A humildade e a paz Reflexão à luz do Livro 2 “Da
Imitação de Cristo”, cap. 2-3, escrito por Tomas Kempis no séc. XV, em que nos
apresenta a humildade como o pressuposto para o alcance da paz: “Não te preocupes muito em saber
quem é por ti ou contra ti, mas deseja e procura que Deus te ajude em tudo que
fizeres. Tem boa consciência e Deus será
tua boa defesa. A quem Deus quiser ajudar, nenhum mal poderá prejudicar. Se souberes calar e sofrer,
verás certamente o auxílio do Senhor. Ele sabe o tempo e o modo de te
libertar, portanto, entrega-te a Ele inteiramente. A Deus pertence aliviar-nos
e tirar-nos de toda confusão. Às vezes é muito útil, para guardar maior
humildade, que os outros conheçam e repreendam nossos defeitos. Quando o homem, por causa de
seus defeitos, se humilha, então facilmente acalma os outros, e desarma os que
estão irados contra ele. O humilde, Deus protege e livra; ao humilde ama e
consola. Ao homem humilde Se inclina; ao humilde dá-lhe abundantes graças, e
depois de seu abaixamento eleva-o a grande honra. Ao humilde, revela Seus
segredos, e com doçura o atrai a Si e convida. O humilde, depois de receber uma
afronta, conserva sua paz: porque confia em Deus e não no mundo. Não julgues que fizeste algum
progresso se não te considerar inferior a todos. Primeiro conserva-te em paz;
depois poderás pacificar os outros. O homem pacífico é mais útil do que o
letrado. O homem dominado pelas paixões, até o bem converte em mal e acredita
facilmente no mal. O homem bom e pacífico tudo converte em bem. Quem está em boa paz não
suspeita mal de ninguém. Mas, quem é descontente e inquieto, com diversas
suspeitas se atormenta; não tem sossego nem deixa os outros sossegar. Diz
muitas vezes o que não devia; e deixa de fazer o que mais lhe conviria.
Preocupa-te com as obrigações alheias e descuida-se das próprias. Zela,
portanto, primeiro por ti mesmo, e depois poderás zelar devidamente por teu
próximo. Bem sabes desculpar e disfarçar
tuas faltas, mas não queres aceitar as desculpas dos outros. Seria mais justo
acusares a ti e desculpares teu irmão. Se queres que te suportem, suporta
também os outros” (1) Estamos vivendo o Tempo do
Advento, que consiste em quatro semanas de preparação intensa para a celebração
do nascimento do Menino Deus, o Verbo que Se fez Carne e habitou entre nós (cf.
Jo 14,6), o Salvador de toda a humanidade. Deste modo, o Advento é tempo
de: - Renascer algumas coisas em
nós, para que outras possam florescer e frutificar; a humildade é uma delas, e
uma vez renascida e revigorada, frutos de paz nascerão em nosso coração; - Reconhecer que somos terra, húmus, que
do pó viemos e ao pó retornaremos; que precisamos aprender usar das coisas que
passam e abraçar as que não passam; -Derrubar as montanhas do egoísmo, que
insistem em permanecer dentro de nós; - Elevar os vales da nossa
fragilidade, para nos revigorarmos da força divina, para o bom combate da fé; - Aplainar caminhos tortos e retirar todas as
asperezas que marcam relacionamentos próximos e mesmo distantes; - Reter Cristo em nós, “Mas não com
laços de injustiça, nem com nós de corda, mas com laços da caridade, com as
rédeas do Espírito e pelo afeto da alma... Se queres também reter o Cristo,
tenta fazê-lo e não tenhas medo dos sofrimentos. Pois, não raro, é no meio dos
suplícios do corpo, nas mãos dos perseguidores, que O encontramos mais
facilmente” ”(cf. Santo Ambrósio (séc. IV).
Deus nos concede, a cada
dia, novas páginas para serem bem escritas, e tão somente assim
escrevemos as linhas do Advento, e o parágrafo de uma vida para uma
história de permanente Natal.
Preparemo-nos para celebrar o
nascimento
d’Aquele que nasce e
renasce
a cada instante de nossa
História!
Amém!
(1)Liturgia das Horas – Tempo do Advento/Natal – p.240-242
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