esquemas preestabelecidos, dogmatismo, nostalgia, pessimismo, refúgio nas normas...”   (n.134).

Ir para as periferias, sem medo do novo:

“Deus é sempre novidade, que nos impele a partir sem cessar e a mover-nos para ir mais além do conhecido, rumo às periferias e aos confins. Leva-nos aonde se encontra a humanidade mais ferida e aonde os seres humanos, sob a aparência da superficialidade e do conformismo, continuam à procura de resposta para a questão do sentido da vida. Deus não tem medo! Não tem medo! Ultrapassa sempre os nossos esquemas e não Lhe metem medo as periferias. Ele próprio Se fez periferia (cf. Flp 2, 6-8; Jo 1, 14). Por isso, se ousarmos ir às periferias, lá O encontraremos: Ele já estará lá. Jesus antecipa-Se-nos no coração daquele irmão, na sua carne ferida, na sua vida oprimida, na sua alma sombria. Ele já está lá” (n. 135).

“Mas, pensando no ar irrespirável da nossa autorreferencialidade, pergunto-me se às vezes Jesus não estará já dentro de nós, batendo para que O deixemos sair” (n. 136).

“Deixemos então que o Senhor venha despertar-nos, dar-nos um abanão na nossa sonolência, libertar-nos da inércia. Desafiemos a habituação, abramos bem os olhos, os ouvidos e, sobretudo, o coração, para nos deixarmos mover pelo que acontece ao nosso redor e pelo clamor da Palavra viva e eficaz do Ressuscitado” (n. 137).

Cita o exemplo de tantos sacerdotes, religiosas, religiosos e leigos que se dedicam a anunciar e servir com grande fidelidade, muitas vezes arriscando a vida e, sem dúvida, à custa da sua comodidade.

Estes testemunhos nos lembra que a Igreja não precisa de muitos burocratas e funcionários, mas de missionários apaixonados, devorados pelo entusiasmo de comunicar a verdadeira vida; e assim fizeram os santos: surpreendem, desinstalam, porque a sua vida nos chama a sair da mediocridade tranquila e anestesiadora (n. 138).

Uma súplica ao Senhor: “...a graça de não hesitar quando o Espírito nos exige que demos um passo em frente; peçamos a coragem apostólica de comunicar o Evangelho aos outros e de renunciar a fazer da nossa vida um museu de recordações...” (n. 139).

Em comunidade: ...A sedução com que nos bombardeiam é tal que, se estivermos demasiado sozinhos, facilmente perdemos o sentido da realidade, a clareza interior, e sucumbimos” (n. 140).

“A santificação é um caminho comunitário, que se deve fazer dois a dois. Reflexo disto temo-lo em algumas comunidades santas. Em várias ocasiões, a Igreja canonizou comunidades inteiras, que viveram heroicamente o Evangelho ou ofereceram a Deus a vida de todos os seus membros” (n. 141).

“Partilhar a Palavra e celebrar juntos a Eucaristia torna-nos mais irmãos e vai-nos transformando pouco a pouco em comunidade santa e missionária...” (n. 142).

“A vida comunitária, na família, na paróquia, na comunidade religiosa ou em qualquer outra, compõe-se de tantos pequenos detalhes diários” (n. 143).

Jesus nos convida para a atenção aos pequenos detalhes:

o pequeno detalhe do vinho que estava a acabar numa festa;
o pequeno detalhe duma ovelha que faltava;
o pequeno detalhe da viúva que ofereceu as duas moedinhas que tinha;
o pequeno detalhe de ter azeite de reserva para as lâmpadas, caso o noivo se demore;
o pequeno detalhe de pedir aos discípulos que vissem quantos pães tinham;
o pequeno detalhe de ter a fogueira acesa e um peixe na grelha enquanto esperava os discípulos ao amanhecer (n. 144).

“A comunidade, que guarda os pequenos detalhes do amor e na qual os membros cuidam uns dos outros e formam um espaço aberto e evangelizador, é lugar da presença do Ressuscitado que a vai santificando segundo o projeto do Pai.” (n. 145).

Em oração constante: a santidade é feita de abertura habitual à transcendência, que se expressa na oração e na adoração. O santo é uma pessoa com espírito orante, que tem necessidade de comunicar com Deus... Não acredito na santidade sem oração, embora não se trate necessariamente de longos períodos ou de sentimentos intensos” (n. 147).

“Peço, porém, que não se entenda o silêncio orante como uma evasão que nega o mundo que nos rodeia” (n.152).

“A oração, precisamente porque se alimenta do dom de Deus que se derrama na nossa vida, deveria ser sempre rica de memória. A memória das obras de Deus está na base da experiência da aliança entre Deus e o Seu povo...” (n. 153).

A súplica: confiança em Deus e amor ao próximo: “A súplica é expressão do coração que confia em Deus, pois sabe que sozinho não consegue. Na vida do povo fiel de Deus, encontramos muitas súplicas cheias de ternura crente e de profunda confiança. Não desvalorizemos a oração de petição, que tantas vezes nos tranquiliza o coração e ajuda a continuar a lutar com esperança...” (n. 154).

A leitura orante da Palavra de Deus: “«mais doce do que o mel» (Sal 119/118, 103) e «espada de dois gumes» (Heb 4, 12) - escutar o Mestre fazendo da Sua palavra farol para os nossos passos, luz para o nosso caminho (cf. Sl 119/118, 105) (n. 156).

A Escritura e a Eucaristia não se separam: “O encontro com Jesus nas Escrituras conduz-nos à Eucaristia, onde essa mesma Palavra atinge a sua máxima eficácia, porque é presença real d’Aquele que é a Palavra viva. Lá o único Absoluto recebe a maior adoração que se Lhe possa tributar neste mundo, porque é o próprio Cristo que Se oferece. E, quando O recebemos na Comunhão, renovamos a nossa aliança com Ele e consentimos-Lhe que realize cada vez mais a Sua obra transformadora.” (n. 157).

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