A súplica do injustiçado que sobe aos céus
“–2 Ó meu Deus,
escutai minha prece,
não fujais desta minha oração!
–3 Dignai-Vos me ouvir, respondei-me:
a angústia me faz delirar!
–4 Ao clamor do inimigo estremeço,
e ao grito dos ímpios eu tremo.
– Sobre mim muitos males derramam,
contra mim furiosos investem.
–5 Meu coração dentro em mim se angustia,
e os terrores da morte me abatem;
–6 o temor e o tremor me penetram,
o pavor me envolve e deprime!
=7 É por isso que eu digo na angústia:
Quem me dera ter asas de pomba
e voar para achar um descanso!
–8 Fugiria, então, para longe,
e me iria esconder no deserto.
– 9 Acharia depressa um refúgio
contra o vento, a procela, o tufão.
=10 Ó Senhor, confundi as más línguas;
dispersai-as, porque na cidade
só se vê violência e discórdia!
=11 Dia e noite circundam seus muros,
12 dentro dela há maldades e crimes,
a injustiça, a opressão moram nela!
– Violência, imposturas e fraudes
já não deixam suas ruas e praças.
–13 Se o inimigo viesse insultar-me,
poderia aceitar certamente;
– se contra mim investisse o inimigo,
poderia, talvez, esconder-me.
–14 Mas és tu, companheiro e amigo,
tu, meu íntimo e meu familiar,
–15 com quem tive agradável convívio
com o povo, indo à casa de Deus!
–17 Eu, porém, clamo a Deus em meu pranto,
e o Senhor me haverá de salvar!
–18 Desde a tarde, à manhã, ao meio-dia,
faço ouvir meu lamento e gemido.
–19 O Senhor há de ouvir minha voz,
libertando a minh’alma na paz,
– derrotando os meus agressores,
porque muitos estão contra mim!
–20 Deus me ouve e haverá de humilhá-los,
porque é Rei e Senhor desde sempre.
– Para os ímpios não há conversão,
pois não temem a Deus, o Senhor.
–21 Erguem a mão contra os próprios amigos,
violando os seus compromissos;
–22 sua boca está cheia de unção,
mas o seu coração traz a guerra;
– suas palavras mais brandas que o óleo,
na verdade, porém, são punhais.
–23 Lança sobre o Senhor teus cuidados,
porque ele há de ser teu sustento,
– e jamais ele irá permitir
que o justo para sempre vacile!
–24 Vós, porém, ó Senhor, os lançais
no abismo e na cova da morte.
– Assassinos e homens de fraude
não verão a metade da vida.
– Quanto a mim, ó Senhor, ao contrário:
ponho em Vós toda a minha esperança!”
O Salmo 54(55),2-15.17-24 é uma Oração depois da traição de um
amigo:
“Vivendo
no meio dos ímpios que o perseguem e, além disso, traído por um amigo, o
salmista é tentado a fugir da cidade dominada pela malícia e pela falsidade.
Uma voz celeste o conforta e reanima sua esperança.” (1)
Também Jesus começou a sentir medo e angústia, como vemos na
passagem do Evangelho de São Marcos (Mc 14,32-33):
“Chegaram
a um lugar chamado Getsêmani. Jesus disse aos discípulos: ‘Sentai-vos aqui,
enquanto eu vou orar’. Levou consigo Pedro, Tiago e João, e começou a sentir
pavor e angústia.”
Também podemos passar por momentos de pavor e angústia, bem como
passar por situações de injustiça e traição.
Como o Salmista, na fidelidade ao Senhor, elevemos com confiança
a nossa súplica, e seremos confortados e reanimados em nossa esperança, pois
ela jamais nos decepciona (Cf. Rm 5,5).
(1)
Comentário da Bíblia Edições CNBB – pág. 771
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